Artigos – Ano 2011: Sucena Shkrada Resk – Blog Cidadãos do Mundo

Artigos-2011-Sucena Shkrada Resk – BLOG CIDADÃOS DO MUNDO

27/12/2011 20:13
Nota: Rumo à Rio+20- água potável em questão, por Sucena Shkrada Resk
Foi lançado, neste mês, o estudo #Equidade, Segurança e Sustentabilidade da Água Potável, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), que está disponível no link: 
https://www.unicef.org/media/files/JMP_Report_DrinkingWater_2011.pdf .

Este relatório aponta que 87% da população mundial têm acesso atualmente à água potável, entretanto, seguindo os ritmos atuais, cerca de 670 milhões de pessoas podem continuar expostas a condições precárias deste recurso natural em 2015 (prazo de conclusão dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio – ODMs).

Aí está uma das relações com a Rio+20, que se refere ao combate à pobreza, pautada nas condições de infraestrutura básica.

Leia mais no Blog Cidadãos do Mundo:
27/12/2011 – As teias que ligam a COP17 com a Rio+20
24/12/2011 – Dicas de sites úteis sobre o processo da Rio+20
23/12/2011 – O capítulo da saúde no horizonte da Rio+20
17/12/2011 – Vídeo histórico da ECO92 nos leva a refletir sobre a Rio+20
15/12/2011 – Nota: Rio+20 – nesta semana começa análise de 643 propostas
06/12/2011 – Abramovay:A prioridade da inovação e do limite no contexto da economia verde
25/11/2011 – Nota: Rio+20-Lançamento de Campanha O Futuro que queremos será no dia 28
24/11/2011 – NOTA: Site oficial da Rio+20 em português já está oficialmente no ar
22/11/2011 – CBJA: jornalista socioambiental na busca da liberdade
22/11/2011 – Por dentro das agendas da sociedade civil para a Rio+20
08/11/11 – Os eixos da economia sustentável sob o olhar de Ladislau Dowbor
19/10/11 – Recursos hídricos: uma pauta para a Rio+20
15/10/11 – Contagem regressiva: 3º Fórum de Mídia Livre será realizado em janeiro
04/10/11 – E se as economias solidária,criativa e verde estivessem em 1 única agenda?
18/09/11 – Inspiração p/Rio+20:Dalai Lama (parte 1) fala sobre responsabilidade global
06/09/11 – Rio+20: juventude, deixe a gente te ouvir e assuma o protagonismo
13/09/11 – Rio+20: um cenário de incertezas (parte 2)
12/09/11 – Rio+20: um cenário de incerteza (parte 1)
11/09/11 – Rio+20: a importância do empoderamento da sociedade
11/09/11 – Rio+20: Aldeia da Paz deverá ser referência para alojamento
11/09/11 – Rio+20: pratiquem o exercício de reflexão e cidadania
07/08/11 – O que se fala sobre vulnerabilidade climática (parte 1)
28/07/11 – Atenção às nossas águas
22/07/11 – Alerta sobre o flagelo africano
30/06/11 – Nota: mobilização da sociedade para a Rio+20
06/06/11 – Bastidores do processo da Rio+20
20/02/11 – Rio além do +40: com certeza + 20 é uma redução da história
05/12/10 – Especial Fórum Social Pan-Amazônico – A luta só está no começo
25/08/10 – Entremundos Direto na Fonte
Sucena Shkrada Resk | 




27/12/2011 19:03
As teias que ligam a COP17 com a Rio+20, por Sucena Shkrada Resk
As atenções pelo mundo começam a se voltar para a virada do ano e para a retrospectiva sobre os principais acontecimentos de 2011. Diante desse frenesi, comum nesta época, os comentários sobre a 17ª Conferência das Partes (COP 17) da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas começam a ficar escassos. Talvez não estejamos nos dando conta, mas o que foi negociado em Durban, na África do Sul, entre os dias 28 de novembro e 11 de dezembro, com a participação de representantes de 194 países, é um indício dos principais dilemas do que podemos esperar da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), em junho do ano que vem. Isso quer dizer: poucas evoluções efetivas na prática.

Ao lermos o 
Sumário das decisões tomadas na Conferência, o que se nota é uma série de comprometimentos postergados, sem se alinhavar os termos que nortearão os mesmos. Parece confuso, mas esse realmente é o estado da arte em que vive as relações sob os crivos do Capitalismo. E qualquer ‘acordo vinculante’, para ser implementado, deve ser ratificado por cada um dos países participantes (internamente). Do papel às ações, portanto, há um caminho importante a ser trilhado.

Quanto ao Protocolo de Kyoto (iniciado em 1997), cuja primeira fase expira em 2012, decidiu-se que a segunda etapa prosseguirá a partir de 2013 com término previsto em 2017 ou 2020. Em 2015, deverão ser estruturadas as vinculações dos países (desenvolvidos e em desenvolvimento), mas por enquanto não há um nível consolidado de ambição de redução das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs). Canadá já se posicionou oficialmente que não participará e o Japão e a Rússia haviam também anunciado que não integrariam a continuidade.

Na primeira fase, ficou firmado que somente os países do Anexo I (os mais desenvolvidos e mais poluidores) iriam diminuir suas emissões na faixa de 5,2% com relação aos níveis de 1.990; o que não se consolidou. Os EUA, o maior emissor (hoje a China, na categoria de país em desenvolvimento, o ultrapassou), não ratificou até hoje esse acordo e deverá permanecer com essa postura, na segunda etapa. Depois dos dois países, os maiores emissores são Índia, Rússia, Japão e Brasil, na sexta colocação. Então, no sentido da práxis, pouco sabemos, de fato, como essas ações se darão ao longo dos próximos anos. Ainda é uma incógnita.

Retomando o que foi discutido na 
COP16, em 2010, em Cancún, no México, o que se destacou foi o fato de a maioria das nações concordar que deveriam tomar medidas para que a temperatura média do planeta não excedesse aos 2 graus em relação aos níveis pré-industriais até o fim do século, com base em dados do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). O grupo de cientistas deverá divulgar seu quinto relatório somente entre 2013 e 2014 (o 4º é de 2007), mas já há cenários que apontam que a temperatura chegará ao aumento na casa dos 4 graus. Entretanto, os países vulneráveis (como os insulares) pleiteavam 1,5º, tendo em vista que já sofrem com o aumento do nível dos oceanos. A COP16, no final, considerou que essa discussão deveria voltar à pauta, entre os períodos de 2013 e 2015. O único país que não aceitou o acordo foi a Bolívia. Enfim, a ciranda aponta que mesmo que todos façam a lição de casa, os patamares serão acima dos dois graus.

Outra pauta que surgiu no ano passado (e não, neste, como muita gente pensa), foi a criação do Fundo Verde do Clima, que estabeleceria a liberação de US 100 bilhões por ano (a partir de 2020), administrado pelas Nações Unidas, com a participação do Banco Mundial como tesoureiro, para o repasse aos países vulneráveis. Na época, foi proposto que deveria ser instituído um conselho administrativo por 40 representantes: 25 de países em desenvolvimento e 15 dos países rico, sem determinar de onde proveriam as verbas. Por parte de países desenvolvidos, foram previstos ainda que liberariam um aporte de US$ 30 bilhões para o período 2010-2012.

Passou o período de um ano, e na COP17, o tema foi retomado, chegando a causar constrangimento, pelo fato de nada de concreto ter ocorrido antes. No documento resultante desta edição, foi estabelecido que o Fundo Verde do Clima terá um conselho e uma personalidade jurídica. Abriu-se a possibilidade de recursos serem provenientes também da iniciativa privada, mas ainda não se sabe de onde realmente virão. Inclusive, se cogita que verbas venham de taxações sobre a aviação.

Um secretariado provisório deverá ser criado até o final de março do ano que vem e a constituição total ocorrer até 15 de abril de 2012. Até a próxima COP18, que será realizada no Dacar, os acordos terão de ser celebrados para apoiar projetos, programas, políticas e outras atividades em países em desenvolvimento para a mitigação (redução) de danos climáticos. Mas enquanto isso?

Em 2010, ainda decidiu-se iniciar a primeira etapa do REED – Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação e do REED+ ( que inclui remuneração de atividades relacionadas à conservação de florestas, ao manejo sustentável e ao aumento dos estoques de carbono florestais em países em desenvolvimento), que é um mecanismo de mitigação voluntário dos países em desenvolvimento, que deverá contar com o apoio técnico e financeiro dos países desenvolvidos, mas pouco se avançou neste ano.

As palavras em torno das COPs ficam sempre no futuro, observaram? Mas os danos decorrentes das mudanças climáticas se encontram no presente. Os refugiados ambientais (termo criado por Lester Brown, do World Watch Intitute, na década de 70) são uma realidade. São obrigados a abandonar temporariamente ou definitivamente a zona onde tradicionalmente viviam.

Segundo o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Antonio Guterrez, há um grande risco ao se tratar as mudanças climáticas de maneira isolada, sem relacioná-las ao crescimento populacional, urbanização, escassez de água e aumento da insegurança alimentar e energética. Só em 2010, pelo menos 40 mi pessoas se deslocaram devido a inundações, secas e outros tipos de desastres naturais.
Não podemos esquecer a situação gritante que ocorre no Chifre da África. As motivações se fundem: guerras civis, questões climáticas. São violências travestidas em diferentes formas.

E onde a COP 17 se cruza com a pauta da Rio+20? Em tudo: economia verde, contexto do combate à pobreza e na governança da sustentabilidade. Afinal, todos esses assuntos não estão interligados com o modelo de desenvolvimento que ativa as mudanças climáticas?

Leia também no Blog Cidadãos do Mundo:
24/12/2011 – Dicas de sites úteis sobre o processo da Rio+20 (entre outras)
20/02/2011 -Rio além do +40: com certeza + 20 é uma redução da história
01/11/2010 -COP10-Biodiversidade: cartas colocadas à mesa
01/02/2010 – Esp.FSM 2010 – Qual é a nossa conjuntura ambiental?
25/01/2010 – Especial: Fórum Social Mundial 2010 – Desafio é levar reflexão à massa
14/01/2010 – Haiti – A comunicação e a saúde ambiental
22/12/2009 – Especial COP15: Agora é a vez do panettone
19/12/09 – Especial COP15 – O desacordo sela encontro
13/12/09 – Especial COP15 – O balanço dos antagonismos
10/12/09 – Especial COP15 – Lembrem bem deste nome – Tuvalu
06/12 – Copenhague vira o centro do planeta

Sucena Shkrada Resk | 




24/12/2011 12:27
Dicas de sites úteis sobre o processo da Rio+20, por Sucena Shkrada Resk
RIO+20 (atualização até 24/12/2011)

Links importantes sobre o processo da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio+20 e da Cúpula dos Povos da Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, que acontecerão em junho de 2012.

Rio+20 (oficial): 
https://www.uncsd2012.org/

Rio+20 (oficial – página em português): https://www.rio20.info/2012

Nova abertura para acreditação de organizações e movimentos na Rio+20 0ficial (anúncio em 12/2011): https://www.uncsd2012.org/rio20/?page=view&nr=657&type=230&menu=38

Cúpula dos Povos da Rio+20 por Justiça Social e Ambiental: https://cupuladospovos.org.br/

Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira para a Rio+20: https://www.rio2012.org.br/

Rede Social Rio+20 (Sociedade Civil): < a href= “https://rio20.net/&#8221; target=”_blank”>https://rio20.net/

Comitê Paulista para a Rio+20: 
https://riomais20sp.wordpress.com/

Hotsite Ministério do Meio Ambiente Rio+20: https://hotsite.mma.gov.br/rio20/

Hotsite Mulheres Rumo à Rio+20 (Ministério do Meio Ambiente): https://hotsite.mma.gov.br/mulheresrumoario20/

Fórum Social Temático 2012 – Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental (24 a 29/01/2012-Porto Alegre): https://www.fstematico2012.org.br/

Campanha de Mobilização Rio+Vos: https://www.rioplusyou.org/

Bicicletada nacional para a Rio+20: https://bicicletadanacional.wordpress.com/

Cúpula Mundial de Legisladores (acontecerá de 15 a 17/06/2012, antes da Rio+20, no RJ): https://www.rio.rj.gov.br/web/guest/exibeconteudo?article-id=2388829

DOCUMENTOS PRELIMINARES DO PROCESSO PARA A RIO+20:

ONU – Documento preliminar para os participantes da Rio+20 (12/12/11). Disponível em: 
https://www.uncsd2012.org/rio20/content/documents/350information%20note%2012%20December.pdf” target

ONU – Vídeo histórico sobre a ECO 92: https://www.youtube.com/watch?v=hraPn_XFgg8

OMS – Documento Saúde e Desenvolvimento Sustentável: Saúde na Rio+20: https://www.fiocruz.br/omsambiental/media/SaudeRio20documorientadorMS.pdf

ECONOMIA VERDE:

ONU – Relatório Trabalhando por uma Economia Verde equilibrada e inclusiva (15/12/2011). Disponível em: 
https://www.unemg.org/MeetingsDocuments/IssueManagementGroups/GreenEconomy/GreenEconomyreport/tabid/79175/Default.aspx” target

PNUMA – GreenEconomy. Disponível em: https://www.pnuma.org.br/arquivos/EconomiaVerde_ResumodasConclusoes.pdf

https://www.unep.org.br/admin/publicacoes/texto/1101-GREENECONOMY-synthesis_PT_-_online_version.pdf. Acesso em: 02/12/2011.

CI – Conservação Internacional – Disponível em: 
https://www.conservacao.org/publicacoes/files/politica_ambiental_08_portugues.pdf . Acesso em: 02/12/2011.

CI – Economia verde na américa latina: as origens do debate nos trabalhos da Cepal – Márcia Tavares. Disponível em: 
https://www.conservation.org.br/publicacoes/files/P%E1ginas%20de%20PoliticaAmbiental08tavares.pdf . Acesso em: 02/12/2011.

Ricardo Abramovay – Desafios da economia verde. Disponível em:
https://www1.ethos.org.br/EthosWeb/pt/5923/servicos_do_portal/noticias/itens/%E2%80%9Cdesafios_da_economia_verde%E2%80%9D,_por_ricardo_abramovay_.aspx . Acesso em: 02/12/11
Sucena Shkrada Resk | 




23/12/2011 17:15
O capítulo da saúde no horizonte da Rio+20, por Sucena Shkrada Resk
O eixo da saúde no horizonte da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), em junho do ano que vem, não pode ser esquecido e deve priorizar dez diretrizes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), que têm como base as discussões travadas na 
Conferência Mundial sobre os Determinantes Sociais da Saúde (CMDSS), realizada pela organização, no Rio de Janeiro, em outubro deste ano. Os princípios atendem ao capítulo 6, da Agenda 21, criada na ECO 92, que é relacionado à proteção e à promoção da saúde humana.

Tudo que consta no 
documento Saúde e Desenvolvimento Sustentável: Saúde na Rio+20 não é algo inusitado, como a prioridade à saúde integral, o atendimento universalizado e a retaguarda a doenças crônicas. O que considero interessante é o fato de ter um item dedicado especialmente ao reconhecimento das medicinas tradicionais e populares – em países em desenvolvimento, como o Brasil. A regulamentação e o respeito à repartição de benefícios propostos também vêm de encontro ao Protocolo de ABS, que foi estabelecido da 10ª. Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, realizada em 2010, em Nagoya. O objetivo é garantir a proteção internacional do patrimônio biológico de qualquer país, que só poderá ser explorado por estrangeiros com autorização e pagamento de royalties.

Mais um material interessante que resultou da CMDSS foi a 
Declaração das Organizações e Movimentos de Interesse Público da Sociedade Civil” . De uma maneira geral, defende que não haja a privatização do sistema e se ampliem os dispositivos de apoio ao comprometimento comunitário no monitoramento e o planejamento.

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Sucena Shkrada Resk | 




23/12/2011 09:54
Que lições aprendemos após 23 anos?, por Sucena Shkrada Resk
Chico mendes foi assassinado há 23 anos, no dia 22 de dezembro. O que aprendemos nesse período? Hoje ainda outras vítimas, como José Cláudio Ribeiro da Silva, Maria do Espírito Santo da Silva e tantos outros anônimos se foram, por quê e para quê??

O vídeo 
Chico Mendes – Eu quero viver, sob direção de Adrian Cowell (que faleceu em outubro deste ano) e Vicente Rios, produzido em 1989, relembra a trajetória do seringueiro e ambientalista e é um material importante para impulsionar nossas reflexões sobre o que realmente queremos edificar na chamada sustentabilidade…
Sucena Shkrada Resk | 




23/12/2011 09:43
O que me move?, por Sucena Shkrada Resk
O que me move? Será que cada um de nós faz esse questionamento de vez em quando? Eu faço, porque acho que é preciso dar sentido à existência, para que eu não caia na armadilha do mecanicismo…E hoje, algumas das respostas às minhas indagações internas são:

– a ânsia por um mundo igualitário – sem fome, sem sede, sem violência, que promova a sintonia entre mente, corpo, ações e o meio ambiente (acredito sinceramente que a minha casa é, acima de tudo o planeta, não consigo impor fronteiras e segregações);

– aprender a sabedoria por trás de culturas tão diversas (algo tão grandioso, que com certeza, uma existência é insuficiente para tanto);

– aprender com erros e acertos e passar adiante o mínimo que seja possível. Acredito que conhecimento é como uma fonte de energia, que deve circular…

– Viajar pelo mundo em pensamento, se possível, fisicamente (o que não é tão fácil rs) e me perder entre a massa, me reencontrar nela e fazer com que essa vivência ‘transpire’ em ações;

– Adoro a simplicidade, que me faz lembrar, que sou uma centelha, e respeitar todas as demais…

– Assim, eu me sinto pulsar…
Sucena Shkrada Resk | 




17/12/2011 16:19
Vídeo histórico da ECO92 nos leva a refletir sobre a Rio+20, por Sucena Shkrada Resk
Acabei de assistir ao 
vídeo histórico da #ECO92, em que os principais acordos ambientais foram traçados para o mundo e de repente, ao voltar à realidade, no horizonte de 20 anos, senti um vazio e a aspiração daquela época palpitar no hoje. O que fizemos para avançar nessas pautas? E como proceder diferente, para que a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável #RioMais20, em junho do ano que vem, não seja um evento somente para constar no calendário?

Esse registro, divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), deve ser visto nas entrelinhas e avaliado quanto ao seu significado para a condução que daremos à #RioMais20, para que não se perca no campo dos discursos. Desde lá, a pauta é: adaptação e mitigação às mudanças climáticas, investimento em energias limpas, conservação da biodiversidade, combate à pobreza, respeito aos povos tradicionais; como também, implementar a Agenda 21 na concepção do nosso modo de vida…

Líderes se comprometeram lá atrás, outros não; e as décadas foram passando, e o que foi feito até agora que nos impulsione nas diretrizes do desenvolvimento sustentável? O mundo capitalista vive uma crise econômica, desencadeada em 2008, ainda prioriza as energias fósseis e a desigualdade ainda leva milhares literalmente à morte. Como nós, enquanto sociedade, frutificamos todos esses acordos…? Sempre ao ouvir Severn Suzuki (que discursou com sua pouca idade aos líderes dos governos mundiais, com ênfase no desatino da condução que os adultos dão ao mundo), me parece que aquele sinal de alerta vem à cabeça: a transformação cabe a todos nós…Com idealismo e a racionalidade que essa pauta exige, sem mise-en-scène.

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25/08/10 – Entremundos Direto na Fonte
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15/12/2011 22:11
Nota: Rio+20 – nesta semana começa análise de 643 propostas, por Sucena Shkrada Resk
O processo da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio+20 entra em uma fase importante, a partir de agora. Nesta semana, foi dado o início à análise de 643 propostas encaminhadas por Estados-Membros, agências internacionais, organizações não governamentais e grupos políticos.

Segundo a Secretaria-geral do evento, da análise desse material sairá o esboço ‘zero’ que será analisado no encontro. A compilação deverá ser concluída, entre os dias 15 e 16 de junho do ano que vem, antes da agenda oficial, que acontece de 20 a 22 do mesmo mês.

Entre as contribuições, está a do Brasil, que pode ser vista, na íntegra, no site: 
Documento de contribuição brasileira à Rio+20 .

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Sucena Shkrada Resk | 




15/12/2011 21:40
Nota: índice das cidades verdes destaca Curitiba, por Sucena Shkrada Resk
Foi lançado, nesta semana, o Latin American Green City Index que comparou o perfil de sustentabilidade ambiental de 17 capitais líderes de negócios na América Latina. Na classificação ‘bem acima da média’ ficou Curitiba e ‘acima da média’ – Belo Horizonte, Bogotá, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.

A análise avaliou as seguintes categorias: energia e CO2, uso da terra e prédio, transporte, resíduos, águas, saneamento básico, qualidade do ar e governança ambiental. O documento na íntegra pode ser encontrado no site: 
Latin American Green City Index

A realização da pesquisa é da Siemens em cooperação com o Economist Intelligence Unit.
Sucena Shkrada Resk | 




10/12/2011 14:29
Relatório de Adaptação do IPCC: será que eles leram?, por Sucena Shkrada Resk
#COP17 – Chegou ao término mais uma conferência e… (ainda muitas reticências). Falando nisso, segue o link de um documento importante, deste ano, produzido pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) – 
Managing the Risks of Extreme Events and Disasters to Advance
Climate Change Adaptation 
. Será que os participantes dos 193 países leram e absorveram as informações? Uma boa reflexão…

A dica do site foi do colega de Agenda 21 ABC, Edgard Moreno, que achei muito oportuna, no Dia dos Direitos Humanos…
Sucena Shkrada Resk | 




10/12/2011 13:09
DH: Sempre é tempo para refletir, por Sucena Shkrada Resk
Hoje é o DIA DOS DIREITOS HUMANOS, momento, em tese, para muita reflexão, mudanças de atitude calcadas no respeito, na ética e na moral, que no final das contas, devem ser permanentes nos demais 364 dias do ano, tendo em vista, que somos seres integrais e responsáveis por nossos pensamentos e atos. Sabemos que ainda estamos longe desse equilíbrio, quando nos deparamos com a violência, em todos os sentidos, a nossa alienação, a corrupção, e por que, não?, um dos sentimentos mais ‘humanos’: o egoísmo, essa característica que nos isola em uma bolha e nos faz esquecer que somos cidadãos planetários.

Ontem, dia 9, a Alta Comissária para os Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Navi Pillay, respondeu durante uma hora, a perguntas feitas por vários cidadãos pelo mundo, via Twitter, Facebook e no auditório, onde ela se encontrava. O vídeo pode ser encontrado neste link: 
https://www.un.org/es/events/humanrightsday/2011/askthehchr.shtml .

Eu cheguei a encaminhar três, no dia anterior (via hashtag #AskRisks), sendo que duas, de certa forma, acredito que foram contempladas nas respostas dadas por ela aos outros internautas… (com exceção de Belo Monte).

Seguem as questões que fiz, abaixo (em espanhol):
08/12 – #AskRights – Cúal es la opinión de la Alta Comisionada Navi Pillay sobre el caso -construcción de usina hidrelétrica BeloMonte?
08/12 – #AskRights – otra pregunta – Cúal es la importancia de la Primavera Árabe para los derechos humanos?
08/12 #AskRigths – como es possible la resolución de la inanición y politica en el Chifre de la Africa?

Apesar de sua fala ser em inglês, ao ouvirmos com calma, conseguimos compreender as suas exposições. Uma de minhas conclusões diante dessa experiência, é que cada um de nós pode fazer uma leitura de mundo, mas de um mundo vibrante (porque temos plena certeza de que nos envolvemos com sua dinâmica). Dessa forma, fluímos a possibilidade de unirmos sensibilidade e racionalidade de forma equilibrada. Ao mesmo tempo, fazemos um chamamento à nossa responsabilidade: não temos a desculpa de falar que erramos, por causa da ignorância…

Sucena Shkrada Resk | 




09/12/2011 19:44
Nota: Senado divulga redação final do substitutivo do Código Florestal, por Sucena Shkrada Resk
09/12 – Eis que surge a redação final do Código Florestal aprovado pelo Senado, no último dia 6. Agora, é possível ler realmente como ficou, comentar, debater e obter avaliações de especialistas…

O documento é o Parecer nº 1.358, de 2011 *
Redação final do Substitutivo do Senado ao Projeto de Lei da Câmara nº 30, de 2011 (nº 1.876, de 1999, na Casa de origem).

Confira o link do PDF em: 
Redação Final do Substitutivo do Código Florestal, no Senado

Leia também no Blog Cidadãos do Mundo:
7/12/2011 – O exercício de decodificar o novo PL do Código Florestal
6/12/2011 – Nota: Substitutivo do Código Florestal é aprovado no Senado
25/11/2011 – Dica: A Maior Flor do Mundo – José Saramago
12/09/2011 – Rio+20: um cenário de incertezas (parte 2)
12/09/2011 – Rio+20: um cenário de incertezas (parte 1)
27/07/2011 – Código Florestal: só para lembrar, a discussão está no Senado…
21/05/2011 – TEDx Mata Atlântica (3): bióloga conta experiência da restauração florestal
21/05/2011 – TEDx Mata Atlântica: a educação ambiental por meio das histórias de vida
15/05/2011 – Quem sabe qual é o texto atual do subst do PL do Código Florestal a ser votado?
27/08/2010 – Diferentes olhares sobre a biodiversidade
28/06/2010 – A relação das APPs e as enchentes nordestinas
Sucena Shkrada Resk | 




09/12/2011 15:42
O pensamento fluindo sobre as relações humanas, por Sucena Shkrada Resk
A gentileza e a atenção são instrumentos essenciais na melhoria do conjunto de nossa saúde; a cada dia tenho mais certeza disso. Por muitas vezes, não temos paciência com alguém de nossa família, com um amigo ou desconhecido, e simplesmente magoamos essas pessoas. Daí, elas e nós mesmos vamos nutrindo essa atmosfera de mágoas, tristezas, muitas vezes, silenciosas, mas que se somatizam no nosso organismo. A maneira que tecemos essas relações humanas, no final das contas, faz a diferença na nossa qualidade de vida, não é verdade?

Hoje, ao ficar algumas horas no Pronto-Socorro Municipal aguardando a minha mãe ser medicada, aqui em São Caetano, comecei a observar os demais pacientes e acompanhantes e me dei conta que muitos (de avançada idade) estavam sós, debilitados, aguardando o atendimento. Procuravam olhos que correspondessem aos seus e palavras que os confortassem.

Uma senhora que estava na cadeira de rodas havia torcido a perna e começou a puxar assunto. Ao dar atenção a ela e sorrir (um gesto natural, que não exige nada de tão difícil de nós), ela abriu também um sorriso, apesar da dor que estava sentindo. Daí, fiquei pensando: …- ela se sentiu, de alguma forma, acolhida; ao mesmo tempo, aquela situação me fez bem.

Essa pequena vivência me fez perceber o quanto é importante darmos valor às pessoas (enquanto estão vivas), pois vamos ser francos – não adianta depois querermos fazer aquelas homenagens póstumas…

E aí me detive em observar outras pessoas, que estavam no meu entorno. Vi uma filha que acompanhava também sua mãe de 86 anos e que estava impaciente, para que a médica pudesse avaliar os exames da senhora, que usava bengala e tinha dificuldade para andar. Então, refleti: puxa, se ela respirasse fundo, talvez sua mãe se sentisse menos constrangida (e se eu respirasse fundo em algumas situações também poderia ter desfrutado de momentos tão especiais…).

Quase ao seu lado, outro senhor tossia repetidamente e estava sem acompanhante, cabisbaixo, aguardando a vez de ser chamado para tomar a medicação – aquela cena me deu um vazio. Enquanto isso, uma outra moça tinha acabado de colocar a tala na perna quebrada e o seu marido estava guiando a cadeira de rodas, o que a deixava mais segura; isso ficava evidente em seu semblante.

Todas essas cenas fragmentadas, nada mais são que retratos da vida real, que por muitas vezes, praticamente anulamos pela impessoalidade…, mas que podem fazer com que repensemos nossas atitudes no dia a dia, para não sermos pegos na armadilha da doença social…
Sucena Shkrada Resk | 




07/12/2011 09:22
O exercício de decodificar o novo PL do Código Florestal, por Sucena Shkrada Resk
O ideal é que leiamos o PL nº 30 em sua íntegra (
 Hotsite Código Florestal/Senado ), após as modificações com as emendas, pois aí dará para se ter noção das propostas e suas implicações, extra o texto-base. Ontem tudo ficou muito pulverizado, apesar de algumas emendas serem sintetizadas (além do número das mesmas), durante a votação – mas foram 26 de 78 aprovadas – e algumas notícias saíram, inclusive, antes do término da votação…- Em cima de dados mais concretos, dá para fazer consultas, realizar um debate…A próxima etapa, agora, é na Câmara, para depois seguir à sanção da presidenta Dilma Rousseff.


#CÓDIGO FLORESTAL: O QUE A IMPRENSA NOTICIOU SOBRE A VOTAÇÃO:
– Novo Código Florestal é aprovado e volta à Câmara dos Deputados – https://migre.me/72rPq (Agência Senado – 06/12/11)
-Cota de Reserva Ambiental poderá ser ‘moeda verde’ negociada entre proprietários para garantir preservação e recuperação -https://migre.me/72rZn (Agência Senado – 07/12/11)
-Senadores da base do governo e ligados ao setor rural defendem novo Código Florestal – https://migre.me/72s7e (Agência Senado – 07/12/11)
-Texto do novo Código Florestal também recebe críticas de senadores – https://migre.me/72sfS (Agência Senado – 07/12/11)
– Senado aprova novo Código Florestal – https://www.estadao.com.br/noticias/geral,senado-aprova-novo-codigo-florestal,807588,0.htm – (Estadão) – 06/12/11
– Código Florestal anistia multa dos doadores de 50 políticos – https://migre.me/72ryn (Folha de SP – 07/12/11)
– Senado aprova novo Código Florestal – https://migre.me/72rBv (G1 – 06/12/11)
– Novo Código Florestal é aprovado no Senado – https://migre.me/72rJ9 (R7 – 06/12/11)

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Sucena Shkrada Resk | 




06/12/2011 23:27
Nota: Substitutivo do Código Florestal é aprovado no Senado, por Sucena Shkrada Resk
Hoje acompanhei, desde o início, o processo de votação do PL nº 30 do substitutivo do Código Florestal no Senado (com emendas), que há poucos minutos foi aprovado, por 59×7 votos. O texto final realmente é uma incógnita para todo mundo, pois não ficaram claras as emendas e as modificações finais. Esses dados deveriam estar mais transparentes à sociedade, pois falavam em números e não, em conteúdos, com raras informações. A matéria seguirá à Câmara.

Ao ouvir a maioria dos senadores, algumas das falas mais repetidas foram no sentido de que – “o melhor que poderia ter sido feito, apesar de problemas a resolver”. Portanto, será mais fácil tecer opiniões a respeito, após termos acesso ao texto definitivo.

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27/08/2010 – Diferentes olhares sobre a biodiversidade
28/06/2010 – A relação das APPs e as enchentes nordestinas
Sucena Shkrada Resk | 




06/12/2011 16:39
Reflexão sobre o perfil da estrutura de nossa economia, por Sucena Shkrada Resk
Esses dados levam, no mínimo, à reflexão sobre o perfil da estrutura de nossa economia hoje:

– “O Brasil é o país das grandes empresas, que representam 1% das 5.838 mi empresas no país, sendo que 0,1% delas (cerca de 6 mil) detêm quase 70% do que é gerado no Brasil…Já as micro e pequenas representam 20% do Produto Interno Bruto (PIB), percentual baixo em relação a países europeus, como Alemanha (58,65) e Espanha (50,6%) e à média da América Latina (35%), que é baixa, por causa do Brasil, enquanto outros países da região têm percentuais mais avançados. Entre eles, a Argentina, com 57%….(essa situação) não é saudável, não gera crescimento sustentável…”.

Essas informações foram passadas pelo engenheiro e Doutor em Administração, Paulo Feldmann, docente na Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP) e presidente do Conselho da Pequena Empresa da Fecomercio, durante o #SeminárioFuturodaComunicação, em SP. O evento foi promovido pela Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação (#Altercom), nesta 2ª feira.

Segundo ele, esse perfil recai na legislação eleitoral. “As grandes empresas é que contribuem às campanhas…”. Ele considera que as contribuições deveriam vir somente da sociedade civil.

Em levantamento feito pela Fecomercio, os principais problemas apontados por micro e pequenos empresários são:
– Incapacidade de enfrentar corrupção;
– Absoluta falta de capacidade de inovar;
– De se associar entre si;
– Desconhecimento por parte do empresário de conhecimentos mínimos de gestão;
– Concorrer com a economia informal;
– Ausência de microcrédito e crédito de longo prazo ao setor.

O que poderia auxiliar a resolver essa situação, segundo a instituição:
– Estabelecer lei de consórcios;
– Criar mecanismos legais e fiscais para a formação de associações, para exportação e pesquisa;
– Adaptar no currículo de ensino médio as disciplinas de gestão;
– Microcrédito;
– Estabelecimento de compras governamentais…

“O Brasil é o país da concentração. É muito difícil a vida do pequeno e médio empresário sem a grife, por isso, a necessidade da união dos mesmos. Hoje o empresário vê no concorrente um inimigo, é uma característica cultural. Por isso, seria importante haver um instrumento legal que induzisse à união, para ter massa crítica, formar ‘grife’ (que auxilia também a participar de licitações)”, disse Paulo Feldmann.

Leia também no Blog Cidadãos do Mundo:
06/12 – Nota: Lassance -reflexão sobre o futuro da comunicação
Sucena Shkrada Resk | 




06/12/2011 15:13
Nota: Lassance -reflexão sobre o futuro da comunicação, por Sucena Shkrada Resk
06/12 – O cientista político #Antonio Lassance, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), nesta segunda-feira (5), durante o #SeminárioFuturodaComunicação, em SP, promovido pela Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação (#Altercom), analisou que a recente Lei de Acesso à Informação cria um caminho para a democratização da informação. Segundo ele, é importante que essa legislação seja replicada nos estados e municípios. A íntegra de sua exposição sobre o Novo Mercado de Comunicação do Brasil pode ser consultada 
no seu blog .
Sucena Shkrada Resk | 




06/12/2011 14:13
Abramovay:A prioridade da inovação e do limite no contexto da economia verde,por Sucena Shkrada Resk
Ontem, dia 5, durante a reunião mensal do Comitê Paulista para a Rio+20, o sociólogo Ricardo Abramovay, da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP), sintetizou os seguintes tópicos sobre sua leitura quanto às propostas da chamada economia verde:

– Mudar fontes primárias de energia fóssil para energia renovável;
– Melhorar o uso de energia;
– Conhecimento da natureza como fator principal
e problematizou essas diretrizes, tendo como centro de seus argumentos a questão do combate à desigualdade, apontando a necessidade de focar esforços em inovação e na determinação de limites.
Seguem alguns trechos:

– “Não é só um problema de eficiência que está em questão (com relação à uma visão mais ampla de desenvolvimento sustentável)”. E lembrou, que apesar de avanços quanto à redução de desigualdade de renda, no universo da responsabilidade social corporativa, no planeta há entorno de um milhão de pessoas na subalimentação…”. Ao mesmo tempo, na outra ponta, outra grave situação de saúde pública é o aumento de obesos no mundo, que já ultrapassa de pessoas famintas.

– “…Tem gente que consome demais e se continuar esse padrão de consumo as contas não fecham…”
– “…A cada ano, a humanidade consome 60 bilhões de toneladas em materiais de construção, minérios, biomassa e combustíveis fósseis…Faça a economia verde que fizer, mesmo assim, a conta não fecha. Por mais que aumente a eficiência do uso dos recursos, não é suficiente para o aumento de produção das necessidade humanas (no atual padrão)…O século XXI ainda será o século das energias fósseis…;

Abramovay considera que inovação e limite são essenciais para a tomada de atitudes com relação a esse problema e exigem que se coloque a ética no centro das decisões econômicas, com relação à maneira como se está usando os recursos.
Com relação ao papel do Brasil, nesse processo, ele avalia que o documento oficial produzido pelo governo brasileiro, como contribuição à essa fase preparatória da Rio+20, deveria ser mais enfático com relação ao combate à desigualdade.

“…Porque mais que se lute contra a pobreza, se não tiver a luta contra a desigualdade no centro da estratégia para a Rio+20, esse esforço não vai nos levar a algo próximo ao desenvolvimento sustentável. Talvez para a economia verde…”. De acordo com o sociólogo, existe um mito do crescimento verde. “…A energia mais preciosa é a que deixa de ser gasta e é o que não está sendo discutido; e miséria é um produto da sociedade, não da economia…”.

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24/11/2011 – NOTA: Site oficial da Rio+20 em português já está oficialmente no ar
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08/11/11 – Os eixos da economia sustentável sob o olhar de Ladislau Dowbor
19/10/11 – Recursos hídricos: uma pauta para a Rio+20
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04/10/11 – E se as economias solidária,criativa e verde estivessem em 1 única agenda?
18/09/11 – Inspiração p/Rio+20:Dalai Lama (parte 1) fala sobre responsabilidade global
06/09/11 – Rio+20: juventude, deixe a gente te ouvir e assuma o protagonismo
13/09/11 – Rio+20: um cenário de incertezas (parte 2)
12/09/11 – Rio+20: um cenário de incerteza (parte 1)
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11/09/11 – Rio+20: Aldeia da Paz deverá ser referência para alojamento
11/09/11 – Rio+20: pratiquem o exercício de reflexão e cidadania
07/08/11 – O que se fala sobre vulnerabilidade climática (parte 1)
28/07/11 – Atenção às nossas águas
22/07/11 – Alerta sobre o flagelo africano
30/06/11 – Nota: mobilização da sociedade para a Rio+20
06/06/11 – Bastidores do processo da Rio+20
20/02/11 – Rio além do +40: com certeza + 20 é uma redução da história
05/12/10 – Especial Fórum Social Pan-Amazônico – A luta só está no começo
25/08/10 – Entremundos Direto na Fonte

Sucena Shkrada Resk | 




02/12/2011 16:59
Mosaicos que se cruzam com releituras de vida, por Sucena Shkrada Resk
01/12/2011
Posso dizer, sem sombra de dúvidas, que os bastidores dos eventos quase sempre rendem as melhores ‘conversas’ e aprendizados. Então, vou narrar para vocês a que eu tive com o artista plástico e restaurador Valmir Vale, 42 anos, do Instituto Musiva, antes do início da cerimônia do Prêmio Empreendedor Social de Futuro 2011, no mês passado, em São Paulo. Ele foi um dos três finalistas, por desenvolver um trabalho que possibilita que cidadãos de comunidades de baixa renda do Rio de Janeiro façam placas numéricas e objetos de arte de mosaicos, transformem o cenário de onde vivem e constituam novas leituras de vida.

A experiência dura entorno de seis meses e já foi realizada em Vigário Geral, na Rocinha, no Morro do Estado, em Niterói, e no Complexo do Alemão. Neste último, quem passa nas estações de teleférico de lá, vê as obras de arte a céu aberto, por exemplo. “O próximo curso é em Madureira. Até agora cerca de 700 pessoas foram capacitadas”, disse.

“Dona Ana (uma senhora da comunidade do Alemão) é uma delas e, depois de dois meses de curso, hoje trabalha conosco como estagiária remunerada”, contou. Para Valmir, que nasceu em Vigário Geral, o mosaico como efeito visual também se torna terapêutico. “Muitos dos participantes chegam com depressão e com o passar do tempo falam em auto-realização. Com isso, compartilho um bem-estar recíproco”.

Ao ouvi-lo e ao pesquisar um pouco mais sobre o projeto, percebi outro lado da estética, que não é só ‘aparentemente cosmético’, e aí mergulhei em uma metáfora. ‘Quando literalmente reconstruímos com os cacos, somos capazes de metaforicamente também consolidar parte de nós, que poderia estar, de alguma forma, perdida. Deixamos de ser simplesmente números, para assumirmos o orgulho de uma identidade e de um endereço…’.

Para quem quer saber um pouco mais sobre esse trabalho pode consultar o site 
https://www.institutomusiva.org.br .
Sucena Shkrada Resk | 




29/11/2011 15:47
São Paulo 2022: uma recente contribuição para se pensar o próximo Plano Diretor, por Sucena S.Resk
Em 2012, se encerra o período do atual Plano diretor do município de São Paulo, em vigor desde 2002, portanto, os balanços e a proposta do próximo já têm que estar em plena discussão, pelo menos, é isso o que se espera. No contexto dessa pauta, foi lançado, no último dia 23, 
o projeto São Paulo 2022. A iniciativa reúne a Rede Nossa São Paulo, Escola da Cidade, o Instituto Ethos, o Instituto Arapyaú e o Instituto Socioambiental (ISA). Em linhas gerais, a proposta está baseada em 5 grandes eixos, com ideias, diretrizes e indicadores norteados pela gestão participativa.

Os temas centrais são:
– Cidade democrática, participativa e descentralizada;
– Saudável, cuidadora dos bens naturais e consumidora responsável;
– Compacta, ágil e policêntrica;
– Inclusiva, segura e próspera;
– Educadora, criativa e conectada.

Segundo o economista Cícero Iagi, um dos responsáveis pelo trabalho, não se pode perder de vista a dimensão humana da cidade. “São Paulo é gente e precisamos ver essas pessoas no território (ao se planejar)”, alertou. Na lista de desafios para a construção dessa São Paulo ‘mais coerente e justa’, foram destacadas as questões abaixo:
– Má qualidade do ar;
– Um número de 13.866 moradores em situação de rua superior a 328 cidades;
– A produção de 15 mil toneladas de resíduos sólidos diariamente;
– Aproximadamente 10 mil pessoas com renda per capita inferior a R$ 140
– e a dificuldade de mobilidade urbana, que faz com que cidadãos percam 2h42 horas por dia em seu deslocamento.

Ao mesmo tempo, a capital paulista tem uma circulação que favorece sua economia, com um evento a cada seis minutos e um total expressivo de turistas. Só em 2010, foi da ordem de 11,7 milhões de pessoas.Mas esse dado deve ser visto com o devido cuidado, pois não corresponde ao mesmo tempo às condições de infraestrutura.

Segundo o economista, os problemas e acertos devem ser pensados desde a concepção de planos de bairros, que até hoje, não saíram do papel, até sua dimensão metropolitana. E é aí que entra a necessidade de que os municípios tenham um diálogo mais próximo nessa gestão conjunta, que implica desde a economia à qualidade das águas dos rios. “A cidade incha pelas beiradas”, diz ele.

ASPECTO AMBIENTAL
No tocante ao aspecto socioambiental, algumas das orientações do documento são quanto à descanalização de rios, otimização do uso dos recursos hídricos pela população, como também ao maior controle e redução do desperdício no sistema. Com relação ao saneamento, a meta é atingir 100% do esgoto coletado e reduzir em pelo menos 20% a quantidade per capita de resíduos domiciliares (em 2010 estimado em 1,2 kg/hab). Quanto aos materiais recicláveis, constituir, no mínimo, uma central de triagem a cada 150 mil habitantes.

Mais um dos desafios expostos é que para cada habitante residente na área de uma subprefeitura, haja 12 m2 de área verde, na pior das hipóteses; e que se mantenham estações de medição da qualidade do ar em todos os 96 distritos. Enfim, são ações que no atual plano diretor não se conseguiu concretizar.

Para que possamos ter uma visão mais multidisciplinar, é importante mencionar que a Prefeitura atualmente também está articulando outro projeto para a cidade, só que nesse caso, para o horizonte de 2040. É o 
SP 2040 – A cidade que esperamos . É um documento adicional interessante como fonte de consulta.

Leia mais no Blog Cidadãos do Mundo:
21/08/2011 – Cidades sustentáveis: a base nos planos diretores
11/06/2011 – Reflexões: o que pensar depois do C-40
20/05/2011 – Urbanismo: a importância de compartilhar a experiência de modelos
10/04/2011 – A socionatureza e as cidades saudáveis
22/07/2010 – É interessante acompanhar propostas da Plataf.Cidades Sustentáveis
02/12/2009 – As empresas no corpus de uma cidade sustentável

Sucena Shkrada Resk | 




25/11/2011 21:15
Dica: A Maior Flor do Mundo – José Saramago, por Sucena Shkrada Resk
A introdução do aspecto lúdico na educação ambiental possibilita abrirmos um campo rico não só para as crianças, mas para os adultos. O motivo é simples: mexe com a nossa sensibilidade e possibilita que enxerguemos nas entrelinhas e nas metáforas. Nessa linha, está o filme de animação “A Maior Flor do Mundo”, baseado no conto do escritor português José Saramago (1922-2010), em que ele é o próprio narrador. A produção de 2007 é dirigida por Juan Pablo Etcheverry.

Segue a dica. Em quase 10 minutos, descobrimos a importância da preservação da natureza e como estamos integrados a ela. Um bom recado para alertar aqueles que são a favor de mudanças radicais presentes no substitutivo do projeto de lei do Código Florestal. A proposta já passou pelas comissões da Casa e agora está em fase final de tramitação no Senado, e pode ser votada na próxima semana, em regime de urgência. O link é: 
A Maior Flor do Mundo .
Sucena Shkrada Resk | 




25/11/2011 15:08
Reflexão: Audiência pública nacional sobre o Plano de Resíduos Sólidos, por Sucena Shkrada Resk
Uma agenda importante na área socioambiental será realizada neste final de mês, à qual é interessante estarmos atentos. Será a audiência pública nacional da versão preliminar do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que acontecerá nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro, em Brasília. O encontro tratará das diretrizes e temas transversais, como educação ambiental, logística reversa e instrumentos econômicos.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), responsavél por essa interlocução, na programação de debates haverá a divisão nos seguintes grupos temáticos:
– Resíduos Sólidos Urbanos e inclusão de Catadores de Materiais Recicláveis;
– Resíduos de Serviços de Saúde, Portos, Aeroportos e Terminais Rodoviários;
– Resíduos Industriais;
– de Mineração;
– Agrossilvopastoris;
– e da Construção e Demolição.

Vale lembrar que alguns prazos foram estipulados para a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010: de até agosto de 2014, não haver mais lixões no país e se adotar a coleta seletiva em todo território nacional.
Os municípios e estados têm o compromisso de até o ano que vem estabelecer seus planos de resíduos, entretanto, os mesmos devem estar concluídos em dezembro de 2011, para que tenham condições de se beneficiar do Programa de Resíduos Sólidos do Plano de Aceleração de Crescimento (PAC 2).

Não resta dúvidas de que essas implementações são um grande desafio para a mudança de estrutura de nossa sociedade e da gestão pública, pois infere o nosso modelo de desenvolvimento. Há vários Brasis em 5.565 municípios.

Paralelamente a esse processo, o Plano Nacional de Ação e Produção para o Consumo Sustentável, lançado no último dia 23, é outro mecanismo que deverá estar associado a essa legislação.

O MMA divulgou que foram assinados pactos setoriais, nesta semana. Um foi com a Unilever, que assumiu voluntariamente o compromisso de substituir, até 2020, o HCFCs (Hidroclorofluorcarbonos) e HFCs (HidroFluorCarbonos) em seu parque de câmaras frias, atualmente com 100 mil equipamentos, por outras com baixo potencial de aquecimento global, devendo atingir 80% até 2020.

Já a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) estipulou a meta de reduzir o consumo de sacolas plásticas em 40% até 2015 (a base de cálculo é a produção de 14 bilhões de sacolas em 2010). No caso da Associação Brasileira de Embalagens, a diretriz é a seguinte no mesmo período: instituir a simbologia técnica do descarte seletivo em mil produtos e adicionar a identificação dos materiais em outras 300 embalagens anualmente.

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08/01/2011 – Personagens do Brasil: vozes da Várzea do Amazonas
15/07/2010 – Reflexões sobre resíduos sólidos.

Sucena Shkrada Resk | 




25/11/2011 08:21
Nota: Rio+20-Lançamento de Campanha O Futuro que queremos será no dia 28, por Sucena Shkrada Resk
No próximo dia 28 de novembro, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançará a Campanha Mundial O Futuro que Queremos, que é uma iniciativa conjunta do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais e do Departamento de Informação Pública das Nações Unidas para divulgação em âmbito mundial da Rio+20 – Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. O evento será realizado na sede da Prefeitura do Rio de Janeiro e terá como uma das primeiras ações o 1º Encontro Global de Diretores de Centros de Informação da ONU, que ocorre entre os dias 28 e 30 deste mês. (síntese das informações transmitidas pela Humanitare).

E qual é o futuro que queremos? Reflexão sem prazo de validade, não é? Vamos fazer esse exercício se tornar factível somente ao tecer as ações em nosso presente. Afinal, não há fórmulas mágicas para essas transformações…

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13/09/11 – Rio+20: um cenário de incertezas (parte 2)
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11/09/11 – Rio+20: a importância do empoderamento da sociedade
11/09/11 – Rio+20: Aldeia da Paz deverá ser referência para alojamento
11/09/11 – Rio+20: pratiquem o exercício de reflexão e cidadania
07/08/11 – O que se fala sobre vulnerabilidade climática (parte 1)
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05/12/10 – Especial Fórum Social Pan-Amazônico – A luta só está no começo
25/08/10 – Entremundos Direto na Fonte
Sucena Shkrada Resk | 




24/11/2011 08:28
NOTA: Site oficial da Rio+20 em português já está oficialmente no ar, por Sucena Shkrada Resk
Ontem, 23, foi lançado no Rio de Janeiro, o site oficial da Rio+20 em português, que facilitará a comunicação do processo em nosso idioma, tendo em vista, que nem sempre é fácil dominar o inglês e espanhol. A manutenção da página é de responsabilidade da Humanitare. Lá é possível encontrar documentos que fazem parte do processo de formatação do evento, como também uma newsletter quinzenal produzida pelo secretariado geral. O endereço é 
www.rio20.info/2012/ .

Mais uma iniciativa, nesta quarta-feira, (neste caso do Ministério do Meio Ambiente – MMA) foi o lançamento do hotsite 
Mulheres Rumo à Rio+20, que será mantido pela Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental.

São mais alguns instrumentos de pesquisa para que possamos ter elementos para acompanhar essa pauta.

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Sucena Shkrada Resk | 




22/11/2011 22:26
CBJA: jornalista socioambiental na busca da liberdade, por Sucena Shkrada Resk
Três dias ou melhor, cerca de 26 horas de programação, entre palestras e oficinas, e uma conclusão: nós, que assumimos o papel de jornalistas socioambientais, sucumbiremos se ficarmos restritos aos ‘aquários’, a tarjas institucionais e às pautas métricas, envernizadas e cartoriais, que nos engessam e anulam. Precisamos de liberdade, é algo vital para nosso exercício. A reflexão pode parecer radical e até óbvia para algumas pessoas, mas foi o que realmente extrai, ao término do IV Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, realizado entre os dias 17 e 19 de novembro, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). O evento foi organizado pelo Instituto Envolverde e pela Rede Brasileira de Informação Ambiental (Rebia), com apoio da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental (RBJA).

No fim de tarde do sábado, posso dizer que um certo incômodo tomou conta de mim, me alertando para sair de possíveis inércias e períodos lacônicos e de equivocados pedestais, armadilhas comuns em nossa área (vaidades e orgulhos). Eu me dei conta que não há nada de errado em ser frágil, pois ao mesmo tempo, sou forte ao defender meus ideais de um jornalismo ético e multidisciplinar, em meio à exigência de sobrevivência em um mercado controverso e até perverso, em certas ocasiões. Essa ‘tempestade de ideias’ não foi resultante só do que ouvi dos palestrantes, mas da troca de repertório com os colegas de Norte a Sul do país, que participaram do evento, o que foi enriquecedor.

Durante o evento, triei algumas falas que me soaram positivas para esse exercício de reavaliação. No painel, que tratou da Rio+20, ouvi, por exemplo, do jornalista Vilmar Berna, a seguinte afirmação: “Não há imprensa neutra. Fala de parte da verdade. A questão é qual parte trataremos na Rio+20. O que vamos deixar nas sombras?”. A metáfora cabe bem em um tema no qual ainda pisamos em ovos e precisamos dedicar maior atenção ao contexto histórico e socioeconômico e não sermos enredados em possíveis retóricas.

Com as mudanças de datas sofridas no evento oficial, que passou para o período de 20 a 22 de junho do ano que vem, uma informação me pareceu importante a ser aprofundada. Segundo Claudia Maciel, do Itamaraty, entre os dias 16 e 19, o Brasil realizará grandes eventos com a sociedade civil, no processo informal, que não cabe na grande conferência. Agora, é importante saber qual será a representatividade dessas atividades na qualidade de vida da sociedade, não é verdade?

No plano macro da Rio+20, tendo em vista que cerca de 80 países entregaram suas propostas de contribuições oficiais para a secretaria da Rio+20/ONU, mais uma pauta me pareceu interessante de ser aprofundada. O que converge e o que distoa nesses documentos?

O que me chamou a atenção na fala do economista Ladislau Dowbor, professor titular no departamento de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), nas áreas de economia e administração (que recentemente concedeu entrevista para o blog), foi trazer sua experiência recente na China (maior emissor de Gases de Efeito Estufa do mundo) e, ao mesmo tempo, maior investidor em energias renováveis. “Lá, as motos elétricas estão nas ruas, no valor de 350. Por que aqui no Brasil não se adota esse modelo?”, lançou o questionamento aos presentes.

Com a proposta de quebrar paradigmas, Luiz Pinguelli Rosa, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) afirmou: “Não há energia santa…Mesmo a eólica precisa de cimento, aço, cobre que necessitam de energia fóssil…”, durante sua palestra que tratou da Ciência e Inovação para uma sociedade Sustentável.

Segundo Pinguelli, o Brasil não deveria investir na energia nuclear. “Fukushima foi uma lição…e termoelétrica é um absurdo. O governo deve incentivar energia distribuída, extraí-la também do lixo. Ele também fez algumas ressalvas às hidrelétricas e mencionou que muitas pessoas do Movimento Atingidos por Barragens, populações indígenas não foram devidamente compensados e deveriam ser compensados por royalties…

Nesse exercício de questionamento, o jornalista André Trigueiro provocou – “Jornalista ambiental tem de incomodar…”. A sua fala tem sentido (acredito que para todos os jornalistas, de uma maneira geral), porque quando nos acomodamos, a profissão perde consistência…gera um vazio, não acham? Outra reflexão que fez também me soou pertinente.”O jornalismo fragmenta o tempo todo e nunca será sistêmico…Somos educadores informais para o bem ou para o mal…”.

O professor Ismar Soares, da Universidade de São Paulo (USP), trouxe o elemento educacional para a reflexão. Ele considera importante que se pense a escola como ecossistema e reforçou: comunicação só existe se é democrática e participativa, e lançou a seguinte questão – o desafio na sociedade de consumo é como integrar as crianças na luta pela sustentabilidade, afinal representam as futuras gerações. Uma das maneiras, em sua avaliação, é por meio da educomunicação… Aí está uma pauta abrangente sobre o que identificamos como ferramenta de empoderamento da sociedade e cabe ao papel da educação informal.

Com um discurso “revigorante” aos nossos picos de desânimo, a ativista ambiental Neuza Arbocz citou uma fala de Johnny Ken, do Techtudo, que considerei interessante… Segundo ele, se uma ou duas pessoas estiverem bem informadas, podem fazer a diferença. Ou seja, não precisamos nos desanimar quando não atingimos a quantidade…Aí está um dos grandes desafios dos jornalistas ambientais e de quem trafega nesta área. Muitos freiam seus potenciais ao não conseguir, por muitas vezes, grandes sensibilizações no aspecto quantitativo.

Um painel que aqueceu a reflexão foi “O Jornalismo Científico e o diálogo imprensa/academia”, com Ulisses Capozoli, Eduardo Geraque e Wilson da Costa Bueno. A questão ética, de conservar o estranhamento (que faz com que não aceitemos tudo de mão beijada), o aprofundamento das pautas as relacionando também aos aspectos sociais e ambientais fizeram parte dos temas levantados pelos palestrantes.


MÃO NA MASSA
Um dos cases interessantes apresentados, durante o CBJA, foi da iniciativa que se chama Rios e Ruas, coordenada pelo urbanista José Bueno, que visa fazer com que os cidadãos redescubram os cursos d`água sob a cidade concretada e com isso se sensibilize sobre a conservação da natureza, as histórias por trás das mesmas… Para isso, há um momento teórico e outro de expedição – https://www.facebook.com/rioseruas?sk=info

Como elemento propositivo, a Oficina de Mídias Sociais, conduzida por Alan Dubner, da qual também participei, lançou o embrião da criação colaborativa de geração e encaminhamento de conteúdo na plataforma http://www.jornalismoambiental.com, além de outras mídias, como blog e a rede social Facebook. A iniciativa integrou praticamente 35 pessoas de diferentes estados, faixas etárias nessa empreitada. Agora, é trabalharmos!

Durante o CBJA, a Rebia também realizou seu primeiro encontro nacional com a meta de revigorar o grupo, trazendo novas perspectivas. Ouvir colegas do Acre, de Alagoas, do Ceará, Mato Grosso do Sul, de Minas Gerais, do Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e de Salvador e eu, claro, do estado de São Paulo, foi algo muito instigante. Ouvi relatos de militância de comunicadores que vivem desafios “na pele”. E não são vivências corriqueiras, mas que exigem, acima de tudo, aprofundamento nas pautas e coragem.

Outro evento importante foi o I Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Ambiental, que reuniu 36 trabalhos apresentados na mostra científica, entre mais de 100 inscritos. Segundo a jornalista Gisele Neuls, o objetivo da comissão organizadora é formalizar uma Sociedade que coordene daqui por diante os próximo encontros, tornando o trabalho e fomento de pesquisas sistematizados.

Sucena Shkrada Resk | 




22/11/2011 13:37
Por dentro das agendas da sociedade civil para a Rio+20, por Sucena Shkrada Resk
Conhecimento só se dissemina, quando há a circulação de informações que facilitam o poder de escolha, não é verdade? Então, seguem os dois sites que pesquisei há pouco, que já se encontram no ar e podem ser úteis para quem vai acompanhar, cobrir e quer assimilar melhor a participação da sociedade civil no processo da Rio+20:

FÓRUM SOCIAL TEMÁTICO 2012
O encontro do Fórum Social Temático 2012 – Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental terá como mote a Rio+20. O evento será realizado de 24 a 29/01/2012, em Porto Alegre.

Os grupos de trabalho estão sendo constituídos em outra plataforma (Diálogos2012), que está no ar, desde o último dia 15. São divididos em Água, Bens Comuns, Cidades Sustentáveis, Ciência e Tecnologia, Clima, Consumo, Educação, Ética, Extrativismo e Mineração, Governança e Arquitetura de Poder,Territórios, Auto-Governo e Bem Viver O endereço do site é https://www.fstematico2012.org.br/ .

A página da CÚPULA DOS POVOS NA RIO+20 POR JUSTIÇA SOCIAL E AMBIENTAL, que será realizada em junho do ano que vem, também se encontra no ar. É https://cupuladospovos.org.br/ .

AGENDA OFICIAL DA RIO+20
Na agenda oficial, amanhã, 23, o subsecretário-Geral para Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas e Secretário-Geral da Rio+20, Sha Zukang, estará no RJ. Ele tratará do tema Avanços e Desafios para a #Rio+20, em evento na Prefeitura do RJ. Nesta data, também será lançado o site brasileiro oficial da conferência. Na programação de amanhã ainda está previsto o lançamento da chamada agenda Conexão G15 Rio+20, além do Global Report Initiative relacionado ao evento. As informações foram passadas hoje pela UNIC RJ.

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Sucena Shkrada Resk | 




09/11/2011 15:08
Neide Duque: habitação digna na maior idade, por Sucena Shkrada Resk
Somente quando a gente se dispõe a ouvir ou a vivenciar alguma situação é que possibilita abertura a reflexões, não é verdade? Com essa premissa, escutei Neide Duque, 70 anos, nos bastidores do Fórum Social de São Paulo (FSSP), no mês passado. Ela é ativista social, aposentada como promotora cultural na área artística, e integra o Grupo de Articulação para Moradia de Idosos da Capital (Garmic) e o Conselho Municipal do Idoso.

O que me chamou atenção em sua fala foi o vigor (que muitas vezes, não temos), em reivindicar qualidade de vida a esta fase da maturidade, a que chamamos carinhosamente de maior idade. Um período que, geralmente, relegamos a devida atenção, no qual muitos idosos, que recebem aposentadorias baixas, têm dificuldade de ter uma habitação digna. Em situações mais precárias, ficam em situação de rua ou moram em cortiços ou em asilos.

Isso ocorre, independente de o Estatuto do Idoso prever em seu artigo 37, que ele tem direito à moradia digna junto à sua família de origem, ou só, quando desejar, ou ainda em entidade pública ou privada. Daí comecei a pensar – todos nós um dia seremos idosos, se nenhum percalço nessa jornada acontecer, e como pensamos nessa expectativa de longevidade? Atualmente cerca de 8% da população tem idade igual ou superior a 65 anos e a expectativa de vida do brasileiro é de 73 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

E quando observamos o artigo 38, o mesmo diz o seguinte:
‘Nos programas habitacionais públicos ou subsidiados com recursos públicos, o idoso goza de prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria, observando-se reserva de 3% das unidades residenciais para atender idoso, garantia de acessibilidade nas construções e critérios de financiamento compatíveis com os rendimentos de aposentadoria e pensão”. Aí, mais um questionamento: onde há transparência sobre isso ou encontramos informações condizentes com a realidade em nossos municípios?

Depois desse intervalo em que temos a noção do que a Lei diz e do que a realidade nos mostra, a narrativa de dona Neide ganha mais força. Ela contou que ela e seus companheiros de grupo defendem a alternativa da auto-gestão dos mutirões. “Em vez de contratar empreiteira, porque assim conseguimos as moradias com nossas próprias mãos, mais bem acabadas e a baixo custo”, disse. Segundo ela, é importante destacar que as mulheres também ‘pegam no pesado’ nas obras, que não é trabalho só para homens. “Somos mais propositivas. Fazemos assentamento de tijolos, dirigimos coletivo, pilotamos avião…, mas ainda temos de quebrar as barreiras do preconceito de sermos vistas como subalternas”.

Neide é uma das 200 pessoas, com mais de 65 anos, que vivem no conjunto habitacional do Projeto Vila dos Idosos com 145 apartamentos, no Pari, que foi executado pela Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab), com dependências adaptadas (a maioria quitinetes). “Pagamos o aluguel social à Prefeitura. Lutamos por mais espaços como esse. Existem no estado de São Paulo, pelo menos, 1,5 mi idosos, e mais de 50% precisam de moradia. Só no Garmic, tem cerca de 1,2 mil pessoas na fila de espera por uma moradia digna”.

Ela explicou que os idosos na cidade também têm o direito de se enquadrar no 
bolsa aluguel, que é monitorado por assistentes sociais.

Para quem quer saber mais um pouco sobre a história do Garmic, recomendo o artigo de Olga Luiza Leon de Quiroga, de 2007, disponível no link: https://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/viewFile/2584/1638. Acesso em: 09/11/2011.

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30/10/2011- FSSP: a importância da inclusão na comunicação compartilhada
15/11/2010 – São Paulo cria seu Fórum Social
20/05/2011 – A reinvenção dos bairros no processo urbano
12/10/2009 – Brasil: Estamos preparados para envelhecer?, entre outros
Sucena Shkrada Resk | 




09/11/2011 11:52
Refletindo sobre o Estado do Futuro/Projeto Millennium, por Sucena Shkrada Resk
A 15ª edição do documento “O Estado do Futuro”, do 
Projeto Millennium, foi lançada no mês de outubro e revela um mundo que aspira transformações efetivas, tendo em vista que metade de nosso planeta ‘é potencialmente instável’ e expõe a dicotomia de ações de cada um de nós, que fazemos parte da humanidade. O X da questão é quanto seremos ágeis (individualmente, na figura do Estado, multilateral…), de forma eficiente, para promover as transformações necessárias.

Na balança das grandes controvérsias, hoje há mais riqueza, melhoria na educação, na qualidade de vida – vide a longevidade em alguns países. Ao mesmo tempo, os valores dos alimentos sobem, temos a diminuição dos lençóis freáticos, a corrupção e crime organizado aumentam, a crise econômica é uma realidade que deixa seus rastros desde 2008 e a insegurança ambiental e a desigualdade socioeconômica são traços marcantes neste século. Nesse quadro, a necessidade de governança transparente e coesa e de mudanças de paradigmas de desenvolvimento ganha maior força.

Rosa Alegria, vice-presidente do Núcleo de Estudos do Futuro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (NEF/PUC-SP) apresentou, no dia 26, a tradução e avaliação do sumário desse estudo, originalmente em inglês e espanhol.

No relatório, são apontados 15 grandes desafios estratégicos nessas tomadas de decisão, que giram entorno dos seguintes temas:
– Desenvolvimento Sustentável;
– Água;
– População crescente e recursos;
– Democracia;
– Perspectivas de longo prazo;
– Tecnologias da Informação/Comunicação;
– Exclusão Social;
– PIB per capita mundial – países…;
– O mapa da felicidade mundial;
– Saúde;
– Tomada de decisão;
– Paz e conflitos;
– Condição da mulher;
– Crime organizado;
– Energia;
– Ciência e Tecnologia;
– Ética Global.

CENÁRIOS DE CONTROVÉRSIAS
Em maio deste ano, o nível de CO2 estava em 394.35 ppm, o maior em pelo menos 2 milhões de ano. Tendo em vista o modelo extrativista, o consumo desenfreado e a perspectiva de sermos mais 2,3 bilhões de pessoas em 39 anos, faz com que esse cenário se torne mais relevante na agenda mundial. Vale lembrar que no dia 31 de outubro, oficialmente atingimos a marca de 7 bilhões de cidadãos.

O investimento em energias renováveis e limpas, além da eficiência energética tem aumentado. Hoje, inclusive, a China é a maior investidora , com orçamento de US$ 51 bilhões, em 2010, ao mesmo tempo que é a maior emissora de Gases de Efeito Estufa (GEEs). O relatório, entretanto, detecta que se não forem feitos grandes avanços em tecnologia e na mudança de comportamento, em 2050, ainda a maioria da energia mundial dependerá dos combustíveis fósseis.

Nesse panorama de aumento demográfico e de consumo inconsciente, a água potável já é comparada ao petróleo, devido ao seu esgotamento. Mais de 884 milhões de pessoas ainda não têm acesso à água potável, que fazem parte do contingente dos que estão na extrema pobreza, e cerca de 2,6 bi ao saneamento seguro. Apesar de quase meio bilhão de pessoas terem saído do estágio de carência extrema, entre 2005 e 2010 (US$ 1,25 por dia), esse processo é extremamente lento a olhos nus.

As mulheres são vistas como importantes pilares para lidar de maneira mais eficiente com relação aos desafios globais. Mesmo se constatando que a dificuldade de empoderamento ser relativamente grande na atualidade, houve avanços. No mundo, há uma proporção média de 19,2% de mulheres legisladoras e cerca de 20 países tem uma chefe de Estado.

Do outro lado da balança, existe um grupo de cerca de 700 sociedades financeiras que domina 43 mil empresas do mundo e 147 multinacionais, que possuem 40% do valor econômico e financeiro. Conforme a Revista Forbes, como destaca o documento, os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, e África do Sul) produziram 108 dos 214 novos bilionários em 2011, de um total de 1.210 mundialmente, sendo 115 da China e 101 russos. A pergunta é: a que custo querem chegar ao status de países desenvolvidos?

Que mundo estamos construindo, afinal, que também registra US$ 1,6 tri de transações ilícitas anualmente e que tem a fragilidade ética, que abre cada vez mais a fenda entre ricos e pobres?

Cada vez que vamos comprar alimentos, os valores estão diferentes, mas os salários não. O custo de vida está ficando mais caro e dicotomicamente consumimos mais bens de consumo. Somos a representação da controvérsia…Entre os fatores considerados para esta elevação, soma-se o aumento populacional, erosão do solo, esgotamento de aquíferos, poluição da água, produções extensivas no agronegócios, o aumento de secas e inundações creditadas às mudanças climáticas e especulação no mercado.

Ao mesmo tempo, um fenômeno do século XXI é o universo das mídias sociais, que são ferramentas para mobilizações como a Primavera Árabe, que demonstra um despertar pela ânsia por democracia, mas que ainda requer mais atenção sobre sua repercussão. Entretanto, o documento também revela que há menos liberdade em 25 países e mais liberdade em 11, e a liberdade civil e política declina em cinco anos consecutivos e a de imprensa vem caindo nos últimos nove anos. E em pleno século XXI, existe um mapa da escravidão moderna. “Quantas vidas estão em um sapato barato, por exemplo?”, questiona Rosa Alegria.

No avanço das tecnologias de comunicação e informação, há um contingente de 5,3 bi usuários de celular e 2 bi de internet e a abertura do chamado G8 (criado este ano para explorar o potencial dos negócios e governos eletrônicos), em contrapartida os produtos são mais obsoletos e as trocas mais frequentes. Mas uma nova guerra entre governos começa a surgir, a cibernética.

Já as chamadas ‘guerras ao velho estilo” também têm diminuído nas últimas décadas. De acordo com o estudo, atualmente ocorrem 10 conflitos com pelo menos 1 mil mortes anualmente (Afeganistão, Iraque, Somália, Iêmen, NW, Paquistão, Naxalities na Índia, os cartéis mexicanos, Sudão e Líbia).

No tocante ao armamento nuclear, os dados apontam que EUA e Rússia diminuem seus arsenais, enquanto China, Índia e Paquistão aumentam. O que chega a chocar, depois das hipotéticas lições da Segunda Guerra Mundial, é que em fevereiro deste ano, havia o registro de 22 mil ogivas no mundo, sendo que 2 mil estariam prontas para uso pelos EUA e Rússia, segundo a Federação de Cientistas Americanos.

Quanto ao tema saúde, o estudo registra melhorias circunstanciais, como da queda de doenças infecciosas, de 25% em 1998 para menos de 16% em 2010. Ao mesmo tempo, neste ano, há seis epidemias potenciais, sendo a mais grave, com relação à enzima NDM-1, que pode originar uma variedade de bactérias resistentes à maioria dos medicamentos.

As tentativas de planejamentos de perspectivas de longo prazo ainda são acanhadas. A constatação é que muitas ficam circunscritas a períodos eleitorais de 4 anos, quando tudo muda, dependendo da gestão. Em contrapartida… “Na Finlândia, estão criando conselhos futuristas e existe também a iniciativa mundial dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs), no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU)”, diz Rosa. Mas os resultados, obviamente, dependem de cada nação que ratificou a participação.

Seguem abaixo eixos de reflexão expostos no sumário executivo do relatório O estado do Futuro:

ONDE ESTAMOS GANHANDO:
1. Melhor acesso à água
2. Taxa de alfabetização, total de adultos (porcentagem de pessoas com mais de 15 anos
3. Matrícula escolar, secundário (porcentagem total)
4. Taxa de incidência da pobreza dos que vivem com até $ 1,25 por dia
5. Médicos (por 1 mil pessoas)
6. Usuários da internet (por 100 pessoas)
7. Taxa de mortalidade infantil (por 1 mil nascimentos de vivos)
8. Expectativa de vida no nascimento, total (anos)
9. Mulheres nos parlamentos (porcentual de todos os membros)
10. PIB por unidade de uso de energia (constante 2000 PPP $ per kg de óleo)
11. Número dos principais conflitos armados (número de mortos maior que 1,000)
12. Desnutrição (porcentual da população)
13. Predomínio de HIV, total (porcentual da pop. Idade 15-49)
14. Países que possuem ou pensam em ter planos para armas nucleares (número)
15. Total de endividamento na área de serviços – total (porcentual do GNI (países de rendas baixa e média)
16. Gastos em P&D (porcentual de orçamento nacional)

ONDE ESTAMOS PERDENDO:
17. Emissões de dióxido de carbono (kt)
18. Anomalias da temperatura na superfície global
19. Pessoas votando nas eleições (porcentual da população)
20. Níveis de corrupção (15 maiores países)
21. Pessoas mortas ou feridas em ataques terroristas (número)
22. Número de refugiados (por 100 mil população total)

ONDE HÁ INCERTEZA:
23. Desemprego, total (porcentual da força de trabalho total)
24. Consumo de combustível não-fóssil (porcentual do total)
25. População nos países que são livres (porcentual da população global total)
26. Floresta (porcentual de toda área de terra)

Segundo Rosa, para Ted Gordon, co-fundador do Projeto Millennium, é estratégica a evolução das tomadas de decisões e a questão ética. “Existe uma dificuldade hoje quanto a quais tipos de valores norteiam quem decide. Tudo vale pelo crescimento econômico. Todos somos compradores de alguma coisa…”.
Sucena Shkrada Resk | 




08/11/2011 16:20
Os eixos da economia sustentável sob o olhar de Ladislau Dowbor, por Sucena Shkrada Resk
O economista político Ladislau Dowbor, professor titular no departamento de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), nas áreas de economia e administração, concedeu entrevista ao Blog Cidadãos do Mundo, no dia 26 de outubro, em que trata do tema do desenvolvimento sustentável e as interfaces com as economias solidária, criativa/do conhecimento e a chamada economia verde, um dos eixos centrais da pauta da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), em junho do ano que vem. Ele é enfático ao afirmar que a pauta central hoje é o combate à desigualdade e ao mesmo tempo considera que a sociedade civil está mais conectada mundialmente, o que pode trazer de maneira mais eficiente, formas articuladas de pressão sobre o processo..

Blog Cidadãos do Mundo – Professor, como as economias criativa e solidária estão inseridas na tarja da economia verde?

Ladislau Dowbor – Há várias dinâmicas para fazer essa análise. Hoje temos no planeta ainda 50% de população rural e que vive da agricultura. No Brasil, a agricultura familiar produz três quartos dos alimentos que vêm à nossa mesa. Toda a área do pequeno produtor, da pequena pecuária e dos cinturões verdes das cidades são profundamente diferentes do agronegócio. São dois universos distintos. O do agronegócio com intensidade de adoção de agrotóxicos, da monocultura, pecuária extensiva, em que o desmatamento para pecuária e para grãos tem um impacto significativo no conjunto dos problemas ambientais. Isso envolve também contaminação dos lençóis freáticos, das águas subterrâneas, dos rios e redução da biodiversidade e por aí vai, além do impacto climático. Agora, se observamos parte dos pequenos agricultores, que representa metade da população do planeta, eles podem utilizar a policultura, onde os plantios se equilibram, e outros sistemas naturais de preservação na agricultura em pequena escala, que com mais diversidade, tem menos pragas. Há um conjunto de processos que podem juntar a unidade menor de produção de subsistência com as novas tecnologias, com sistemas de apoio de economia solidária, como de produtos orgânicos; o abastecimento das famílias diretamente do produtor, do sistema de compras governamentais, por exemplo, para a merenda escolar. Na realidade, há uma imensa oportunidade de economia criativa, de aportes tecnológicos e acesso ao conhecimento mais sofisticado, nos sistemas de desentermediação.

Blog Cidadãos do Mundo – Mas quais são os mecanismos que auxiliam para que essa dinâmica, de fato, seja implementada?

Ladislau Dowbor – Hoje a fragilidade maior desses produtores são os atravessadores comerciais e o isolamento ao sistema de comunicação. Quando a gente vê agricultores no Quênia que fazem as transações pelo celular, mesmo sendo analfabetos, porque sabem falar e têm inteligência, percebemos que se gera, na verdade, outra dinâmica em um setor extremamente importante.

Blog Cidadãos do Mundo – Nesse contexto da economia sustentável, há mais alguma vertente?

Ladislau Dowbor – Outro eixo de imensa importância tem sido chamado de economia do conhecimento. Hoje na composição dos produtos, três quartos do valor não são matéria-prima ou trabalho físico, mas conhecimento incorporado de design, de pesquisas – os intangíveis. O conjunto das atividades econômicas, portanto, quanto mais densas em conhecimento, mais têm propensão para evoluir a processos colaborativos. Há inúmeros exemplos. Como no sistema da robótica, em que empresas privadas com bens lucrativos decidiram colocar todo o conhecimento on line (um mecanismo de compartilhamento).

Blog Cidadãos do Mundo – A economia do conhecimento, então, é compatível com a preservação ambiental?

Ladislau Dowbor – Não tira pedaço da natureza. É um conjunto de atividades econômicas que perpassa todos os setores, desde a agricultura até a construção civil, a fabricação de roupas etc. Em que pode se intensificar o conhecimento, melhorar as tecnologias, reduzir o uso de recursos naturais por unidade, utilizar muito mais os sistemas circulares, em que há reciclagem de matérias-primas. Há uma evolução generalizada que potencializa esse tipo de sistema, que ao mesmo tempo, melhora a produtividade econômica e permite a redução dos impactos naturais. Ao se abrir para processos colaborativos, tende a se reduzir o peso da competição e da desigualdade. Na Favela em Antares, no Rio de Janeiro, por exemplo, generalizaram o acesso à banda larga na internet, estão produzindo design, facilitando o uso de pessoas que têm dificuldade com o computador, com serviços on line; além de produzir cultura, se gera inclusão social. Antigamente, tínhamos de esperar que se instalasse uma fábrica na região, para a geração de empregos. A economia criativa possibilita a ascensão social por causa do adensamento do conhecimento dos processos produtivos. O conhecimento não é um bem escasso, uma vez que chegou a ele, sua circulação não é rival. Se eu te passo uma ideia, continuo com ela. Por isso, se multiplica e cada vez mais pessoas irão associar essas ideias de forma inovadora.

Blog Cidadãos do Mundo – O senhor concorda com termo economia verde?

Ladislau Dowbor – Tenho certas restrições. Por que verde? Há uma tendência de tentar dissociar o ambiental do social, o que é catastrófico. Desenvolvimento sustentável é mais abrangente, porque envolve, o social, o econômico, o ambiental e a governança política.

Blog Cidadãos do Mundo – Qual é a importância do eixo social, na sua avaliação, professor?

Ladislau Dowbor – O eixo das políticas sociais é imensamente importante. É um investimento nas pessoas, na saúde, educação e cultura, é o que a gente quer da vida, não é um gasto. Quando você pensa que há o massacre das pessoas para comprarem mais caro, por meio de publicidade, você está matando o meio ambiente. Veja São Paulo com os seus 7 milhões de veículos. Quando melhora o acesso à saúde, educação e à cultura promove um impacto zero ao meio ambiente. Economiza os recursos naturais. Hoje a ‘gritaria’ é por mais produtividade, com mais hora/trabalho, em vez de buscar produzir mais com menos recursos da natureza. Podemos usar mais mão de obra com sistemas participativos, em pequenas produções. É outro desenho diante da realidade dos recursos limitados. Uma maneira de mudar a lógica econômica.

Blog Cidadãos do Mundo – O que pode ser feito de diferente na Rio+20?

Ladislau Dowbor – A ECO 92 e a publicação do documento O Nosso Futuro Comum fizeram um balanço dos grandes problemas ambientais e sociais do planeta e resultaram em uma agenda do clima, da biodiversidade, e na Agenda 21. Mas não foram formuladas as formas de implementação. Com a Rio+20, não precisamos reformular essa agenda, que continua praticamente a mesma; entretanto, os problemas se agravaram. O que se coloca é que a visão da governança e do processo decisório é essencial. Como a gente faz as coisas acontecerem? Isso passa pela compreensão de que passamos por uma crise econômica, que por um lado, restringe recursos, e de outro, gerou um clima político mais forte e de as pessoas dizerem que é preciso mudar. A sociedade civil está mais conectada mundialmente, o que pode trazer de maneira mais eficiente, formas articuladas de pressão sobre o processo. Temos também a fragilidade imensa do sistema multilateral (Fundo Monetário Internacional-FMI; Organização Mundial do Comércio-OMC e a própria Organização das Nações Unidas…). Por outro lado, isso nos leva aos estados-nacionais, que têm a estrutura organizada. Mesmo que o conceito de desenvolvimento sustentável implique a dimensão social, agora vai ter a centralidade no processo da desigualdade. Uma parte do planeta está com o consumo surrealista e o resto do planeta querendo limitar esse consumo sofisticado. A erradicação da miséria ou da pobreza estará no centro. É possível fazer políticas redistributivas.Temos de investir nas infraestruturas sociais, como habitação, saneamento básico. Por outro lado, enfrentaremos a resistência das grandes corporações e do sistema financeiro mundial…


Sucena Shkrada Resk | 




07/11/2011 09:12
O aprendizado da experiência em feira de trocas…, por Sucena Shkrada Resk
Na Sala Crisantempo, na Vila Madalena, em São Paulo, tive neste domingo, a minha primeira experiência em uma feira de trocas. Levei uma chapinha, um leque indígena e um pequeno quadro com dizeres orientais feito por minha mãe. Na troca, saí de lá, com um vaso lindo com copos de leite, uma pasta e um pratinho metálico. Isso, fora conhecer gente nova, sentir o espírito aconchegante do desprendimento. Enfim, considerei a iniciativa válida e quero participar de outras. O pessoal leva de tudo, desde roupas, alimentos orgânicos a CDs, livros…Ah, eu não posso esquecer: muita gente faz itens customizados, reciclados, com acabamento bem feito…Parabéns aos artesão, não é?

Eu me senti à vontade nessa atmosfera que tem os princípios da economia solidária. A regra básica é termos o bom senso de levarmos itens em boas condições…Só não exercitamos o uso da “moeda” solidária ou social, mas conheço experiências nos Fóruns Sociais Mundiais (FSMs) e casos pontuais no Brasil, que demonstram que é algo possível e interessante de se expandir.

Ao mesmo tempo, durante a tarde de ontem, foi importante saber lidar com o respeito à vontade do outro, nesse processo de trocas. Uma colega havia levado uma carteira (que achei bonita e queria presentear à minha mãe), mas ela não se interessou pelos itens que eu havia levado. Perfeito, ninguém ficou chateado por isso. Faz parte desse processo de negociação. Enfim, um aprendizado constante…em que as duas partes devem se sentir contempladas.

Leia também no Blog Cidadãos do Mundo:
28/10/2011-Reflexões sobre segurança alimentar & meio ambiente
15/10/2011-Internet para muitos ou para poucos e com que custo-benefício?
04/10/2011-E se as economias solidária,criativa e verde estivessem em 1 única agenda?
11/09/2011-Rio+20: pratiquem o exercício de reflexão e cidadania
19/08/2011-Trabalho decente exige consumo racional
28/01/2010-Esp. FSM 2010 – Boaventura Santos traça perfil da hegemonia, entre outros
Sucena Shkrada Resk | 




31/10/2011 13:34
O encanto pela história oral, por Sucena Shkrada Resk
Após mais de três mil entrevistas com os mais variados cidadãos no Brasil e no exterior, o historiador José Carlos Sebe Bom Meihy, coordenador do Núcleo de História Oral da Universidade de São Paulo (Neho/USP), tem uma leitura vigorosa sobre o propósito dessa iniciativa, que não é uma disciplina, mas uma prática que se fundamenta em pesquisa, que completa duas décadas, justamente neste mês. “…Com a história oral é possível incentivar políticas públicas e resgatar o papel cidadão do narrador…Envolve a alegria de contar, a solidariedade do coletivo, o afeto da história e remete a uma conclusão: contar cura”, diz. Dela surgem publicações que tratam de histórias de migrante e imigrantes, de pessoas que passaram por traumas, de grupos de excluídos, de profissionais anônimos…

‎ Dividida nos gêneros tradição oral, história oral temática e de vida, tem sutilezas que a povoam, que nos trazem uma leitura voltada à necessidade do trato e respeito ao narrador, também chamado de colaborador, que sempre tem a palavra final. -“…É altamente política e só acontece na democracia. É o direito de se expressar…Quebra a intolerância…Não podemos falar dela em ditaduras…”.Ultrapassa os muros da universidade, da academia, que em sua avaliação, por muitas vezes, acaba silenciando as pessoas, devido à sua estrutura mais fechada”. Meihy salienta que há uma solução ética como princípio da H.O. “Toda história de qualquer indivíduo é uma história pública…tem uma intenção maior, não é inocente ou neutra”.

Para ele, a boa história e o prazer do texto devem ser cultivados. “Não temos a imposição do dom natural. Ninguém nasce sabendo fazer uma boa história…Aprendemos ouvindo boas histórias. Por isso, a importância da colaboração. Acho que essa é a palavra mais bonita do dicionário…”. Como exemplo alegórico de alerta sobre o quanto somos dependentes uns dos outros, o que requer humildade nessa relação, citou a história da árvore:
– “Num bosque a mais bonita árvore chamava a atenção por uma ramo de orquídea que repousava em um galho. Orgulhosa disse soberba a flor: – Que seria de você sem a minha seiva? – Vaidosa a flor explicou: – Ninguém olharia você se não fosse minha beleza”.

Para que o processo aconteça, Meihy explica que precisamos nos colocar no papel de aprendizes constantemente…”E é muito importante perguntar. O que move o mundo são as perguntas, mas precisamos diferenciá-las. Há aquelas que demandam respostas diretas (por exemplo, qual é o seu nome? – José). Mas há outras que são estímulos, dão espaço a divagações e à memória seletiva… (Você sabe a origem de seu nome?…-O meu nome é José, porque nasci no dia de São José e…”

Ele explica que na transcrição e transcriação não podm ser esquecido “os dramas” vivenciados durante as narrativas. “A entrevista não é ipisis litteris, senão condena a mensagem do outro somente às palavras (sem o contexto da sensibilidade), sem observar dados como a entonação…, o choro, o riso…É importante usar a potencialidade literária do que o sujeito quis dizer olho no olho…A história é viva, é parte de mim. Sou autor com autoridade de negociar com o interlocutor…”

Nos fundamentos teóricos, os três mitos básicos da ‘contação’ na mitologia, que é uma grande narrativa consagrada por imagens, são o Mito de Sherazade; O destino de Sísifo e O eterno renascimento da Fênix, segundo o historiador…”O recontar constante é a memória coletiva”. Meihi afirma que uma das melhores sínteses narrativas é o Hai Kai – “Tenho um grande amor. Que não é meu, mas é tudo que possuo”.

Tive a oportunidade de ouvir essas e outras explicações sobre o universo da história oral, que tem seu início no Brasil, durante a fase de Ditadura (como uma fonte não-oficial da resistência democrática), durante o término do Curso Livre de Formação em História Oral, no dia 27 de outubro, do qual participei no Neho nos últimos meses. Outros trabalhos sobre História Oral, com metodologias distintas, também são desenvolvidos no país, no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea, da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC/FGV), no Centro de Memória da Unicamp (CMU) e no Museu da Pessoa…

Sucena Shkrada Resk | 




31/10/2011 09:17
Somos 7 bilhões..Tempo de repensar a conservação dessa espaçonave Terra, por Sucena Shkrada Resk
Pensata – Hoje é dia de lembrar de Drummond…de que somos 7 bilhões e como queremos conservar essa espaçonave chamada Terra…

O como que é o nosso x da questão. Escolhas diárias e que são camufladas naquela palavrinha que nós já nos acostumamos: hábitos; só falta o complemento: promover as mudanças dos mesmos e estarmos dispostos (as) a isso…

Cada vez estou mais certa de que se nós, adultos, não formos exemplos para os mais jovens, de nada adiantará haver legislações, discursos de boas condutas socioambientais, de direitos humanos, sendo que eles só veem no dia a dia a prática do contrário..
Sucena Shkrada Resk | 




30/10/2011 16:26
FSSP: a importância da inclusão na comunicação compartilhada, por Sucena Shkrada Resk
Depois de dois dias de participação no Fórum Social de São Paulo (29 e 30 de outubro), realizado na Faculdade Zumbi dos Palmares, eu retornei com a certeza de que quanto mais optarmos pela comunicação compartilhada e pela transmissão de conhecimento com linguagem acessível para todos os públicos, essas iniciativas terão maior número de participantes. O acesso ao conhecimento e aos fatos possibilita maior segurança na liberdade de expressão e escolhas conscientes.

Algo digno de elogio é a participação de um grupo de aposentados (dona Neide, Dirce, Iraci, José Pedro e Rui, entre outros) em defesa da moradia aos idosos e do direito das mulheres! Gente ponta firme!

Neide Duque, do Grupo de Articulação para Moradia de Idosos na capital e membro do Conselho Municipal do Idoso, e mais 56 participantes, se solidarizaram na defesa de moradias no sistema mutirão e aluguel social para idosos de baixa renda.
Às 9h, deste domingo, quando ainda nem havia começado o evento, lá estavam eles vindo dos lugares mais diferentes da cidade, como São Miguel Paulista, Capão Redondo, Vila Maria e Pari…Dá orgulho ver pessoas tão esforçadas e que mantêm a chama da defesa dos direitos.

No sábado, Chico Whitaker divulgou o lançamento da campanha Brasil Livre de Usinas Nucleares, como um projeto de emenda constitucional, por iniciativa dos cidadãos. Mais informações podem ser encontradas no site http://www.brasilcontrausinanuclear.com.br .

A iniciativa reúne um grupo de organizações: Aliança pela Infância do Brasil, Coalização Brasileira contra Usinas Nucleares, Conselho Nacional do Laicato do Brasil-Reg.Sul1, Escola de Governo de SP, Fund. Lama Gangchen para Cultura de Paz, Greenpeace do Brasil, Iniciativa Popular Contra Usinas Nucleares, Movimento Paulo Jackson…, Sociedade Angrense de Proteção Ecológica (SAPE) e Tardö Ling – Centro de Desenvolvimento Humano Cultura e Filosófico.

Durante o evento, também houve mobilização a favor de bolsas de estudo para jovens universitários negros em bolsas de graduação e de diferentes modalidades de pós-graduação. A meta é atingir 100 mil assinaturas.

Leia também no Blog Cidadãos do Mundo:
15/11/2010 -São Paulo cria seu Fórum Social
Sucena Shkrada Resk | 




28/10/2011 17:38
Por dentro do saneamento básico, por Sucena Shkrada Resk
Hoje, o que vale destacar no panorama sobre o saneamento básico brasileiro é que vigora no país, a Lei Nacional de Saneamento (nº 11.445), de janeiro de 2007 e a versão preliminar do Plano Nacional de Saneamento Básico está sob análise da Presidência da República e deverá entrar em consulta pública. Isso infere a importância da participação da sociedade nessa formulação. A meta é para o período de 2015 a 2030 e prevê que até o final desse período haja 100% de abastecimento de água nas áreas urbanas e de 91% de esgotamento sanitário.

Já a Política Nacional de Resíduos Sólidos tem interface com a do saneamento, no que trata dos resíduos sólidos urbanos, com relação à coleta e varrição, segundo Yuri Rafael Della Giustina, chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, do Ministério das Cidades. O órgão atua no setor em municípios com mais de 50 mil habitantes. Ele falou a respeito durante o Encontro Ibero-Americano de Desenvolvimento Sustentável (EIMA 8), na semana passada, em São Paulo.

De acordo com o gestor, no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC 1), o investimento destinado ao saneamento é da ordem de R$ 40 bilhões para 2007-2010. Já para o PAC 2 mais R$ 45 bilhões (2011-2014). Das 1700 obras contratadas, 236 obras concluídas. No contexto das prefeituras, todos os municípios brasileiros devem ter seus planos municipais de saneamento até 2013.

Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil expõe que grande parte das gestões municipais e estaduais, além de operadores, argumentam que as paralisações de obras são decorrentes de diferentes motivos, como de projetos mal feitos, irregularidades em licitações, intervenções do Tribunal de Contas e problema de atraso de análise para a liberação financeira aos projetos, como também, dificuldade de contratação de mão-de-obra. Para o Ministério das Cidades, muitos problemas podem ser superados com a melhoria de planejamento por parte dos gestores municipais.

Enquanto isso, observamos em várias localidades do país, cenários de extrema precariedade, insalubres. Diante desse quadro desafiador, é fácil constatar que se trata de um dos eixos de infraestrutura que precisam de maior atenção no Brasil e que não estão contemplados oficialmente, por exemplo, no planejamento da Copa do Mundo 2014, o que alerta o presidente executivo do Trata Brasil, que está discutindo essa pauta nas cidades-sedes associada a pesquisas. A iniciativa começou por Recife (https://www.tratabrasil.org.br/novo_site/cms/templates/trata_brasil/files/pesquisa-recife.pdf), uma parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV).

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Entre outras

Sucena Shkrada Resk | 




28/10/2011 15:52
Trata Brasil estuda projeto de educação para o saneamento, por Sucena Shkrada Resk
O Blog Cidadãos do Mundo entrevistou, nesta semana, Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil (www.tratabrasil.org.br), sobre projetos recentes, que estão sendo formulados pela Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) – em especial – destinados à educação ambiental para o saneamento e à manutenção da multiplicação não-formal, por meio da comunicação.

O primeiro tem a consultoria da sanitarista Maria Cecilia Pelicioni, que é taxativa ao afirmar que os principais fatores que levam à mortalidade infantil estão relacionados à qualidade do saneamento. Para ela, não é possível dissociá-la da qualidade de vida do cidadão, que precisa obter o conhecimento sobre a relação do setor com a saúde.

A proposta principal do Trata Brasil, criado em 2007, é mobilizar a sociedade para que exerça o papel cidadão na cobrança e cooperação para que o país estabeleça a universalização do acesso à coleta e ao tratamento de esgoto, em que as conquistas são lentas. Afinal, é um desafio de grandes proporções, tendo em vista que a cobertura de coleta de esgoto, segundo o Atlas do Saneamento 2011, lançado neste mês, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que 55% dos municípios mantêm a coleta (dados com relação a 2008.

Apesar de haver melhorias relativas em estados do Sudeste, por exemplo, o documento revela que “há um vazio em termos de melhorias e mesmo de inexistência da rede de esgotamento sanitário nas regiões Norte e Nordeste, onde mesmo as áreas que exibem números positivos de crescimento absoluto são acompanhadas de fracos resultados em melhorias de esgotamento sanitário”.

Por outro lado, em pesquisa feita pelo Ibope Inteligência, encomendada pelo Trata Brasil, um percentual de 31% dos entrevistados afirmou que desconhece o que é saneamento básico. Ao todo, foram realizadas 1.008 entrevistas com moradores das 79 cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes em 2009.

O conceito hoje de saneamento básico inclui: – Abastecimento de água potável; esgotamento sanitário; limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.

Confira abaixo a entrevista:

Blog Cidadãos do Mundo – Na avaliação do Trata Brasil, qual é o motivo para o desconhecimento sobre saneamento básico apresentado na pesquisa, por parte de um percentual significativo da população?

Édison Carlos/Trata Brasil – As demais respostas às questões da pesquisa nos levam a acreditar que o tema “saneamento” ainda é demasiado técnico para muitas pessoas, sobretudo nas áreas mais afastadas e menos favorecidas. Termos como “coleta de esgoto, lixo etc.” são bem mais fáceis para a população em geral. Como muitas pessoas não associam a falta de saneamento com problemas à saúde ou impactos a outras áreas da vida diária, no geral, há um distanciamento para estes serviços que eles imaginam não serem tão importantes para seu dia a dia, como são a água e energia elétrica, por exemplo.

Blog Cidadãos do Mundo – O Trata Brasil atualmente elabora um projeto que propõe a Educação para o Saneamento. Fale a respeito.

Édison Carlos/Trata Brasil – Fomos chamados por um de nossos Embaixadores (personalidades públicas que ajudam, emprestam seu nome e imagem em prol das ações do Trata Brasil. São médicos renomados, jornalistas, atletas, professores, entre outros) a fazer um trabalho na área da Educação Ambiental voltada ao saneamento. Entendemos ser mesmo importante para o instituto, então mantivemos várias reuniões com a professora Dra. Maria Cecilia Pelicioni, da Faculdade de Saúde Pública da USP, que durante muitos anos, orientou teses e dirigiu cursos deste tipo na universidade, e formatamos um projeto de Educação Ambiental ao Saneamento, cujo primeiro público é o professor. Estamos discutindo a possibilidade de aplicação de um piloto deste “treinamento” com a Coordenação de Educação Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo e com a Coordenação de Saneamento do Estado. Não há ainda estimativa de implementação, pois estamos conversando com as secretarias envolvidas. Nosso interesse é começar por uma localidade específica ou pequena cidade, numa ordem de até uma centena de professores de início. Os custos seriam bancados pelas secretarias ou patrocinadores interessados.

Blog Cidadãos do Mundo – Por favor, cite alguns exemplos de como pode ser a abordagem de sensibilização das crianças, dos adolescentes e dos adultos para o tema.

Édison Carlos/Trata Brasil – Através do uso de materiais didáticos em sala de aula que mostrem a importância dos serviços de saneamento básico para o dia a dia do meio ambiente, da saúde e da educação, por exemplo. O curso pretende ensinar que é fundamental mostrar ao aluno que ele pode contribuir bem mais ao meio ambiente fazendo coisas pequenas e que estão ao seu alcance (começando pelos problemas na sua casa e em seu bairro) do que se envolver em grandes temas mundiais, nos quais ele representa uma parcela muito pequena.

Blog Cidadãos do Mundo – E como pode ser a contribuição da comunicação, em sua opinião, como instrumento de educação não-formal ao saneamento?

Édison Carlos/Trata Brasil – Comunicação é fundamental, principalmente tendo apoio dos veículos mais relevantes, como a imprensa e a Internet. Como falamos na primeira questão, é muito importante envolver o cidadão nas discussões que os afetam mais de perto. No caso do saneamento, a realização de pesquisas, como as feitas pelo Trata Brasil, necessariamente gera a expectativa de divulgação de dados novos e novas perspectivas de interação entre os problemas e vida das pessoas. Neste sentido, todas as formas de mídia são importantes, desde os pequenos periódicos que fazemos para a Pastoral da Criança, nosso parceiro, e que vai para 7.000 coordenadoras por todo o país, até spots com mensagens bem curtas que enviamos para rádios comunitárias, veículos online para formadores de opinião, até artigos escritos, entrevistas e coletivas para grandes jornais do país. Temos também nosso website visto por mais de 45.000 pessoas /mês, o blog e informações diárias em todas as mídias sociais.

(Nossa próxima entrevista sobre esse tema será com a profa. Maria Cecilia Pelicioni)

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Entre outras
Sucena Shkrada Resk | 




28/10/2011 10:18
Reflexões sobre segurança alimentar & meio ambiente, por Sucena Shkrada Resk
Corpos e mentes sucumbem aos milhares todos os dias em nosso planeta, por causa da fome e, por muitas vezes, em decorrência da má qualidade dos alimentos e especialmente da água e da destruição da natureza. São cenas tão dantescas de flagelo, mas que para muitos, não passam de um simples quadro triste. Por isso, não é difícil ouvir frases como estas – “Ah, Deus quis…” ou “Puxa, coitadinhos…” ou, então, pior “É triste, mas não posso fazer nada…”.

Diante desse processo de desligamento a que nos submetemos consciente ou inconscientemente, resolvi utilizar alguns minutos para pesquisar links de programas, planos, iniciativas e notícias sobre situações no contexto da segurança alimentar & meio ambiente no Brasil (agroecologia, economia solidária, Programa Nacional de Agricultura Familiar -Pronaf, Bolsa Verde, Atlas do Saneamento no Brasil recente, propostas do Plano Nacional do Saneamento, estudo de patógenos), com o propósito de incentivar uma provocação saudável sobre o tema, com o seguinte mote: e se todo o conjunto dialogasse numa mesma política não “concorrente”, tendo em vista, que há uma interdependência? E melhor: se fôssemos impulsores desse processo e participativos, ao sermos consumidores conscientes…?

Hoje sabemos que no mundo mais de 1 bilhão de pessoas passam fome – isso significa 1/7 da população do planeta, e essa proporção sobe dia a dia. Como reiterado pelo brasileiro José Graziano, que no ano que vem assumirá a direção geral da Agência da ONU para Agricultura e Segurança alimentar (FAO), não é difícil perceber que os modelos em vigor, há muito, não implicam justiça socioambiental. Segundo ele, as condições de suprimento e qualidade da água se tornaram o maior entrave à expansão da produção (de comida), especialmente em algumas áreas como a região andina, na América do Sul, e nos países da África Subsaariana – em especial, no Chifre da África. Essa afirmação foi feita em entrevista à BBC Brasil, nesta semana.

Os cenários de longo prazo também exigem ações imediatas. Existe a projeção de que em 2050 terão de ser produzidos mais 70% de alimentos, para suprir o aumento da população, que deverá passar dos atuais 7 bi para mais de 9 bi. Mas os problemas não são simplesmente demográficos. O aumento do preço torna a balança cada vez mais desigual entre os ricos, de classe média e os que estão na pobreza e na extrema pobreza. A escalada mais expressiva se deu com o arroz e milho, entre outros. O uso indiscriminado de defensivos agrícolas (agrotóxicos) e os efeitos das mudanças climáticas tornam o quadro mais emergente.

O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos no mundo e a cada relatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre as quantidades desses produtos acima do permitido ou que já estão banidos oficialmente realmente assustam. A conclusão a que chegamos é que muitos dos alimentos que saem do campo para a nossa mesa nos envenenam aos poucos. As amostras que têm apresentado maior irregularidade são de pimentão e pepino, morango e uva, por exemplo.

Mas algo de tamanha agressividade é o desperdício de alimentos mundialmente: são cerca de 1,3 bi de toneladas, ou seja, um terço de tudo do que se produz.

Nessa série de condicionantes, não podemos deixar de reforçar a questão da saúde ambiental. Afinal, mais de 70% das infecções são originadas da contaminação da água e muitas vezes são letais. Nesta semana, o pesquisador Wondwossen Gebreyes, da Ohio State University, apresentou uma iniciativa que busca integrar segurança alimentar, zoonoses veterinárias de interesse para a saúde pública e biotecnologia ao estudo de doenças de animais transmissíveis para os humanos. O que é algo pertinente diante dessa problemática. A notícia foi divulgada pela Agência Fapesp.

Quando voltamos novamente nosso olhar para o Brasil, cerca de 16 milhões estão na extrema pobreza, nesse contexto. A desigualdade é latente e está mais do que provado que o Produto Interno Bruto (PIB) não é a métrica para essa realidade e que investimentos em infraestrutura, capacitação e empregabilidade têm de estar no topo da pauta…E cada um de nós faz parte dessa transformação para reverter esse paradoxo, de dois pesos e duas medidas.

Todos os links consultados, foram acessados hoje:

– Agroecologia: https://www.agroecologia.org.br/

– Economia solidária – https://www.mte.gov.br/ecosolidaria/ecosolidaria_oque.asp;

– Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf) 2011/2012: https://www.mda.gov.br/portal/arquivos/view/Plano_Safra_da_Agricultura_Familiar_2011-2012.pdf ;

– Programa de Apoio à Conservação Ambiental (Bolsa Verde) – https://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:federal:decreto:2011-09-28;7572;

– Atlas do Saneamento no Brasil 2011/IBGE (diagnóstico): https://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1998&id_pagina=1

– Proposta do Plano Nacional do Saneamento (Plansab) – https://www.cidades.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=736%3Abrasil-tera-seu-plano-nacional-de-saneamento-basico-em-2011&catid=84&Itemid=113;

– Estudo de patógenos: matéria Patógenos globalizados, Agência Fapesp, 28/10/2011. Disponível em: https://agencia.fapesp.br/14703#.TqqGyK291pI.twitter. Acesso em: 28/10/2011

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Entre outras
Sucena Shkrada Resk | 




19/10/2011 22:06
Esgoto: o calcanhar de aquiles do Brasil, por Sucena Shkrada Resk
Hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou o Atlas do Saneamento, que registra que ainda cerca de 45% do país ainda não tem esgoto, algo que infere uma questão de saúde pública e realmente é o calcanhar de aquiles do Brasil. Aliado a esse material, que precisa de uma pesquisa mais ampla obviamente, triei alguns apontamentos feitos nesta quarta-feira (19), durante o painel Saneamento, do Encontro Ibero-Americano sobre Desenvolvimento Sustentável (EIMA-8), em São Paulo.

Seguem os trechos:
-“…120 milhões de pessoas sem acesso ao saneamento e 40 milhões sem acesso à água potável na América Latina e Caribe…” – (Victor Arroyo, chefe do Programa Água e Saneamento do ONU Habitat);
-“…Os preços intrínsecos que não computamos. Quanto custa não tratar água residual… e a qualidade de vida?…” – (Gabriela Mantilla Morales, sub-diretora de Tratamento de Águas Residuais do Instituto Mexicano de Tecnología del Agua (INTA);
-“…55% da população brasileira com esgoto-10 milhões sem instalações sanitárias para fazer a necessidade, como Sudão…; Em 101 obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) em saneamento acompanhadas pelo Trata Brasil,60% estavam atrasadas paralisadas ou não iniciadas…” – (Édison Carlos, presidente executivo do Trata Brasil)

Ao humanizarmos esses números e percentuais, percebemos o quanto é preciso ainda avançarmos…

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Sucena Shkrada Resk | 




19/10/2011 21:12
Recursos hídricos: uma pauta para a Rio+20, por Sucena Shkrada Resk
A plenária principal de hoje, no Encontro Ibero-Americano sobre Desenvolvimento Sustentável (EIMA-8), tratou dos recursos hídricos. Entre os temas que considerei interessantes está o anúncio do Fórum Mundial de Água, que será em março de 2012, em Marselha. “Deverá privilegiar soluções e foi criado um sistema de sugestões até lá, para que a sociedade possa contribuir”, disse o presidente do evento, o engenheiro brasileiro, Benedito Braga.

As discussões sobre uso da água estarão divididas nas regiões-Américas, Europa, Pacífico e África, em 12 eixos principais, desde direito humano à água e gestão fronteiriça. “Há a expectativa de que participe cerca de 120 ministros, no dia do “compromisso” (um dia antes do término do encontro), mas não tem caráter deliberativo ou vinculante à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio+20″.

O evento reunirá diferentes participantes, da academia ao empresariado, segundo ele. Mais informações em http://www.worldwaterforum6.org.

Durante este painel, Vicente Andreu, presidente da Agência Nacional das Águas (ANA) disse que o órgão propôs ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), que integra o Comitê Brasileiro da Rio+20, que entre as reuniões preparatórias e o encontro dos chefes de Estado, da conferência, em junho de 2012, seja realizada uma discussão sobre o tema água e que possa ser coordenada pelo Conselho Mundial da Água. “A proposta foi feita porque é um assunto que não está aprofundado na pauta oficial…”, justificou.

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Sucena Shkrada Resk | 




18/10/2011 07:43
Vitoria-Gasteiz, esse é o nome da vez em 2012, por Sucena Shkrada Resk
Ontem, pela primeira vez, ouvi falar de Vitoria-Gasteiz (https://www.youtube.com/watch?v=26o8HXRW0uQ) e fui procurar onde fica essa cidade no mapa. Bem, deixe eu explicar o porquê dessa curiosidade repentina. Esse município basco, capital da província de Álava, na Espanha, foi eleita a Capital Verde Europeia em 2012, pela Comunidade Europeia (CI).

Em seu histórico, é descrito pelo menos três décadas de investimentos em planos de mobilidade, gestão de resíduos, eficiência energética, investimentos em espaços verdes na mancha urbana e redução de consumo de água, entre outras ações. Com cerca de 250 mil habitantes, Vitoria-Gasteiz construiu um plano de gestão, tendo em vista, o combate às mudanças climáticas.

Nas edições anteriores, as vencedoras foram Estocolmo, na Suécia (2010), e Hamburgo, na Alemanha (2011). E para 2013, a francesa Nantes já ganhou o título.

Enfim, são experiências que valem a pena ser conferidas, tendo em vista que todos nós buscamos exemplos que impulsionem a melhoria de qualidade de vida aqui no Brasil. Pude saber um pouco mais sobre essas iniciativas, com o depoimento de Javier Maroto, prefeito de Vitoria-Gasteiz, durante a abertura do Encontro Ibero-Americano sobre Desenvolvimento Sustentável – EIMA – 8, nesta segunda-feira, em São Paulo. O evento é uma promoção da Fundación Conama em parceria com a Fundación Mapfre, a Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EESP/FGV), o Instituto Ethos e a Rede Nossa São Paulo, entre outros parceiros. Agora, é pesquisar mais a respeito…

Mais dados podem ser encontrados nos sites:
https://www.vitoria-gasteiz.org/ e no European Green Capital https://ec.europa.eu/environment/europeangreencapital/index_en.htm. Acesso em 18/10/2011.

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18/11/2009 – Entrevista especial- Enrique Leff, da sabedoria tradicional à COP-15

Sucena Shkrada Resk | 




15/10/2011 18:00
Internet para muitos ou para poucos e com que custo-benefício?, por Sucena Shkrada Resk
Internet para muitos ou para poucos, com quais condições de qualidade de acesso e conteúdo? Pergunta capciosa essa, não é? Mas nada mais que o retrato desafiador da realidade exposto, durante a trilha Diversidade e Conteúdo, do I Fórum da Internet no Brasil, nos dias 13 e 14, em São Paulo, organizado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br (https://www.cgi.br).

Esses questionamentos têm como pano de fundo a estimativa de que 77,8 mi de pessoas têm acesso (no segundo trimestre de 2011), segundo divulgado pelo IBOPE Nielsen Online, num país com número superior a 191 milhões de habitantes. Isso sem inferir qualidade, é claro!

Ao mesmo tempo, que registra problemas de implementação da infraestrutura do Programa Nacional de Apoio à Inclusão Digital nas Comunidades (Programa Telecentros.BR). De oito mil computadores com acesso à internet, somente 1,3 mil (16%) estariam conectados e em funcionamento, segundo relatado no evento, com base em dados oficiais.

De acordo com a Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação nas Escolas Brasileiras, promovida pelo CGI, em agosto deste ano, apenas 4% das escolas têm computador com acesso à internet em sala de aula, embora 92% das escolas públicas urbanas do país tenham o equipamento. Mais um dado do levantamento é que 18% dos educadores utilizam o recurso da internet em sala de aula.

Para deixar a situação mais complexa, aumentou a quantidade de reclamações contra as operadoras de telecomunicações (que detêm boa parte do mercado) feitas à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), quanto à internet banda larga. Passaram de 15,06 mil reclamações em fevereiro do ano passado para 24,2 mil este ano, ou seja, 60,8%. Como reação, surgiram campanhas para a melhoria do atendimento, como a Internet Lenta? Envie uma mensagem para a Anatel, promovida pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), e a Campanha da Banda Larga.

Então só restam essas perguntas:
– Por que a qualidade da conectividade ainda deixa tanto a desejar?
– Existe real representatividade quanto à gênero, raça e etnia no ciberespaço?
– Quais são os consensos sobre direitos autorais, privacidade e violação?
– E quem trata da qualidade do conteúdo?
– Qual é o papel de cada ente nessas questões?
– Porque ainda mais de 60% da população não é contemplada?

O Governo Federal, por meio do Ministério da Justiça, encaminhou ao legislativo em agosto deste ano, o projeto de lei que define regras sobre direitos, deveres e princípios para uso da internet no Brasil. Ao mesmo tempo, tramita no Congresso outro PL, o 84/99, que trata de punição a crimes e violações na Internet, que está sendo chamado de AI-5 Digital, por alguns movimentos sociais. Em manifestação contrária surgiu o movimento Mega Não!, entre outros.

Na esfera do Ministério das Comunicações, o que se discute desde o final de 2009, é a criação do marco regulatório da Comunicação, mas que em princípio, não contempla a Internet, segundo o Governo. Entretanto, uma consulta pública sobre propostas a esse documento foi encerrada por movimentos do setor, no dia 7 de outubro. Mais de 200 sugestões foram divididas em 20 eixos centrais, e deverão ser sistematizadas e encaminhadas ao Executivo. A internet é destacada somente em alguns itens:
– proteger a privacidade das comunicações nos serviços de telecomunicações e na internet;
-…como também propõe que haja mecanismos específicos, como a reforma da Lei de Direitos Autorais e quanto à instituição do marco civil da Internet.

Os movimentos sociais presentes no evento reivindicam também a continuidade do Programa Nacional de Cultura, Educação e Cidadania – Cultura Viva, pelo Ministério da Cultura, em vigor desde 2004, que tem como um dos eixos de ações, a cultura digital.

E para completar parte do quadro histórico que envolve a Internet brasileira, o Plano Nacional da Banda Larga (PNBL), lançado em maio do ano passado, e que começou a ser implementado no segundo semestre deste ano, propõe a massificação até 2014 de acesso à banda larga com velocidade de 1Mbps, com valor a partir de R$ 35, em 40 mil domicílios. Para muitas organizações e movimentos, esses números e valores já estão defasados para a realidade de demanda e socioeconômica. O processo também é lento, a expectativa da Telebrás é que até o final de 2011, 150 municípios recebam redes de fibra ótica. Mais de 600 provedores dos cerca de três mil que existem no país, já aderiram à iniciativa.

Questões difíceis essas, hein…?Em que as respostas não vêm simplesmente como um livro de receitas, mas que têm a ver com políticas públicas, sistema de fiscalização e regulador mais forte, quebra de monopólios e o grau de intensidade da participação democrática, no final das contas. Por meio dos questionamentos, relatos e propostas de alguns participantes no evento, podemos observar quantos hiatos na inclusão digital ainda são necessários preencher.

No campo de gênero, Bruna Provazi, do Movimento da Marcha Mundial das Mulheres Blogueiras Feministas, destacou que na produção tecnológica e do conhecimento, as mulheres ganham cerca de 10% menos que os homens nas mesmas funções, uma realidade que não pode ser desprezada. Ela reforçou que o movimento é a favor da paridade de gênero no próprio CGI (tendo em vista que na composição do Conselho só existe uma mulher…) e políticas públicas para igualdade na internet.

“A Internet facilitou o contato das comunidades tradicionais. Mas a gente vê a dificuldade da nossa comunidade indígena Pankararu, em Pernambuco. Nas escolas indígenas, chegaram os computadores, mas até agora estão encaixotados, ainda não sabermos como fazer para que as crianças tenham acesso”, contou Lafaete Pankararu. O indígena citou que essa ferramenta já é utilizada por muitos povos, que têm sites e blogs. “Precisam melhorar a atenção às nossas comunidades. A Internet é mais importante que o celular para nós hoje. Como Pankararu, por exemplo, posso me comunicar com outro índio no Xingu…”.

Paulo Índio, do Ivoz, destacou a importância da economia solidária na produção cultural nesse universo, que possibilita o empoderamento no processo educomunicativo, no contexto do etnodesenvolvimento. Com isso, segundo ele, é possível trazer a esse universo, por exemplo, a matriz da rede africana, reunindo comunidades de terreiros, quilombolas. Empreendimentos solidários em arranjos produtivos locais são defendidos por Pedro Jatobá, do Pontão Iteia.

“Nosso olhar sobre nossa cultura é nosso. Temos de dominar também a tecnologia, não há mal nenhum e não nos faz ser mais ou menos índios…Hoje existe a Rede Web Indígena, Índios on Line e construção de livros com a licença de creative commons… – Por que índio quer computador? Para ter direitos iguais”, disse Anapuaka Muniz Tupinambá Hã Hã Hãe.

Para Fábio Pena, representante do Projeto Saúde e Alegria, de Santarém, PA, é importante que seja contemplado o mosaico cultural na Internet. “Alguns locais estão no isolamento, outros difundem sua cultura por meio da Internet, o que dá um salto na auto-estima das comunidades…”.

Quanto ao conteúdo, foi proposta a educação para a mídia, desde a infância, pela representante do Conselho Federal de Psicologia e do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, Roseli Goffman. Esses foram alguns dos temas expostos, entre outros, por representantes de outras organizações e entidades. Um posicionamento praticamente consensual pelos participantes é o da defesa do software livre.

E para objetivo de reflexão, seguem alguns links sobre as principais questões que permeiam essa trilha e as outras cinco (liberdade, privacidade e direitos humanos/governança democrática e colaborativa/universalidade e inclusão digital/padronização, interoperabilidade, neutralidade e inovação/ambiente legal, regulatório, segurança e inimputabilidade da rede) apresentada no evento:
– Campanha Internet Lenta? Envie uma mensagem para a Anatel (IDEC) – http://www.idec.org.br/campanhas/qualidadeja;
– Campanha da Banda Larga – https://campanhabandalarga.org.br/
– Consulta Pública Marco Regulatório das Comunicações – https://www.comunicacaodemocratica.org.br/quem-apoia/
– Programa Cultura Viva – https://www.cgi.br
– Plano Nacional de Banda Larga – https://www4.planalto.gov.br/brasilconectado/pnbl;
– Movimento Meganão – https://meganao.wordpress.com/
– Programa Telecentros.BR – https://www.inclusaodigital.gov.br/
– Projeto de Lei 84/99 – sobre crime informático ou virtual – https://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=15028

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15/10 – Contagem regressiva: 3º Fórum de Mídia Livre será realizado em janeiro
Sucena Shkrada Resk | 




15/10/2011 00:26
Contagem regressiva: 3º Fórum de Mídia Livre será realizado em janeiro, por Sucena Shkrada Resk
O 3º Fórum de Mídia Livre deverá ser realizado em Porto Alegre, no mês de janeiro do ano que vem, durante o período em que acontecerá o Fórum Social Mundial Temático Justiça Social e Ambiental Preparatório para a Rio+20, entre os dias 24 e 29 de janeiro. A novidade foi divulgada pela jornalista Rita Freire, da Ciranda, nesta sexta-feira (14), durante o encerramento do 1º Fórum da Internet no Brasil, em São Paulo.

Como nas edições anteriores (em 2008, nos dias 14 e 15 de junho, na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; e em 26 e 27 de janeiro de 2009, em Belém, no Pará), é previsto que o encontro seja realizado em dois dias. A partir de agora, começa o trabalho de articulação e busca de apoios.

“A decisão para a programação do evento foi tomada hoje por representantes de movimentos ligados ao grupo de trabalho do encontro (da Ciranda, do Intervozes e do BlogProg-Blogueiros Progressistas, entre outros)”. O evento antecederá o 2º Fórum Mundial de Mídia Livre, que ocorrerá no mês de junho de 2012, quando será realizada a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).

Rita recorda que o Fórum de Mídia Livre, em Belém, foi integrado ao FSM de 2009, e teve um efeito importante. “Ocorreu um diálogo das mídias livres e os segmentos sociais representando as mulheres, negros e indígenas. Essa iniciativa contagiou o processo do fórum. No mesmo período, foi anunciada a Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que ocorreu em dezembro de 2009, e o cruzamentos de pautas”.

Com o FSM deste ano, realizado em Dakar, houve impulso a essas mobilizações, ao se aprovar em fevereiro, uma declaração em defesa do direito à comunicação. “Discutiu-se a democratização e as mídias do Norte demonstraram interesse em saber o que acontece no Sul”, o que para a jornalista, é um fato relevante. O processo ganhou mais força, em sua avaliação, no contexto da crise econômica mundial e da importância política das mídias pela internet, com a Primavera Árabe, entre outros acontecimentos históricos.

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02/02/2009 – Especial FSM 2009-Belém-PA -Índios nas ondas digitais
01/02/2009 -Especial-FSM– Mídia livre discute a necessidade de mais poder de articulação

Sucena Shkrada Resk | 




10/10/2011 16:28
Russell Mittermeier(p2):desafios das unidades de conservação e dos hotspots, por Sucena Shkrada Resk
Unidades de conservação (UCs). Com certeza, a defesa desse modelo de gestão para proteger a biodiversidade é das mais aceitas hoje, conforme destacou na semana passada, Russell Mittermeier, presidente da Conservation International (CI). Na prática, no entanto, a realidade é bem mais complexa, como observamos no Brasil, que atualmente mantém 310 Unidades de Conservação federais, em cerca de 75 milhões de ha, o que corresponde a 8,5% do território brasileiro, mais 410 estaduais, além de 63 municipais, números divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), no início deste ano. O grande gargalo é justamente manter a fiscalização e a implementação efetiva dos planos de manejo e regularização fundiária, o que é confirmado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio).

No dia 7 de junho, foi lançado o estudo Contribuição das Unidades de Conservação para a Economia Nacional, pelo MMA em conjunto com o Instituto de Pesquisa Econômica (Ipea) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o qual constata que a mão-de-obra é insuficiente na proteção das áreas e existe um baixo orçamento para investimentos em infraestrutura, entorno de R$ 300 milhões anuais, o que se repete, desde 2001. O valor ideal seria de cerca de R$ 1 bi.

O documento também chega à conclusão de que se as UCs forem exploradas economicamente de forma adequada, podem gerar, numa estimativa conservadora, de R$ 5 a 10 bilhões por ano, a partir de 2016. Esse valor seria proveniente em parte de serviços ecossistêmicos (produtos florestais, produtos não madeireiros, turismo em unidades de conservação, armazenamento de carbono, água e repartição de receitas tributárias).

A justificativa para a manutenção dessas áreas são muitas, desde se evitar desmatamento e emissões de Gases de Efeito Estufa, na ordem financeira de R$ 96 bilhões. Ao mesmo tempo, de praticamente toda a geração hidrelétrica nacional, há ao menos um curso d`água que nasce em UCs e 9% da água que consumimos vem delas.

Algumas alternativas para alavancar o manejo, com a conservação da biodiversidade, geração de empregos e inclusão social, principalmente em parques nacionais, estaduais e municipais, foi proposta em setembro deste ano, pelo Núcleo Temático Parques Nacionais da Copa do Mundo de 2014.

Para a escolha dos locais, foram estabelecidos os seguintes critérios: atributos turísticos e a beleza cênica com potencial de atrair visitantes e a existência de um plano de manejo atualizado para que o parque possa ter infraestrutura mínima de acesso e visitação. A área deverá ser acessível em até três horas por via terrestre ou duas horas por avião. Mais uma regra é que esteja em alguma das 85 regiões de destinos turísticos registrados no Ministério do Turismo.

Ao se observar o contexto histórico, o 
Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) é de 2000 (Lei federal nº 9.985), ou seja, com um pouco mais de uma década. Mas iniciativas de proteção, de maneira pontual no Brasil, tiveram seus primórdios bem antes no país. O primeiro Parque Nacional foi o de Itatiaia, na divisa entre Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, em 1937. Dois anos depois foi criado o Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, que teve o seu plano de manejo elaborado somente em 1981 e revisado em 1999.

A constatação de que a conservação na prática é emergente fica mais clara, quando nos deparamos com a realidade emergente dos hotspots (conceito criado pelo ecólogo inglês Norman Myers, em 1988) brasileiros – da mata atlântica e do cerrado. São áreas com no mínimo 1,5 mil espécies endêmicas de plantas e que tenha perdido mais de 3/4 de sua vegetação original.

Segundo Mittermeier, no caso da mata atlântica (da qual resta cerca de 8% da mata nativa), o mais importante é não ter diminuído o percentual nos últimos anos, que era na casa dos 7% (apesar de ser baixo).

“Os remanescentes continuam preservados, o que não acontece em outros hotspots no mundo. O Pacto pela Restauração da Mata Atlântica é bem interessante, com a proposta de totalizar até 2050, a restauração de 15% do bioma, que representa 15 milhões de ha, com a participação dos 17 estados onde se localiza, envolvendo governos, iniciativa privada e proprietários”.
O presidente da CI também considera importante a manutenção da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. E no caso do Estado de São Paulo, em especial, da recém-lançada Comissão Paulista para a Biodiversidade.

O primatologista acredita que o ecoturismo e o pagamento por serviços ambientais são iniciativas importantes, que integram o processo. A própria CI está em tratativa com o governo do Espírito Santo e a Vale (mineradora) para que passe a 16% de mata conservada no estado contra os 11% atuais. “O setor privado é um parceiro necessário. Não dá para brigar com ele, como na década de 70”, justifica.

Para ele, se não houver atuação nos hotspots, será perdida grande parte da biodiversidade e água doce do planeta, mesmo que haja sucesso em outras áreas. “O valor para serviços de ecossistemas essenciais, em mais de 60%, provém deles. Se o objetivo é manter a diversidade cultural, das 6,9 mil línguas faladas no mundo, metade está nessas regiões”. Segundo ele, a Nova Guiné é um dos locais com maior representatividade. Atualmente há 35 hotspots no mundo, que ocupam 16% da superfície do planeta, e o mais recente, que entrou na lista da organização, é o das florestas do leste da Austrália.

Hoje a situação mais crítica, na avaliação de Mittermeier, é em Madagascar (já foi mais de 55 vezes para lá), onde resta menos de 10% da mata nativa. “É o mais prioritário. Desde 2003, estimulamos para que sejam criadas áreas protegidas lá. Em 2005, foram criados 1.750.000 ha pelo governo local…”. Com o apoio do Banco Mundial (BIRD), ações continuam sendo realizadas junto às comunidades locais”. Segundo ele, nos dias de hoje há problemas com caça ilegal, como de quelônios, mas ao mesmo tempo, estão sendo descobertas espécies novas, entre elas, do primata lemur.

Por outro lado, há exemplos bem-sucedidos, em sua opinião. O primatólogo cita o Suriname, onde mais de 90% da floresta está intacta.

Leia também no Blog Cidadãos do Mundo:
07/10/2011-Russell Mittermeier-p1: foco em conservação das espécies e áreas protegidas,

Sucena Shkrada Resk | 




07/10/2011 16:22
Russell Mittermeier-p1: foco em conservação das espécies e áreas protegidas, por Sucena Shkrada Resk
O primatologista e herpetologista (especialista em primatas e anfíbios) norte-americano Russell Mittermeier, presidente da Conservation International (CI) e também dirigente do Grupo de Especialistas em Primatas da Comissão de Sobrevivência de Espécies da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), em passagem pelo Brasil, afirmou, nesta quinta-feira (6), que a conservação das espécies e a ampliação de áreas protegidas são questões centrais, que por muitas vezes, ficam esquecidas na pauta socioambiental.

“A biodiversidade é a riqueza dos genes, das espécies, dos ecossistemas e dos processos ecológicos que fazem a vida no nosso planeta. É a base do desenvolvimento sustentável e a matéria-prima para a biotecnologia e o biomimetismo”, defende o criador do conceito de megadiversidade.

Hoje, existem de 1,5 milhões a 1,9 milhões de espécies reconhecidas pela Ciência no Planeta. “E a estimativa é de que possam ser cerca de 8, 7 mi (6,5 milhões são espécies terrestres e 2,5 milhões, marinhas, segundo artigo relativo ao Censo sobre a Vida Marinha, de grupo de cientistas publicado na Revista PLoS Biology, neste ano, com margem de erro de 1,3 mi para mais ou menos). Outros cientistas falam em até 30 mi. No século XXI, ainda ignoramos a respeito…Ao mesmo tempo é impressionante e assustador”.

Ele explica que a perda de uma espécie é irreversível. “No livro The Wealth of Nature, nós, na CI, tratamos de água, clima, alimento, cultura, saúde e conservação das espécies. Achamos interessante a ideia de economia verde, em que o núcleo tem de ser os recursos naturais renováveis e a biodiversidade”, diz. Outro documento importante para essa discussão, segundo ele, é o estudo The Economics of Ecosystem Services & Biodiversity – TEEB, lançado durante a Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (COP10), realizada no ano passado em Nagoya, no Japão.

Segundo Mittermeier, entre os objetivos estabelecidos no Plano Estratégico (2011-2020), durante a COP10, a meta 11, que propõe que haja 17% de áreas protegidas no planeta, deveria ser bem mais ousada. “ Hoje esse percentual é de cerca de 13%, mas para a sobrevivência, deveria ser pelo menos 50%”, em sua avaliação.

Para o ambientalista, é indiscutível que a biodiversidade sofre ameaças da agroindústria, da expansão urbana, da extração ilegal de madeira, da mineração, da produção de carvão, das grandes hidrelétricas e das espécies invasoras, entre outras. Ele acrescenta que mais um problema é o comércio de espécies nativas em pets, o que reflete o consumo irresponsável. “As mudanças climáticas, ao mesmo tempo, que são perigosas, trazem muitas oportunidades para a conservação de florestas tropicais e ecossistemas costeiros”, considera.

Ele destaca que no Brasil há 70% das áreas protegidas terrestres mundiais. “Ao Nordeste da Amazônia, uma área localizada em parte do Suriname, do Norte do Brasil, da Guiana e Venezuela é o trecho de floresta tropical mais conservado do planeta”, diz.

Há inúmeros espaços oportunos no calendário mundial para que essa agenda seja destacada, nos próximos anos, na opinião de Mittermeier. Além da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), em junho do ano que vem; no Congresso da IUCN, três meses depois; na COP11 da Diversidade Biológica, em outubro de 2012, na Coreia, como também nos grandes eventos mundiais no Brasil, como a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016.

O especialista tratou do tema “Conservação da Biodiversidade no Brasil: histórico, papel no presente e visão de futuro”, no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP), nesta quinta-feira, 6 de outubro.

Sucena Shkrada Resk | 




07/10/2011 13:05
Dulce Maria Nunes: Um olhar semiótico sobre o atendimento à saúde, por Sucena Shkrada Resk
É possível que a semiótica (ciência dos signos) tenha relação com o atendimento à saúde? A experiência da enfermeira pediátrica Dulce Maria Nunes, uma das coordenadoras do 
Laboratório de Estudos Semióticos nas Interações de Cuidado, da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul(LESIC/EE/UFRGS), diz que sim. Ela vive diariamente, desde 2008, esse processo, que envolve a importância do respeito do vínculo entre docente, alunos e pacientes infantis com câncer da ala da unidade pediátrica, onde atua, e seus familiares, por meio dos textos verbais e não-verbais.

“O próprio traçado do logotipo do LESIC significa simbolicamente o seguinte – se existe o cuidado, a vida continua; caso contrário, se inviabiliza as possibilidades de viver bem ou é interrompida pela morte”. Portanto, de acordo com Dulce, o comportamento é o discurso e o cuidado é um processo que se dá entre as pessoas, o que não pode ser perdido de vista.

A enfermeira, formada há quase 50 anos na UFRGS, conta que a ideia de criar o laboratório surgiu em 2005, após o aprendizado que obteve com Jesus Antonio Durigan (já falecido), na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e com o semioticista da Escola de Paris, Ivan Darrault –Harris, respectivamente em sua fase de Doutorado, no Brasil, e Pós-Doutorado, na França. E a iniciativa veio a se consolidar três anos depois.

Ao se deparar com os desafios diários no processo de formação dos alunos de enfermagem, considerou que era necessário promover transformações. “…Geralmente o aluno tem desespero de fazer as coisas, mas esquece que o processo envolve outras, como a maneira correta de aplicar medicação, ver o contexto da dosagem e a via de aplicação, de forma integrada ao estado emocional do paciente e à sua cultura. O LESIC propõe diferentes maneiras de pensar a técnica com relação à cognição. No 4º semestre do curso, é mesclada a parte profissional com a de humanas, com esse propósito”.

Interação é a palavra-chave, segundo a especialista. “Cuidado para mim é uma arte, significa presença e modo de ser A criança precisa sentir a presença do profissional (de forma integral), para se sentir cuidada. Se a cada vez, ela é atendida por uma pessoa diferente, é difícil que consiga manter envolvimento”. Essa presença representa a enunciação da pessoa que será a cuidadora.

Segundo Dulce, os estudantes de enfermagem são convidados a ir para a parte prática, antes da teoria. “O ponto forte é a preservação do respeito à natureza relacional do ser humano, e a família do paciente está nesse espaço a ser trabalhado, onde está o tempo de vinculação”.

“Como lidar com o choro, o ranger dos dentes, com as dificuldades da criança ao se virar no leito? Tudo isso faz parte dos aspectos da linguagem. Os alunos têm de aprender a lidar com os cinco sentidos e desenvolver essa percepção. Dessa forma, ao haver a aproximação, sente o cheiro, a textura da pele…Percebe se a criança está ouvindo ou vendo, se não tem alguma limitação”.

A enfermeira expôs esse relato, nesta quinta-feira (6), durante apresentação no Seminário de Semiótica da Universidade de São Paulo (USP).

Sucena Shkrada Resk | 




05/10/2011 15:32
Nota: Bicicloteca retorna ao Movimento em Situação de Rua, por Sucena Shkrada Resk
Hoje ao assistir o 
vídeo postado pelo Green Mobility Institute, que noticia o encontro da Bicicloteca, no bairro do Brás, tive uma sensação boa, de que nem tudo está perdido, quando pensamos que os exemplos de cidadania estão cada vez mais raros. Apesar de o equipamento (bicicleta com baú) ter sido devolvido sem os livros que estavam lá, quando foi furtado no dia 22 de setembro, o mais importante é que o Movimento Estadual da População em Situação de Rua de São Paulo tem de volta seu instrumento que incentiva a leitura.

Veja mais sobre o projeto no post, que coloquei no ar, no último dia 23, com o título “Cidadania: devolvam a bicicloteca ao Movimento de População de Rua”.
Sucena Shkrada Resk | 




04/10/2011 20:39
E se as economias solidária,criativa e verde estivessem em 1 única agenda?, por Sucena Shkrada Resk
Observo no dia a dia, que muitos esforços são desperdiçados no campo da sustentabilidade, pois o mesmo propósito central é fragmentado quando se trata de otimizar ações na área socioeconômica e ambiental. Então, se fizéssemos o seguinte exercício: colocar a economia solidária, criativa e verde em uma mesma agenda? Será que não daria liga? Afinal, não têm propósitos afins? Hoje, no entanto, são temas discutidos separadamente, o que tira a força das ações.

A ampliação do espaço destinado à economia solidária (ecosol) no Brasil ainda está longe do ideal, quando olhamos para o perfil do mercado. Políticas públicas no setor foram iniciadas em 2003, ano em que foi criado o Fórum Brasileiro de Economia Solidária( https://www.fbes.org.br/)
e a Secretaria Nacional de Economia Solidária –SENAES (https://www.mte.gov.br/ecosolidaria/secretaria_nacional.asp), no Ministério do Trabalho e Emprego. Em um resultado prévio do primeiro mapeamento do setor em vigor no país, por meio do Sistema Nacional de Informações em Economia Solidária – SIES (https://www.mte.gov.br/ecosolidaria/sies.asp#), os resultados são os seguintes: mais de 21 mil empreendimentos, que envolvem 1,8 mi de pessoas em 41% dos municípios brasileiros.

Atualmente há mais organizações no Nordeste (quase 10 mil), seguido do Sudeste, com cerca de 4 mil e do Sul, com 3,6 mil.

“Até o final do ano, pretendemos totalizar 30 mil cadastros em 70% dos municípios”, disse Valmor Schiochet, diretor do Departamento de Estudos e Divulgação (DEAD), da SENAES, durante a I Semana de Economia Solidária no ABC Paulista, no último dia 29 de setembro, realizada na Universidade Federal do ABC (UFABC).

Para conseguir ampliar esses números, o principal empecilho, segundo ele, se encontra no acesso ao financiamento. “Nos últimos oito anos, ainda não conseguimos uma linha de crédito para disponibilizar recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para a ecosol”. Schiochet explica, que mesmo o formato tripartite, ao envolver os trabalhadores, não facilita essa abertura e cerca de 60% dos recursos seguem para o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

“A SENAES chegou a promover um curso de 60h para gestores do BNDES quanto à viabilidade de liberações para o segmento….Em Mococa, estão assinando agora uma concessão de crédito para a recuperação de uma empresa”, citou como um exemplo de sinal de mudanças que podem se expandir futuramente. O Banco mantém em sua estrutura a Área de Inclusão Social/ Departamento de Economia Solidária, em que consta como beneficiários:
Empreendimentos de economia solidária que exerçam atividades produtivas e não tenham capacidade de endividamento e associações sem fins lucrativos que não tenha por finalidade o exercício de atividade econômica.
No entanto, a ecosol tem um desafio ainda maior – atingir quem enfrenta a miserabilidade. “Os que têm renda abaixo de R$ 70 por mês não são o seu público e nem sabem que existe essa alternativa. O nosso desafio é inseri-los, de forma que haja o desenvolvimento territorial. É preciso uma política de abordagem diferenciada, que não pode ser só indutiva”.

Por outro lado, ele informou que as implementações de incubadoras tecnológicas de cooperativas populares estão sendo retomadas. “Hoje são aproximadamente 100 incubadoras universitárias…”. Como ponto positivo também avalia o avanço das finanças solidárias, com mais de 50 experiências de bancos comunitários. “Também avançamos no diálogo com o Ministério da Educação, com relação ao conteúdo do ecosol no programa de formação da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Outra ação é o projeto Mulheres Mil (https://mulheresmil.mec.gov.br/)”.

Especialmente em São Paulo, o diretor contou que uma novidade se refere à organização da rede de saúde mental e ecosol.

Mas para que todas essas iniciativas ganhem força, se espera que sejam aprovados o Fundo, o Sistema e a Política Nacional de Economia Solidária, cujo projeto (de iniciativa popular) foi encaminhado ao Congresso. O documento foi estruturado pelo Conselho Nacional de Economia Solidária, em 2010. Existe uma campanha em andamento a respeito, no site (https://cirandas.net/leidaecosol).

A Frente Parlamentar da Economia Solidária foi relançada, em maio deste ano, com a participação de 213 deputados. Uma das propostas que tramitam no Congresso é a do PL 865/2011, que cria Secretaria da Micro e Pequena Empresa, com status de ministério, que incorporaria o Conselho Nacional de Economia Solidária.

Mas na ordem do dia está outra questão crucial de quanto a SENAES terá no Plano Plurianual PPA (2012/2015) para poder viabilizar seus projetos. “…A maior parte do orçamento da pasta atualmente é na área de resíduos sólidos e cooperativas de catadores e isso é mérito do próprio movimento”, disse Schiochet.

Mais um desafio é inseri-la, de forma concreta, na agenda da economia verde da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que será realizada em junho do ano que vem. “A economia solidária é uma economia verde e corresponde organicamente, no campo da agroecologia e também como modelo de reconversão produtiva. Há esforço das cooperativas da área rural nesse sentido. Mas na economia verde dos tratados internacionais, a ecosol está fora do debate”. Oficialmente também não integra o planejamento da Copa do Mundo de 2014.

Economia criativa
Mas é aí que o Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura, anunciou o apoio à chamada economia criativa, que envolve atualmente artesãos e artistas, num número estimado de 3,7 milhões de pessoas. Em 30 de setembro, foi assinado um convênio com o Serviço Brasileiro de Apoio a Micro, Pequena e Média Empresa (SEBRAE) para criar o Observatório da Economia Criativa e incentivo a parcerias com empresas e bancos.

De olho na Copa, deverão ser identificadas vocações criativas nas 12 cidades-sede do campeonato, que será iniciado no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Salvador. As informações serão relacionadas com as 87 oportunidades identificadas no Mapa de Oportunidades para as Micro e Pequenas Empresas nas Cidades-Sede, desenvolvido pelo próprio Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Em 2001, John Howkins, na obra The Creative Economy, a definiu como resultado de atividades (criação, produção e distribuição de produtos e serviços) em que os indivíduos exercitam a sua imaginação e conhecimento e exploram seu valor econômico.
No Brasil, o tema da economia criativa começou a ser aprofundado a partir de 2005, com o Fórum Internacional de Indústrias Criativas, em Salvador. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), estima-se que ela responde por 8% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.

E ao chegar à economia verde, um conceito em formação, que foi lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), em 22 de outubro de 2008, a proposta é de mobilizar e reorientar a economia para investimentos em tecnologias verdes e infraestrutura natural. De uma maneira preliminar o conceito quer dizer: “É a economia que resulta em melhoria do bem-estar humano e equidade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e a demanda sobre recursos escassos do ecossistema. Uma economia verde e inclusiva é caracterizada por um crescimento substancial nos investimentos em setores econômicos que, visando tais resultados, aproveitam e potencializam o capital natural do planeta”.

É importante não perder de vista que é um dos temas principais da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável – Rio+20, que será realizada em junho de 2012.
Voltando à reflexão do início: e se todas essas propostas de ‘economias’ caminhassem juntas, será que não chegaríamos próximo do tripé da sustentabilidade?

Nota de rodapé:
*Empreendimentos de economia solidária:
São iniciativas de projetos produtivos coletivos, cooperativas populares, redes de produção, comercialização e consumo, instituições financeiras voltadas para empreendimentos populares solidários, empresas autogestionárias, cooperativas de agricultura familiar, cooperativas de prestação de serviços, entre outras. Esta nova realidade do mundo do trabalho contribui, de forma significativa, para o surgimento de novos atores sociais e para construção de novos espaços institucionais. (Fonte: SENAES)

*Economia criativa:
Economia Criativa é quando capital intelectual e conhecimento se transformam em geração de trabalho e renda. É um novo modelo de gestão e negócios baseado no bem intelectual, e não no industrial ou agrícola. (Fonte: SEBRAE)

*Economia verde:
Green Economy. Disponível em: https://www.unep.org/greeneconomy/. Acesso em: 05/10/2011

Rumo à uma Economia Verde: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza – Uma Síntese para Tomadores de Decisão. Pnuma. Disponível em: https://www.pnuma.org.br/arquivos/EconomiaVerde_ResumodasConclusoes.pdf. Acesso em: 05/10/2011.

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Sucena Shkrada Resk | 




27/09/2011 09:36
Quem quer fazer parte da estatística fatal provocada pela poluição?, por Sucena Shkrada Resk
Qualquer um de nós poderia fazer parte da estatística de mortalidade em decorrência da poluição no mundo, divulgada nesta 2ª feira, pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Estima-se que mais de 2 milhões de pessoas sejam vítimas fatais, o que equivale a quase um quinto da população paulistana. Os vilões da história são os chamados particulados inaláveis – PM10 (de 10 micrômetros ou menos), que penetram em nossos pulmões e seguem para a corrente sanguínea. Aí o estrago está feito. Quando os índices são elevados, os efeitos podem ser desde doenças cardíacas a câncer de pulmão e infecções respiratórias. O pior é que muita gente – quem sabe eu ou você – adquire essas doenças e nem sequer tem noção de que a causa pode ser o estilo de vida que levamos.

Tirem as suas próprias conclusões. Os parâmetros aceitáveis são de 20 microgramas por metro cúbico (mg/m3) de PM10 de média anual, entretanto, algumas cidades já atingiram 300 mg/m3. As áreas urbanas têm maior concentração atrelada aos combustíveis fósseis e ao crescimento demográfico. As fontes partem de:
– Veículos automotores;
– Indústrias;
– Queima de biomassa e carvão para cozinhar e aquecer;
– Empreendimentos à carvão.
– E, claro, do desmatamento.

O ar que respiramos tem a seguinte formação, além dos PM10, como destaca o livro Meio Ambiente e saúde: o desafio das metrópoles, sob realização do Instituto Saúde e Sustentabilidade, coordenado por Evangelina da Motta Pacheco Alves de Araújo Vormittag e pelo patologista Paulo Saldiva (Ex-Libris, 2010):
– Em 98%, por nitrogênio (N2), oxigênio (O2) e um pouco de argônio.

Mas o problema não está na “maioria”, mas na minoria. Daí vem o dióxido de carbono (CO2), o neônio (NE) e o hidrogênio (H2). E segue mais um batalhão de gases identificados como compostos traços. São o metano (CH4), o monóxido de carbono (CO), o ozônio (O3), a amônia (NH3), o dióxido de nitrogênio (NO2) e o dióxido de enxofre (SO2). Pensam que parou por aí? Que nada. Soma-se a tudo isso, as partículas sólidas (material particulado) ou líquidas (aerossóis atmosféricos).

Existe, entretanto, um componente mais prejudicial à nossa saúde, praticamente imperceptível, que são os materiais particulados finos (PM2,5), que apresentam concentrações elevadas em nossa atmosfera urbana. Há estimativas globais de que sejam responsáveis por aproximadamente 3% das mortes por doenças cardiopulmonares, 5% dos cânceres de pulmão e 3% dos óbitos em crianças até cinco anos de idade.

E a falta de regulação desse emaranhado de gases tem suas causas, além do que foi destacado acima. A modificação da superfície (com o aumento da rugosidade e a diminuição da umidade do solo) e a mudança do padrão do vento, por causa da presença de edifícios altos, são mais alguns dos fatores em nossas metrópoles.

Um dado interessante destacado no livro se refere à metrópole de São Paulo. Da frota que ultrapassa 7 milhões de veículos, 76,3% queimam uma mistura de quase 80% de gasolina com 22% de etanol (dados 2009, CETESB). A adição do etanol, por sua vez, reduz a de CO, mas em contrapartida, aumenta a de acetaldeídos e origina o smog (grande massa de ar estagnado em conjunto com vários gases, vapores de ar e fumaça).

Diante dessa constatação, estão se sentindo confortáveis? Eu, pelo menos, não! E não é por menos que a OMS alerta para a necessidade de medidas mais efetivas de combate à poluição urbana. A situação é tão crítica, que se houver a redução de uma média anual de 70 mg/m3 de PM10 para o padrão estabelecido, a redução de mortalidade pode ser de 15%. Os dados foram baseados em medições de 2003 a 2010, com maior proporção no período 2008-2009.

Ao analisar esse levantamento feito pela organização é impossível não nos lembrarmos que a 17ª Conferência das Partes da 
Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP17), em Durban, ocorrerá de 28 de novembro a 9 de dezembro e tem como pano de fundo a encruzilhada das negociações entre os países, quanto à redução efetiva de emissões dos Gases de Efeito Estufa (GEEs). O destino do Protocolo de Kyoto é uma verdadeira incógnita, o que significa nas entrelinhas, que a nossa qualidade de vida depende, em grande parte, desse fórum de negociações, porque infere substancialmente nas políticas públicas.

E a nossa Política Nacional sobre Mudança do Clima, as estaduais, as municipais (que já existem)? Que escolhas de consumo fazemos? Tudo isso está colocado à mesa; é uma questão de saúde pública!…

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22/06/11-A lei de ação e reação à atividade antrópica
11/06/11-Reflexões: o que pensar depois do C-40
22/05/11-TEDx Mata Atlântica (parte 4): editora relata a importância do jornalismo local
15/04/11-Poluição – Por outro lado, são mais de 7 milhões de chances para tudo mudar
30/01/10 -Esp.FSM 2010 – Como a população se integra à política pública
04/10/09 – Poluição: a importância da pesquisa
16/08/09 – Saúde Ambiental: A poluição que nos consome
18/03/09 – Ilhas urbanas

Sucena Shkrada Resk | 




26/09/2011 09:47
Wangari Maathai: um exemplo a seguir, por Sucena Shkrada Resk
“Você não pode proteger o meio ambiente, a menos que capacite as pessoas, as informe e ajude a entender que esses recursos são próprios e devem protegê-los”. Essa frase de Wangari Maathai, criadora do 
Green Belt Movement (Movimento Cinturão Verde), traduzida em ações, nos incentiva a melhorar, pelas mais diferentes razões. Pode-se dizer, sem dúvidas, que ela é um ícone da comunidade africana, ou melhor, mundial, ao se dedicar à implementação dos princípios da sustentabilidade.

Essa mulher queniana formou-se em Biologia e fez Mestrado, por meio de bolsa de Estudos, nos EUA e foi a primeira mulher a conquistar o PhD em Anatomia, na África central e oriental, na Escola de Medicina Veterinária da Universidade de Nairobi. Nessa trajetória de emancipação, se tornou pioneira também ao presidir um departamento da Universidade e a ser nomeada professora. Uma conquista muito importante, na questão de gênero e de direitos humanos, mas transpôs a sala de aula e se dedicou à realidade do campo, da população vulnerável.

Na sua extensa biografia como ativista, comandou a Cruz Vermelha queniana nos anos 70 e foi ministra-assistente do Meio Ambiente entre 2003 e 2005. A sua agenda tinha como diretrizes o reflorestamento, proteção das florestas, e a restauração de áreas degradadas; como também projetos educacionais, com bolsas de estudo para órfãos devido ao HIV / AIDS; e acesso à nutrição aos portadores.

Uma de suas iniciativas de maior relevância foi o trabalho desenvolvido, por meio de sua organização, a partir de 1977, que resultou no plantio e replantio de cerca de 47 milhões de árvores no país, com a participação das comunidades, constituindo o sentido do empoderamento. A iniciativa nasceu, ao se defrontar com a realidade principalmente de mulheres do campo, que enfrentavam todos os tipos de dificuldades. Wangari propôs que as soluções viessem por meio de planos de manejos. Ao mesmo tempo, os camponeses deveriam proteger as bacias hidrográficas e estabilizar o solo, melhorando a agricultura.

A ideia que semeou nos anos 70 superou as fronteiras, e em 1987, já tinha seguido pela Pan African Green Belt Network , para a Tanzânia, Uganda, Etiópia, Zimbabwe e Lesoto.
As bandeiras foram ampliadas e ela se uniu a outros movimentos contra regimes ditatoriais, que acentuavam a pobreza em seu país. Uma das campanhas que iniciou, foi contra a construção de um arranha-céu em Uhuru (“Freedom”) Park no centro de Nairobi, e o desmatamento de terras públicas. Durante essa militância, foi presa e espancada com outros ativistas.

Mais um trabalho relevante que não pode ser menosprezado, é que Wangari e seu movimento tiveram um papel importante na nova constituição do Quênia, ratificada pelo voto popular em 2010. O documento incluía o direito de todos os cidadãos a um ambiente limpo e saudável.

Ela colocava em prática o conceito de sustentabilidade em um contexto geopolítico e socioambiental de adversidades gritantes. Dedicou-se à proteção da selva da bacia do Congo na África central, segundo maior maciço florestal tropical do mundo…Contribuiu, em 2006, para o lançamento do Programa Um Bilhão de Árvores ao Redor do Mundo, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnuma), que já ultrapassou a casa de bilhões.

Contribuiu também ao deixar uma bibliografia importante, calcada em suas experiência:
-The Green Belt Movement: Sharing the Approach and the Experience (2003);
– Unbowed (2006), uma auto-biografia;
– The Challenge for Africa (2008);
– Replenishing the Earth: Spiritual Values for Healing Ourselves and the World (2010).

Em 2009, ela foi designada como mensageira da paz, pela Organização das Nações Unidas (ONU).

A ativista, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz 2004, morreu neste domingo (25), aos 71 anos, devido a um câncer, em Nairóbi.

A sua partida nos entristece, mas a sua obra é tão sublime, que serve como um ‘tapa com luva de pelica’ à nossa inércia diante de tantas práticas erradas na condução socioambiental e, na verdade, das relações humanas…

Ao fazer a leitura de matérias a respeito, multiplicadas por agências de notícias internacionais, e ao conhecer um pouco mais de sua biografia, percebo o quanto ainda nos intitulamos mais do que realmente somos na prática.

Sucena Shkrada Resk | 




23/09/2011 00:48
Cidadania: devolvam a bicicloteca ao Movimento de População de Rua, por Sucena Shkrada Resk
Nesta quinta-feira (22), ao ler a notícia, no Catraca Livre, de que a Bicicloteca do Movimento Estadual da População em Situação de Rua de São Paulo foi furtada, na quarta-feira, resolvi adiantar este post, que na verdade era para falar dessa experiência criativa e de resgate de cidadania, que começou há pouco mais de um mês e meio. Soube mais a respeito do projeto, ao conversar com Robson Mendonça, 60 anos, durante o Prêmio ODM Brasil, em São Paulo, e queria me aprofundar. O apelo, agora, não pode ser outro: por favor, devolvam a bicicleta que é o meio de ele poder levar a leitura a várias pessoas em situação de rua em praças da capital ou doem um novo transporte para ele (uma bicicleta com um grande baú).

Com um acervo de doações, que já totaliza cerca de 15 mil livros, ele contou que até o último dia 14, já havia emprestado 4 mil e tinham devolvido 3,8 mil, o que demonstra o respeito dos leitores ao projeto. “A média diária é de 150. Nosso objetivo é que circulassem entre toda a população”, contou. São revistas, títulos infantis e adultos.

Cada exemplar é carimbado e tem a seguinte frase: “Não pode ser vendido. Doe para outra pessoa ou devolva para a bicicloteca”.

Para poder contemplar o maior número de pessoas possível, o roteiro era o seguinte:
– 2ª feira: Praça da Sé;
– 3ª feira: Patriarca;
– 4ª feira: Dom José de Barros;
– 5ª feira: Praça da República;
– 6ª feira: Largo Santa Cecília.

Conheci um pouco da história desse senhor de Alegrete, que tem passagens que marcaram sua vida. “Após eu ser roubado e sequestrado, passei três anos dormindo nas calçadas e depois mais três, em albergues…Nesse período, também perdi minha esposa e meu casal de filhos em um acidente. Daí fundei o movimento há 12 anos e faz um ano que ganhou o status jurídico”.

Em um país, em que a leitura precisa ser incentivada, exemplos como do senhor Robson e de outras pessoas que o ajudam não podem ser interrompidos por falta de apoio. Informações sobre o paradeiro da Bicicloteca podem ser passadas à 1ª Delegacia de Polícia de São Paulo ou enviadas ao email contato@bicicloteca.com.br ou no site http://www.bicicloteca.com.br.

Sucena Shkrada Resk | 




20/09/2011 08:20
Crônica da vida real de uma sem carro, por Sucena Shkrada Resk
Como uma “sem carro” convicta, dependo de transporte público, e nesta segunda-feira, para fazer uma cobertura de manhã e depois participar de um reunião à tarde (para só aí retornar para casa), bati alguns dos meus recordes: tomei três trens, quatro baldeações de metrô e dois ônibus. Geralmente tomo quatro conduções. Essa ‘peregrinação’, além de caminhadas básicas de deslocamento e, claro, de enfrentar lotação em horário de pico, por duas vezes, o que exige certo contorcionismo. Cheguei em casa para lá de cansada, mas me recuperei, depois de um banho, calçar um par de chinelos e simplesmente dedicar alguns momentos para pensar em nada. Do que estou falando? Do cotidiano típico de paulistana da gema, com um pé no ABC.

Moral da história: vivencio o Dia Mundial Sem Carro praticamente todo dia, há anos, sem sequelas, como outros milhares de brasileiros…Isso não quer dizer que esteja feliz com o sistema de transporte público, nosso trânsito, com mais de sete milhões de veículos nas ruas, e por aí vai. Por isso, precisamos exercer pressão para que haja a implementação dos planos de mobilidade em nossas cidades, ou melhor, em consonância entre os municípios, já que vivemos em uma região metropolitana.

Ao ser usuária diária de transporte público, em Sampa, observo ‘na pele’, que é necessário ampliar as redes de metrô (em função da população, e não da Copa, obviamente) com mais agilidade, e as malhas férreas mais eficientes, além de aumentar de trólebus com qualidade, em vez de ônibus com combustível ainda altamente poluente. Basta respirarmos para saber exatamente do que estou falando. Por outro lado, haver a nossa educação, como usuários (as): ao deixar as pessoas saírem das composições, antes de entrar. Parece um mero detalhe, mas faz toda a diferença.

É compreensível que as pessoas fiquem ansiosas para tomar o transporte coletivo, porque estão atrasadas, mas nada justifica, ao se abrir as portas das composições, não darem espaço para as outras poderem seguir seus caminhos nas estações. Nesse empurra-empurra, em que quase não se olham, muitas vezes, machucam umas às outras, causam um estresse desnecessário e, nem sequer, pedem desculpas. Volta e meia, me deparo com cada cena! Até os semblantes se transformam…Tenho absoluta certeza de que essa tensão não deixa ninguém feliz, no final das contas.

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Sucena Shkrada Resk | 




18/09/2011 20:46
Dalai Lama(p2):A secularização como forma de respeito às crenças e aos não crentes, por SucenaS.Resk
Secularização. Esse é o conceito empregado por Dalai Lama, que em sua avaliação, pode ser uma forma de conciliar o respeito às diferentes crenças e aos que também não professam algum tipo de fé. Segundo ele, o mote desse pluralismo foi se consolidando na Índia. “Com isso, não se desrespeita tradições religiosas e nem aqueles que não são filiados a nenhuma; e ao mesmo tempo, se incentiva a promoção dos valores internos”.

“Por mais sábia que seja a religião, não será aceita por toda a humanidade. Com o secularismo, a proposta é que não se privilegie nenhuma, mas se introduza valores morais e éticos”. Na sua avaliação, com base na experiência de bom senso comum entre os homens, as descobertas da Ciência auxiliam na promoção das perspectivas seculares, sem envolver religiões.

Segundo ele, para que haja a multiplicação desses valores universalmente, o instrumento é a educação, que pode ir além da formação intelectual, pois tem o poder de impulsionar o sentido de querer bem-estar ao outro, para que se forme o sentido de comunidade.

“Isso faz aparecer um sentimento de igualdade entre os seres, com visão de longo prazo. Deve ser incentivado, desde o jardim da infância às universidades”. Ao mesmo tempo, Dalai Lama frisa a importância de não se perder a noção da realidade. “Para isso, é preciso ter metas e visão política, para se enxergar o todo, porque a realidade é complexa e tem muitas facetas”.

O desenvolvimento da ética secular é necessário à humanidade, de acordo com o monge. “Nas cidades, há os arranha-céus cada vez mais altos, mas os valores internos estão declinando mais e mais, com a corrupção, que é um câncer que se alastrou no Ocidente e no Oriente, o abismo entre ricos e pobres e as injustiças sociais, mesmo em países democráticos. Isso demonstra falta de fortalecimento ético. Já no âmbito das relações internacionais, países ricos se impõem aos países mais frágeis”.

O monge tratou dessa temática, durante sua palestra, no Anhembi, em São Paulo, neste sábado, 17, que integrou a programação do roteiro de sua quarta visita ao Brasil, coordenada pela Palas Athena. O assunto também teve destaque, durante o Parlamento das Religiões do Mundo, realizado em Melbourne, como noticiado pelo sítio Religión Digital/reportagem de Koldo Aldai, em 10 de dezembro de 2009, e divulgado no site do Instituto Humanitas Unisinos (https://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=28285), que é mais uma dica interessante para leitura.

Leia também no Blog Cidadãos do Mundo:
18/09/11 – Inspiração p/Rio+20:Dalai Lama (parte 1) fala sobre responsabilidade global

Sucena Shkrada Resk | 




18/09/2011 17:36
Inspiração p/Rio+20:Dalai Lama (parte 1) fala sobre responsabilidade global, por Sucena Shkrada Resk
A filosofia oriental budista traz uma mensagem interessante e profunda quanto ao caminho do meio, e se formos ver, nada mais é que o princípio do equilíbrio, da busca da sustentabilidade, que tanto falamos no Ocidente, e será pauta da Rio+20 – Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Já pensaram sobre isso?

Ao ouvir Dalai Lama, durante duas horas, neste sábado, em apresentação que fez no Anhembi, em São Paulo, em sua quarta visita ao Brasil (organizada pela Palas Athena), essa analogia ganhou mais sentido. Isso porque a palavra respeito proferida por este homem, de 76 anos, tem consistência. Ao analisarmos seu histórico, percebemos a coerência do que fala há décadas e defende em suas viagens a mais de 40 países, desde 1967.

Em uma breve biografia, ele é o 14º Dalai Lama e tem origem de uma família de camponeses da vila de Taktser, na provincia de Amdo, situada no nordeste do Tibet. Até então, seu nome oficial era Lhamo Dhondup , mas com dois anos, foi reconhecido como sendo a reencarnação de seu predecessor, Thubten Gyatso. Daí passou a se chamar Tenzin Gyatso e começou sua educação monástica aos seis anos e a dedicação ao seu trabalho de defesa da paz mundial.

Tornou-se líder do Tibet, aos 15 anos, e em 1959 teve de exilar-se na Índia por causa do ápice de conflitos de liderança históricos sobre o território com a China. Houve a criação de um governo tibetano no exílio e a bandeira de um Tibet livre é levantada por ele até hoje. Ele propôs, em 1988, a criação de um governo autônomo das três províncias tibetanas, “em associação com a República Popular da China”, mas não teve êxito. Com isso, em 1991, a liderança tibetana exilada suspendeu o vigor da então proposta de Estrasburgo.

Nesse contexto, em que ao mesmo tempo, ganhou reconhecimento mundial e várias premiações, entre elas, o Prêmio Nobel da Paz, escreveu vários livros e deu aula, Dalai Lama se define até hoje ‘simplesmente’ como monge budista e vive em uma cabana em Dharamsala. Defende o senso de responsabilidade global, que segundo ele, começa pela educação, que é um instrumento que pode ser usado de forma construtiva ou destrutiva. Em sua análise, ao ter o componente do coração (sentimento) agregado, a tendência é que sejamos mais felizes, pois traz auto-confiança e reduz os medos.

Logo, no início, ele se dirigiu a uma plateia com centenas de pessoas e disse a seguinte frase – “Eu me dirijo a vocês como ser humano e não há diferença entre nós em nível físico e espiritual, de almejar a felicidade. Essas diferenças se encontram em nível secundário. Eu nasci no Tibet e sou budista, mas além disso, somos iguais e nessa condição, que nossa comunicação deve acontecer”, disse.

Segundo Dalai Lama, na realidade contemporânea é preciso se desenvolver o conceito de NÓS. “Toda a humanidade integra um ente único…Na economia global, por questões ecológicas e do crescimento populacional, os interesses de um país e de um continente estão interligados aos demais”. São Paulo, por exemplo, não pode se desenvolver sem recursos que venham de outras regiões do planeta, em sua opinião. “Essa interdependência tem de ser compreendida…”.

Ao olhar para um passado nem tão remoto, ele lembra que havia maior ênfase ao conceito do separatismo, que resultou nos mais variados problemas que enfrentamos hoje, desde o campo das religiões aos de diferenças profundas de classe social e de acesso à educação. “Criou-se a discriminação, e com isso, a infelicidade”. E reforçou – “Somos todos iguais, pois somos seres humanos e vivemos no mesmo planeta”.

Nesse caminhar, durante o século passado, o monge destaca que houve o desenvolvimento de coisas ‘maravilhosas’, mas também esse período ficou conhecido como o século da violência e do derramamento de sangue. “Mais de 200 mil pessoas morreram por causa de guerras civis e de armas nucleares…” Para ele, as questões que enfrentamos, no século XXI, são as consequências desse modelo que se perpetua.

Como combater esse processo? Dalai Lama defende o diálogo para a paz. “O uso da violência não coloca apenas problemas morais, pois não é um método realista de solução…Destruir o país vizinho significa se destruir”.

“Se observarmos os eventos do Iraque e Afeganistão, por exemplo, pode parecer que a ação dos EUA foi boa para trazer a democracia, mas o método utilizado é equivocado e trouxe consequências indesejáveis…”.

Dalai Lama considera que o equilíbrio terá como pressuposto a criação de um mundo desmilitarizado, livre das armas, que segundo ele, também traz consequências benéficas ao ecossistema. “Alguns países se esforçam para reduzir seus arsenais nucleares, o que é um bom começo. Enquanto isso, temos uma tarefa a cumprir:

– …É preciso que se crie um desarmamento interno da raiva, do medo, da inveja e da ganância, que são causas primeiras da violência. Prestemos atenção ao lidar com esse mundo interno emocional, para que um dia o desarmamento externo aconteça…”.

E dá o seguinte recado aos jovens – “…São a geração do século XXI e cabe a vocês criarem a forma de conduzir esse mundo…Tenham a visão de trabalhá-lo pacificamente. Não basta apenas olharem ao que está em volta, mas na perspectiva global (do planeta)…”.

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16/09/11 – Rio+20: juventude, deixe a gente te ouvir e assuma o protagonismo
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11/09/11 – Rio+20: pratiquem o exercício de reflexão e cidadania
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Sucena Shkrada Resk | 




16/09/2011 00:25
Rio+20: juventude, deixe a gente te ouvir e assuma o protagonismo, por Sucena Shkrada Resk
Cada experiência de nosso dia a dia reaviva um princípio básico: somos aprendizes (independente da idade). Essa posição exige que nos esforcemos a ouvir e saber expressar o que queremos dizer e edificar. Um exercício nada fácil, porque, por muitas vezes, atropelamos etapas fundamentais nesse ritmo da comunicação, que tem de manter a ‘cadência’ e sensibilizar. No contexto da Rio+20 – Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, em que “as futuras gerações” são o foco da abordagem da ‘sustentabilidade’, nada mais lógico, então, do que apelar a vocês, jovens – deixem a gente ouvir o que desejam fazer por esse futuro, a partir do nosso presente!

Muitos de nós fomos as futuras gerações do ontem e vocês são as de hoje e seus filhos, netos, bisnetos do amanhã. Essa construção da história nada mais é que uma chance de realinharmos ideologias e práticas, com a seriedade devida de quem clama por qualidade de vida e por encontrar a métrica da felicidade. Acho que todo mundo concorda que não é possível ser feliz à base da fome, das doenças, das violências em suas diferentes formas, que acelera a destruição do planeta com a voracidade do consumo inconsciente.

Então, vocês (na militância ou não), se façam presentes, não só nas redes sociais e nas manifestações pontuais por causas justas (o que é sadio, claro!), mas assumam também o protagonismo do ativismo constante em suas casas, entre seus amigos, vizinhos, no ambiente em que estudam e trabalham, antes, durante e depois da Rio+20. Incorporem essa mudança lá no fundo, e não se cansem de ir atrás dos porquês e do para quê das motivações de suas vidas. Ouçam, pesquisem, debatam, proponham, compartilhem seus projetos de ‘novo mundo’ com outras gerações e executem. Sejam os autores dessas mudanças tão almejadas…

Estamos próximos de chegar a 7 bilhões de pessoas no planeta e na metade do século, deveremos ser 9 bi, mas em quais condições? Lembremos que mais de 1 bilhão de pessoas estão na extrema pobreza. O sinal amarelo bateu em nossas portas, faz tempo.

Como diz o cientista social e economista Pedro Jacobi, presidente da Comissão de Pós-Graduação de Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo (Procam/USP), os grandes pactos globais não estão sendo formulados, tendo como contexto a agenda da sobrevivência. “O neoliberalismo perdeu seu impulso e o projeto de sociedade alternativa, sua energia. As pessoas na Europa, por exemplo, lutam pelo emprego e pelo bem-estar social”.

Lembremos da importância também de outras manifestações, como da Primavera Árabe e a dos estudantes chilenos, pela educação de qualidade e acessível. No Brasil, por exemplo, milhares de pessoas recentemente foram às ruas em algumas regiões do país, contra a corrupção, mas nos dias seguintes, quais são os frutos dessa indignação? Vocês já se questionaram? Ou com relação ao processo de votação do Código Florestal? À estruturação do Plano Nacional de Educação? Do Plano Nacional de Resíduos Sólidos? Tantas pautas emergentes…

Jacobi alerta que a mídia, de uma maneira geral, também não contribui para o avanço dessa consciência cidadã, dessa virada de página. “Os jovens (dificilmente) leem jornais. Já os microcosmos dos blogs (e outras ferramentas digitais) têm de ter clareza da agenda, para que o diálogo não fique entre ‘nós com nós’ nas redes sociais”, observa. Ele aconselha que vocês tenham projetos de sociedade.

“Ao mesmo tempo, em muitas organizações, se perderam as energias utópicas de uma geração a outra ou estão muito céticas…Por outro lado, a agenda do país não se modificou e a lógica produtiva é a mesma”, complementou.

Para Aron Belinky, do Instituto Vitae Civilis, que integra o Comitê Nacional da Sociedade Civil para a Rio+20, o desafio hoje é combater a fragmentação entre vocês, para que não percamos a força das reivindicações e dos objetivos. “Hoje muitos não querem intermediários e não acreditam nas instituições. Os jovens precisam retomar a capacidade de acreditar que podem fazer alguma coisa, de criar plataformas de debates e trazer coesão, identificando bandeiras”.

E vocês, o que querem? Contem para nós.

Leia mais no Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk, sobre os bastidores para a Rio+20:
13/09 – Rio+20: um cenário de incertezas (parte 2)
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25/08/10 – Entremundos Direto na Fonte
Sucena Shkrada Resk | 




13/09/2011 21:20
A Rio+20 sob o olhar de quem esteve na ECO 92, por Sucena Shkrada Resk
Tantos olhares e leituras. Assim se desenha os bastidores da Rio+20 – Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. E na busca desses diálogos, fui assistir a palestra Rio+20 e a Entrada no Antropoceno, promovida pelo Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP), no último dia 12. E lá ouvi as narrativas de quem vivenciou de perto a ECO 92, o que possibilita uma ‘travessia’ no tempo. A ideia foi mostrar quais são os cenários passados, presentes e possíveis no futuro, na era que tem o recorte principalmente a partir da Revolução Industrial, com destaque à intervenção humana.

Nesse hall, estavam o sociólogo francopolonês Ignacy Sachs, professor emérito da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, da França; o ambientalista Fabio Feldmann, consultor e ex-presidente do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas; o economista Ricardo Abramovay, professor titular do Departamento de Economia da FEA – Faculdade de Economia e Administração da USP, e o geógrafo Wagner Ribeiro, ambos do IEA.

Professor Sachs, aos 84 anos, trouxe uma bagagem que vem desde a Conferência de Estocolmo, em 1972. Ele destacou em sua fala a importância de os países voltarem a planejar e alertou para o cuidado de não se ‘esverdear’ a economia, com a nova expressão que ganha espaço na pauta da conferência – a economia verde – , sem atender o princípio da inclusão social. Abramovay destacou que existe uma grande desconfiança sobre o termo, ‘como se fosse uma cortina de fumaça’ para a sociedade e se o desenvolvimento sustentável sofresse um recuo. “…A economia verde é tratada como um graal energético que nos tirasse dos combustíveis fósseis”.

Sachs defendeu que nesse contexto de desigualdades entre países ricos e pobres, seria viável implementar a aplicação entre 1% e 2% do PIB – Produto Interno Bruto dos países ricos em fundos de apoio, além de taxas de carbono e sobre as especulações financeiras, que até hoje não foi implementada. “Sou favorável à proposta de pedágio de uso dos oceanos e mares”, disse, argumentando que são espaços de bem comum. O ecossocioeconomista polonês acredita na potencialização dos países emergentes, em especial, por meio da cooperação entre o Brasil e Índia, onde teve a oportunidade de viver e estudar. Já na opinião de Feldmann, não funciona a transferência norte-sul de 1% “Pois não funcionou até agora”, disse. Ele também não considera que os fundos climáticos sejam solução de médio e longo prazo.

Pensar além da Rio+20. Esse foi o recado de Sachs. Nesse sentido, mencionou a importância da cooperação científica internacional entre os países, por meio dos biomas, além da otimização do uso da terra. Como exemplo, citou a combinação da psicultura e o cultivo de hortas em áreas de poucos hectares, como uma iniciativa sustentável. “É um meio para se ganhar margens de liberdade para não produzir carne por meio de uma pecuária extensiva, que é uma das grandes fontes de desmatamento”. Ribeiro reforçou que o uso intensivo é racional e as mudanças dos padrões de agronegócio devem ter respaldo político consistente.

O alerta de Abramovay foi de que mesmo se cumprindo o que se acordou nas últimas Conferências das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 15 e 16), respectivamente em Copenhague e em Cancún, o aumento da temperatura média da Terra será de 4 graus (a próxima será antes da Rio+20, em Durban, na África, no final do ano).

“As energias renováveis como um todo representam 13% mundialmente e as modernas, 1%. Essas informações estão no Green Technological Transformation, produzido pela Organização das Nações Unidas (ONU)”, disse.

Segundo ele, o que pode ser considerado um avanço é o fato de a ONU estar estipulando limites per capitas de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs). “Isso é importante, porque investimentos em tecnologia para reduzir a base energética fóssil e para a ecoeficiência são cruciais e fazem parte da economia verde; mas se não for reduzida a desigualdade do uso de recursos, não haverá economia verde que dê conta do recado”

Hoje a humanidade emite 50 gigatones de CO2e e precisaria reduzir para 10. Nesse contexto, há a questão da desigualdade dos limites físicos do planeta. “O norte-americano emite 72 vezes mais que o habitante de Bangladesh”, comparou.

Na avaliação de Feldmann, um problema na Rio+20 é que a conferência do ano que vem não deverá tratar das convenções (Clima, Diversidade Biológica, Desertificação…) e a partir daí, gera dificuldade para se entender qual, de fato, será a agenda. Ele também considera que a comissão de desenvolvimento sustentável, criada na ONU, foi mal colocada em sua estrutura e hoje há falta de liderança no processo, ao contrário de 92, em que havia o destaque na atuação de Maurice Strong. Ele lembrou que há 20 anos, houve a legitimação da participação da sociedade civil e, agora, uma marca diferenciada é de que os limites do planeta estão apresentados de maneira incisiva.

“Será um avanço na Rio+20, se forem colocados esses limites para a sociedade. Ainda há o problema do contexto de eleições em 2012, nos EUA, na França e mudança de governo também na China. Tentar fazer as COPs no mesmo período é uma das propostas e o foco da conferência teria de ser a implementação dos acordos”.

Segundo o ambientalista, é importante destacar que as emissões de GEEs, desde a Segunda Guerra mundial, se tornaram mais ‘dramáticas’, segundo a Ciência. “Há propostas de aliança estratégica entre setor empresarial mais cosmopolita com a sociedade civil, como mecanismos para serviços ambientais regionais e globais”. Ribeiro, que coordena a área ambiental do IEA, disse que apesar da sensibilização pública sobre a temática ambiental, ainda não acontece o mesmo com os governos.

“Temos de pensar em formas de gestão dos recursos naturais e esse é um debate muito duro”. Ele citou que nas discussões sobre a governança da sustentabilidade, um grupo considera que deve ser tratado no âmbito do Conselho de Segurança da ONU. Outro quer que se crie um novo organismo. Em outra vertente, que se reforce o papel do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – Pnuma, que segundo ele, hoje tem um papel secundário, apesar de relevante. “Criou um departamento para estudar conflitos ambientais, o que é significativo”.

Para Ribeiro, na Rio+20 é preciso lembrar também de outros acordos firmados ao longo dos anos, como a Convenção de Basileia para o Controle dos Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e sua Disposição, e sobre Zonas Úmidas. “É difícil pensar que os países vão desfazer suas conquistas jurídicas atuais”. E um ponto crucial, segundo ele, é o seguinte: discutir a regulação da globalização. “Por exemplo, países em desenvolvimento, como o Brasil e África do Sul têm empresas de extração mineral, que não avançam na questão do uso dos recursos, trazendo passivos ambientais”.

Leia mais no Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk, sobre os bastidores para a Rio+20:
13/09 – Rio+20: um cenário de incertezas (parte 2)
12/09/11 – Rio+20: um cenário de incerteza (parte 1)
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06/06/11 – Bastidores do processo da Rio+20
20/02/11 – Rio além do +40: com certeza + 20 é uma redução da história
05/12/10 – Especial Fórum Social Pan-Amazônico – A luta só está no começo
25/08/10 – Entremundos Direto na
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12/09/2011 22:47
Rio+20: um cenário de incertezas (parte 2), por Sucena Shkrada Resk
(continuação)
O ambientalista Marcos Sorrentino, professor do Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), considera que a mobilização da sociedade é uma maneira de trazer a voz dos excluídos à Rio +20 – Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, no ano que vem.

“O alerta é para a mudança do padrão de consumo para a sustentabilidade da vida. É preciso ter um olhar profundo para o modo de produção e consumo. Os diversos acordos em 92 não foram cumpridos. A lição de casa está sendo feita pela metade em algumas situações ou nada, em outras. As amarras do poder são muito grandes. Os cerca de 200 chefes de Estado estão preocupados só com a agenda de desenvolvimento”.

Como Tita, ele reforçou que existe a força popular. “Um documento importante resultante da participação da sociedade civil, há duas décadas, foi o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global”. Sorrentino lembrou que na contemporaneidade há outras manifestações importantes, como das Primaveras Árabes e dos Indignados da Espanha, e aqui no Brasil, protestos contra o projeto do novo Código Florestal. “Há um descompasso entre o que a maioria quer e necessita. Apesar de muitos torcerem o nariz, quando se trata de política e políticos, esse é o regime em que vivemos”.

“…Na ECO 92, conseguimos fazer com que o Aterro do Flamengo representasse as diversidades. Fizemos livros dos Tratados e quase ninguém o conhece e não chegou a se popularizar infelizmente. Vamos canalizar, no ano que vem, para o foro de discussão, mas que traga a esperança das grandes massas da população que estão silenciadas”.

Segundo Sorrentino, é essencial que se reforce o espírito comunitário, de fazer junto e o companheirismo, alem das redes sociais. “É importante que encontremos mecanismos de estímulo a todos os segmentos para criar espaço de expressão de todas as diversidades de vozes, que procuram caminhos diferenciados de realização humana, de sustentabilidade e na busca por ser feliz”.

O processo de preparação da sociedade civil até a Rio+20 pode se dar de diversas maneiras, de acordo com o ambientalista, desde assembleias à mobilizações por meios eletrônicos. “O mote é construir um modo de vida diferente para que não fiquemos o tempo todo ansiosos para que os governantes aprovem documentos. É preciso promover um processo pedagógico ambiental de forma ampliada, potencialização individual e coletivamente, a partir do microlocal. Isso representa uma humanidade concentrada no bem comum e no futuro melhor”.

Moema de Miranda, do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), frisou que a Eco 92 foi uma manifestação de cidadania planetária e a diversidade impactou, o que trouxe novas pautas políticas ao centro das negociações, em um contexto no qual a ONU era vista como espaço possível de apoio mundial e o mundo bipolar estava se reconfigurando, após a Queda do Muro de Berlim, em 1989. Depois de anos com fragmentação de agendas, ela acredita ainda que haja a possibilidade de espaço aberto à pluralidade no ano que vem, apesar do desgaste da organização nos dias hoje.

Em sua análise, no modelo neoliberal, das últimas décadas, houve certa ruptura entre homem e natureza no Ocidente. “As relações de mercado têm relevância, mas o que se questiona é o lugar que ocupa em nossa vida. O modelo socialista também pensava na natureza como recurso natural para o modelo de vida da sociedade”. Há a controvérsia entre progredir e crescer, e a hegemonia de crescimento foi utilizada tanto por um como por outro modelo”.

Moema avaliou que existe uma crise civilizatória e reforçou que a possibilidade de vida em harmonia não pode ser atrelada às marcas que consumimos. “É necessário um novo paradigma de ser e estar no mundo. O discursos de (ascendência) dos novos pobres é o de “agora é a minha vez’ de conseguir adquirir bens de consumo e cria esses conflitos”.

Ela alertou que ao ficar no contexto do poder das corporações, se pode adquirir “o bilhete da economia verde”. A preocupação, segundo a ambientalista, é que seja um instrumento para “verdejar”, sem que haja mudança do modelo de vida e consumo. “Os pobres não estão aqui com a gente, se não tivermos como trazê-los para cá, o discurso será sempre superficial”.

Leia mais no Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk, sobre os bastidores para a Rio+20:
12/09/11 – Rio+20: um cenário de incerteza (parte 1)
11/09/11 – Rio+20: a importância do empoderamento da sociedade
11/09/11 – Rio+20: Aldeia da Paz deverá ser referência para alojamento
11/09/11 – Rio+20: pratiquem o exercício de reflexão e cidadania
07/08/11 – O que se fala sobre vulnerabilidade climática (parte 1)
28/07/11 – Atenção às nossas águas
22/07/11 – Alerta sobre o flagelo africano
30/06/11 – Nota: mobilização da sociedade para a Rio+20
06/06/11 – Bastidores do processo da Rio+20
20/02/11 – Rio além do +40: com certeza + 20 é uma redução da história
05/12/10 – Especial Fórum Social Pan-Amazônico – A luta só está no começo
25/08/10 – Bastidores Entremundos – Direto na fonte

Sucena Shkrada Resk | 




12/09/2011 22:38
Rio+20: um cenário de incertezas (parte 1), por Sucena Shkrada Resk
As expectativas que são traçadas sobre possíveis cenários da repercussão do encontro oficial da Rio+20 Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, em junho do ano que vem, partem atualmente da cautela a um certo pessimismo, na avaliação de integrantes, que fazem parte da Comissão Nacional da Sociedade Civil para a Rio+20. O grupo de movimentos e organizações não-governamentais será responsável pela realização da Cúpula dos Povos da Rio+20 por Justiça Social e Ambiental , programada entre 26 de maio e 10 de junho do ano que vem, também no Rio de Janeiro.

O fato de a conferência não se propor a produzir documentos ou revisões efetivas da Agenda 21 e das convenções do clima e sobre a diversidade biológica, entre outros, pesa significativamente nessas incertezas. Por outro lado, 2012 será um ano de eleições presidenciais em países estratégicos, como EUA e França. Com isso, as possibilidades de acordos políticos mais consistentes podem ser minados por essas circunstâncias. Já no Brasil, haverá eleições municipais.

Durante o o 1º Seminário Estadual Rumo à Rio+20, realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo, no último dia 10, sob coordenação do Comitê paulista da Sociedade Civil para a Rio+20, Aron Belinky, do Instituto Vitae Civilis, que integra o Comitê Nacional, citou que as perspectivas vão sendo reduzidas, também por causa das negociações das conferências das partes da convenções do clima e da diversidade biológica serem os fóruns oficiais permanentes dessas agendas ambientais. Esse cenário se complica em decorrência da crise econômica mundial.

Os temas centrais do encontro, que serão Economia Verde, no contexto da erradicação da pobreza, e a governança da sustentabilidade estão longe de chegar a consenso. “Colocar a economia em serviço da sociedade e quadro de governança efetivo é de difícil implementação. O objetivo seria de o mercado servir a sociedade, sem haver a mercantilização dos bens comuns, da natureza e dos bens genéticos”.

Para ele, a Rio+20 poderia aprofundar o princípio da precaução, que foi gerado em 92, por exemplo, além de metas do desenvolvimento sustentável, da biodiversidade, climáticas, além de paz e justiça social, que são o pano de fundo do que se discute na preparação do evento. “Os desafios emergentes são alimentos, energia, água e saneamento e a implementação de cidades sustentáveis”.

As discussões e possíveis acordos, segundo o ambientalista, deveriam ainda se estabelecer no contexto das Metas do Desenvolvimento do Milênio da ONU com prazo de efetivação pelos países signatários (incluindo o Brasil), no ano de 2015. “Na conferência do ano que vem, se espera também a prospecção para duas décadas”.

Tica Moreno, militante da Marcha Mundial das Mulheres, que também compõe o Comitê Nacional Facilitador da Sociedade Civil para a Rio+20, considera que o evento é um momento para convergir as lutas travadas nos últimos anos. “Temos uma visão crítica em comum quanto à mercantilização da vida, a questão do controle do território e da biodiversidade e a problemática do racismo. Nós fazemos parte da natureza, por isso esse tema é tão central”.

Ela constata que muito se negocia nos âmbitos das COPs, mas poucas coisas são implementadas. O MDL – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e o crédito de carbono ainda são insípidos, mas o mercado já reconhece essas possibilidades. “Muito dinheiro é gasto nesses encontros e o mercado continua nadando de braçada”, em sua opinião.

Uma maneira de pressão que pode surtir efeito, em sua opinião, é por meio da sociedade nas ruas, aumentando a correlação de forças. “A Rio+20 está articulada com o G20 e o G77. Recentemente nosso movimento promoveu a Marcha das Margaridas até Brasília, com 77 mil mulheres nas ruas. É preciso articular essas lutas, com mais base popular. Temos problemas locais, como a questão da privatização dos mangues, dos mares, dos impactos na pesca artesanal, como também a biodiversidade privatizada pelas leis de patentes. É importante ver em cada esfera de nossa vida como os mecanismos de mercantilização atingem a gente, nesse modelo de produção e consumo”.

Segundo Tita, é importante que se fale da economia em outros marcos, como da economia solidária, e da agroecologia como alternativa radical de modelo de consumo. “Isso envolve a experiência de conhecimento acumulado, que já existe. A soberania alimentar, o direito do que e como produzir, questiona o poder dos hipermercados, luta contra o projeto do Código Florestal (que tramita no Senado) e os agrotóxicos. Consumimos quase seis quilos de agrotóxico anualmente, algo que vai além do debate da segurança alimentar”.

Mais uma pauta a ser considerada, em sua avaliação, é a de ações predatórias de empresas de extração de bens naturais, como mineração. “É importante juntar os setores para discutir a economia verde e a governança, mas somar aos processos que já ocorrem”. (continua – parte 2)

Leia mais no Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk, sobre os bastidores para a Rio+20:
11/09/11 – Rio+20: a importância do empoderamento da sociedade
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22/07/11 – Alerta sobre o flagelo africano
30/06/11 – Nota: mobilização da sociedade para a Rio+20
06/06/11 – Bastidores do processo da Rio+20
20/02/11 – Rio além do +40: com certeza + 20 é uma redução da história
05/12/10 – Especial Fórum Social Pan-Amazônico – A luta só está no começo
25/08/10 – Bastidores Entremundos – Direto na fonte

Sucena Shkrada Resk | 




11/09/2011 17:22
Rio+20: a importância do empoderamento da sociedade, por Sucena Shkrada Resk
O que é mais instigante no processo de preparação da 
Rio+20 Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (independente de seus resultados) é o fato de exigir que saiamos daquele estado de inércia e acomodação quase ‘irritante’. Muitas vezes, as tempestades de ideias, nos fóruns de discussões, provocam algumas rusgas, por causa de pensamentos divergentes, mas é exatamente aí que nos exige maior capacidade de depuração, pesquisa e um olhar para a realidade cotidiana e para o ‘outro’.

Só assim, ocorre o início do empoderamento: começamos a nos sentir como parte importante, entre outros milhares de cidadãos, nesse mosaico, e percebemos que precisamos nos envolver cada vez mais. Queremos nos sentir úteis e, no meu caso, como educomunicadora, compartilhar esses anseios, conhecimentos, dúvidas e informações.

Para entender um pouco da dinâmica que envolve essa fase preparatória do evento, que está sendo considerado o mais importante do sistema da ONU – Organização das Nações Unidas, no ano que vem, há os seguintes princípios, segundo Aron Belinky, do Instituto Vitae Civilis, que integra o 
Comitê Facilitador da Sociedade Civil para a Rio+20 . Ele resumiu a agenda, no 1º Seminário Estadual Rumo à Rio+20, realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo, no último dia 10, sob coordenação do Comitê paulista da Sociedade Civil para a Rio+20 .

O evento oficial, que terá a agenda principal concentrada com chefes de Estado e representantes das nações (expectativa de 202), ocorrerá entre 4 e 6 de junho, e terá uma pré-conferência entre 28 e 30 de maio e outro encontro interno de balanço, de 7 a 10 de junho do ano que vem. O mesmo não deverá produzir a efervescência de documentos, como na ECO 92, mas a expectativa é que se consiga estabelecer avanços em acordos políticos sobre os caminhos das negociações sobre mudanças climáticas, biodiversidade (que continuam nas conferências das partes que ocorrem regularmente), entre outras pautas importantes, e trace diretrizes para o horizonte de duas décadas, quanto à chamada ‘economia verde’ no contexto da erradicação da pobreza e da governança da sustentabilidade.

E a sociedade nessa história? Bem, obviamente não pode ficar assistindo de camarote. A mobilização ocorre de forma paralela. Entre os atores responsáveis por essa mobilização mundial, estão a chamada Geração +20 e outros movimentos da juventude, a Green Economy Coalition, a União Global pela Sustentabilidade e o Comitê Facilitador da Sociedade Civil para a Rio+20. Esse último, criado oficialmente, em julho deste ano, em evento no Rio de Janeiro, com a participação de mais de 150 entidades e movimentos do Brasil e de outros países.

Em especial, o Comitê promoverá o que está sendo intitulada como Cúpula dos Povos da Rio+20 por Justiça Social e Ambiental ou Rio+20 dos Povos, que deverá ocorrer extraoficialmente, entre os dias 26 de maio e 10 de junho de 2012. Mas antes disso, outro evento de grande porte, está programado para o período de 24 a 29 de janeiro. Será o FSM – Fórum Social Mundial temático sobre Meio Ambiente/Rio+20, que ocorrerá em Porto Alegre, RS.

E nós, brasileiros, nessa história? Bem, agora, até o dia 25 de setembro, podemos contribuir com sugestões, em consulta pública, formada por 11 questões, para o documento oficial que o Brasil deverá encaminhar para a Secretaria Geral do evento, em 1º de novembro, como os demais países. O questionário está disponível no hotsite (https://hotsite.mma.gov.br/rio20/consulta-publica-4/) – Leia mais a respeito no Blog Cidadãos do Mundo, no artigo que postei – Rio+20: pratiquem o exercício de reflexão e cidadania. 


Além desse canal de contribuição, deverá ser produzido outro documento de apoio ao oficial do Brasil, pela chamada sociedade civil organizada, com cerca de 80 representantes, pelo CDES – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República. A rodada final de discussões está prevista para o dia 22 de setembro, A primeira foi realizada no dia 30 de agosto. Com relação a audiências públicas, estão previstas até a Rio+20, um total de 18, segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

Enfim, há um calendário em constante movimento, que obviamente não damos conta, mas podemos compartilhá-lo, na medida do possível.

Leia mais no Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk, sobre os bastidores para a Rio+20:
11/09/11 – Rio+20: Aldeia da Paz deverá ser referência para alojamento
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25/08/10 – Bastidores Entremundos – Direto na fonte
Sucena Shkrada Resk | 




11/09/2011 14:07
Rio+20: Aldeia da Paz deverá ser referência para alojamento, por Sucena Shkrada Resk
As etapas que integram a preparação da chamada Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental ou Rio+20 dos Povos (nome ainda a ser definido) envolvem diferentes ações e atores pelo Brasil, para preparar esse evento, cuja programação está prevista para ser realizada entre 26 de maio e 10 de junho de 2012, na região do Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, que fica a cerca de 40 km do encontro oficial no Rio Centro, na Barra da Tijuca (que acontecerá entre 4 e 6 de junho). Para receber a demanda de participantes dos mais variados lugares do planeta, o espaço batizado como ‘Aldeia da Paz’, localizada no Sítio das Pedras, no bairro Vargem Pequena, na zona Oeste carioca, deverá ser uma referência para acampamento e alojamento (este com 400 vagas).

O site para inscrições (https://www.aldeiadapaz.org) e mais informações sobre a infraestrutra do local está previsto para entrar no ar, no começo de novembro, segundo o consultor e ambientalista Thomas Enlazador, da coordenação da Aldeia da Paz e da Cúpula dos Povos. O custo, entre os dias 1º e 10 – período previsto para ocupação – terá valor popular. Na área, será permitida a entrada de pais, com filhos menores, sob suas responsabilidades. “Também manteremos espaço pedagógico, que será a Aldeinha da Paz”.

“O orçamento do projeto tem valor total estimado em R$ 2 mi, e estamos na fase de busca de apoio financeiro. Deverá ter um design sustentável, com sanitários secos, cozinha agroecológica, tratamento de resíduos, com compostagem e reciclagem com o trabalho de cooperativas locais, mercado de trocas e a implementação de uma moeda social”, disse ontem, ao Blog Cidadãos do Mundo, durante o 1º Seminário Estadual Rumo à Rio+20, realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo, sob coordenação do Comitê Paulista da Sociedade Civil para a Rio+20.

Algumas das ações em curso para poder implementar as propostas são articulações que estão sendo feitas com produtores agroecológicos do Rio de Janeiro e da Associação Brasileira de Produtores Orgânicos. “A ideia é que fiquem responsáveis por todas as refeições a serem oferecidas a preços módicos na Aldeia da Paz”.

“Existirão algumas regras de convivência por lá, como não entrar com bebida alcoólica e nem comer carne. A alimentação será vegetariana e recomendaremos que as pessoas evitem fumar cigarros industrializados neste ambiente”, afirmou o consultor. Em maio do ano quem, deverá haver o treinamento de 150 agentes que irão trabalhar na Aldeia das Paz.
Enlazador disse que mais uma das metas é de que os povos indígenas possam compartilhar o mesmo espaço, que terá a proposta de convergências. “Já existe outra área destinada a eles, mas gostaríamos que estivessem conosco”.

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11/09/11 – Rio+20: pratiquem o exercício de reflexão e cidadania
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06/06/11 – Bastidores do processo da Rio+20
20/02/11 – Rio além do +40: com certeza + 20 é uma redução da história
05/12/10 – Especial Fórum Social Pan-Amazônico – A luta só está no começo
25/08/10 – Bastidores Entremundos – Direto na fonte

Sucena Shkrada Resk | 




11/09/2011 11:57
Rio+20: pratiquem o exercício de reflexão e cidadania, por Sucena Shkrada Resk
Hoje, uma das ferramentas de participação da sociedade civil, no processo de elaboração da Rio+20 – Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, que ocorrerá em junho, no Rio de Janeiro, é responder a um questionário de consulta pública, disponível na página https://hotsite.mma.gov.br/rio20/consulta-publica-4/, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), até o próximo dia 25 de setembro.

Eu dediquei esta manhã para essa experiência de reflexão, que encaminhei como minha contribuição cidadã e a compartilho com vocês. Usufram dessa ferramenta e também dediquem um pouco do tempo de vocês a esse exercício. Depois, acompanhemos como será o documento final, que o governo brasileiro irá produzir sobre sua posição, que deverá ser enviado à Secretaria do evento, até o dia 1º de novembro.

QUESTIONÁRIO Rio+20 – Respostas: Sucena Shkrada Resk

1. A Conferência deverá estabelecer a nova agenda internacional para o desenvolvimento sustentável para os próximos anos. Para que o Brasil exerça a liderança desse processo, deverá apresentar propostas para uma agenda de vanguarda, que eleve os níveis de ambição dos atuais debates. Qual seria a contribuição do Brasil nesse contexto?

Cumprir ou manter o processo de cumprimento dos acordos internacionais já em vigor, no tocante a Mudanças Climáticas, Diversidade Biológica, Florestas, Desertificação, Protocolo de Montreal, das Florestas Tropicais, entre tantos outros, atrelados à legislação nacional que os ratifica. Essa consonância é fundamental para dar sentido ao discurso, na forma prática. O protagonismo só se dá com a coerência, não é necessário nada arrojado, mas concreto e objetivo, e acima de tudo, ético e transparente. Mais que status de vanguarda, o Brasil, em minha avaliação, deve se preocupar em correr atrás do desafio das desigualdades em um país de extensão territorial continental, com mais de 16 milhões abaixo da linha da pobreza, outros milhares de pobres – que quer queira, quer não – estão invisíveis à maioria de nós, da sociedade, que só os enxerga como números nas estatísticas. Não sabemos identificar seus anseios, seus rostos, seus nomes… Por outro lado, tem de avaliar que trazer essa camada ao consumo não significa melhoria, se reproduzir o modelo atual. Todas essas questões têm de ser implementadas de forma conjunta. Na minha avaliação, o Brasil não pode se acomodar com um suposto curso de país emergente, que espera estar entre os status de desenvolvido. Afinal, não está se discutindo exatamente o paradigma de desenvolvimento? É muito fácil se falar do tripé ambiental, social e econômico, mas a questão é equilibrar essa balança em que todos os setores de um governo, desde o planejamento até o ambiental e de relações internacionais, falem a mesma linguagem; que os setores da economia sigam o mesmo paradigma, como também do legislativo, do judiciário, do terceiro setor, da Academia etc. Os cidadãos precisam ter noção de sua participação nessa cadeia.

2. Como poderá a Conferência causar impacto no debate interno sobre o desenvolvimento sustentável no Brasil e contribuir para as necessárias transformações do país rumo à sustentabilidade?
Desde que permita, de fato, o envolvimento da sociedade civil (organizada ou não) e inclua a camada significativa do planeta, dos cidadãos excluídos, que estão abaixo da linha da pobreza e na pobreza. O fato de o evento oficial ser no Rio Centro e o civil, na Praia do Flamengo (como ocorreu em 1992), a uma distância estimada de 40 km, simboliza certo afastamento. Essa distância terrestre pode ser superada por mecanismos de compartilhamento promovidos pela organização do evento. Como um trabalhador comum, estudante, desempregado, dona de casa, que tem dificuldade de pagar transporte público e ter acesso a serviços de qualidade, pode fazer esses deslocamentos? A verticalização vem na contramão da democracia, do processo inclusivo. É preciso lembrar que todos os governantes (de uma maneira geral, nos regimes democráticos mundiais) são eleitos pelo povo, são seus representantes. A comunicação que antecede ao evento é mais fundamental ainda, neste sentido, tendo em vista, que sem conhecimento, a população não tem condições de se envolver, de reivindicar, de sugerir e de ser empoderada (isso envolve todos os diferentes tipos de mídias – desde rádios comunitárias, concursos de ideias e jornais murais nas escolas, nas discussões nos condomínios, em associações de amigos de bairro, em audiências públicas e no bom uso das redes sociais e das mídias, em geral). As políticas públicas e setoriais da economia dependem dessa conjunção, e deve estar calcadas nos pilares já conhecidos, que fundem justiça social, com capacitação e geração de empregos justos; proteção da biodiversidade, investimento em energia renovável e limpa, reforço do pilar da educação socioambiental, que tenha a premissa do consumo sustentável, investimento em saúde ambiental, que envolve desde a infraestrutura do saneamento. De nada adianta se avançar no PIB (Produto Interno Bruto) do país, se o mesmo não tem coleta e tratamento de esgoto em 50% e se não investe também em economia solidária, criativa, em modais na área logística que infiram transportes menos poluentes e coletivos, como também, na efetiva implementação do Estatuto das Cidades, que exige planos diretores consistentes, em consonância com o artigo 225 da Constituição Federal a legislações como o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, em consulta atualmente.

3. Como poderá a Rio+20 assegurar a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável? Como poderá contribuir para o fortalecimento do multilateralismo, ultrapassando as divisões tradicionais (exemplo: Norte-Sul)?
Desde que teça acordos políticos consistentes, que implementem, melhorem ou atualizem acordos, tratados e protocolos que já estão em curso, muito antes e depois da Rio 92, que fazem parte de fóruns, como as conferências das partes das convenções climática (tendo em vista a expiração da primeira etapa do Protocolo de Kyoto, por exemplo), da diversidade biológica (já firmado contra a biopirataria…), da desertificação, das florestas, das implementações de fundos já acordados para a assistência a países vulneráveis, da implementação do REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação e do REDD+, além do investimento maciço em tecnologia de mecanismos de desenvolvimento limpo, de fato. Também é importante que se reveja a Agenda 21, a sua real dificuldade de implementação e, se necessário, a atualize, e prioritariamente a torne acessível em diferentes linguagens – de acordo com a faixa etária, alfabetização (infelizmente, ainda nos deparamos com o analfabetismo, que é um dos gargalos a serem superados com vigor e vontade política). Mais um ponto é trazer à tona a reafirmação do compromisso que está sendo proposto pela 2ª Jornada Internacional de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. O poder de escolha de um cidadão só acontece a partir do conhecimento e da prática. Nisso, incluo o respeito aos saberes tradicionais, não só da boca para fora, mas numa interrelação frutífera de suas melhores contribuições para a fundamentação do tripé da sustentabilidade. Não basta termos a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, se são ignorados, em muitas circunstâncias, em suas manifestações. Todas essas questões estão calcadas em princípios da própria Carta do Rio e da Carta da Terra.

4. Quais são os principais avanços e lacunas na implementação dos documentos resultantes das Cúpulas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio de Janeiro, 1992 e Joanesburgo, 2002)?

De uma forma resumida, os gargalos são decorrentes de vontade política e do fato de grande parte dos países não revisarem os modelos de desenvolvimento, baseados na sociedade de consumo advinda da Revolução Industrial. A palavra desenvolvimento, com os anos, foi perdendo o seu real sentido pragmático proposto, desde a Conferência de Estocolmo, em 1972. A locomotiva de um país empreendedor não pode atropelar a justiça social e o meio ambiente, por uma questão óbvia: sobrevivência. Enquanto essas ligações não forem feitas pelos governantes, pelo poder legislativo, pelo judiciário, pelas grandes a pequenas empresas, pelo terceiro setor, pelos segmentos de comunicação e por nós, da sociedade, como um todo, nada mudará. Os sinais vêm em doses homeopáticas, quando as opções de financiamentos e subsídios e políticas setoriais e internacionais, por exemplo, priorizam monocultura e pecuária extensivas, modelos construtivos que não são ecoeficientes, extração exacerbada de bens naturais, corrupção, aparelho de fiscalização deficiente para dar conta da implementação das políticas, produção de bens de consumo obsoletos, e defesa de que o consumo e mais consumo de bens é sinônimo de qualidade de vida, entre tantos outros problemas. No campo de avanços, vejo o Protocolo de Montreal. Outro é o Protocolo de Acesso e Repartição de Benefícios dos Recursos Genéticos da Biodiversidade (ABS, em inglês), assim, como a mobilização de recursos financeiros (mas que dependem de implementação).

5. Quais são os temas novos e emergentes que devem ser incluídos na nova agenda internacional do desenvolvimento sustentável? Quais temas contemplam, de forma equilibrada, as dimensões ambiental, social e econômica?

Na minha opinião, se fizermos um paralelo com a ECO 92, os temas “novos” fazem parte do leque das energias renováveis. Os demais já vêm sendo discutidos desde lá e muitos, antes, como economia solidária, criativa, agroecologia, educação ambiental transversal etc.

6. A economia verde deve ser uma ferramenta do desenvolvimento sustentável. Nesse contexto, novos padrões de consumo e produção devem guiar as atividades econômicas, sociais e ambientais. Quais seriam esses novos padrões?
Não se trata de inventar a roda, seja qual nome for dado. Essa discussão, que infere pegada ecológica e trabalho justo, vem desde o documento Os Limites do Crescimento. Os padrões têm como base produzir de forma racional, consumir menos, reaproveitar, melhor distribuir e compartilhar. Se a expectativa de sermos 9 bilhões de pessoas, em meados da metade deste século, se firmar, quantos mais padecerão por falta de água, alimento, por má distribuição, por meios indevidos de cultivo, de políticas, de guerras, por regimes ditatoriais, como pano de fundo? O desenvolvimento sustentável tem a premissa de a gestão de conhecimento e da tecnologia ser democratizada., por meio de ideias, capacitações, equipamentos e ações, gerando empregos justos. Os efeitos climáticos são latentes e visíveis. Queremos perpetuar situações como as que ocorrem nos morros, vales e rincões brasileiros, no Chifre da África, no Haiti, na América Latina, na Ásia, ou melhor nos centros urbanos, onde vivem cerca de 80% da população? Queremos perpetuar o ciclo de troca de aparelhos sonoros, domésticos, veículos, como se fosse algo sem impacto algum? Queremos construir edificações com ar-condicionado e usar milhares de folhas para imprimir nossos documentos e utilizar utensílios descartáveis de todo tipo; queremos ver nossas torneiras sem água, porque desperdiçamos em atos simples, como lavar calçada com mangueira ou deixarmos abertas as torneiras ao simples escovar dos dentes, ou então, no processo de geração de energia, desperdiçarmos cerca de 30%? A economia verde prescinde da reeducação, do entendimento dessas conexões, dos porquês, dos ciclos, sem nenhum processo demagógico. Quando se fala do ganha-ganha, aí está um sentido muito mais profundo do que possamos imaginar. É um aprendizado contínuo a que nós temos de nos submeter como consumidores, cidadãos e como gestores etc.

7. Há consenso político de que as políticas e instrumentos para a implementação da economia verde deverão variar de acordo com o contexto de cada país. Com essa premissa, e considerando o desafio da erradicação da pobreza, como a transição para uma “economia verde” pode ser inclusiva e contemplar princípios de equidade entre gerações, entre países e dentro de um mesmo país?

O princípio é implementar as propostas de forma ética e transparente. A aparente perda econômica, considerada por setores produtivos, para os conceitos desgastados de economias pujantes da locomotiva do crescimento se desconstroem em médio e longo prazo, quando se entende o que é a governança da sustentabilidade. A economia capitalista já mostra os seus sinais de apatia, com a Crise Econômica desencadeada em 2008, os processos são cíclicos na História. Investir em tecnologia limpa, em impostos que não sejam abusivos, em educação socioambiental e para a cidadania, em capacitação, em geração de emprego decente, que não comprometa a saúde física e mental das pessoas é um princípio básico em países pobres, em desenvolvidos e nos desenvolvidos. A troca de conhecimento e ajudas financeiras entre os mais ricos e pobres têm de sair do campo dos discursos. As pessoas morrem aos milhares diariamente e isso não é retórica.

8. Qual o modelo de estrutura institucional que permite integrar melhor as agendas e atividades das instituições responsáveis pelos pilares econômico, social e ambiental do desenvolvimento sustentável, nas esferas internacional e nacional?

Acredito que os modelos participativos, os quais integrem os mais diferentes atores (gestão pública, legislativa, judiciária, financeira, da iniciativa privada, do terceiro setor, da academia e da comunicação, entre outros. Considero essencial não se esquecer das minorias, porque as mesmas, têm de se manifestar.

9. Quais sugestões poderiam ser feitas para que a implementação de projetos de agências internacionais no País seja realizada de forma coordenada, evitando a duplicação de esforços?

Discute-se formar uma agência ou organismo deliberativo no Sistema ONU, que pode ser a junção de muitos braços já existentes, do reforço do PNUMA ou de um novo órgão. Seja como for, acredito que o que está em jogo é a credibilidade, que tem de ser construída. O diálogo para a efetivação de ações parte do princípio, de projetos com horizonte de curto, médio e longo prazos colocados à mesa, no âmbito global e de convergência com os planos nacionais, que podem ser divididos por diferentes formas: continentais, por biomas, por condições socioambientais similares. Em cada país, há muitas realidades que se convergem. É aí que a união de forças pode dar certo para empreender, mitigar e adaptar. Não adianta também o BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, o BIRD – Banco Mundial, o FMI – Fundo Monetário Internacional, o Fórum Econômico de Davos, o Fórum Social Mundial, o G20, o G77, os BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), as representações africanas, asiáticas não se dialogarem, serem dissociadas. Desenvolvimento significa unir todas essas instâncias deliberativas ou não pelo bem comum da humanidade e da conservação da vida no planeta. Obviamente não é uma tarefa fácil, mas é possível. É preciso se superar antagonismos seculares de campos ideológicos e da práxis do próprio sistema ONU e dos regimes internos políticos também dos países, dos estados e dos municípios. Do macro ao micro e vice-versa.

10. Como fortalecer a governança ambiental internacional, particularmente o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em seu papel de apoiar os países na implementação dos compromissos ambientais e de formação de capacidades, promovendo a melhor interação entre os acordos multilaterais ambientais, entre si e com o Programa?

A resposta acima coincide com essa questão.

11. Qual o papel dos atores não-governamentais no sistema multilateral e de que forma as estruturas de governança das Nações Unidas podem viabilizar a participação e o reconhecimento das visões e demandas desses atores, de forma a não só influenciar o processo decisório como, também, de torná-los mais comprometidos com a implementação das decisões?

Todos devem estar à mesma mesa e ao mesmo tempo irem a campo, se defrontarem de perto com os problemas da vida real, ouvirem os demais atores. As políticas de Estado têm de ser vigorosas, independentes de eleições, e implementadas e corrigidas, se necessário, no curto, médio e longo prazo, visando as benfeitorias com “longa vida útil”, que atendam às atuais e futuras gerações (Sucena Shkrada Resk).

Sucena Shkrada Resk | 




21/08/2011 14:46
Cidades sustentáveis: a base nos planos diretores, por Sucena Shkrada Resk
No meio da plateia, uma senhora se levantou e bradou – “O importante são os planos diretores e independem de quatro anos de gestão. Sentada ao meu lado, a senhora Akiko falou – “Toda sociedade deveria estar a par de tudo”. Esse é o pano de fundo que considero oportuno registrar como pertinente no lançamento do 
Programa Cidades Sustentáveis , pela Rede Nossa São Paulo, pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e a Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis, no último dia 19, em São Paulo, com apoio da Fundação Avina.

O que mais me chama a atenção nos discursos oficiais e extraoficiais é a importância que se dá cada vez mais para a gestão participativa, em nossos municípios. A Plataforma, com 100 diretrizes estratégicas e diversos cases ilustram projetos bem-sucedidos por cidades mundiais e pontuam que ideias consolidadas de forma coletiva podem substancialmente resultar em práticas de longo prazo.

Mas as coisas só vão literalmente para frente se há, de fato, o envolvimento conjunto da sociedade organizada ou não, da gestão pública e do empresariado. Não dá para nos pautarmos em “audiências públicas para inglês ver” e achar que o rito protocolar é suficiente ou, então, que só basta participar de manifestações de massa. O processo precisa ter, acima de tudo, OBJETIVIDADE e reconhecimento dos pós e contras. Afinal, não há tempo a perder. Esse sentido de urgência já está claro nas entrelinhas há muito tempo.

O conteúdo que consta no Programa, na verdade, já é previsto em leis, mas na prática está longe de execução consistente em nosso país. Alguns eixos centrais exemplificam bem essa questão – Educação para a sustentabilidade, Consumo Responsável e Opções de Estilos de Vida e Economia Local, dinâmica e sustentável…

Tornar público o que é promovido nesse sentido pode servir de impulso multiplicador, adaptado obviamente, aos contextos das realidades locais; afinal, não existe uma “forma de bolo” única. Com isso, é possível verificar o que podemos agregar, por exemplo, com a experiência de Barcelona com a implementação da energia solar; do Banco Palmas, em Fortaleza, ou das ações em mobilidade em Bogotá, entre tantas outras.

E como não poderia deixar de ser, retomo as palavras daquela senhora que citei no início do artigo, quanto ao plano diretor, que é uma determinação constante no Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001). Ela foi direto ao ponto, pois se trata do instrumento básico que rege a condução de nossos municípios, no qual temos de nos aprofundar e colaborar da concepção à execução. Portanto, se é falho ou desrespeitado, faz com que a cidade “adoeça”.

A legislação é muito clara:
‘…O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana…’. Sua revisão deve ocorrer de 10 em 10 anos e, segundo a resolução 15, agregou o caráter participativo, que envolve tanto a área urbana, como rural. Dessa forma, está relacionado à Agenda 21.

Caso não assuma esse caráter participativo, o prefeito pode ser julgado por improbidade administrativa, conforme o artigo 52 do Estatuto da Cidade.

Em seu artigo 39, ainda diz – ‘A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor, assegurando o atendimento das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao desenvolvimento das atividades econômicas, respeitadas as diretrizes previstas no art. 2o desta Lei’.

Quanto à participação e divulgação, o documento salienta que na elaboração, fiscalização e implementação, os poderes Legislativo e Executivo devem garantir a promoção das audiências públicas e debates populares e de associações representativas, como também, a publicidade dos documentos e o acesso democrático aos mesmos.

Agora, pergunto – Quantos de nós temos ciência disso?

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20/05/2011 22:27 – Urbanismo: a importância de compartilhar a experiência de modelos
Sucena Shkrada Resk | 




19/08/2011 23:52
Trabalho decente exige consumo racional, por Sucena Shkrada Resk
A quantidade de empresas que usam mão de obra escrava é alarmante, como temos observado em notícias mais recentes com relação a redes de comércio de roupas e acessórios e seus fornecedores. Algumas continuam com a prática, mesmo com um histórico de denúncias anteriores. Essa situação nos faz querer entrar em aula de corte e costura, como nossas mães e avós tinham, pois ficamos praticamente sem saída. Olhamos para o guarda-roupa e volta e meia lá está uma marca que foi flagrada. Essa cadeia de exploração tem de ser boicotada; pois só a pressão popular é infalível. Afinal, trabalho decente é para todo mundo.

Esses cursos de trabalhos manuais são úteis, mas deveriam ser inspirados em outros contextos e, não, em decorrência dessa rede de exploração do trabalho, mas como um valor agregado em nossa vida cotidiana, para termos mais autonomia, condições de customizar e de gerar renda decentemente.

A economia solidária é um caminho coerente nessa situação. Numa outra vertente, vejo que a redução de consumo e a reforma de roupas também têm de ser vistas como algo racional e “sustentável”. Não dá mais para ficarmos inebriados com os comerciais, com os apelos das propagandas. Há pessoas que se endividam comprando roupas…

Abaixo às frescuras…Com o passar do tempo, descobri que é uma grande bobagem também achar que vestir uma roupa diferente a cada dia é uma vitrine a ser preservada. O importante é que esteja “limpa”, não é verdade? E nada mais sustentável do que utilizar um acessório cá, outro acolá e fazer essa reutilização com criatividade. Já pensaram o quanto podemos economizar em todo sentido?

Quanto à qualidade, nem se fala. É preciso haver mais critério ao se consumir. Muitas vezes esses produtos made in China e em outros países são feitos com materiais sem qualquer garantia. E não são só encontrados nas ruas, mas em lojas, nas prateleiras. Ficamos reféns de “preços” convidativos, que podem, no final, nos custar caro.

Em resumo, percebemos que podemos ser responsáveis por grandes transformações, com pequenos atos.
Sucena Shkrada Resk | 




12/08/2011 09:03
Todo dia é tempo de recomeço, por Sucena Shkrada Resk
A crise da fome e política na região do “Chifre da África” me leva a pensar que há muito a fazer e muito a mudar, não só lá, mas em nosso interior. É tempo de recomeço diário da construção de nossos valores de vida… Nada mais justo do que querermos qualidade de vida e conforto – mas os excessos comprometem o todo. A preocupação com “o cosmético”e com a estética, quando toma as rédeas de nossos caminhos, faz com que sejamos opacos na relação com o mundo…

Independente de credo e religião e fatores culturais, algo é imutável:
Só conseguimos avançar, quando reconhecemos o direito universal à dignidade e ao mesmo tempo nossos deveres nessa cadeia. A partir daí, é possível prosseguir em ações mais concretas. Tarefa fácil? Não, porque somos imperfeitos, mas temos algo a nosso favor: a consciência que nos chama sempre a refletir…

Em nosso padrão moderno de desenvolvimento, ser solidário só se torna atrativo para um grande contingente, quando os holofotes estão focados em sua direção. Aos milhares de anônimos, que resgatam o conceito da palavra, o grande prêmio é ver um sorriso, uma criança superar o estágio de desnutrição, um ser humano conseguir se sustentar com sua força e garra…Nesse caminho, há também perdas, que entristecem, mas ao mesmo tempo esperança, nessa luta conjunta…

Leia também no Blog Cidadãos do Mundo:
06/08 – O que se fala sobre vulnerabilidade climática (parte 1)
06/08 – Seca na Somália: precisamos sair de nossas caixas blindadas
22/07 – Alerta sobre flagelo africano
30/06 – Nota: mobilização da sociedade para a Rio+20
06/06 – Bastidores do processo da Rio+20
20/02 – Rio além do +40: com certeza + 20 é uma redução da história

Sucena Shkrada Resk | 




07/08/2011 12:31
O que se fala sobre vulnerabilidade climática (parte 1), por Sucena Shkrada Resk
Quando se trata de vulnerabilidade climática associada à desestabilização socioeconômica e política, parece que um grande paredão se forma, e a sensação de impotência aparece, pois há outras questões fundamentais associadas: fome, falta de saúde e morte. Mais conhecimento a respeito dessa dinâmica é necessário para poder traçar discussões sobre ações de curto, médio e longo prazo, rumo à Conferência das Nações Unidas em Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). Isso ocorre, tendo em vista, que o diálogo no âmbito das conferências das partes das convenções climáticas pouco avançaram até agora, o que gera um estado de apreensão global. O Protocolo de Kyoto, o pós Kyoto e o fundo para adaptação ficaram circunscritos aos papeis.

Em outubro do ano passado, foi divulgado o Índice de Vulnerabilidade a Mudanças Climáticas (IVMC), pela empresa britânica de consultoria de riscos Maplecroft, a partir de uma avaliação da situação em 170 países. As análises tiveram como base 42 fatores sociais, econômicos e ambientais; entre eles, a capacidade de resposta dos governos, no intuito de avaliar o risco para a população, os ecossistemas e os negócios em função das mudanças climáticas.

Um total de 16 foi colocado na categoria de ‘risco extremo’:
1- Bangladesh
2- Índia
3- Madagascar
4- Nepal
5- Moçambique
6- Filipinas
7- Haiti
8- Afeganistão
9- Zimbábue
10- Mianmar
11- Etiópia
12- Camboja
13- Vietnã
14 – Tailândia
15- Maláui
16- Paquistão

Observamos que não figura, entre os primeiros, a Somália, que enfrenta a pior seca em 60 anos, onde morrem milhares de pessoas nos últimos meses, mas a África é uma região de grande vulnerabilidade, com 12 países entre os 25 em maior risco. Já o Brasil é considerado de “médio risco” com relação à capacidade de adaptação.

O Relatório Tendências Globais 2010, divulgado neste ano, pela Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), aponta que há mais de 2 milhões de pessoas afetadas por desastres naturais, que são atendidas pela organização, de um total de 43,7 milhões de cidadãos. Esses números aumentam dia a dia e exige um olhar mais profundo sobre essa questão.

Hoje, alguns estudos podem servir de parâmetro, associados à realidade incontestável de extrema pobreza que assola principalmente países na África Subsaariana e do sul da Ásia, como também na América do Sul e Central.

Seguem algumas pesquisas nacionais e internacionais, de diferentes fontes, para reunir material afim de iniciar um debate mais fundamentado a respeito:

ÂMBITO NACIONAL:
– Vulnerabilidade das Megacidades Brasileiras às Mudanças Climáticas: Região Metropolitana de São Paulo/Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e outros – 2010 – (https://www.inpe.br/noticias/arquivos/pdf/megacidades.pdf);

– ” do Rio de Janeiro ” 2011 – (https://www.riocomovamos.org.br/arq/vulnerabilidade2011.pdf);

– Mapa da Vulnerabilidade da População do Estado do Rio de Janeiro aos Impactos das Mudanças Climáticas nas Áreas Social, Saúde e Ambiente/Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para o Governo do Estado – (https://issuu.com/rebal/docs/mapa_de_vulnerabilidades_rj_-_relatorio_4_final_-_);

ÂMBITO MUNDIAL 


– Choques Climáticos: risco e vulnerabilidade num mundo desigual, do Relatório de Desenvolvimento Humano/ Organização das Nações Unidas (ONU) 2007-2008. Disponível em: https://hdr.undp.org/en/media/HDR_20072008_PT_chapter2.pdf ;

-Concurso Internacional de Micro-documentários, de 2008 – Vulnerabilidade exposta: Dimensões sociais das mudanças climáticas/Banco Mundial (BIRD). Disponível em: https://migre.me/5rulL;

– Mudança Climática: rumo a um novo acordo mundial – Relatório Científico III Conferência sobre Mudanças Globais: América do Sul/Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP) – 2008. Disponível em: https://www.iea.usp.br/iea/textos/relatorio3confregmudancasglobaisal.pdf ;

– Alterações Climáticas: perspectivas africanas para uma acordo pós 2012/ONU-Comissão da União Africana – 2008. Disponível em: https://www.uneca.org/cfm/2008/docs/Portuguese/ClimateChange.pdf .

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Sucena Shkrada Resk | 




06/08/2011 14:07
Seca na Somália: precisamos sair de nossas caixas blindadas, por Sucena Shkrada Resk
Em uma palestra do patologista Paulo Saldiva, que cobri em evento em São Paulo, nesta semana, fiquei muito emocionada, no decorrer de sua exposição, quando mostrou a foto atual de uma criança somaliana tão fragilizada pela fome, que simboliza milhares de pessoas naquele país, que precisa de muita ajuda. Mais de 29 mil crianças, menores de 5 anos, morreram nos últimos 3 meses.

Nas últimas semanas, essa situação me sensibiliza. É aí que está a maior prova de que para sermos sustentáveis, no mínimo, precisamos reconhecer a fragilidade do outro e suas necessidades, e como podemos atuar, nem que seja com atos ínfimos ao olhar alheio…

É preciso começar de alguma forma: seja com divulgação, donativo, voluntariado ou emanando pensamentos de solidariedade. O que não é mais possível é ignorarmos e ficarmos em nossas caixas seguras e blindadas. Vale lembrar também, que moradores do Vale do Ribeira precisam de auxílio.

Atuam hoje, na Somália, em ações humanitárias: Action Aid, Cruz Vermelha Internacional, ANHCR, Programa Mundial de Alimentos, Care, Médicos sem Fronteiras, Save the Children e Unicef, entre outros.

Políticas públicas éticas e eficientes são pilares nessas transformações, tanto no âmbito nacional, como nas relações internacionais. Não temos que esperar datas de eventos “mundiais” importantes para nos mobilizarmos.

Enquanto muitos estão preocupados com a roupa e o calçado de grife, em comer em um restaurante da moda, em comprar o modelo mais recente de carro, em divagar sobre questões pueris e passionais, pessoas morrem aos milhares, porque não têm sequer um grão de alimento, água, roupa e morada. Aqueles olhares perdidos buscam outros olhares que os enxerguem.

Leia também no Blog Cidadãos do Mundo:
22/7/2011 – Alerta sobre o flagelo africano, por Sucena Shkrada Resk
Sucena Shkrada Resk | 




31/07/2011 15:38
Um diálogo com a Ecosofia, por Sucena Shkrada Resk
Ecosofia ou sabedoria da casa comum. Esse termo em construção expresso pelo sociólogo Michel Maffesoli, professor da Universidade Paris-Descartes e vice-presidente do Institut Universitaire de France (IUF), nos revela um olhar que se contrapõe à negação e ao catastrofismo. Ao assistir a transmissão pela Web, de palestra ministrada por ele, no primeiro semestre deste ano, no Brasil, fiquei com a curiosidade aguçada para compreender melhor o que está por trás dessa nova definição do “oikos”.

De acordo com o Centro de Pesquisas Atopos, da Universidade de São Paulo (USP), esse campo de conhecimento integra as ciências humanas, as naturais e as econômicas e tem por objetivo a busca de um novo pensamento, que supere a filosofia opositiva e desenvolva discussão transdisciplinar em uma dimensão ecossistêmica. Isso representa a criação de um dinamismo ecossociológico, no qual a técnica deixa de ser considerada uma forma de agressão à natureza, para se tornar o elemento de equilíbrio dessa ecologia integrada. Em outras palavras, tudo que, de certa forma, o movimento ambientalista almeja calcado na palavra sustentabilidade.

Em entrevista ao repórter Andrei Netto, do Estadão, em abril deste ano, Maffesoli faz uma analogia interessante, ao dizer que o que está em curso é um retorno ao ventre, à Terra-mãe, a que denomina de “invaginação do sentido”. Por sua vez, a Ecosofia traz esse novo paradigma, segundo ele. De certa forma, podemos relativizar sua afirmação ao conceito de Pachamama, dos povos tradicionais. Entretanto, essas populações ainda estão no embate com o “chamado” avanço tecnológico.

Em sua obra Saturação, de 2010, pela Iluminuras, é possível observar que o sociólogo faz uma leitura metafórica sobre a Ecosofia, a relacionando à sensibilidade ecológica, que tem como fundamento a aceitação das voltas e dos desvios. Ele os compara aos labirintos e aos corredores mal iluminados de todos os cômodos sombrios e desordenados da casa (oikos) individual e comunitária.

Segundo o pensador, o âmago dessa nova corrente é justamente a lógica da conjunção, que se baseia nas práticas da vida corrente, em que o corpo e o espírito fiquem intimamente mesclados. Em um dos trechos o livro, diz – “…Práticas vividas mais do que pensadas. E, em todo caso, pouco reconhecidas pelas instituições sociais. Mesmo a ecologia política, que permanece no jogo obsoleto dos partidos políticos, é estranha à ecosofia, exatamente no que ela fica obnubilada (obscurecida) pelas fendas e dicotomias que fizeram a alegrias das teorias modernas…”.

Mais adiante, ele afirma que o que está em jogo na sensibilidade ecológica e na procura da autenticidade….é reconhecer o que pode haver de tranquilizante na aceitação da finitude – “Atitude homeopática que não ultrapassa essas características da natureza humana que são a morte, a dor, a violência, mas as integra e, assim, ameniza-as…”.

Nessa corrente de pensamento, a tecnologia deixa de ser meramente instrumental e perde seu caráter ameaçador e ingressa na proposta de uma relação de troca de benefícios com o ser humano e o meio ambiente. O progresso a qualquer custo é revisto e a sociedade sai da visão substancialmente antropocêntrica.

Ao avaliar a ânsia que tange os caminhos da Ecosofia, observo que representa o que move muitas pessoas neste planeta, devido ao avanço das mudanças climáticas, do aquecimento global, do aumento dos refugiados climáticos …É o que se discute nas conferências das partes das convenções climáticas, da biodiversidade, da desertificação…É o que se almeja, de certa forma, com a Rio+20 e em tantas outras instâncias. A questão é como implementar este novo paradigma de forma mais profunda, a tempo de que as mudanças possam ocorrer neste século…Ainda engatinhamos no processo de empoderamento dessa “conjunção” a que Maffesoli se refere. Não encontramos a “métrica” da sustentabilidade.

Sucena Shkrada Resk | 




30/07/2011 09:24
Estamira partiu e deixou seu legado, por Sucena Shkrada Resk
Estamira ou melhor Estamira Gomes de Sousa partiu na última quinta-feira, 28. A sua pousada de trabalho não é mais o Aterro Controlado de Gramacho, em Duque Caxias, RJ, mas o “universo”, se assim podemos dizer. Aos 72 anos, essa senhora, que com suas palavras diretas e precisas nos atinge em cheio, nos deixou um legado, por meio do documentário Estamira, de Marcos Prado, do qual foi protagonista, em produção de 2005.

Quando queremos falar sobre consumo consciente, nada melhor, do que ouvi-la e ver o que nossos olhos também, muitas vezes, não querem enxergar. É indispensável em sala de aula. Basta mostrar um trecho, para provocar a sensibilização necessária aos estudantes!

O mínimo a desejar, agora, é que essa senhora esteja em paz nessa nova jornada. Mas o que não podemos deixar em “brancas nuvens” é o fato de que, após mais de duas décadas vivendo a rotina árdua de catadora, no que foi considerado o maior lixão do Brasil, ela tenha falecido, após esperar “provavelmente” dois dias por atendimento médico nos corredores do Hospital Miguel Couto. Ela precisava ser tratada por causa de uma infecção no braço. Essa notícia causa indignação e revela, mais uma vez, como o atendimento à saúde pública, em diversas situações, em vez de nos salvar, nos definha.

De acordo com notícia divulgada no Portal Terra, Prado fez um desabafo em seu Facebook sobre a “…falência e deficiência de nossas instituições públicas…”, ao citar essa situação, que também foi relatada pelo filho dela, Ernani, em outras publicações. A Secretaria Municipal de Saúde negou as acusações e informou à imprensa que em momento algum a paciente foi acomodada em um dos corredores do hospital, segundo reportagem do G1, do dia 28. O certo, entretanto, é que ela morreu em decorrência de infecção generalizada.

Mas com certeza, as suas mensagens serão eternas. Em 14 de junho de 2009, escrevi um post sobre Estamira no Blog, pois ela ocasionou uma avalanche em meus valores de mundo, sem exagerar em acentos ou vírgulas, que intitulei de “Quantas Estamiras há no Brasil?” e volto a fazer a mesma pergunta. São Estamiras (e a versão masculina delas) que precisam ser respeitadas (os), bem cuidadas (os) e não serem vítimas do nosso descaso…
Sucena Shkrada Resk | 




28/07/2011 16:48
Atenção às nossas águas, por Sucena Shkrada Resk
A Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil 2011 (https://conjuntura.ana.gov.br/conjuntura/) foi divulgada, neste mês, pela Agência Nacional das Águas (ANA), e traz como ‘recado’ o alerta sobre a situação atual da qualidade e quantidade das águas no país. O levantamento foi realizado em 2.312 locais (açudes, reservatórios ou lagoas, rios, córregos e ribeirões), distribuídos em 17 estados. Com relação à qualidade da água bruta, os resultados foram os seguintes: 4% (ótima), 71% (boa), 7% (ruim) e 2% (péssima).

Uma das principais conclusões do estudo aponta também para “altos’ percentuais de desconformidades (baseados em dados apurados no ano passado e em 2009). São respectivamente de 51% com relação a coliformes e 42% quanto à presença excessiva de fósforo.

A pior situação é encontrada em regiões hidrográficas do Atlântico Nordeste Oriental, Atlântico Leste e Parnaíba e em corpos d´água, que recebem efluentes domésticos nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Vitória. Outra localidade afetada é a Bacia do Rio Tocantins. O que ocorre é o aumento da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) acima de 5 mg/l.

De onde provém a maioria dos problemas? Dos esgotos domésticos e das cargas difusas, ou seja, de nosso padrão de consumo e da deficiência de redes coletoras e de tratamento nos municípios. A cobertura, atualmente, gira entorno de 50,6% e 34,6%, de acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SINS) 2008.

Um dos comprometimentos é a eutrofização, por causa do excesso de fósforo e nitrogênio. Dessa forma, ocorre a proliferação de matéria orgânica e diminuição de oxigênio nas águas e há o aumento de microalgas e cianobactérias, que podem produzir toxinas letais, além de mudanças da biodiversidade e mortandade de peixes. O problema atinge mais as represas e lagos.

No aspecto quantitativo, a situação crítica é encontrada no Nordeste, por causa da demanda, e no sul do Brasil, devido ao uso para irrigação nas culturas de arroz.

Políticas relacionadas


É importante destacar, que neste ano, deve ser lançado o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) https://www.cidades.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=302%3Aplansab&catid=84&Itemid=113, que apresenta como desafio dar conta desse gargalo de infraestrutura no Brasil. O processo teve início em 2008 e tem o objetivo de integrar abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, como também, drenagem e manejo das águas pluviais urbanas. No caso da PNRS, a próxima atualização está programada para 2014.

Isso quer dizer que, pelo menos, três Políticas Nacionais têm de estar casadas: a de Saneamento, de Recursos Hídricos e a mais recente, que é a de Resíduos Sólidos, cuja primeira versão do Plano está prevista para ser apresentada à sociedade, agora, no mês de agosto.

Capacidade e consumo

Quando se observa os recursos hídricos no quesito de capacidade total instalada para a produção de energia elétrica, os números são mais favoráveis x esgotamento sanitário. As hidroelétricas representam 72% dos 113.327 MW. Mas ao se avaliar regionalmente, é detectado que o maior estresse hídrico está nas regiões do Semiárido, da Bacia do Tietê e das Bacias do Uruguai e do Atlântico Sul.

Disparadamente, o maior uso da água é para a irrigação (47%) e ao abastecimento urbano (26%), seguidos pela indústria (17%), pelo segmento de criação animal (8%) e pela área rural (2%).

Situações de emergência

Em 2010, segundo o levantamento, um total de 563 municípios decretou situação de emergência ou estado de calamidade pública, devido às cheias, principalmente na região Sudeste e no Rio Grande do Sul. No caso da Amazônia, entretanto, o destaque foi para a estiagem, entre setembro e dezembro daquele ano.

Segundo a ANA, desde 2009, é aplicada a metodologia de elaboração de planos de recursos hídricos de bacias hidrográficas com a simulação dos efeitos das mudanças climáticas. Os documentos são elaborados no âmbito de 164 comitês de Bacias estaduais e nove interestaduais.

No ano passado, a 2ª Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável em Regiões Semiáridas, realizada no Brasil, resultou na Declaração de Fortaleza, que será apresentada na Rio+20, no ano que vem. A constatação de mais de 80 países presentes no evento é que há a necessidade de melhoria do monitoramento ambiental em regiões áridas e semiáridas, com relação ao planejamento e enfrentamento dos eventos da seca. Dentre os objetivos consensuais, estão:
– Fortalecimento de mecanismos para a mitigação dos efeitos das secas, de incêndios e de enchentes;
– Conservação do solo, da água, da biodiversidade e adaptação às mudanças climáticas.

O que é possível tirar de aprendizado sobre essa carga de informações é que nós, brasileiros, temos a obrigação de contribuir para os avanços, tendo em vista, que os problemas começam com nossas atitudes aliadas a ações de infraestrutura por parte dos governos.

Perspectivas futuras

De acordo com Miriam Belchior, ministra do Planejamento, 4.855 municípios com menos de 50 mil habitantes receberão R$ 5 bilhões para investimentos na área de saneamento básico. O anúncio foi feito em maio deste ano. As obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) no setor, entretanto, ainda estão bem aquém do proposto.

Em matéria veiculada pelo site UOL, em 9 de junho deste ano, o diretor da Consultoria em Direito Público, Gladimir Chiele, informou que apenas 4% das obras de saneamento do PAC foram concluídas. Em quatro anos, R$ 2,8 bilhões foram investidos em 101 obras, mas cerca de 40% delas não foram iniciadas ou não chegaram à sua metade, conforme dados apurados pelo Instituto Trata Brasil.

Para alcançar as metas dos Objetivos do Milênio, da Organização das Nações Unidas (ONU) até 2015, o Brasil terá de acelerar suas ações. Apesar de já ter atingido em 2008, quanto ao suprimento de água potável (91,6%), o esgotamento sanitário é o retrato da desigualdade espacial e social, como observa o IPEA, em estudo divulgado no final de junho.

Na escala regional, os maiores déficits ocorrem no Norte, Centro-Oeste e Nordeste e nas áreas rurais. As condições são insuficientes, embora, o percentual de cobertura por rede geral de esgotos ou fossa séptica tenha subido de 10,3%, em 1992, para 23,1%, em 2008.

Sucena Shkrada Resk | 




27/07/2011 11:01
Código Florestal: só para lembrar, a discussão está no Senado…, por Sucena Shkrada Resk
A discussão sobre o projeto do novo Código Florestal brasileiro, durante meses, desde o ano passado, chegou a sofrer um desgaste, na Câmara dos Deputados, até ser aprovado em 24 de maio deste ano (PL 1876/99 + emenda 164), com objeções de movimentos ambientalistas, de cientistas e do Ministério do Meio Ambiente, e com adesão do setor do agronegócio e dos ministérios da área. As principais modificações podem ser consultadas no site https://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/MEIO-AMBIENTE/197556-INFOGRAFICO:-VEJA-AS-MUDANCAS-NO-CODIGO-FLORESTAL-APROVADAS-NA-CAMARA.html. Mas o texto final está ainda longe de ser consumado. A matéria passou das “mãos” dos deputados para as dos senadores e ganhou novo número 30/2011. A tramitação legal está à disposição na página https://www12.senado.gov.br/codigoflorestal. E a pergunta óbvia, nesta fase, não pode ser outra: qual é a situação atual?

Bem, desde o dia 19, o Senado está em recesso parlamentar e a casa retoma as atividades em 1º de agosto. Até agora, já foram ouvidos os cientistas, o Ministério do Meio Ambiente, que propõem alterações no atual texto do PL, além do setor do agronegócios, que é a favor da atual redação, e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). O mesmo emitiu um relatório, no último dia 6 de junho, no qual aponta os possíveis reflexos, caso seja mantida a anistia ao desmatamento da reserva legal (RL) em propriedades de até quatro módulos fiscais, prevista no PL.

No cenário mais otimista, significaria a perda de cerca de 29 milhões de hectares de mata nativa, pois deixariam de ser recuperados. Em outro cenário, que considera o “risco moral” da isenção, 47 milhões de hectares poderiam ser perdidos. Segundo o documento, isso se configuraria na hipótese de que a anistia poderia incentivar outros proprietários rurais a derrubar a reserva legal remanescente.

Alguns senadores já propuseram emendas. O principal teor são incentivos para que agricultores familiares consigam recuperar e manter as áreas protegidas em vez de dispensa de áreas de reserva legal em pequenas propriedades.

A Confederação Nacional dos Bispos (CNBB) emitiu uma nota, em 16 de junho, em que também se posiciona contra a atual redação do PL (https://www.cnbb.org.br/site/imprensa/noticias/6878-cnbb-nao-temos-o-direito-de-subordinar-a-agenda-ambiental-a-agenda-economica) . A coalizão SOS Florestas mantém uma série de mobilizações (https://www.sosflorestas.com.br/). Já a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) colocou no ar, um hotsite a favor do PL (https://www.canaldoprodutor.com.br/index.html?d=1311774466).

Quanto à votação, cogita-se que possa ocorrer entre setembro e o final do ano. A pauta já passou pelas Comissões de Agricultura, de Meio Ambiente e de Ciência e Tecnologia. Para facilitar o entendimento do tema, foi criado um “glossário” sobre a pauta, que pode ser acessado em https://www12.senado.gov.br/codigoflorestal/news/entenda-os-principais-termos-utilizados-na-discussao-do-novo-codigo-florestal.

Para refrescar nossa memória, segue o que foi aprovado na Câmara (Fonte: Agência Câmara):


Com relação à Área de Preservação Permanente (APP):

Obs: são constituídas por florestas e demais formas de vegetação natural situadas ao longo de rios, cursos d’água, lagoas, lagos, reservatórios naturais ou artificiais, nascentes e restingas, entre outras. Essas áreas têm a função ambiental de preservar recursos hídricos, paisagens, estabilidade geológica, biodiversidade e fluxo gênico (transferência de genes de uma população para outra) de fauna e flora, além de proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas que vivem no local. As APPs ocupam mais de 20% do território brasileiro e foram estabelecidas pelo atual Código Florestal (Lei 4.771/65).

– Mantém as mesmas medidas previstas na lei vigente nº 4.771/65;
– Admite culturas lenhosas perenes, atividades florestais e de pastoreio nas APPs de topo de morro, encostas e de altitudes elevadas (acima de 1,8 mil metros);
– Para cursos d`água de até 10 metros de largura, permite a recomposição de 15m (metade do que exige a lei atual)
– Para as APPs de margem de rio, prevê a medição a partir do nível regular da água.

O que foi introduzido com a Emenda 164:
– Permite a manutenção de atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural nas APPs se estiverem em áreas consolidadas até 22 de julho de 2008;
– Outras atividades em APPs poderão ser permitidas pelos estados por meio de Programa de Regularização Ambiental, se não estiverem em áreas de risco;
– Atividades em APPs consideradas de utilidade pública, interesse social ou de baixo impacto ambiental serão definidas por lei;

Quanto à reserva legal:
Hoje: Área localizada no interior de propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, onde não é permitido o desmatamento (corte raso), mas é permitido o uso com manejo sustentável, que garanta a perenidade dos recursos ambientais e dos processos ecológicos. É destinada também à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, da biodiversidade e ao abrigo e proteção da fauna e da flora nativas. O tamanho da reserva varia de acordo com a região e o bioma: 80% em áreas de florestas da Amazônia Legal; 35% no Cerrado; 20% em campos gerais; e 20% em todos os biomas das demais regiões do país.

O que permaneceu com o projeto, na Amazônia Legal:
– 80% em caso de floresta;
– 35% em caso de cerrado;
– 20% em caso de campos gerais.

Demais regiões do país:
– 20%

– Admite-se a soma de APPs no cálculo de reserva legal, desde que a área esteja conservada e isso não implique em mais desmatamento;
– Imóveis de até quatro módulos fiscais poderão considerar como reserva legal a área remanescente de vegetação nativa existente em 22 de julho de 2008;
– Admite exploração de reserva legal, mediante aprovação do órgão competente do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama).
Competência para emitir licença para supressão de vegetação nativa:
– Fica com órgão estadual integrante do Sisnama.
– O órgão municipal dará licenças, no caso de florestas públicas ou unidades de conservação criadas pelo município e por delegação.

Registro de Reserva Legal:
– Acaba com a exigência de averbação em cartório;
– A Reserva deverá ser registrada no Cadastro Ambiental Rural criado pelo Projeto para todos os imóveis rurais.

Áreas consolidadas:
– Dispensa propriedades de até quatro módulos fiscais da necessidade de recompor as áreas de Reserva Legal utilizadas;
– Quem desmatou antes do aumento dos percentuais de Reserva Legal (a partir de 2000) deverá manter a área exigida pela legislação da época;

Punição:
– isenta os proprietários rurais de multas e demais sanções previstas na lei em vigor por utilização irregular, até 22 de julho de 2008, de áreas protegidas;

Obs: definição de módulo fiscal – Unidade de medida agrária usada no Brasil, instituída pelo Estatuto da Terra (Lei 6.746/79). Na região Norte, um módulo fiscal varia de 50 a 100 hectares; no Nordeste, de 15 a 90 hectares; no Centro-Oeste, de 5 a 110 ha; na região Sul, de 5 a 40 ha; e no Sudeste, de 5 a 70 ha.
Sucena Shkrada Resk | 




22/07/2011 13:40
Alerta sobre o flagelo africano, por Sucena Shkrada Resk
A pior seca nos últimos 60 anos e conflitos étnicos ou decorrentes de regimes opressores, que se desdobram por décadas. Esse é o quadro que aflige uma boa parte da população de diversos países do continente africano, que sofre com a falta de água, de alimentação, de infraestrutura e de gestão política eficiente para administrar essa catástrofe humanitária. Os números não são precisos, mas estima-se que sejam mais de 4 milhões de homens, mulheres e crianças.

Apesar de eu ser uma pessoa otimista, há momentos que realmente me deprimo, quando vejo notícias da situação tão grave que atinge a Somália, a Etiópia, o Sudão (agora, dividido em dois, com a criação de Sudão do Sul, o 193º país no mundo)…Imagino como aquelas pessoas em um flagelo tão grande, precisam de ajuda, sem tê-la. E por muitas vezes, sucumbem pelo caminho que percorrem, na tentativa de sobreviver.

Por causas políticas, climáticas…essas catástrofes se ampliam e demonstram que a vulnerabilidade não pode ser negligenciada ou constar somente em relatórios…Nossos atos, sejam aqui ou lá, influenciam de alguma forma todo esse processo…As Conferências do Clima (sendo a COP17, no fim deste ano), a Rio+20, no ano que vem, os Fóruns Sociais, ou melhor, nós todos precisamos nos mobilizar para reverter e minimizar os impactos sem precedentes, que dia a dia, formam cicatrizes profundas nesses povos.

Como? Ao utilizar as redes sociais, participar de campanhas sérias, como também, incentivando a solidariedade e replicando essas vozes oprimidas, que clamam por ajuda. É preciso utilizar a tecnologia para promover a adaptação e mitigação. Isso é o que me vem à mente, no momento, além da mudança de nosso consumo, obviamente. Porque se consumimos e desperdiçamos mais, emitimos mais CO2 e também promovemos o aumento do desequilíbrio em nosso planeta. Não custa lembrar que chegamos a desperdiçar anualmente 1,3 bilhão de toneladas de alimento, segundo a Agência da ONU para Agricultura e Alimentação.

Nesses países africanos, reconheçam como deve ser duro para uma mãe ou pai, com suas forças esgotadas, ainda terem de deixar alguns filhos para trás, para tentar salvar os outros. É algo que avassala o corpo, o espírito e exige resignação. Os idosos, então, padecem mais rapidante. E é isso que ocorre diariamente, segundo relatos de representantes de organizações humanitárias, como Médico Sem Fronteiras, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Acnur – Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados, entre outros.

Nessa logística do êxodo, em extensões quilométricas, muitos morrem ou quando chegam a um campo de refugiados, como o de Dadaab, no Quênia, se deparam com a superlotação e têm de prosseguir a um caminho incerto, se ainda tiverem forças para isso. Lá estão mais de 440 mil somalis em um local, com pouco mais de 50 km2, que poderia abrigar cerca de 80 mil.

Em notícia recente divulgada pela Acnur, se prevê a criação de mais um campo de refugiados pelo governo queniano, o que nutre um pouco mais de esperança. Essas ações, entretanto, ainda são insuficientes, além das toneladas de alimentos e água que seguem para lá, pelas mais diversas fontes.

A questão é a seguinte: mais e mais refugiados chegam. Desde o início deste ano, segundo a ONU, um número superior a 60 mil somalis caminharam até o Quênia e esse fluxo migratório se torna cada vez mais constante.

Sucena Shkrada Resk | 




20/07/2011 10:48
A natureza da amizade, por Sucena Shkrada Resk
“Amigo certo conhece-se na hora incerta”. Essa expressão de origem latina-“Amicus certus in re incerta cernitur” -, segundo li recentemente no artigo de José Pereira da Silva, no site do Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos, com certeza, é um provérbio de grande valia, quando nos deparamos com a realidade do dia a dia, não é? Trocando em miúdos, quer dizer que é ‘para toda hora”.

E hoje – 20 de julho – quando se comemora o Dia Internacional do Amigo, acredito que ninguém tenha dúvida de que todos os dias são destinados ao exercício dessa prática do compartilhar, do ouvir, do aconselhar, do abraçar, enfim, do querer bem ao outro. Essa relação é construída pela teia de relações que nos faz crescer como seres humanos.

Mas por uma questão de curiosidade, fui verificar a origem da data, e qual foi a minha surpresa, ao observar que uma das versões mais aceitas é a seguinte:

O dentista argentino, Enrique Febbaro, ao ficar entusiasmado com a corrida espacial, nos anos 60, prestou uma homenagem a toda a humanidade por seus esforços em estabelecer vínculos para além do planeta Terra. Assim, teria surgido o lema: “Meu amigo é meu mestre, meu discípulo e meu companheiro”. Daí, quando o homem chegou à lua, em 20 de julho de 1969, ele teria escolhido esse dia para a comemoração, que primeiramente se tornou oficial na Argentina, e uma década depois, começou a se multiplicar pelo mundo.

Mas seja qual for a gênese, o que se pode dizer é que a amizade nos fortalece, enquanto seres sociais, pelos laços da afeição e da ternura. Isso expande nossos horizontes, além da relação humana, e segue à que mantemos com os animais, com a flora, ou seja, com a natureza. No final das contas, corresponde às nossas ações como seres ativos na cadeia socioambiental.

E aí está um bom termômetro para avaliarmos o quanto somos “amigos” em nossas essências e reformularmos nossos pensamentos e ações, se necessário.
Sucena Shkrada Resk | 




03/07/2011 11:09
Dizer obrigado´(a) é muito mais que convenção social, por Sucena Shkrada Resk
Quantas vezes nós dizemos ‘obrigada’ ou ‘obrigado’ em nossas vidas? Perderam a conta ou dá para totalizar nos dedos?…Geralmente nossos pais nos ensinam as regras de boa educação a partir de nossa infância, mas nem sempre assimilamos o valor dessas expressões ou palavras que fazem, de certa forma, parte das convenções sociais. É aí que está o grande segredo – valorar o sentido impresso do OBRIGADO. Há uma energia intrínseca muito além do que mais uma palavra em nosso vocabulário. Algo que, de certa forma, é cósmico.

– Obrigada por mais um dia!
– Obrigada pelo alimento e força de trabalho que tenho para viver!
– Obrigada por você ou vocês existirem!
– Obrigada pelo teu sorriso!
– Obrigada por me ensinar a corrigir os meus erros!
– Obrigada por acompanhar o meu crescimento!
– Obrigada por me ouvir!
– Obrigada por me alertar!
– Obrigada por me sensibilizar!
– Obrigada por compartilhar seus conhecimentos comigo!
– Obrigada por compartilhar sua amizade e afeto!
– Obrigada por me perdoar!
– Obrigada pelo seu amor!
– Obrigada pelo sofrimento que me faz crescer como ser humano!
– Obrigada pela chuva, pelo sol, pela gota de orvalho, pelo planeta!
– Obrigada pela dor que me sensibiliza, que faz com que eu enxergue o outro que pode obter o melhor de mim!
– Obrigada, obrigada, obrigada…

Tantas vezes, temos dificuldade de entender essa vastidão de interpretações e nos lembramos só de pedir, reclamar e nos consideramos órfãos nesse universo de pensamentos e ações, porque insistimos em seguir numa jornada solo, sem lembrar que existe o coletivo em tudo, mesmo que não o percebamos em sua suposta invisibilidade material..

Sucena Shkrada Resk | 




03/07/2011 10:15
Pensata: ensinamento de pai, por Sucena Shkrada Resk
‎Quando o meu pai Alberto (já falecido) dizia que devemos buscar a companhia daquelas pessoas que são iguais ou melhores que nós, dizia respeito ao caráter, amorosidade, respeito e garra por vencer, sem atropelar os outros. São pessoas que compartilham conhecimentos, sem se importar que o outro “cresça mais”, porque isso faz com que sejam felizes. Hoje, recobrando esse ensinamento, vejo o quanto é profundo…

E não se trata de intelectualidade, mas sim, de conhecimento de vida, sabedoria, aprendizado que enriquece nossa ignorância e nos permite saber dividir com o outro esse “valor agregado” imponderável…

Sou grata a ele por ter plantado essa sementinha em mim que faz com que eu busque esse caminho para ser feliz…

Muitas vezes, erro nessas escolhas, mas tento corrigir e seguir minha jornada…E claro, também tento extrair o meu melhor, para que possa agregar ao meu semelhante. Senão, de nada valeria essa busca, não é?
Sucena Shkrada Resk | 




30/06/2011 20:23
50 anos de Xingu: memórias de reportagens, por Sucena Shkrada Resk
Aos 50 anos do Xingu, faço uma imersão em minhas memórias e confesso que fico feliz por ter feito três matérias em minha carreira sobre o Parque Indígena, que me deram um gostinho especial por ter batalhado por estas pautas, com uma certa carga de idealismo, não nego. Sou movida por ele até hoje rs.

A 1ª foi uma entrevista ping pong com Orlando Villas Bôas, chamada “Fiel escudeiro dos índios” – https://www.flickr.com/photos/sucenashkradareskportfolioprofissional/4897746644/, para a Rede A, em 1994, em sua casa, na Lapa. Lembro de detalhes até hoje…De sua fala mansa e o sorriso nos “olhos” ao mostrar as fotos em preto e branco de sua trajetória com seus irmãos junto aos povos indígenas.

A 2ª reportagem escrevi para a edição 19, da Revista Leituras da História, da Escala, com o título “História dos índios-Xingu – Um paraíso sob ameaça” – https://leiturasdahistoria.uol.com.br/ESLH/edicoes/19/artigo134622-4.asp. Nesta, recobrei o contato com a família Villas Bôas, o que foi uma recomposição após anos, e entrevistei Washington Novaes.

Já a terceira, para a Revista Fórum – “O retrato da Convergência entre Dois Mundos” – https://www.revistaforum.com.br/conteudo/detalhe_materia.php?codMateria=8900, descrevi o resultado de minha visita à aldeia Aweti, no ano passado. Também relatei os bastidores dessa experiência, aqui, no Blog. Foi algo ímpar e inesquecível, apesar do pouco tempo de permanência.

O que tirei de todas essas vivências? Só posso dizer que foi o aprendizado de que devemos ter o respeito pelas diferentes culturas e trajetórias de vidas dos povos das florestas (incluindo caboclos, ribeirinhos, sertanejos, caiçaras…) e pelas pessoas que lutam “por ideais”, neste sentido. Mesmo que ainda sejamos ignorantes e não compreendamos muitas coisas, precisamos entender que o diferente é para ser observado com olhos e ouvidos sem “preconceitos”. Ao abrirmos essa janela, trazemos a luz que nos possibilita a integração com a sabedoria popular, com as marcas da ancestralidade. Inclusive nos abre as portas para reconhecermos a nossa própria história, que no meu caso, vem com avós imigrantes da Ucrânia e do Líbano.

Sucena Shkrada Resk | 




30/06/2011 16:26
Tamanduateí: anônimos dão vida a piano, por Sucena Shkrada Resk
Cenas do cotidiano… quando vou para a região da Paulista, quase sempre embarco em um trem em São Caetano do Sul e sigo para a estação de metrô Tamanduateí. Nessas idas cotidianas, em várias ocasiões, nas últimas semanas, tenho me deparado com pianistas anônimos de todas as idades, no saguão de lá, tocando clássicos ou populares. Uma vez ouvi um recital a quatro mãos.

Mesmo que a pressa nos limite a acompanhar pequenos trechos, já é possível sentirmos uma sensação agradável diante da quebra da impessoalidade, de olhos que não se cruzam, e de paredes cinzas no entorno.

É uma iniciativa interessante, pois o piano fica “à disposição” do cidadão. Uma oportunidade para que muitas pessoas desestressem, mostrem seu talento e compartilhem esses momentos conosco.

Sucena Shkrada Resk | 




30/06/2011 14:42
Nota: mobilização da sociedade para a Rio+20, por Sucena Shkrada Resk
‎A sociedade civil, por meio de ONGs, se mobiliza para o evento paralelo à Rio+20, em junho de 2012, que deverá ter o nome de Cúpula dos Povos da Rio + 20 por Justiça Social e Ambiental. Representantes de cerca de 150 entidades se encontram no RJ, para a reunião inicial, que ocorrerá no dia 2 de julho, para definir diretrizes de ações. Amanhã haverá coletiva de imprensa a respeito.

Leia também no Blog Cidadãos do Mundo:
06/06/2011- Bastidores do processo da Rio +20
20/02/2011- Rio além do +40: com certeza + 20 é uma redução da história

Sucena Shkrada Resk | 




22/06/2011 17:01
A lei de ação e reação à atividade antrópica, por Sucena Shkrada Resk
A notícia que mais me chamou a atenção hoje foi sobre o estudo realizado pelos pesquisadores do Programa Internacional sobre o Estado dos Oceanos (IPSO). Os cenários são tão alarmantes, desde a extinção de espécies devido aos plásticos que param no mar – isto mesmo! – até a aceleração do derretimento do Ártico, da Antártida…Acidificação, Aquecimento Global e poluição em ação…

Outra informação tão importante quanto à dos oceanos é a do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), que registra cerca de 43,7 milhões de pessoas deslocadas pelo mundo. O que mais me chocou é que há 15,5 mil crianças solicitantes de refúgio desacompanhadas, a maioria da Somália e do Afeganistão…

Tudo isso é devido às ações antrópicas, que atestam mais uma vez, que é preciso mudar o paradigma de desenvolvimento.
Sucena Shkrada Resk | 




21/06/2011 11:36
Nunca é tarde para ser solidário, por Sucena Shkrada Resk
O inverno chegou e sinaliza a tendência de as baixas temperaturas serem piores. Nunca é demais lembrar daqueles que sofrem com o frio ao relento. Então, deem uma olhada no guarda-roupa, vejam o que podem doar. Mesmo que não seja a campanhas ou entidades, saiam com a sacola em mãos, que com certeza, encontrarão alguém que ficará muito feliz com a contribuição. Os poucos albergues que existem não dão conta da população em situação de rua.

Outra maneira de ajudar é com alimentos a grupos ou entidades que fazem sopas ou outras refeições quentes para aquecer essas pessoas. Ou então, se voluntariarem a esses trabalhos…Pode parecer paliativo, mas faz diferença.
Sucena Shkrada Resk | 




17/06/2011 10:34
Pensata – As veredas da educação socioambiental, por Sucena Shkrada Resk
Quando ingressamos nas veredas da educação socioambiental, o prazer mais edificante dessa jornada é poder ver os semblantes ávidos por conhecimento e pela construção de sonhos por um mundo melhor, que resultam em atitudes, mesmo que tímidas, a princípio, e que crescem sem que os alunos se deem conta.

E ao desafiá-los a descobrirem ou resgatarem o que têm de melhor, o que nos vem quase que instantaneamente, é a felicidade de poder compartilhar esses momentos. São realmente únicos…Talvez, só nós tenhamos a dimensão de tudo isso internamente. Algo que nos faz querer aprender e vivenciar cada vez mais cada momento de nossa existência dentro e fora da sala de aula, que resulta nessa troca, que só soma, e nunca subtrai.

Sucena Shkrada Resk | 




14/06/2011 23:10
A arte que brota da terra do Vale do Jequitinhonha, por Sucena Shkrada Resk
A terra é muito mais do que o chão de onde brota a semente, é matéria-prima para a imaginação se transformar em arte nas mãos de artesãos do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, considerada uma das regiões mais pobres do Brasil. A terra de formigueiro, com seu tom mais avermelhado, misturada à de tabatinga (mais amarela) e à toa, que resulta em uma cor mais clara, se transformam em tintas, que preenchem desenhos em lindos cartões. Esse processo praticamente de alquimia é resultado do empenho de artesãos do Dedo de Gente, uma cooperativa de unidades de produção solidária, que existe desde 1996. A iniciativa começou em Curvelo e se estendeu a Araçuaí, a partir de 2002.

Como descobri essa história? Ao comprar um joguinho dos cartões e ter a minha curiosidade aguçada pelas cores tão diferenciadas do trabalho e pelos motivos rurais da região. Daí, comecei um bate-papo com Andréia Fonseca, durante o IV Fórum Internacional de Comunicação e Solidariedade, em Belo Horizonte, no dia 26 de maio, e soube um pouco da história dessa artesã, que um dia foi aprendiz e hoje integra a coordenação do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD), responsável pela gestão do projeto.

“Depois passei à cooperada, à educadora social e à agente de educação. Não aprendi só o ofício, mas a valorizar as pessoas e a trabalhar os valores humanos e culturais, ambientais, além da satisfação econômica e empoderamento comunitário”, disse. Segundo a gestora, dessa forma, conseguiu obter crescimento pessoal. “No Vale do Jequitinhonha, há riqueza no artesanato, na música e na poesia, baseada na simplicidade”, resumiu.

Segundo Andréia, atualmente o grupo é formado por cerca de 80 pessoas, a partir dos 16 anos, e a Dedo de Gente já conta uma loja virtual e outra física, além de fabriquetas nas áreas de bordados, cinemas, doces, serralheria, marcenaria, software, tinta da terra e vídeo. A média de rendimento mensal é de R$ 500.

Leia também no Blog Cidadãos do Mundo:
27/05/2011 – Pensata – BH com cara de `Sampa`
29/05/2011 – Desvendando curiosidades em Belo Horizonte
29/05/2011 – Flashs do IV Fórum de Comunicação e Sustentabilidade
29/05/2011 – Mais um pouco de BH – ‘Realidade’ de maio de 1970…
30/05/2011 – O jornal que vira arte e gera renda
30/05/2011 – Arte com identidade negra
31/05/2011 – Tião Santos: “A vida é nossa mentora…”
31/05/2011 – Mobilização na Europa visa valoração da pegada ecológica nos produtos
Sucena Shkrada Resk | 




11/06/2011 10:58
Reflexões: o que pensar depois do C-40, por Sucena Shkrada Resk
Dizem que devemos ser racionais, para que a vida flua com equilíbrio. Mas se essa premissa é válida, porque destruímos as cidades com o nosso modelo de desenvolvimento tão cartesiano?

Após o C-40 Larges Cities – Climate Summit São Paulo 2011, que reuniu cerca de 50 lideranças de prefeituras das maiores cidades mundiais, neste mês, foi possível constatar que de nada adiantarão os discursos sobre políticas e projetos aparentemente bem intencionados e ousados expostos, durante o evento, se não houver ética e compromisso das diferentes gestões nos planos diretores calcados na realidade muldisciplinar de uma cidade, com visão de longo prazo. O ponto primordial é de mitigar e adaptar nossas cidades à vulnerabilidade, não só aos desastres naturais, mas correr atrás do prejuízo resultante de nossa negligência com infraestrutura e regras predatórias de mercado, que envolvem o consumo desenfreado.

De Adis Abeba, na Etiópia, a Copenhague, na Dinamarca, as soluções expostas passam por investimentos em ciclovias, metrôs, modelos com matriz energética renovável, construções e clusters industriais verdes, que se calcam na eficiência energética, com destaque aos retrofits (adaptações de construções). De uma maneira geral, o pensamento contemporâneo concebe a ideia de se implementar cidades compactas. Entretanto, cada uma está obviamente em estágio bem diferenciado. É indiscutível, que o apoio financeiro e compartilhamento de tecnologias entre ricos e pobres serão determinantes para efetivas mudanças.

O que ficou claro é que as ações devem ir muito além do protocolo de intenção de apoio do Banco Mundial (BIRD), anunciado no evento. O enxugamento de gastos com a máquina pública e a manutenção de políticas de incentivo devem ser uma constante nessas metrópoles.

Afinal, a racionalidade controversa que impera hoje, tão senhora de si, é capaz de construir um quadro de extrema pobreza mundial, que em 2005 atingia 1,4 bilhão de pessoas, com expectativa de chegar a 883 milhões em 2015, segundo relatório do próprio BIRD e do Fundo Monetário Internacional (FMI). E a parcela correspondente ao Brasil supera 16,2 milhões de homens, mulheres e crianças, de acordo com os dados preliminares do Censo 2010, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

São pessoas que não têm acesso a saneamento básico, habitação, serviços de saúde, transporte e de ensino dignos. Vivem ao relento ou em casebres, palafitas, se amontoando em espaços tão pequenos e se alimentando, muitas vezes, de restos encontrados em nossos lixos ou devido à caridade alheia.

Que modelo de desenvolvimento é esse, que também faz com que as grandes metrópoles sejam uma mola potente e voraz, que emite gigatoneladas de Gases de Efeito Estufa (GEEs) por meio de um modelo de transporte ainda baseado em combustíveis fósseis e de excessiva produção de resíduos, que traduz o nosso consumo insustentável?

Os grandes centros urbanos, no Brasil, por exemplo, foram responsáveis pela produção de 60.868.080 toneladas (t) de resíduos sólidos urbanos (RSU), cerca de 7,7% a mais do que em 2009, conforme destaca o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, publicado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). E a população, neste período, cresceu apenas 1%!

Enfim, as metrópoles, com o glamour cosmopolita, conseguem ter tamanho poder destrutivo, ocupando apenas 1% do espaço territorial do planeta. Uma razão – essa incontestável – é que nesse pedaço de chão vivem simplesmente 80% da população mundial. A relação de ação e reação nesse cenário resulta na morte de mais de 2 milhões de pessoas anualmente em decorrência da poluição, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Até aqui, muitas perguntas, constatações empíricas e algumas respostas refletem que os padrões que ditam as regras em nossa sociedade contemporânea são desprovidos de sensibilidade, como se não pudessem manter uma relação harmoniosa. Aí está o contexto paradoxal e perverso da locomotiva da globalização.

E para concluir minha reflexão, um dos aspectos que considerei dos mais interessantes, durante o C40, é que enquanto prefeitos e técnicos discutiam em salas climatizadas de um grande espaço de eventos em São Paulo, a cidade no lado de fora, exalava dióxido de carbono com sua frota de veículos exorbitante, com as marginais e principais corredores congestionados, além do fétido odor de seus rios – Pinheiros, Tietê e Tamanduateí – que como a parte cardíaca de muitos cidadãos, já estão praticamente em falência múltipla, por causa da poluição.

Para chegar ao hotel, os políticos tinham o auxílio de batedores, para abrir o trânsito, enquanto os milhares de cidadãos comuns enfrentavam todos os tipos de adversidades para conseguir se locomover. Por coincidência, nesse período, também houve greve de funcionários da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e de motoristas e cobradores de linhas de ônibus da região do Grande ABC. De certa forma, o próprio evento e seus bastidores foram um retrato dessa dicotomia que faz parte das marcas de nossas metrópoles.

Sucena Shkrada Resk | 




10/06/2011 19:52
Diário de bordo – Uma noite no Santos Dumont…, por Sucena Shkrada Resk
Ontem, o fim do dia foi um tanto complexo, para uma simples quinta-feira. Depois de eu cobrir um evento no RJ, retornei à noite ao Aeroporto Santos Dumont, para voltar para casa, e aí começou a peregrinação. Eu e mais dezenas de passageiros do voo 1555 da Gol esperamos literalmente 4h para chegar a Sampa, por causa das más condições atmosféricas. Os aviões não conseguiam aterrissar por lá, tendo em vista ainda, um aspecto peculiar da pista – é curta e rente ao mar. Extra à falta de informação precisa (ficamos, pelo menos 1h30, sem ninguém falar conosco), depois nos levaram en vans para o Galeão e consequentemente fomos a Cumbica, em vez de Congonhas.

Moral da história rs – chegamos às 0h30 de hoje em Guarulhos e a cia. teve de pagar táxi para todo mundo, para podermos ir para casa. O mais surreal é que haviam anunciado no aeroporto que havia um ônibus para fazer o transfer a Congonhas (olha, que loucura, em um horário no qual só quem tem carro se vira, pois lá já estava fechado). Entretanto, o mesmo nem apareceu. Então, a empresa partiu para o plano B, respeitando o código do consumidor, e voltamos sãos e salvos para nossos lares.

O que valeu nisso tudo foi conhecer gente nova, histórias de vida interessantes, nesse compasso de espera. Com isso, o tempo passou junto com o estresse…E, agora, deu até para contar essa pequena experiência urbana para vocês (rs)…

Sucena Shkrada Resk | 




07/06/2011 22:08
Pensata: Pôr-do-Sol no Rio de La Plata, em Montevidéu, por Sucena Shkrada Resk
Que, nós, seres humanos, somos movidos à energia, acredito que ninguém tem dúvida. E quando essa energia parte da sensação de bem-estar de um momento de contato com a natureza, aí, se torna mais prazeroso. Depois dessa pequena divagação, eis o que me fez escrever essas linhas – simplesmente o pôr-do-sol com a vista do rio de La Plata, em Montevidéu, Uruguai, na altura do café Hemingway. Ao ver o horizonte, com aquele colorido com tons fortes avermelhados e o brilho das águas, que mais parecem um mar, senti o quanto é importante apreciarmos o que nos é dado de graça e que, por muitas vezes, menosprezamos.

Leia também, no Blog Cidadãos do Mundo:
07/06 – Necessidade de educação ambiental não tem fronteira
07/06 – Tristán Narvaja: uma feira quase infinita

Sucena Shkrada Resk | 




07/06/2011 21:40
Necessidade de educação ambiental não tem fronteira, por Sucena Shkrada Resk
Quem pensa que Montevidéu, no Uruguai, com seu estilo europeu, escapa dos problemas ambientais, está enganado. No sábado, durante um passeio nos pontos turísticos da cidade, eis que uma cena me remeteu imediatamente aos nossos rios e córregos, em São Paulo, só que em escala menor. Um lindo cartão-postal da cidade, com alamedas e vistosos monumentos, exibe um riacho, que se mistura a PETs e a outros tipos de lixos, que param lá das mais diferentes formas. A única certeza é que o seu atual estado se deve a uma questão básica: falta de educação ambiental.

Poucas latas de lixo e falta de coleta seletiva se somam a esse quadro. Mas a questão é mais profunda, de ordem socioeconômica. Ao mesmo tempo, que há casas imponentes no percurso, um pouco mais adiante, construções modestas estão bem rentes ao córrego. É o retrato que as metrópoles não conseguem mascarar.

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07/06 – Tristán Narvaja: uma feira quase infinita

Sucena Shkrada Resk | 




07/06/2011 21:12
Tristán Narvaja: uma feira quase infinita, por Sucena Shkrada Resk
O Mercado das Pulgas, na região de Tristán Narvaja, em Montevidéu, no Uruguai, é particularmente peculiar e dá a sensação de infinito, pois se desdobra em várias travessas, o que faz com que caminhemos, caminhemos e a cada esquina descubramos mais uma novidade. O seu caráter popular nos deixa muito à vontade. A miscelânea de produtos é digna de nota. Lá encontramos desde legumes a objetos de antiquário. O que dá certo charme a essa babel de produtos, é a série de livrarias e sebos que ficam ao redor, em casarios antigos.

O mais curioso nesse cenário anárquico é encontrar volta e meia alguns quiosques de queijos e frios e do lado, por exemplo, uma banca cheia de meias de lãs quentinhas. Não adianta querer se deparar com a organização, pois a mistura é a marca registrada.

Domingo é, sem dúvida, dia de bater perna por lá, nem que não compremos nada. Já vale o passeio, que registra peculiaridades culturais do povo uruguaio. O segredo é se deixar levar. Enfim, aí está uma pequena faceta da capital de nosso país vizinho sul-americano, que pude conhecer, no último domingo.

Sucena Shkrada Resk | 




06/06/2011 16:32
Bastidores do processo da Rio +20, por Sucena Shkrada Resk
Os Ministérios das Relações Exteriores e do Meio Ambiente criam oficialmente amanhã, dia 7 de junho, os Comitês Nacional e de Organização da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). E no próximo dia 2 de julho, no Rio de Janeiro, está programado o primeiro encontro do Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira para a Rio+20 com organizações e movimentos sociais. A partir de agora, a tendência é que o processo comece a ganhar mais visibilidade.

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31/05/2011 22:26
Mobilização na Europa visa valoração da pegada ecológica nos produtos, por Sucena Shkrada Resk
Uma informação interessante passada pelo empresário estoniano Rainer Nõlvak, criador do movimento Let`s do It, no último dia 27, é que uma das mais recentes mobilizações na Europa se refere à exigência da mudança da legislação, baseada em critérios socioambientais, que levanta a bandeira do consumo consciente.

“Exigimos que o imposto nos produtos tenham como base o custo dos recursos. Isso quer dizer, por exemplo, que deve ter diferenciação, se forem provenientes da China ou dos catadores de materiais recicláveis. Tecnicamente é possível fazer essa alteração. Também permite que as empresas inovem de forma sustentável”.

Segundo o ativista, o ciclo dos produtos deve ter pegada ecológica. E a lógica, obviamente, é a seguinte: quanto menor essa relação, menor o custo dos produtos.

Nõlvak tratou do tema, durante o IV Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade, realizado em Belo Horizonte, pela Atitude Brasil.

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31/05/2011 21:37
Aprendendo mais sobre os condimentos naturais em nossa nutrição, por Sucena Shkrada Resk
Acabei de retornar de uma aula sobre nutrição saudável, no SESC São Caetano. Nem preciso falar, que constatei que a alimentação aqui em casa está longe do ideal e precisa mudar urgentemente. O mais bacana nas orientações da nutricionista Bianca Valim foi tratar do valor das ervas e condimentos naturais em nossos cardápios x os alimentos industrializados.

Entre uma dica aqui, outra ali, ela falou que é recomendado colocar de 5 a 10 folhinhas de salvia na hora da preparação de comidas fritas e assadas, para atenuar o efeito nocivo da gordura, o que torna a comida mais digestiva. Já a mostarda tem serventia até sob a sola do pé para combater enxaqueca, imaginem!

Para nós, que vivemos uma vida muito corrida e temos gastrite, as ervas que ajudam a fortificar o estômago e ativar a digestão são coentro, cominho, endro, manjericão, mostarda, orégano, entre outros.

Ah, e vocês sabiam que o recomendado é usar 6 gramas de sal diariamente, mas que nós, brasileiros, usamos cerca de 13 gramas! Moral da história – o sal ‘rouba’ o cálcio do nosso organismo, que vai parar em nossa urina…

Mas algo que me deixou mais apreensiva foi o poder devastador dos temperos industrializados, que têm glutamato monossódico. Essa substância propicia a sensação do chamado “5º sabor”, que faz com que as papilas degustativas sejam acionadas e confundam nossa saciedade, fazendo com que queiramos comer mais. Os efeitos do seu consumo contínuo pode causar cefaléia, fraqueza, obesidade e palpitação cardíaca etc

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31/05/2011 10:00
Tião Santos: “A vida é nossa mentora…”, por Sucena Shkrada Resk
Tião Santos, catador de material reciclável do Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, é falante por natureza. Não é difícil observar a sua desenvoltura frente às câmeras e aos microfones, mas destaca – ‘não posso perder a humildade’. Nessa hora, seu semblante fica sério.

Numa brecha, durante o IV Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade, no último dia 27, em Belo Horizonte, (após me conceder uma entrevista que fiz para o Planeta Sustentável, publicada hoje), ele contou ao Blog Cidadãos do Mundo, que se considera praticamente uma ‘esponja’. E logo, completou – “Não canso de aprender e me inspiro nos conselhos de pessoas que têm conhecimento. A vida é nossa mentora. E tem gente arrogante, que às vezes, não sabe nada, não é?”, reflete.

Segundo ele, o fato de estar em evidência na mídia não faz com que perca a cabeça, principalmente após ser um dos protagonistas do documentário “Lixo Extraordinário”, que destaca o trabalho do artista plástico Vik Muniz, no Aterro Controlado de Gramacho. Lá, Tião é presidente da Associação de Catadores de Material Reciclável, além integrar o Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis.

“Eu estou representante de alguém. Não sou maior que a minha categoria. Quando dou palestra para os catadores (como eu), falo da melhor forma possível, lúcida, para que possam entender. Esse é meu papel. Nos eventos em que sou convidado, também me preparo para que compreendam minha mensagem e reivindicações”.

Com o tempo, ele diz que descobriu que a linguagem é um instrumento de comunicação que não pode ser desprezado. E ela será importante em seu novo desafio de coordenar a logística do Movimento Limpa Brasil, que tem como público-alvo, tanto os catadores, como a sociedade civil, em geral.

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27/05 – Pensata – BH com cara de “Sampa”
Sucena Shkrada Resk | 




30/05/2011 10:54
Arte com identidade negra, por Sucena Shkrada Resk
Ana Paula Soares Medina (filha), 35 anos, e Ana das Dores Soares (mãe), 60 anos, integram o pequeno grupo familiar de artesanato mineiro, Clareart`s Mulheres em Ação. Essa história começou há cinco anos, e naquela época, com cinco integrantes. “Acabou se desfazendo, mas sobraram nós, as Medinas. Não queríamos deixar essa ideia morrer. Hoje já somos em quatro”.

Devem estar curiosos para saber o que elas fazem, não é? Desde marcadores de livros a bonecas com cabaça e garrafa PET, e obras em tecido. A singularidade é o fato do mote ser a identidade negra. “Nossos trabalhos são a geração de renda da família. Usamos a aptidão de cada uma e vamos a feiras e eventos para comercializar os trabalhos. O próximo passo é conseguir oficializar nossa associação”, diz Ana Paula.

Para poder divulgar o trabalho, ela criou o blog http://www.clarearts.blogspot.com. “Mas ainda preciso melhorar o conteúdo”, frisa. As duas expuseram suas obras, durante o IV Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade, em Belo Horizonte, nos dias 26 e 27 deste mês.

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Sucena Shkrada Resk | 




30/05/2011 10:34
O jornal que vira arte e gera renda, por Sucena Shkrada Resk
Os jornais não servem somente para ser fonte de informação. O funcionário público mineiro, Ronaldo Lima, 40 anos, descobriu isso, de forma casual, há 14 anos. “Eu me inspirei em aprender a fazer essa transformação, quando ganhei um cestinho em uma festa de casamento. Pensei que era de bambu, mas aí uma amiga explicou que eram canudinhos de jornal”, conta.

A curiosidade foi tanta, que o novo artesão comprou revistas a respeito, consultou quem faz trabalhos com essa matéria-prima e o resultado é o seguinte: – “Há sete anos, faço grandes mandalas, que vendo por aqui e exporto para a Itália e os EUA”.

As obras são vistosas, chegam até a quase 1m de diâmetro. “Geralmente faço cerca de 600 canudos e recebo esses jornais de doação. Acabo cada peça, em média, num prazo de 20 dias. Uso o horário de almoço e dedico o período das 20h às 22h, para esse trabalho”. E não é que o negócio é rentável! Lima afirma que chega a ganhar três vezes o seu salário.

Descobri essa história interessante de economia criativa, ao conversar com ele, durante o IV Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade, em Belo Horizonte, no último dia 26.

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29/05/2011 22:47
Mais um pouco de BH – ‘Realidade’ de maio de 1970…, por Sucena Shkrada Resk
Segue mais um pouco dos bastidores em Belo Horizonte. Depois do IV Fórum, dediquei o sábado, para conhecer um pouco da cidade, e contei com a ajuda de Hugo, que mora por lá. Isso me possibilitou ir a alguns locais bem bacanas, além dos tradicionais. Nesse city tour, conheci um sebo de um colega dele, no centro, e eis o que vi em uma das prateleiras- várias revistas ‘Realidade’, da Abril, em bom estado, desde a década de 60. Foi como fazer uma viagem por meio do idealismo, que nos reaviva, de tempos em tempos.

Aí, imaginem o que aconteceu. Não aguentei o impulso e comprei um exemplar de maio de 1970 – nº 50 (se pudesse, levaria mais, é claro!…). Nessa edição, algumas das matérias são “Um país chamado Nordeste”, “Racismo: África do Sul”… Há 41 anos, falávamos dos mesmos temas e, neste caso, vale frisar – com qualidade…Os textos e as fotos transmitem sensibilidade!

No expediente, estão nomes de jornalistas veteranos, que, talvez, as novas gerações desconheçam. Entre eles, Paulo Mendonça, Luiz Fernando Mercadante, Hamilton Ribeiro, Luís Weis, Mylton Severiano da Silva, Audálio Dantas, Jorge Andrade, José Carlos Marão, Luís Edgar de Andrade, Rodolfo Konder, Antônio Alberto Prado, Laís de Castro e Talvani Guedes.

As imagens são de responsabilidade de Lew Parrella, Jean Solari, Luigi Mamprin e Maureen Bisilliat. As fotos (naquela época, em P&B e coloridas) são puras obras de arte. Podemos ver nitidamente os vincos nos rostos sofridos ou o sorriso franco, que vai além da pose convencional.

Saudosismo? Será? Talvez, só vontade de reencontrar esses caminhos. Para isso, não devemos ter medo de nos reinventar, quantas vezes for necessário…

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29/05/2011 21:17
Flashs do IV Fórum de Comunicação e Sustentabilidade, por Sucena Shkrada Resk
Durante dois dias – 26 e 27 de maio – o IV Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade, em Belo Horizonte, organizado pela Atitude Brasil, trouxe em seus painéis, algumas informações interessantes, desde a reflexão sobre a importância da educação informal e não-formal, fechamento de acordo sobre linha de microcrédito para geração de negócios à população de baixa renda a mobilizações socioambientais por meio do Limpa Brasil. Esse último inspirado no movimento internacional Let`s do It.

Rainer Nõlvak, empresário e ativista estoniano, criador do Let´s do It, contou que a iniciativa chegou a obter a adesão de 110 mil pessoas, 13% da população, quando foi lançada em 2008
Aqui no Brasil, a primeira ação está programada para o próximo dia 5 de junho, a partir das 9h, no Rio de Janeiro. Há um calendário que envolverá outras cidades, por meio da participação civil no recolhimento de lixo nas cidades. A estratégia visa incentivar o consumo consciente, como destacou. A parte logística ficará sob a responsabilidade de Tião Silva, representante do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis. Segundo ele, atualmente há 19 ecopontos definidos e 400 catadores de 20 cooperativas participando.

Durante o evento, foi assinado um termo de compromisso entre o Banco do Brasil e a fundação do professor bengalês Muhammad Yunus (Nobel da Paz 2006 e fundador do Grammeen Bank, do qual foi retirado da direção recentemente, pelo governo de Bangladesh). A proposta é que a modelagem que ele criou do sistema de microcrédito sirva de fonte para impulsionar abertura de linhas especialmente destinadas para a geração de negócios, entre a população de baixa renda. O economista explicou ao público presente o histórico e os objetivos do projeto, que já foi multiplicado em 40 países.

Segundo o presidente do BB, Aldemir Bendine, a instituição financeira utilizará a própria rede e capacitará agentes de crédito. Ele informou que serão utilizados recursos mantidos pelo banco para o fim de microcrédito (que hoje é dirigido a consumo), já liberados pelo Banco Central. É um valor anual estimado em R$ 1,5 bilhões.

Para refletir

Nos painel Democracia, Não Violência e Paz, o filósofo Mario Sérgio Cortella lembrou que cada um de nós faz política até quando recusa. Uma das mensagens destacadas pela monja Coen foi voltada para a mudança de paradigmas – “…A grande mudança na humanidade é abrir a terceira visão, que percebe a conexão com todos…O olhar que compreende, acompanha e acolhe…” Se pensarmos bem, são questões profundas, que nos passam despercebidas, não é verdade?

As apresentações dos dois Tiões – o Rocha (diretor-presidente do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento – CPCD), que desenvolve projetos principalmente no Vale do Jequitinhonha, e o Silva, possibilitaram uma imersão, que sai do universo dos gabinetes, e vai para o ´pé no chão´. O objetivo é promover o empoderamento das comunidades mais carentes.

Fredric Litto, presidente da Associação Brasileira de Educação à Distância (Abed), levou o público a reavaliar o modelo da educação formal. “…Durante 10 anos falei em educar por competências. Mas percebi que não é por aí. O perigo é que o esforço dos alunos estará no pôster ou vídeo e, não, no conhecimento…”

O físico e astrônomo, Marcelo Gleiser, alertou – “…De certa forma, somos nós os Ets colonizadores do espaço. As respostas têm de vir de nós, para preservar a vida e, não, destruí-la…”.

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Sucena Shkrada Resk | 




29/05/2011 19:35
Desvendando curiosidades em Belo Horizonte, por Sucena Shkrada Resk
Vocês sabiam que em Belo Horizonte, na Avenida Afonso Pena, circulam os táxis – lotação? Isso mesmo. Nessa, que é uma das principais vias da capital mineira, pude utilizar ontem, dia 28, mais esse meio de transporte, com um novo amigo que fiz por lá, o Hugo. Cada usuário paga R$ 2,60. O interessante é que no meio do caminho, entram outras pessoas, que param em pontos diversos. Na avenida do Contorno, em um só sentido, também já tem essa modalidade…Aí está uma alternativa de mobilidade urbana.

Mais uma curiosidade na cidade é que em alguns ônibus (na região da Pampulha), é possível se deparar com textos do projeto “Leitura e Ciência para Todos”, ‘amarrados’ aos bancos. É uma estratégia interessante para impulsionar a Leitura.

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27/05 – Pensata – BH com cara de “Sampa”
Sucena Shkrada Resk | 




27/05/2011 23:01
Pensata – BH com cara de `Sampa`, por Sucena Shkrada Resk
Desde ontem, estou me sentindo em Sampa rs. Tomei trem da CBTU, aqui em Belo Horizonte, que lógico – hoje, já estava lotado esta manhã – mas são só 2 estações – Santa Tereza, Santa Efigênia até a Central. Tomei um pingado com pão de queijo (ops, ontem foi pão na chapa), vi o frenesi das pessoas usando transporte público e ônibus de todos os lados, que também utilizei. Enfim, aqui pulsa como aí, com os mesmos problemas e curiosidades, que volta e meia, nos surpreendem, em meio a nossas andanças…

O centrão da cidade também precisa de melhorias, mas entre o cinza dos prédios, ruas sujas, o Parque da Cidade é um pulmão verde, que lembra muito o Parque da Luz, com direito a um coreto secular. Alguns prédios antigos, como o Museu de Artes e Oficios, estão preservados. Convive perfeitamente com a estação de trem, os murais e paredes com grafites e pichações…

Agora, o custo do transporte público, na capital mineira, é bem inferior. O trem (R$ 1,80). A maioria dos ônibus (R$ 2,45), mas há tarifa diferenciada mais barata, se é circular, por exemplo. Amanhã conhecerei com mais calma, a Pampulha, por onde passei de relance, pois o avião aterrissou em Confins, que fica a uma hora de BH, e um boteco com suas tradicionais especialidades. Esse ano o pequi foi o centro do festival.

Mas o que mais gostei foi da sensação boa de ninguém querer me dar uma sacolinha de plástico no comércio local, conforme a lei vigente. Como dizem, só dá para começar – começando (essa é uma das redundâncias com as quais a gente não se incomoda…)

Sucena Shkrada Resk | 




22/05/2011 15:22
Fritjof Capra: da transdisciplinaridade da Ecologia a da Vinci, por Sucena Shkrada Resk
“…Se ensinamos Ecologia como matéria interdisciplinar, não só estamos mudando a mente dos alunos, mas da comunidade do aprendizado”. Com essa frase, o físico e teórico austríaco do pensamento sistêmico, Fritjof Capra, encerrou sua participação na 
Conferência Internacional de Cidades Inovadoras, que aconteceu em Curitiba, PR (transmitida pela WEB, no dia 19). Para o pensador, não é possível se compreender o todo, quando não conseguimos analisar as interconexões das partes. E é em Leonardo da Vinci (1452-1519), que ele encontra muitas respostas, a anos de pesquisas.

Autor do livro “O Tao da Física” (1975), que li há mais de 19 anos, quando ainda estudava jornalismo na Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), Capra é, acima de tudo, um filósofo, que tem de ser relido muitas vezes. Aliás, algo que devo fazer não só com sua obra, mas com as de outros escritores.

No entanto, deixe eu voltar desse breve momento de reflexão e vamos ao que interessa. Bombardeado por perguntas, ele conseguiu sintetizar sua postura favorável à agroecologia, à solidariedade nas redes sociais e criticar o greenwashing, o que era de se esperar, pelo seu histórico. O que achei ainda mais instrutivo é que expôs algumas informações sobre seu trabalho realizado, durante seis anos, que resultou no livro “A Ciência de Leonardo da Vinci”.

“Ele (da Vinci) foi um pensador sistêmico…e viveu 100 anos antes de Galileu Galilei…A Ciência dele não era mecanicista, o que é muito inspirador”, disse. Capra explicou que o artista fez inúmeros desenhos de dilúvios e seres humanos pequenos nessa dimensão espacial. “Tinha fascinação pelo poder da força das catástrofes naturais. Apesar de ser contra as guerras, também desenhou máquinas de guerra…”.

Essa aparente dicotomia, segundo Capra, não é conflitante, pois já naquela época, Leonardo da Vinci fazia o que identificamos na atualidade, de design ecológico. Em entrevistas concedidas a respeito, como no Mercado Ético, o autor afirma que no contexto do século XVI, o artista observava a natureza e efetuava o que hoje é denominado de movimento biométrico. Tanto que, fez muitos estudos voltados à hidráulica, ao movimento dos gatos e ao voo dos pássaros, entre outros. Com certeza, não era um autor de uma obra só – a Monalisa, pela qual é reconhecido mundialmente.

Sucena Shkrada Resk | 




22/05/2011 12:28
TEDx MataAtlântica(6):educador indígena fala da simbologia entre o homem e a árvore, porSucenaS.Resk
Quando fechamos os olhos, podemos fazer uma viagem ao nosso interior e lá descobrimos nossa semelhança com as árvores, com suas raízes, um sistema orgânico tão complexo e ao mesmo tempo tão maravilhoso, que desprezamos, nessa relação do material e imaterial… Kaká Werá nos apresentou essa simbologia, que integra a sabedoria da cultura indígena, no encerramento do TEDx Mata Atlântica, na tarde deste sábado, em São Paulo.

Ao fazer uma alusão aos ensinamentos tupi-guaranis, assumiu o papel de contador de histórias e a sensação, pelo menos, de minha parte, foi a de ser uma curumim, nesta grande aldeia, que é o planeta Terra. “A origem do primeiro ser humano é a primeira árvore…que os portugueses passaram a chamar de pau-brasil (árvore de alma vermelha)… Os primeiros brasileiros, por sua vez, também foram pioneiros em roubar essa alma”, alertou por meio dessa analogia.

Werá, ao mesmo tempo, ponderou que temos o poder de mudar o rumo de nossas ações. Ele considera que, no entanto, ao querermos recobrar ‘a alma’, não podemos nos calcar na revolta, mas na indignação quanto a essa relação de maus-tratos provocada pelo homem em relação ao meio ambiente.

“…Só existe união na diversidade e há uma vida maior nesse sistema, que é o grande amor que sustenta a vida…”. Nesse contexto, segundo ele, a educação na medida correta pode ser chamada de sustentabilidade e sem ela não chegaremos ao fim do século XXI.

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Sucena Shkrada Resk | 




22/05/2011 11:22
TEDx Mata Atlântica (5): apresentadora mescla a relação do bioma c/cultura, por Sucena S.Resk
Regina Casé encontrou uma maneira criativa de mesclar o bioma às manifestações culturais, em sua apresentação durante o TEDx Mata Atlântica, neste sábado, em São Paulo. Foi uma forma perspicaz de levar ao público, o conhecimento de algumas espécies e argumentos diferenciados para que lutemos pela conservação das mesmas. A apresentadora usou a ferramenta do vídeo, unindo depoimentos e imagens, com o componente histórico, antropológico e religioso. E, claro, que nessa linha de raciocínio, os personagens centrais só poderiam ser representantes do próprio povo brasileiro.

Nessa viagem pela Mata Atlântica, descobrimos a biriba que é matéria-prima do berimbau, essencial na capoeira. O pinhão, que é utilizado em nossa culinária, em diversos festejos, que provém da araucária ou pinheiro-brasileiro/pinheiro-do-paraná, uma das espécies mais antigas do bioma.

E quem poderia imaginar, que os luthiers (profissão rara nos dias de hoje) usam o caixete na construção dos instrumentos. Já nas comemorações cristãs da Quaresma, a famosa quaresmeira dá o nome à própria celebração.

De repente, na tela apareceram alguns indígenas, com suas bonitas roupagens feitas do quê? Da juremeira… Mas é claro que ao fazer essa composição da riqueza da diversidade, ela deixou claro que não pode ficar de fora em nenhum momento, o uso sustentável.

Para quem se interessa por essas peculiaridades, Regina indicou o site http://www.umpedeque.com.br , que é o nome do programa que ela é uma das criadoras e apresentadora, em cartaz na TV Futura. Ao mesmo tempo, demonstrou que a educação ambiental pode ser expressa pelas mais variadas linguagens, o que amplia o acesso do público às informações.

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Sucena Shkrada Resk | 




22/05/2011 09:43
TEDx Mata Atlântica (parte 4): editora relata a importância do jornalismo local, por Sucena S.Resk
A editora Cristiana Randow narrou como é importante redescobrirmos a importância do jornalismo local x o aparente status profissional que nos leva o âmbito nacional, durante o TEDx Mata Atlântica, neste sábado. Ela contou que sua carreira, nos últimos anos, sofreu uma reviravolta, ao assumir o Radar SP. Praticamente teve de fazer uma releitura do papel da mídia, focada nos serviços, na qualidade de vida.

A necessidade de ampliar o horizonte das pautas resultou na formulação do projeto do Programa Respirar, que está no ar, desde 4 de abril. “Trata de transporte público alternativo. O doutor Paulo Saldiva é um dos mentores da proposta”.

Ela lembrou que o médico, responsável pelo Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da USP, alerta constantemente que em São Paulo morrem anualmente 4 mil pessoas, em decorrência da poluição. Mais um desafio é atualizar os parâmetros defasados da contabilização do problema, tendo em vista, que a Resolução Conama é de 1990.

“No México (uma das metrópoles mais adensadas e poluídas do mundo), por exemplo, a inspeção veicular existe há 20 anos, e aqui, há três. Lá o rodízio é mais rigoroso e é a primeira cidade da América Latina a adotar a bicicleta como meio alternativo de transporte”, exemplificou. Ao mesmo tempo, Cristiana lembrou que em outras cidades a poluição aumentou, o que pesou na balança dessa melhoria mexicana.

O sistema de transporte Transmilenio de Bogotá, na Colômbia, é mais um exemplo considerado positivo mundialmente, que o programa apresentou. “É importante registrar, que em 1974, o urbanista Jayme Lerner criou essa concepção (mais eficiente) em Curitiba, mas que não se expandiu no Brasil”.

O Respirar também foi às grandes vias de ligação à periferia, como a estrada de M`Boi Mirim, onde flagrou o desrespeito ainda tão presente à faixa de pedestres. Agora, o programa usa o lençol branco para mostrar os efeitos da poluição. “Também estamos em fase de implementação do projeto respirómetro (que terá condições de refletir o impacto à saúde)”, adiantou.

Diante de todas essas evidências, a jornalista considera que a educação ambiental é uma maneira de tentar transpor as barreiras presentes no campo da mobilidade e acessibilidade e no modelo de consumo da sociedade.

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Sucena Shkrada Resk | 




21/05/2011 23:54
TEDx Mata Atlântica (3): bióloga conta experiência da restauração florestal,por Sucena Shkrada Resk
A bióloga Simone Bazarian acredita que mais que reflorestar é preciso restaurar as florestas, o que envolve as relações internas da biodiversidade. Esse se tornou o tema central de seu doutorado, contou durante sua participação no TEDx Mata Atlântica, realizado hoje, na marquise do Ibirapuera. O evento integrou a agenda do Viva a Mata, promovido pelo SOS Mata Atlântica.

“A Mata Atlântica é o bioma com mais florestas restauradas na América Latina”, disse. Segundo ela, entretanto, há muito chão ainda para se promover a recuperação. “As capoeiras (terrenos onde os matos foram roçados ou queimados) geralmente se estabilizam, mas não conseguem se regenerar. Há locais em que nem sementes se tem mais por perto”, alertou.

Ao acompanhar trabalho de campo de agricultores, ela contou que aprendeu como plantar e retomar a biodiversidade. “Em assentamentos, na cidade de Sumaré, no interior paulista, os agricultores conseguiram recuperar matas ciliares, por iniciativa própria, e ampliar a Área de Preservação Ambiental (APP), de 30 para 40 metros”. (um contraponto às propostas de reduções apresentadas pelo deputado Aldo Rebelo, no projeto de lei substitutivo do Código Florestal).

“…As florestas precisam gerar novos descendentes e, para isso, não basta se plantar mudas. A reprodução precisa da ajuda dos animais, que carregam o gameta masculino que adere ao seus corpos. Quando o pólen e a semente se encontram, uma nova planta nasce…Tudo isso representa o conceito de rede. São interações biológicas”. Com essa perspectiva, segundo ela, há uma reconexão com a ancestralidade, que tem ligação com a natureza.

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21/05 – TEDx Mata Atlântica: a educação ambiental por meio de histórias de vida

Sucena Shkrada Resk | 




21/05/2011 23:07
TEDx Mata Atlântica (parte 2): jornalista opta pela vida em ecovila, por Sucena Shkrada Resk
O depoimento de Giuliana Capello, blogueira do site Planeta Sustentável, trouxe um pouco da atmosfera das ecovilas, durante a apresentação do TEDx Mata Atlântica, na tarde de hoje, na marquise do Ibirapuera, em São Paulo. “Existem cerca de 15 mil comunidades no mundo”, disse, logo no início de sua apresentação, o que levou à reflexão sobre como deve ser o dia a dia, nesse modelo de vida.

Ela contou que optou por morar na Ecovila Clareando, em Piracaia, a 100 km de São Paulo, há sete anos. Segundo a jornalista, o que a atraiu para esse novo universo, depois de morar na capital, tem muito a ver com essa frase – “se não é divertido, não é sustentável”. Na ecovila, observou que teria contato com ruas estreitas que priorizam pedestres e bicicletas, o tratamento do reflorestamento do entorno, composteiras que resultam na ausência de lixo na porta de casa, estação de tratamento de esgoto que não tem um ‘aspecto feio’, como tradicionamente se vê…

“Eu e meu marido construímos nossa casa com garrafas de vidro, barro, pau-a-pique. Se muitas cidades antigas de MG estão de pé, é porque esse sistema de construção também funciona. Até nosso banheiro é compostável”, contou.

A filosofia que Giuliana segue é – “Cada uma das pessoas se alimenta da esperança da outra”. Para ela, esse sistema comunitário impulsiona a pensar no quarteirão, no bairro, o que segundo ela, poderia ser uma prática também adotada nos grandes centros urbanos.

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21/05 – TEDx Mata Atlântica: a educação ambiental por meio de histórias de vida
Sucena Shkrada Resk | 




21/05/2011 22:24
TEDx Mata Atlântica: a educação ambiental por meio das histórias de vida, por Sucena Shkrada Resk
Durante praticamente duas horas e meia, sentada à vontade sobre um banquinho de papelão em meio à marquise do Parque Ibirapuera, em São Paulo, com o caderno e caneta na mão, anotei relatos interessantes que ouvi, hoje, durante o TEDx Mata Atlântica. O encontro fez parte da programação do Viva a Mata, promovido pelo SOS Mata Atlântica. Há algum tempo queria compreender qual é a proposta deste evento, que cada vez mais se populariza nas redes sociais, com um formato bem singular de participação.

Em 18 minutos cravados, cada convidado conseguiu nos transmitir vivências socioambientais, por meio de suas histórias de vida. Uma maneira eficaz e ‘sem frescuras’, o que é muito positivo para se compartilhar e multiplicar educação ambiental.

O que se desenhou, durante as apresentações, foi a construção de um mosaico de trajetórias, no qual os palestrantes, de certa forma, dividiram conosco, ideais, práticas, erros, acertos e questionamentos, como se estivéssemos em um bate-papo informal. Com isso, se quebrou a formalidade costumeira que vivenciamos geralmente em seminários e fóruns.

Participaram desta rodada, o ambientalista Fábio Feldmann, a jornalista ambiental Giuliana Capello, a bióloga Simone Bazarian, a jornalista Cristiana Randow, Regina Casé e o ambientalista Kaká Werá.

Neste post, vou citar primeiramente o depoimento de Fábio Feldmann (que foi um dos fundadores do SOS Mata Atlântica). Ele retomou as lembranças dos caminhos de sua juventude, desde os anos 80, quando fez parte da entidade Oikos – União dos Defensores da Terra, que lutava por causas, como o combate à poluição em Cubatão, que chegou a resultar em anomalias de fetos. Muitos de vocês, talvez, nem saibam ou se recordem desse episódio de saúde ambiental marcante no Brasil.

Ele nos contou que a Oikos e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) ajudaram a criar a Associação de Vítimas da Poluição de Cubatão. Mais uma bandeira do seu grupo era a luta contra a construção de bombas atômicas e usinas nucleares no Brasil. Uma das propostas à época era de se construir uma unidade na Jureia, algo que com certeza poucas pessoas tenham conhecimento. Eu, pelo menos, desconhecia.

O documento “Os Limites do Crescimento”, produzido pelo Clube de Roma, em 1972, teve um efeito marcante na vida do ambientalista, segundo ele. Mais uma passagem que não esquece foi quando a ministra norueguesa Gro Brudland (responsável pelo relatório Nosso Futuro Comum, na Conferência de Estocolmo-1987) visitou Cubatão, onde verificou a situação grave ambiental, que afligia a cidade.

O tempo foi passando e Feldmann tornou-se deputado constituinte, aos 26 anos, e quase ao mesmo tempo ajudou a criar o SOS Mata Atlântica, em 1986. Depois foi gestor público na área ambiental e até hoje é consultor na área. “Na década de 80, a revelação da imagem do buraco na camada de ozônio foi um ponto importante para a ampliação da causa ambiental, que demonstrou os impactos humanos no planeta…”, explicou. E diante desse cenário, a Rio 92 foi uma resposta a tudo isso, em sua avaliação.

Hoje, com a iminência da votação do projeto substitutivo do Código Florestal, com a relatoria de Aldo Rebelo, ele avalia que há um retrocesso aos séculos XX e XIX, o que tem reiterado em diversos eventos dos quais participa. No contexto do combate ao Aquecimento Global, defende maior participação consciente do consumidor, tendo em vista um quadro complexo de necessidade de diminuição das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs) e da temperatura média do planeta.

Sucena Shkrada Resk | 




20/05/2011 22:27
Urbanismo: a importância de compartilhar a experiência de modelos, por Sucena Shkrada Resk
O que São Paulo tem em comum com Tóquio? Num primeiro momento, logo vem à mente – todas são metrópoles. Ok, até aí tudo bem. O que as diferenciam, na prática, no entanto, é o modelo de gestão urbanístico adotado em cada uma. Então, descobrir ‘o que está dando certo’ nessas e outras cidades pode ser um caminho viável para se repensar modelos, a fim de que os cidadãos tenham a melhoria da qualidade de vida.

De uma maneira resumida, aí está a proposta apresentada pela Plataforma Cidades Sustentáveis (
https://www.cidadessustentaveis.org.br), uma parceria entre a Rede Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis, a Rede Nossa São Paulo e a Fundação Avina.

Segundo o historiador Maurício Broinizi, coordenador da secretária-executiva da Rede Nossa São Paulo, o objetivo da pesquisa é apresentar casos bem-sucedidos de responsabilidade e justiça social em diferentes cidades mundiais.

“Proporemos aos candidatos a cargos públicos que assinem carta-compromisso, pela qual, se comprometam com uma agenda sustentável urbana. O próximo passo será produzir um conjunto de indicadores”, disse hoje, durante o IV Encontro de Cultura e Sustentabilidade: Economia Criativa – Desafios e Rupturas para Construção de Uma Cidade Sustentável. O evento foi promovido pela Fundação Tide Setubal, no Clube da Comunidade (CDC) de mesmo nome, em São Miguel Paulista, em São Paulo.

Durante sua exposição, Broinizi citou como exemplo, a experiência de “perda” nas redes de água tratada de São Paulo e Tóquio. “Aqui, 26% de toda água tratada pela Sabesp é perdida no sistema, por diferentes motivos (manutenção, canos furados, problemas de mapeamento…). Já em Tóquio é de 3,6%…”.

Na área de mobilidade urbana, segundo ele, uma das experiências com êxito de replanejamento viário integrado é o da cidade de Lyon, na França. “Aqui em São Paulo, ainda não se conseguiu implementar o Plano Municipal de Transportes”, comparou.

“Em Medellín, na Colômbia, a urbanização de favelas (Viviendas com Corazón) é um dos melhores exemplos neste setor. Praticamente é autogestionado pela população”. No campo da coleta seletiva, um dos municípios com melhor performance no Brasil – ainda lanterninha nesta área – é o de Santana de Parnaíba, com 40%. Esses são alguns dos casos apurados no levantamento, que podem ser conferidos no site do projeto.

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20/05 – A reinvenção dos bairros no processo urbano
20/05 – Da Economia à cidade criativa
Sucena Shkrada Resk | 




20/05/2011 21:05
A reinvenção dos bairros no processo urbano, por Sucena Shkrada Resk
Os bairros são as células que precisam de planejamentos e ações pontuais para que a cidade tenha condições de pulsar em direção ao modelo sustentável. Essa é a conclusão tirada, quando ouvimos o urbanista Cândido Malta, um defensor obstinado, nas últimas décadas, do “agir local”. Mas a realidade é bem outra, como ele enfatiza. Apesar de o Plano Diretor de São Paulo já mencionar os “planos de bairro”, desde 2005, até hoje as diretrizes não saíram do papel. “O primeiro município do país a ter seu plano é Itapecerica da Serra, no bairro Branca-Flor”, diz o especialista, que participou da formulação do projeto.

“Os planos diretores não tratam dessa escala local, que envolve questões voltadas ao déficit de escolas, creches, quanto à necessidade das implementações e demandas”, afirma. Para ultrapassar essas barreiras, o urbanista considera que o ideal seria a adoção da chamada unidade de vizinhança, que significa ‘uma forma de reinventar o bairro’ , ou melhor, das unidades ambientais de moradia.

“Nessa perspectiva, as ruas se tornam espaços de convívio de crianças a idosos. Diante disso, não é adequado que os (equipamentos públicos) estejam em ruas de ligação, como acontece hoje, o que dificulta a locomoção dos moradores e a segurança da comunidade”.

Na avaliação de Malta, para que todas essas transformações ocorram é preciso capacitar o cidadão na constituição do orçamento do município, com visão de médio a longo prazo, começando pelo bairro onde vive. Nesse momento, são pensados o compartilhamento de vias pelos veículos e pedestres, a construção de equipamentos públicos etc.

“Para se efetivar o plano de bairro, a sociedade deve ser convocada sem discriminação, por meio de assembleias. Ainda é importante que o poder público reserve os terrenos para essas unidades (com as localizações pensadas em conjunto com os cidadãos) e facilite antecipadamente meios compensatórios aos atuais proprietários, por meio de isenção de Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU), entre outros mecanismos”.

Segundo o urbanista, nessa escala local, é possível se fazer levantamentos demográficos, de renda e de escolaridade mais precisos, que complementam os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Mais um ponto importante é no aspecto qualitativo. É preciso se fazer um levantamento de opinião dos próprios moradores (de uma forma sistematizada) sobre as demandas locais”.

O especialista foi um dos palestrantes do IV Encontro de Cultura e Sustentabilidade: Economia Criativa – Desafios e Rupturas para Construção de Uma Cidade Sustentável, que foi realizado hoje, dia 20, pela Fundação Tide Setubal, no Clube da Comunidade (CDC) de mesmo nome, em São Miguel Paulista, em São Paulo.

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20/05 – Da Economia à cidade criativa
Sucena Shkrada Resk | 




20/05/2011 19:17
Da economia à cidade criativa, por Sucena Shkrada Resk
Quando ouvimos a expressão ‘economia criativa’, no mínimo, imaginamos que está aí mais um novo jargão para incluirmos em nosso glossário. Mas se formos a fundo na história deste termo, a prática é muito mais antiga, como explica a economista e urbanista, Ana Carla Fonseca Reis. “Os próprios neandertais já faziam jóias naquele período”.

Segundo antropólogos e arqueólogos, era algo vital cultivar a criatividade. “Não tinha caráter acessório, está com a gente há pelo menos 50 mil anos”, disse a especialista, durante o IV Encontro de Cultura e Sustentabilidade: Economia Criativa – Desafios e Rupturas para Construção de uma Cidade Sustentável, realizado hoje (20), pela Fundação Tide Setubal, no Clube da Comunidade (CDC) de mesmo nome, em São Miguel Paulista.

Ao se fazer uma pesquisa sobre esse conceito na contemporaneidade, há a seguinte definição na obra “The Creative Economy – How People Make Money From Ideas” (2001), do consultor inglês, John Howkins: é um conjunto de atividades mercadológicas provenientes da capacidade criativa e imaginativa dos indivíduos, que possibilita a geração de soluções e produtos, resultando em valor econômico.

Ele explica, que no campo empresarial, pode ser encontrado no departamento de “Pesquisa e desenvolvimento”. Está concentrado na esfera da propriedade intelectual. Há alusões de que o termo já existia desde os anos 90, em especial, na indústria cultural e do segmento das comunicações.

Segundo Ana Carla, no contexto da economia recente, o fator diferencial é justamente a criatividade de nosso povo, que representa um valor agregado intangível. Como desafio à sua expansão, em sua avaliação, está a necessidade da melhoria do acesso à educação. “Não somente no banco da escola, mas na aquisição de conhecimentos gerais…É preciso começar dentro de casa, no cotidiano de nossas famílias”. Algumas das ferramentas neste processo, em sua opinião, são a tecnologia digital, para ampliar o ‘espaço mental’ e o reconhecimento dos diferentes valores culturais.

Essa discussão, há cerca de sete anos, também se dirigiu a outro campo, o da constituição do perfil do que seria uma ‘cidade criativa’. De acordo com um levantamento feito com especialistas de 13 países (Brasil, Colômbia, França, Israel, Itália, Holanda e Noruega,…) a urbanista contou que se chegou a alguns consensos sobre o que são requisitos básicos. Um deles é o impulso a inovações, tendo em vista as mudanças constantes para se superar ou evitar problemas.

Como exemplo, a economista citou que em uma cidade norueguesa, onde chove demais durante o ano todo, foi descoberto que a água pode ser encarada como solução em um mundo que tem cada vez menos água potável. Dessa forma, se substituiu o problema oriundo do desastre natural (enchentes) pelo empreendedorismo na mudança de uso desse excesso de água pluvial.

Neste processo, outro ponto considerado importante é a construção de conexões. “Entre bairros, parcerias público-privadas, com a sociedade civil, somadas às contribuições das diversidades e do ambiente”, destacou Ana Carla.

“Num primeiro estágio, o foco é a catalisação de mudanças, liderança e a inclusão dos atores no processo. O segundo é a governança articulada (entre público e privado), em que a sociedade civil também se apropria, nesta fase”. São constituídos mapas geográficos, mentais (menor que a dimensão da cidade) e emocionais (ligados aos locais e bairros onde moramos e que gostamos).

Em Bogotá, por exemplo, foi criada a Rota Cidadã, que partiu da experiência de crianças, que no caminho entre a casa e escola, percebiam a insegurança. “A comunidade, então, decidiu criar essa rota, com a perspectiva de reverter essa situação. Contatou os comerciantes locais e aqueles que aderiam, colocavam um selo (como ponto de referência e apoio a esses estudantes)”.

Já em uma cidade inglesa, onde havia pouca movimentação de turistas, a partir desse processo conjunto, foi criada uma grande peça artesanal ao ar livre, com o formato de órgão, que revelava uma peculiaridade local – o poder do vento. Os visitantes ao verem a instalação, têm condições de ouvir diferentes sons reproduzidos pela peça, que chama a atenção das pessoas.

Sucena Shkrada Resk | 




15/05/2011 15:30
Nós e a responsabilidade compartilhada s/o consumo e destinação do lixo eletrônico,por Sucena S.Resk
André, Alexandre, Everton, Fabiana, Giovanni, José Roberto, José, Maria, Quitéria, Paulo, Solange, Vera, Ana e eu… O que temos em comum? Todos nós dividimos, nesta semana, nossa porção de aprendizes, que nos levou a compreender um pouco do universo sobre a responsabilidade compartilhada. Apesar de cada um ter uma história de vida diferente – alguns na labuta da vida de cooperados na área de reciclagem, outros na atuação técnica da gestão pública ou simplesmente no papel de cidadãos, estávamos juntos por um interesse: a capacitação sobre reciclagem de lixo eletrônico (ligado à informática).

A vivência ocorreu, durante a fase teórica do curso gratuito do Projeto Eco-Eletro, promovido pelo Instituto GEA Ética e Meio Ambiente e pelo Laboratório de Sustentabilidade da Escola Politécnica de São Paulo, da Universidade de São Paulo (Lassu/Poli/USP), com patrocínio da iniciativa privada, dirigido especialmente aos catadores. Um momento oportuno, tendo em vista o processo de implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que envolve a logística reversa – entre elas, do setor eletroeletrônico -, além da coleta seletiva, da meta do fim dos lixões e da geração de renda aos catadores, num horizonte de implementação até agosto de 2014.

Vou confessar que o que me levou a participar do módulo (ministrado por Ana Maria Domingues Luz – presidente do Instituto GEA, Walter Akio Goya, Daniel Maurício Magalhães de Paula e André Rangel de Souza, com apoio do Carlos Alberto Conde Regina) foi a necessidade de conhecimento básico, já que existe a ausência de informações sistematizadas sobre esse segmento.

Algo que sempre me incomodou foi o fato de ver todo o tipo de resíduo jogado indiscriminadamente e não saber exatamente qual fim é o correto, em muitos casos, no final do chamado ciclo de vida útil. Isso, tendo em vista, que é sabido que muitos seguem aos ‘lixões’ ou aterros e vão parar em terrenos baldios, o que não deveria ocorrer.

Nessa infinidade de produtos, estão inclusos nossos computadores, impressoras, como também, televisores, celulares, baterias, pilhas, que têm componentes contaminantes. Para tornar a situação mais complexa, muitos desses objetos estão cada vez mais obsoletos, ao mesmo tempo, que a propaganda massiva leva a um consumo desenfreado e desnecessário.

Mas segue o alerta: com a nova legislação, os fabricantes devem se responsabilizar nessa logística reversa e, nós, na separação. Enquanto, a forma de tudo isso ocorrer é formatada, já devemos ter a consciência de como proceder. Vale lembrar que algumas empresas se adiantam neste recebimento, por isso, não custa entrar em contato com os fabricantes da área de informática ou verificar se apresentam informações a respeito. No caso de pilhas, por exemplo, agências do Banco Santander, unidades da Drogaria São Paulo e do Pão de Açúcar têm os “papa-pilhas”.

A primeira lição retirada das aulas nesses últimos dias foi que, por muitas vezes, esses aparelhos, que nós consideramos sucatas, podem ser recuperados por técnicos e repassados a instituições. Isso ocorre no Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática (Cedir), inaugurado no fim de 2009, na USP. Há uma finalidade socioambiental atribuída a esse processo, no qual podemos ser agentes atuantes e deixar a passividade para trás. O interessante é que a instituição, no entanto, deve devolver o equipamento ao centro, quando parar de funcionar, para que não incorra em descartá-lo incorretamente. Com isso, tem a possibilidade de receber o empréstimo de outro em boas condições de utilização. Uma maneira de estimular o consumo consciente.

Mas o que não podemos perder de vista é que o equipamento aparentemente considerado irrecuperável para uso também é útil e pode gerar renda aos catadores capacitados na triagem, separação e comercialização dos componentes, que têm valor no mercado. Só que é aí que deve existir o cuidado para não colocar tudo a perder. O essencial é ter o conhecimento de como fazer o descarte e manipulação dessas peças.

Primeira orientação: nossos micros, monitores, impressoras… não podem ser jogados de qualquer jeito, nem serem expostos à umidade, chuva, queimados ou colocados junto ao resíduo orgânico ou corpos d´água, e sabem por quê? Por um motivo simples: têm substâncias contaminantes. Seguem alguns exemplos:
– Bário (capacitadores nas placas-mães…); Perigo: desde náuseas a crises convulsivas;
– Cádmio (bateria, chip, monitor CRT, cabos…)/ Perigo: envenenamento
– Chumbo (monitores grandes CRT, mais antigos, bateria, processador…)/Perigo: destruição dos ossos e do cérebro;
– Cromo (placa-mãe, fita de vídeo…)/Perigo: destruição do fígado, rim e pulmão;
– Mercúrio (bateria, monitor LCD, lâmpada de scanners, fluorescente…)/Perigo: lesões cerebrais graves.
Obs: Arsênio, nos celulares/Perigo: envenenamento.

Atenção do começo ao fim
Cabe tanto a quem doa, como também a quem vai manipular e fazer a separação dos componentes estarem atentos a isso. No caso dos catadores, são indispensáveis luvas com ou sem fio de aço, botas e, em alguns casos, máscaras, além de ferramentas adequadas, e nada de marretas!!!. E quem não levar esses cuidados a sério, está colocando em perigo muitas vidas.

A orientação hoje é que os catadores não recebam monitores e nem os desmontem, justamente por causa do chumbo ou mercúrio, dependendo do modelo. Muitos fabricantes já recebem o equipamento de volta, o que adianta o que a lei da PNRS, em implementação, determina, o que facilita ao consumidor fazer o descarte.

Tudo isso implica mudança de paradigmas no consumo, não é? E só para terem noção, nesses equipamentos são encontrados alumínio, plásticos, ferro e até ouro. Ao desmontá-los corretamente, o catador tem a oportunidade de ganhar com uma tonelada, 10 x mais, do que o mesmo peso do equipamento inservível completo. E mais uma curiosidade: a placa-mãe é a peça mais valiosa no computador, sabiam?

Um detalhe importante é que com relação aos cabos de cobre é preciso ter o comprovante de origem, tendo em vista que hoje há muitos furtos desse tipo de material, que obrigaram a fiscalização a ser mais rígida.

Objetivo: todo mundo ganhar
“A universidade tem o papel social, além da pesquisa. Com os catadores, há uma troca. Estamos aprendendo com eles. Precisamos ‘vender’ essa ideia ao mercado”, avalia a coordenadora do Lassu, a Doutora Tereza Cristina Melo de Brito Carvalho.

Ao todo, o projeto deverá atingir 180 alunos até o ano que vem. Agora, a minha participação por lá acabou, mas meus colegas catadores continuam por mais uma semana, colocando a mão-na-massa. É o momento de exercitarem o desmonte e separação das peças para poderem otimizar o trabalho futuramente em suas cooperativas.

Para dona Maria, seu marido Paulo e a sobrinha Solange, da região da famosa Cratera de Colônia, em Vargem Grande, a capacitação é uma oportunidade a mais de recomeçar a cooperativa, que está sendo reestruturada. “A gente tinha dúvidas de o que fazer com essas peças, da maneira certa”, conta Maria, que alertou seu marido sobre essa preocupação. O desafio de Fabiana e Quitéria, de Taboão, em Guarulhos, é repassar a mais de 70 cooperados o aprendizado. Enfim, todo mundo terá muito trabalho pela frente e o que podemos desejar é que tenham muita sorte nessa nova etapa.

Mais informações:
Instituto GEA – 
www.institutogea.org.br
Lassu – www.lassu.usp.br
Cedir – https://www.cce.usp.br/?q=node/266

Sucena Shkrada Resk | 



15/05/2011 11:15
Quem sabe qual é o texto atual do subst do PL do Código Florestal a ser votado?, por Sucena S.Resk
Praticamente 45 minutos. Esse foi o tempo que levei hoje em pesquisas e mais pesquisas no site da Câmara, no Google, em notícias variadas para poder chegar à íntegra da chamada “emenda substitutiva global de plenário nº 186, que altera o Projeto de Lei – PL 1.876/99, do novo Código Florestal ( 
https://www.camara.gov.br/internet/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=502264), sob relatoria do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP)”. Confesso, que ainda estou com dúvida, se cheguei ao teor atual do documento.

Em um regime de transparência política, a dificuldade para que qualquer cidadão possa ler com atenção o conteúdo, que será votado na Casa, é realmente digno de menção. Cá com meus botões, faço a seguinte pergunta – quais deputados leram a nova redação disposta em 36 páginas, para ter o pleno conhecimento da pauta modificada? Comecei a ler agora, e isso leva tempo. Seria interessante que os itens alterados estivessem grafados, para facilitar a comparação com o relatório anterior.

Quando entramos no link do substitutivo, a última redação do PL que aparece é a que foi aprovada pela Comissão Especial da Câmara, em julho do ano passado. No campo de tramitação do projeto de lei (https://www.camara.gov.br/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=17338), a mais recente atualização, do dia 12, diz o seguinte:
– “COORDENAÇÃO DE COMISSÕES PERMANENTES (CCP) Encaminhada à publicação. Parecer do relator, designado em Plenário, pela Comissão Especial às emendas de Plenário, publicado no DCD de 13/5/2011, Letra B”. – Qualquer leigo consegue entender o que isso quer dizer? E a remissão à emenda atualizada?

Sem entrar no mérito da polêmica que envolve o tema, principalmente no que tange a menos restrições em Áreas de Preservação Permanente (APPs) – (trecho em que Rebelo voltou atrás em seu parecer), Reservas Legais (RLs), anistia a infrações ambientais, o que está em discussão é fundamentalmente de interesse público e não pode se configurar como “privado”, o que tem se acentuado nos últimos meses. Coincidentemente, vale destacar que a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu 2011, como Ano Internacional das Florestas, o que facilita a visualização e acompanhamento sobre essa temática. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) também criou uma página na internet, a respeito, com o nome “Ano da Floresta”.

Agricultura e meio ambiente não são antagônicos, será tão difícil compreender que o mau uso dos recursos da natureza penaliza o todo, o que infere também a visão economicista de mercado estruturada no Produto Interno Bruto (PIB)?

Essa legislação faz parte do dever e da cobrança por parte dos mais de 191 milhões de brasileiros e brasileiras, que vivem neste país. Mesmo os que hoje não têm idade suficiente para votar – nossas crianças e adolescentes – são parte profundamente envolvida, pois serão afetados direta e indiretamente pelas decisões tomadas agora. Afinal, não defendemos tanto a sustentabilidade, com o horizonte das futuras gerações? Ou é mais um discurso que fica no famoso “blá-blá-blá”.

O Código Florestal é parte integrante, quer queira, quer não, da configuração da Política de Estado, antes e depois da nossa Constituição de 1988, expressa na Lei de Crimes Ambientais, nas Políticas Nacionais do Meio Ambiente, de Educação Ambiental, de Recursos Hídricos, de Saneamento, sobre a Mudança do Clima, de Energia, da Biodiversidade, da Fauna e de Resíduos Sólidos, de Segurança Alimentar, do Estatuto das Cidades, da Reforma Agrária, entre outras. É estrutura, inclusive, do posicionamento do Brasil diante das ratificações em Tratados Internacionais, algo que é necessário não se perder a dimensão.

Mais um aspecto importante, que se pulverizou, nos últimos meses, foi o de expor à discussão com a sociedade, o que de fato está desatualizado na lei atual, de 1965, com suas emendas, e se a fiscalização sobre o cumprimento da mesma ocorre devidamente. Esclarecer porque se restringem ocupações e tipos de usos? E como não penalizar os pequenos agricultores, em sua subsistência, e a produção de alimentos no país, ao ter a visão de longo prazo x imediatista, com a premissa da pegada ecológica?

Desde o ano passado, ao fazer matérias a respeito do substitutivo do PL e ao acompanhar a pauta como qualquer cidadã (fui mais recentemente ao Seminário Nacional sobre o Código Florestal, que aconteceu no SENAC Consolação, em São Paulo, no último dia 7, sob organização de entidades do terceiro setor), foi impossível não observar a tônica da polarização. Sem dúvida alguma, é uma marca evidente, que demonstra ‘escancaradamente’ o jogo de poder e interesses corporativos, que envolvem a discussão sobre a legislação, o que conflita com a ideia do coletivo, do público, em primeiro lugar.

Ao analisar o histórico, é possível verificar que diversos setores – Governo, ambientalistas, pequenos agricultores, Ciência, áreas da Justiça e Direito, ruralistas e setor industrial se mobilizaram efetivamente com o “calor” do rumo da iminência da votação. Tanto que podemos ver recentemente a divulgação de inúmeros pareceres técnicos, socioeconômicos e ambientais a respeito. E fica difícil não questionar – Essas avaliações não deveriam estar em curso bem antes? Neste país, tudo funciona sob pressão? Vale lembrar, que o PL inicial é de 1999.

Pesquisei algumas notícias e documentos, que considero interessantes, para que nós da sociedade, possamos nos inteirar minimamente do atual estágio dessa discussão, e com isso, obter mais informações sobre o tema:
– 13/5 – Nota do PV sobre o relatório do Código Florestal (Fonte: Agência Câmara)
– 12/5 – Votação do Código Florestal está adiada indefinidamente, diz líder do governo – https://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/MEIO-AMBIENTE/197011-VOTACAO-DO-CODIGO-FLORESTAL-ESTA-ADIADA-INDEFINIDAMENTE,-DIZ-LIDER-DO-GOVERNO.html (Fonte: Agência Câmara)
– 10/5 – SBPC e ABC divulgam FAQ sobre o Código Florestal –
https://www.sbpcnet.org.br/site/home/home.php?id=1478
– Relatório O Código Florestal e a Ciência – Contribuições para o Diálogo (SBPC/ABC) – https://www.sbpcnet.org.br/site/arquivos/codigo_florestal_e_a_ciencia.pdf
– 04/05 – CNA divulga Nota Oficial sobre atualização do Código Florestal – https://www.agrolink.com.br/aftosa/noticia/cna-divulga-nota-oficial-sobre-atualizacao-do-codigo-florestal_129711.html (Fonte: CNA)
– Site: SOS Florestas – https://www.sosflorestas.com.br/
– Ano Internacional das Florestas (ONU) – http://www.un.org/en/events/iyof2011/
– Ano da Floresta (MMA) – https://www.anodafloresta.com.br/
– Lei vigente do Código Florestal (nº 4.771/65) – https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4771.htm

Obs: o governo não divulgou o seu relatório técnico atual, o que seria importante compartilhar com a sociedade, já que tem uma posição anunciada sobre o substitutivo.

Sucena Shkrada Resk | 




03/05/2011 13:50
O apelo contra a desumanidade, por Sucena Shkrada Resk
No período desta manhã, durante o 2º Fórum Democracia & Liberdade, realizado na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), em São Paulo, pelo Instituto Millenium, o que mais mexeu com a emoção do público, foi o depoimento de Mina Ahadi, 54 anos, ativista iraniana e coordenadora do Comitê Internacional contra o Apedrejamento de Mulheres, criado em 2001. Ela trouxe uma mensagem carregada de um histórico de lutas, iniciado desde seus 19 anos, que a obrigou a mudar de vários endereços e se exilar em Colônia, na Alemanha, com seus dois filhos, onde vivem desde 1996.

Sua indignação com a adoção de apedrejamentos em países do Oriente, estupros, a falta de liberdade de expressão feminina, a levou a se mobilizar em 2010, em uma campanha mundial contra o apedrejamento da iraniana Sakineh Mohammadi, por suposto adultério.

“…Muitos amigos e amigas foram executados por defenderem a causa. O que pedimos é que todos tenham os mesmos direitos, independente de gênero…Para mim, a democracia existe quando as pessoas têm possibilidade de viver com bem-estar e liberdade de opinião…”

Hoje, ela pleiteia uma reunião com a presidente Dilma Rousseff, para obter o apoio do Brasil mais efetivo à causa.
Sucena Shkrada Resk | 




01/05/2011 15:31
Suassuna, em verso e prosa, por Sucena Shkrada Resk
O escritor, poeta, dramaturgo e historiador Ariano Suassuna, 84 anos, no palco, e o geógrafo Aziz Ab´Saber, 87, na plateia. Poderia haver combinação mais emocionante de se flagrar? Presenciei esse bonito quadro, neste sábado, 30 de abril, no teatro do Sesc Vila Mariana, em São Paulo, durante a aula-espetáculo do escritor paraibano, radicado em Recife. Por mais uma vez, ele superou ‘sua aversão’ às viagens aéreas, para trazer aos paulistanos, um pouco de sua vasta contribuição à cultura brasileira.

Durante quase duas horas, compartilhei uma viagem no tempo. Um ir e vir de trocadilhos, glosas, críticas aos preconceitos à cultura de raiz, além de um humor perspicaz, que provocou risos largos do público. Essa gama de informações trouxe à tona importantes momentos da carreira do criador do Movimento Armorial, reconhecido internacionalmente por obras, como “Auto da Compadecida” (1955).

O Movimento Armorial foi iniciado por Suassuna, em Recife, em 18 de outubro de 1970, com o propósito de ampliar o reconhecimento das raízes das manifestações populares culturais brasileiras, e até hoje ele mantém um trabalho neste sentido.

Em vez de me estender em interpretações, decidi optar por transcrever algumas frases que ouvi de sua exposição, ontem, e compartilhá-las com vocês:
-“… Minha posição tem caráter didático. Fui professor, durante minha vida toda, desde os 17 anos…”
– “…Até hoje me espanto com o poder de improviso que têm os cantadores. Que coisa extraordinária…”
– “Fui criado lendo…Além da leitura, eu me encantei pelo circo…
– “Gosto de rir e fazer rir…”
– “Quero desmoralizar esse pessoal que diz que o povo brasileiro não sabe o que é bom…Mas se apresentarem a ele só o que é ruim…”
– “…O que acho mais bonito em nosso povo é a unidade na diversidade…”

Foram tantas passagens contadas de forma coloquial pelo escritor, que seria impossível descrevê-las em um resumo. Mas de tudo que transmitiu, extrai o seguinte – Por muitas vezes, reclamamos da vida, por pequenas discordâncias, mágoas por palavras mal empregadas ou rompantes de sentimentos enraivecidos. Nesses momentos, esquecemos que a vida pode ser poética, harmoniosa, com risos largos e esperançosa. Quando conhecemos pessoas, no alto de sua maturidade, que produzem e nos incentivam, provocando nossa reforma íntima, sentimos o quanto é preciso lutar pelo envelhecimento com dignidade.

Ao falar com o professor Ab`Saber, ao término da apresentação, eu obtive mais uma lição de humildade. Ele contou que estava vendo pela primeira vez uma ‘aula’ de Suassuna e havia se encantado. Nas entrelinhas, deu o seguinte recado – um bom educador e pensador nunca se cansa de aprender. E com mais um detalhe, digno de nota. Apesar de aposentado e com dificuldade para caminhar, ele praticamente vai todo dia à Universidade de São Paulo (USP), estudar e compartilhar conhecimentos. E completou – “Uma vez (Suassuna) foi à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) para fazer uma palestra, que foi tão interessante, que depois dele, ninguém mais queria falar (rs)”.

Esses momentos singulares não pararam por aí. Ainda tive a oportunidade de entrevistar Suassuna em coletiva de imprensa, para finalizar o conteúdo para uma matéria que estou produzindo. Um momento especial nos bastidores de minha carreira. No final da noite, já cansado de tanto atender aos apelos dos jornalistas – inclusive, o meu, é claro rs -, gentilmente, ele autografou o livro Almanaque Armorial, com organização de Carlos Newton Júnior, pela José Olympio, que eu havia comprado lá, para conhecer um pouco mais de seu trabalho.

Sucena Shkrada Resk | 




26/04/2011 21:28
A “sociedade do lixo”: 60.868.080 toneladas só em 2010, por Sucena Shkrada Resk
A expressão “sociedade do lixo” se tornou um chavão, mas com profundo sentido. Hoje fui à prévia do Fórum Brasileiro de Resíduos Sólidos, em São Paulo, em que a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – Abrelpe divulgou o resumo da atual edição do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, que reitera o alerta à nossa sociedade de consumo. Afinal, em um país, no qual em 2010, produzimos 60.868.080 toneladas (t) de resíduos sólidos urbanos (RSU), cerca de 7,7% a mais do que o ano anterior, exige que repensemos nosso modelo de vida. Estou me incluindo nisso, é claro!

Por meio dessas informações, que nos envolvem em uma torrente de números e percentuais, é possível extrair que é preciso muito empenho para que a Política Nacional de Resíduos Sólidos (nº 12.305/10), regulamentada pelo Decreto (nº 7.404/10) seja, de fato, implementada, com um Plano Nacional objetivo e eficaz.

Acordos setoriais (segmentos de embalagens de agrotóxicos e defensivos, pneus, óleos lubrificantes, pilhas e baterias, lixo eletroeletrônico e lâmpadas com mercúrio, descarte de medicamentos e embalagens variadas), investimentos em educação ambiental e para o consumo consciente, em aterros sanitários, na coleta seletiva, em uma relação digna de geração de renda aos catadores (expectativa trazida pelo Programa Pró-Catador, instituído pelo Decreto nº 7.405/10), na logística reversa, e tantas outras iniciativas exigem a participação de todos indistintamente.

É importante ressaltar que foram estipulados prazos e os mesmos estão passando. Para a apresentação do Plano Nacional (com horizonte de pelo menos 20 anos), é em junho. Já para o fim dos lixões, 2 de agosto de 2014, quando também deverá estar em vigor a coleta seletiva em todo o país. Um processo nada fácil, diante do cenário construído até agora.

O que não me sai da cabeça é que esses dados são mais um motivo para ligar o sinal vermelho aos excessos, futilidades, e à construção anunciada de cenários, como vimos nesta semana, do incidente em Itaquaquecetuba – 
veja matéria veiculada na Agência Brasil. A fatia do bolo dos resíduos coletados é a seguinte – Sudeste (53,1%); Nordeste (22%); Sul (10,8%); Centro-Oeste (8%) e Norte (6,1%).

Uma observação interessante feita por Carlos Silva Filho, diretor-executivo da entidade, é que de 2009 para 2010, o aumento populacional foi na faixa de 1%. Isso quer dizer que produzimos muito mais resíduos no período (6%, pelo menos). “As metas a serem alcançadas envolvem a separação de resíduos e de rejeitos, medidas de preservação ambiental, redução de desperdício, de aplicação da hierarquia da geração de resíduos (redução, reuso, reciclagem, tratamento e disposição no solo). Para isso, é preciso planejamento estratégico intersetorial, com soluções integradas”, disse.

Segundo o levantamento do relatório, cada habitante produz em média anualmente 378,4 quilos de ‘lixo’ (expressão que não é mais politicamente correta, mas coloquial) ou 1,213 quilos por dia, uma quantidade similar a países, como Canadá (382 quilos/hab/ano – dados 2006-2007), como observei em uma tabela apresentada.

De todo esse volume, entretanto, coleta-se 1,079 kg/hab/dia. “Cerca de 6 milhões de t deixaram de ser coletadas em 2010”, disse. É uma quantidade tão expressiva, que ao pararmos para pensar, a encontramos em todos os cantos de nossas cidades, nas ruas, parques, terrenos baldios, em nossos córregos, rios, várzeas, morros, …

E para onde vai todo o resíduo coletado? É aí que detectamos mais um desafio e tanto que, talvez, não dediquemos a devida atenção. No ano passado, 22.962.948 t (42,4%) foram encaminhadas a destinos inadequados (lixões e aterros controlados), contra 21,7 milhões em 2009. Regionalmente, de acordo com o levantamento, a região Centro-Oeste é a lanterninha, ao computar 71,2% da destinação inadequadamente, seguida pelo Nordeste (66%) e Norte (65%).

Os 31.194.948 (57,6%) restantes seguiram a aterros sanitários. Mas diante dessas informações, me surgiu uma pergunta – em que situações e condições de vida útil?

Será que tudo é orgânico? Obviamente, que não. Mais uma vez, o levantamento aponta nesta direção. Muito material reciclável vai junto, e como vai. O relatório registra que existe “algum tipo de coleta seletiva’, sem inferir qualidade ou quantidade, em 57,6% dos municípios e 42,4% não mantêm nenhum tipo de iniciativa. Os dados foram obtidos por meio de informações prestadas pelas prefeituras. “Um aspecto relevante é que 8% das cidades com 500 mil habitantes ou mais não possuem qualquer tipo de iniciativa”, destacou Filho.

Com relação aos resíduos da construção e demolição, houve um aumento de 8,7% com relação a 2009, mais do que o percentual geral de RSU. No ano passado, foram coletadas 30.998 milhões de t, segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil. No caso dos resíduos da saúde, a situação ainda é mais preocupante. Só para se ter noção 27,5% seguem para aterros e 15,4% para lixões…

Ao todo, foram pesquisados 350 municípios brasileiros – 32 (Norte); 109 (Nordeste); 25 (Centro-Oeste); 127 (Sudeste) e 57 (Sul), onde vivem 79,7 milhões de habitantes.

O documento será disponibilizado 
no site da Abrelpe.

Sucena Shkrada Resk | 




25/04/2011 20:27
Campanha Banda Larga é um direito seu! lançada hoje, por Sucena Shkrada Resk
Mais de 40 entidades lançaram hoje a 
Campanha Banda Larga é um direito seu. É uma iniciativa que visa combater os valores altos ainda aplicados para se obter os serviços e melhorar a qualidade do sistema.

Entre os argumentos utilizados, está o de que ‘é preciso pensar a banda larga como um serviço essencial. A internet é instrumento de efetivação de direitos fundamentais e de desenvolvimento, além de espaço da expressão das diferentes opiniões e manifestações culturais brasileiras por meio da rede’.

Sucena Shkrada Resk | 




23/04/2011 10:06
Compartilhando – Oração à Mãe Terra, de Leonardo Boff
Oração à Mãe Terra
22/04/2011
por Leonardo Boff
Nota: No dia 22 de abril de 2010, numa sessão solene, a ONU votou o projeto de mudar o Dia da Terra que seria hoje para o dia da Mãe Terra. Coube a mim e a ao Presidente Evo Morales fazer a sustentação política (Evo) e a científica, ética e espiritual (eu). A mudança foi aprovada por unanimidade, por 192 votos. Essa mudança é carregada de boas consequências. Terra a gente pode comprar,vender e usar. Mãe a gente não compra nem vende nem usa, mas ama, cuida e venera. Assim devemos fazer com a nossa Grande Mãe, Pacha Mama, a Terra. Neste contexto fiz a seguinte oração: lb

“Terra minha querida, Grande Mãe e Casa Comum! Vieste nascendo, lentamente, há milhões e milhões de anos, grávida de energiais criadoras.

veja a íntegra 
no blog de Leonardo Boff, no WordPress.
Sucena Shkrada Resk | 




22/04/2011 20:49
Dica de vídeo – Uma Chance para viver, por Sucena Shkrada Resk
Assisti ontem o filme Uma Chance para viver, com direção de Dan Ireland, baseado no livro Her-2, de Robert Bazell! É uma história verídica, muito sensível e motivadora! Trata-se do empenho do médico oncologista Dennis Slamon (interpretado por Harry Connick Jr.), que lutou por 12 anos, por sua pesquisa referente a uma droga contra o câncer de mama.

Ele enfrentou muita resistência da indústria farmacêutica, de outros cientistas, mas não desistiu, por nenhum momento, conquistando o apoio de pessoas solidárias à causa – e no final, o medicamento hoje auxilia no tratamento de milhares de mulheres.

Sucena Shkrada Resk | 




22/04/2011 18:10
Parte 3- As mobilizações pelo PNE e pela Carta da Terra, por Sucena Shkrada Resk
A universalização da comunicação sobre o projeto de Lei (PL) nº 8035/2010, do Plano Nacional de Educação (PNE), e a Carta da Terra é uma tarefa sem hora e data marcada para acabar e ainda precisa superar o ‘fantasma’ da exclusão. Isso obviamente não quer dizer que não existam movimentos articulados, que fomentam dia a dia a multiplicação da discussão sobre essas pautas. Com certeza, todas essas iniciativas são importantes, mas é preciso muito mais informações e reflexões a respeito. Afinal, o país é formado por praticamente 191 milhões de cidadãos.

No CE, por exemplo, foi lançada a Campanha PNE Pra Valer, no último dia 18, que reúne desde legisladores a entidades do terceiro setor. No período de 29 a 30 deste mês, a XXX Sessão Plenária do Fórum Paranaense em Defesa da Escola Pública, em Curitiba, terá como tema o “Plano Nacional de Educação: Diretrizes e Metas à Luz do Documento Final da Conae”.

De 2 a 8 de maio, o PL terá um destaque importante na Semana de Ação Mundial (SAM), que integra a Campanha Global pela Educação, e é coordenada no Brasil, pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação. Em fevereiro, a entidade e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação entregaram 
um documento com mais de 70 propostas de emendas, para a relatora Fátima Bezerra (PT).

CARTA DA TERRA

A Carta da Terra, por sua vez, lançou uma campanha mundial de comunicação ,por meio de um vídeo de 60 segundos (aqui no Brasil, em português), que já pode ser acessado e multiplicado. Saiba mais no site da Carta da Terra Brasil . Para a garotada, outra opção com uma linguagem mais acessível pode ser encontrada no site Carta da Terra .

Veja também:
22/04/2011 – Parte 2 – O PNE, a Carta da Terra e a comunicação
22/04/2011 – Parte 1 – O Plano Nacional de Educação e a Carta da Terra
Sucena Shkrada Resk | 




22/04/2011 11:44
Parte 2 – O PNE, a Carta da Terra e a comunicação, por Sucena Shkrada Resk
Dando continuidade à reflexão sobre o projeto do Plano Nacional de Educação (2011-2020) e sua relação com a Carta da Terra, resolvi introduzir agora, o papel da comunicação. Essa é a liga entre os diversos atores envolvidos e responsável por humanizar ou desumanizar a questão.

Em um primeiro momento, quais são os atores de que estamos realmente tratando? Vou falar sobre alguns, que estão inseridos na figura de nossa sociedade e dos chamados personagens institucionais. É aí que percebemos que ninguém escapa dessa responsabilidade:
– estudantes; pais e responsáveis; educadores; agentes administrativos escolares (diretores, reitores, vices, coordenadores pedagógicos, inspetores…); merendeiros: faxineiros;
– comunicadores, educomunicadores; gestores públicos; técnicos; empresários…
– diretorias (escolas, de ensino – públicas e privadas…), secretarias (municipais, estaduais), reitorias, Ministério da Educação, associação de pais e mestres, de amigos de amigos, centros estudantis, sindicatos patronais e profissionais de cada categoria, associações em defesa do consumidor;
– entidades do terceiro setor, setores de RH, sustentabilidade, responsabilidade social das empresas;
– IBGE, IPEA, os mais diversos institutos de pesquisas, UNESCO, UNICEF, PNUMA, PNUD…;
– mídia em geral (publicações jornalísticas, publicitárias, de marketing)…

Somos todos nós! Mas será que temos essa dimensão participativa? Claro, que não, pois se tivéssemos, a educação no país e o nosso papel como cuidadores e parte do Planeta não estariam tão aquém do ideal.

Nesse contexto, a comunicação se torna chave fundamental para tecer essas relações. Estou falando da integração de ser humano com ser humano até a mais ampla, na figura institucional. E é por esse caminho, que vejo que somos uma sociedade ainda excludente.

Vou citar um exemplo básico – a própria discussão do PNE e a multiplicação da mensagem da Carta da Terra. Eis alguns questionamentos para refletirmos:
– Quem faz essa discussão hoje?
– Por quais meios? (na conversa informal, na formal, pela internet, pela TV, pelos meios impressos…?
– Com qual linguagem?
– Com qual propósito?
– Para quem é tecida essa rede de comunicação?
– Incluímos: os “cerca” de 14 milhões de analfabetos? As 700 mil crianças fora da escola, como atores, neste processo?
– os mais invisíveis ainda, que ainda no século XXI, não têm sua certidão de nascimento e nem fazem parte da estatística? Será que o Censo 2010 deu conta desses cidadãos?
– os “letrados”, que estão em nossos lares, nas escolas e nas universidades ou que já saíram dela?
– E por aí vai…
E segue mais uma questão para nós refletirmos: Por que esses documentos, que registram metas, diretrizes e estratégias são importantes? Ou são mais papéis sem sentido prático? Na parte 3, continuamos essa conversa…

Veja mais:
22/4 – Parte 1 – o Plano Nacional de Educação e a Carta da Terra, por Sucena Shkrada Resk


Sucena Shkrada Resk | 




22/04/2011 09:52
Parte 1 – O Plano Nacional de Educação e a Carta da Terra, por Sucena Shkrada Resk
Tudo passa pela educação formal, não-formal e informal, quando observamos as constatações e propostas presentes na Carta da Terra. Isso quer dizer que o ingrediente da sensibilidade é inato a cada um de nós, mas precisa de incentivo para ser aflorado. Precisamos obter o conhecimento com QUALIDADE que aguce nossa capacidade de cognição. Isso está muito além do “saber” ler e escrever o idioma de nossa terra ou de outros países ou fazer as quatro formulações aritméticas.

É aí que está o grande nó a desatar – compreendermos o nosso papel no planeta, os enunciados e as entrelinhas, para que assumamos nossos papéis como protagonistas. E quando vemos a proposta do Plano Nacional de Educação (PNE), para o período de 2011-2020, que está sob análise no Congresso Nacional, é notório que detectamos que estamos longe disso, ao longo das décadas. A discussão sobre esse assunto tem mais um desafio a enfrentar – sair do universo das estatísticas, para humanizar as complexas relações envolvidas em cada número.

Quando vamos pesquisar dados a respeito, é quase que uma sentença – o que nos chega são os percentuais “sem nomes”. No ano passado, alguns números levantados pelo Ministério da Educação (MEC) já sinalizavam que o país não havia atingido as diretrizes do PNE anterior. Para se ter ideia, na ciranda das estatísticas, os percentuais eram os seguintes:
-10% de analfabetos com 15 ou mais;
– 13% de repetência no ensino fundamental;
– 13,7% de matriculados entre 18 e 24 anos no ensino superior.

O Brasil, segundo relatório recente da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (UNESCO), está em 88º lugar em ranking de educação, numa lista com 127 países. O estudo aponta que há cerca de 700 mil crianças em idade escolar primária que não estão estudando e 14 milhões de adultos analfabetos. Por outro lado, há outros milhares de estudantes que se encontram no “sistema de ensino formal”, mas com um déficit considerável de aprendizado.

Quem são essas pessoas? Meus e seus vizinhos, parentes, colegas, nossos compatriotas em nossos bairros, cidades, estados, de outros estados? Quais os seus nomes, suas histórias e expectativas? Quando vemos as macro-análises e, inclusive, as regionalizadas, temos dificuldades em fazer essas abordagens. A questão é simples – os detalhes estão no âmbito das famílias, das unidades escolares, das associações de amigos de bairro, das Agendas 21 locais, o que no fundo, refletem os princípios da Carta da Terra. Sim, isso mesmo, uma teia de inferências.

Com todos esses desafios expostos, de uma maneira geral, o novo PNE não traz nada que desconheçamos que precisa melhorar, não é verdade?:
I – erradicação do analfabetismo;
II – universalização do atendimento escolar;
III – superação das desigualdades educacionais;
IV – melhoria da qualidade do ensino;
V – formação para o trabalho;
VI – promoção da sustentabilidade socioambiental;
VII – promoção humanística, científica e tecnológica do País;
VIII – estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação
como proporção do produto interno bruto;
IX – valorização dos profissionais da educação; e
X – difusão dos princípios da equidade, do respeito à diversidade e a gestão
democrática da educação.

E qual é a meta da Carta da Terra? Identifiquei algumas, para que possamos refletir:
“…Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz…”.

E no seu item 9-b, diz o seguinte – “…Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental…Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma subsistência sustentável, e proporcionar seguro social e segurança coletiva a todos aqueles que não são capazes de manter-se por conta própria.

Já no 11/c – “Afirmar a igualdade e a eqüidade de gênero como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, assistência de saúde e às oportunidades econômicas – c. Fortalecer as famílias e garantir a segurança e a educação amorosa de todos os membros da família.

No 14/c-d – “Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável. – b. Promover a contribuição das artes e humanidades, assim como das ciências, na educação para sustentabilidade. – d. Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma subsistência sustentável.

Agora, voltemos às metas do PNE (2011-2020), mas não “esfriemos’ a discussão, por causa da síntese mais uma vez estatística, que pode nos desvirtuar de fazermos uma imersão mais ‘sensível’:

Meta 1: Universalizar, até 2016, o atendimento escolar da população de quatro e cinco anos, e
ampliar, até 2020, a oferta de educação infantil de forma a atender a cinquenta por
cento da população de até três anos.

Meta 2: Universalizar o ensino fundamental de nove anos para toda população de seis a
quatorze anos.

Meta 3: Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de quinze a
dezessete anos e elevar, até 2020, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para
oitenta e cinco por cento, nesta faixa etária.

Meta 4: Universalizar, para a população de quatro a dezessete anos, o atendimento escolar aos
estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades
ou superdotação na rede regular de ensino.

Meta 5: Alfabetizar todas as crianças até, no máximo, os oito anos de idade.

Meta 6: Oferecer educação em tempo integral em cinquenta por cento das escolas públicas de
educação básica.

Meta 7: Atingir as seguintes médias nacionais para o IDEB

Meta 8: Elevar a escolaridade média da população de dezoito a vinte e quatro anos de modo a
alcançar mínimo de doze anos de estudo para as populações do campo, da região de
menor escolaridade no país e dos vinte e cinco por cento mais pobres, bem como
igualar a escolaridade média entre negros e não negros, com vistas à redução da
desigualdade educacional.

Meta 9: Elevar a taxa de alfabetização da população com quinze anos ou mais para noventa e
três vírgula cinco por cento até 2015 e erradicar, até 2020, o analfabetismo absoluto e
reduzir em cinquenta por cento a taxa de analfabetismo funcional.

Meta 10: Oferecer, no mínimo, vinte e cinco por cento das matrículas de educação de jovens e
adultos na forma integrada à educação profissional nos anos finais do ensino
fundamental e no ensino médio.

Meta 11: Duplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando
a qualidade da oferta.

Meta 12: Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para cinquenta por cento e a
taxa líquida para trinta e três por cento da população de dezoito a vinte e quatro anos,
assegurando a qualidade da oferta.

Meta 13: Elevar a qualidade da educação superior pela ampliação da atuação de mestres e
doutores nas instituições de educação superior para setenta e cinco por cento, no
mínimo, do corpo docente em efetivo exercício, sendo, do total, trinta e cinco por
cento doutores.

Meta 14: Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu, de
modo a atingir a titulação anual de sessenta mil mestres e vinte e cinco mil doutores.

Meta 15: Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, que todos os professores da educação básica possuam formação
específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento
em que atuam.

Meta 16: Formar cinquenta por cento dos professores da educação básica em nível de pósgraduação
lato e stricto sensu e garantir a todos formação continuada em sua área de
atuação.

Meta 17: Valorizar o magistério público da educação básica, a fim de aproximar o rendimento
médio do profissional do magistério com mais de onze anos de escolaridade do
rendimento médio dos demais profissionais com escolaridade equivalente.

Meta 18: Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para os
profissionais do magistério em todos os sistemas de ensino.

Meta 19: Garantir, mediante lei específica aprovada no âmbito dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, a nomeação comissionada de diretores de escola vinculada a
critérios técnicos de mérito e desempenho e à participação da comunidade escolar.

Meta 20: Ampliar progressivamente o investimento público em educação até atingir, no
mínimo, o patamar de sete por cento do produto interno bruto do País.

Com tanta informação, nossa mente precisa de um tempo para assimilação. Paremos um pouco para pensar sobre esses dados, para continuarmos a discuti-los na parte 2 dessa reflexão, que trata dos aspectos das estratégias e do que está possivelmente errado na comunicação… Afinal, é um assunto tão denso, que não se esgota…

Vejam na íntegra:

Projeto de Lei PNE – Plano Nacional de Educação (2011-2020) .
Sucena Shkrada Resk | 




21/04/2011 10:45
Carta da Terra: muito além da utopia, por Sucena Shkrada Resk
A Carta da Terra vai muito além da utopia, do imaginário. Ela é factível em nossas reformas íntimas, que transbordam à prática cotidiana, nos pequenos detalhes que se tornam grandes. Nós, que fazemos parte dessa humanidade, talvez estejamos ainda na fase da infância para incorporá-la em sua plenitude. Mas se fomos capazes de construí-la em nossa intenção, somos capazes de edificá-la…

Quando lemos e relemos o texto (https://www.cartadaterrabrasil.org/prt/text.html) e nos deixamos envolver por todas as mensagens tão contundentes e realistas, que lá estão expressas, dá uma ânsia por transformar o mundo em um lar solidário, inclusivo, bem cuidado. Depois de chegar à última palavra, a única coisa que emerge, é querer fazer parte dessa jornada.
Sucena Shkrada Resk | 




19/04/2011 11:05
Atmosfera paulistana na Virada Literária, por Sucena Shkrada Resk
Durante a Virada Literária, promovida pela Libre – Liga Brasileira de Editoras, em parceria com a Secretaria de Cultura e a Biblioteca Mario de Andrade, no último dia 16, tive uma experiência muito gratificante, ao poder ler três textos sobre São Paulo, de autores como Sérgio Milliet, no livro Paixão Por São Paulo, organizado por Luiz Roberto Guedes, pela Terceiro Nome; e de Heródoto Barbeiro. Ainda acompanhei a leitura feita de outras obras por autores – como Roniwalter Jatobá – e de anônimos, como eu, que entraram nessa atmosfera deliciosamente paulistana. Escutamos um pouco de Clarice Lispector, de Camões, de Shakespeare… A noite agradável ficou mais gostosa, ao som de músicas ao piano, tocadas por artistas que se apresentaram na Praça Dom José Gaspar.

Sucena Shkrada Resk | 




18/04/2011 19:58
Pensata:Requinte de crueldade reflete necessidade da mobilização para a paz, por Sucena Shkrada Resk
Neste domingo, vi uma matéria, no Domingo Espetacular, que já havia repercutido por toda mídia, que me deixou indignada e muito triste com o requinte de maldade a que pode chegar o ser humano. Um filhote de pitt bull sofreu queimaduras graves, com óleo quente, em Jaguariúna, e por sorte foi encontrado e, agora, está em fase de recuperação. O animal que estava agonizando em um terreno baldio, próximo à estrada de ferro, está sendo tratado em uma clínica veterinária, entretanto, ficará com muitas sequelas e deverá passar por cirurgia.

Ao ver o cachorro, foi impossível não perceber o sofrimento pelo qual está passando. Fiquei com um nó na garganta, ao olhar parte de seu rosto desfigurado, além de outras partes de seu corpo afetadas. Nós, sequer, temos noção de quantos episódios como este se repetem cotidianamente com animais, seres humanos, enfim, com a natureza. Esse exemplo de brutalidade é mais uma prova da violência velada que está em nossa sociedade e que necessita ser combatida com a mobilização pela paz, que nutra desde a infância, o respeito ao outro, incentive o querer bem e a afetividade.

Sucena Shkrada Resk | 




15/04/2011 17:42
Poluição – Por outro lado, são mais de 7 milhões de chances para tudo mudar, por Sucena Shkrada Resk
Existem alguns recordes, que não são motivo de orgulho, quando se tem por objetivo a melhoria da qualidade de vida nas grandes metrópoles. Um deles é a marca de São Paulo, de até março, registrar 7.012.795 veículos (5.124.568 carros, 889.164 motos, triciclos e quadriciclos, 718.450 micro-ônibus, caminhonetes e utilitários, 158.190 caminhões e 42.367 ônibus), segundo o Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (DETRAN). O que torna essa realidade mais impactante é que no município há uma população de cerca de 11 milhões de habitantes.

Por outro lado, podemos enxergar esses números superlativos sob um outro prisma. Significam que há mais de 7 milhões de chances para a racionalização da circulação dessa frota ‘homérica’, a partir do momento que os condutores, suas famílias e as empresas que a utilizam, otimizarem a relação com os meios de transporte, tendo em vista, que nestes dados não estão computados o metrô, trem e as bicicletas, além da opção da caminhada, dependendo das circunstâncias, além da opção da carona solidária. Tudo isso, somado a ações efetivas do poder público. O que não é possível é que as pessoas usem os automóveis e motocicletas durante os sete dias da semana.

Afinal, isso é algo imperativo, tendo em vista a densidade cada vez maior dos congestionamentos, das partículas finais que seguem para a atmosfera que comprometem nossa saúde, da formação das ilhas de calor, da poluição sonora e do estresse provocado por horas no trânsito. Tudo isso ganha maiores proporções, com as más condições de manutenção de muitas vias, com as intempéries climáticas e pela imprudência praticada por alguns motoristas.

Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), só em 2009, morreram em decorrência de acidentes de trânsito na cidade, 1.342 pessoas. Quando se regionaliza as piores situações, quanto ao número de mortes de ocupantes de automóveis e caminhonetes por cem mil habitantes, por local de moradia da vítima, as concentrações maiores são encontradas nas regiões das subprefeituras de Ermelino Matarazzo, Parelheiros e Mooca. As informações fazem parte do Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade no Município de São Paulo (Pro-Aim)/Secretaria Municipal de Saúde (SMS), elaboradas pelo Kairós.

Entretanto, há outras milhares de mortes relacionadas à poluição. Como destaca o patologista Paulo Saldiva, coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a qualidade do ar já reduziu a expectativa de vida do paulistano em um ano e meio em média – o equivalente a fumar quatro cigarros por dia.

Leia também no Blog Cidadãos do Mundo:
30/01/2010 -Esp.FSM 2010 – Como a população se integra à política pública
04/10/2009 – Poluição: a importância da pesquisa
16/08/2009 – Saúde Ambiental: A poluição que nos consome
18/03/2009 – Ilhas urbanas
10/12/2008 -A polêmica do enxofre

Sucena Shkrada Resk | 




12/04/2011 10:21
Fukushima é a Tchernobyl de hoje, por Sucena Shkrada Resk
‎Fukushima é a Tchernobyl de hoje ou talvez pior. Já está no nível 7, segundo as autoridades japonesas. A zona de evacuação ao redor está sendo ampliada, no entanto, e tudo que já foi para o mar, para o solo e a atmosfera, seguindo a outros países?… Quem tem respostas precisas e sinceras a respeito disso, para que os cidadãos possam obter a real dimensão do desastre nuclear?

O discurso das imprecisões continua. Uns dizem que é para não causar pânico. Já para outros, é uma questão política. Uma terceira corrente argumenta que o conhecimento técnico ainda é impreciso ou, então, uma conjunção dos três. Em qualquer uma das alternativas, há falhas que vêm desde o sistema de precaução, diante de um tipo de resíduo tão complexo e invasivo, para o gerenciamento de crise.
Sucena Shkrada Resk | 




10/04/2011 17:54
A socionatureza e as cidades saudáveis, por Sucena Shkrada Resk
Há muitas nomenclaturas para se designar um mesmo propósito, mas algumas são mais fáceis de assimilação do que outras. Nesse caminho, está o termo ‘socionatureza’ adotado pelo geógrafo Jan Bitoun, professor da Universidade Federal de Pernambuco. Ao ouvi-lo, nesta semana, durante um evento em São Paulo, achei interessante destacar essa expressão, que segundo ele, significa o seguinte – ‘a qualidade da relação da cidade com o sítio (área ou uso do solo) é reflexo da qualidade das relações sociais e depende dos valores que norteiam as ações dos habitantes’. Agora, o interessante seria observarmos as condições de nossas cidades e reavaliarmos o que espelham, não é?

Em miúdos, o que o pesquisador quer dizer é que existem os sistemas naturais, como ciclo da água, de erosão, de decomposição dos resíduos que são perturbados pela intensidade das características físico-naturais da área, ou seja, seu grau de vulnerabilidade. Com isso, a compensação ocorre por meio de sistemas artificiais, de saneamento básico, de manejo das águas pluviais, das técnicas de implantação e construção das edificações, dos serviços de coleta e destino dos resíduos.

Para que haja a eficiência dessas relações, ele aposta na ampliação dos chamados serviços ambientais, como um dos caminhos para de construir ‘cidades saudáveis’. “Vamos investir em atores que têm a equidade como foco do trabalho. Nessa rede, estariam agentes de redução de riscos e de vigilância ambiental”, diz.

Sucena Shkrada Resk | 




02/04/2011 20:10
Não se trata da história do outro, é a nossa história…, por Sucena Shkrada Resk
Dia após dia, o incidente nuclear em Fukushima, no Japão, se agrava em escala internacional, e não há como negar – o iodo, o césio, enfim, o efeito radioativo, já comprometeram a atmosfera, o solo e o mar, os alimentos e o ecossistema. Cada um tem um impacto e temporalidade de ação distintos, mas a maioria com poder letal – em pouco, médio ou longo prazo. Esse é o nosso hoje e o nosso ontem na história. Não se trata da história de um ente distante, que nada tem a ver conosco. Será que, de fato, nos damos conta disso?

Sucena Shkrada Resk | 




29/03/2011 20:09
Resiliência e serenidade, por Sucena Shkrada Resk
Fico muito sensibilizada com o sofrimento, que geralmente, as pessoas com câncer têm, pois tive alguns familiares que passaram por essa situação ou faleceram em decorrência dele. No caso de José Alencar, e de muitos homens e mulheres anônimos que não têm acesso a tratamentos, o que fica é o registro da resiliência, que é o sentido de luta pela vida.

Resolvi escrever essas palavras, porque eu me recordei, agora, vendo a notícia de sua morte, que a única vez que tive oportunidade de entrevistá-lo, foi durante o período de campanhas eleitorais em 2006, quando eu trabalhava no Repórter Diário. Guardo desta época, o respeito pelo homem público (independente de posições políticas). Ele teve um gesto cortês de lembrar de responder minhas questões, bem depois, no final da coletiva, apesar das pressões do político e comitiva que o acompanhavam e da saúde fragilizada, que era visível. Dessa serenidade ou educação para com o outro, como possa chamar, nunca mais me esqueci…

Sucena Shkrada Resk | 




27/03/2011 17:28
Com qual lente olhamos os desastres naturais?, por Sucena Shkrada Resk
A palavra desastre natural se tornou similar à fibromialgia ou virose, na área médica. Explico o porquê desta minha conotação. Os efeitos e as intensidades das chuvas, enchentes, deslizamentos, terremotos, tsunamis, tufões, furacões e outros eventos climáticos são creditados geralmente como resultantes de fenômenos que independem da ação do homem e que fazem parte da dinâmica própria da natureza na Terra a que somos submetidos, e ponto final. Na verdade, poucas pessoas se esforçam em analisar qual é a causa primordial da sucessão de acontecimentos e, como têm relação intrínseca, com padrão de desenvolvimento e gestão. Ir a fundo incomoda, muitas vezes, a uma série de segmentos. Afinal, é mais fácil culpar a natureza e usar o argumento de que o ser humano é vítima.

Nem é preciso destacar que a nossa memória é curta. Passa-se algum tempo, quem se lembra do Tsunami, na Indonésia, em 2004, das conseqüências devastadoras dos terremotos no Haiti, no Chile e até no Japão?? Ou que a tragédia no Vale do Itajaí, em SC, não ocorreu somente em 2008, mas em grande proporção, em 1983. E que São Luiz de Paraitinga, em SP, até hoje tenta se reerguer das enchentes em 2010, como as cidades da serra fluminense, New Orleans, nos EUA. Que bom que há banco de dados, não é? Se as nossas ligações neurais falham, temos o Google e outros instrumentos de busca para recorrer.

Mas isso não basta! A sucessão de acontecimentos está aí e demonstra, para nós brasileiros, que há ‘algo’ além do natural e que nossos governantes, legisladores e nós mesmos sabemos, mesmo que seja no famoso “inconsciente coletivo”, em alguns casos. Num esforço um pouco além da observação dos fatos consumados, podemos elencar alguns pontos, que nos dizem respeito, mais de perto, e precisam de revisão:
– Crescimento desordenado das cidades, que resultam em décadas de invasões em morros, várzeas e que o poder público em inúmeras gestões acompanhou e, agora, tem dificuldade de remediar;
– Planos Diretores falhos ou desrespeitados por brechas abertas na legislação;
– Modelos construtivos que impermeabilizam nossas ruas, calçadas;
– Que desviam a rota de nossos rios, como se a forma sinuosa não tivesse uma razão de ser;
– Destroem continuamente as nossas encostas, mangues, restingas, matas ciliares
– Modelos de produção que desmatam nossas terras, sem que ela tenha condições de recuperação em ‘tempo hábil’ para a vida do planeta, de restabelecer o seu ciclo de troca com o regime climático;
– Tudo isso, um reflexo de falta de educação cidadã e ambiental – basta ver a quantidade de resíduos que produzimos e onde grande parte é despejada;
– Da falta de locais apropriados para a destinação de nossos resíduos. Os lixões ainda são uma marca do subdesenvolvimento e não, do status de ‘emergente’;
– De gestões públicas incapazes de prover planos de adaptação, prevenção e gerenciamento de riscos com planejamentos em longo prazo;
– Além de esgotamento sanitário pífio para somente metade do país, que aflige não só a saúde de nosso corpo, mas do corpo do planeta…

Aí alguém pode perguntar – Mas se pensarmos mais profundamente, onde poderíamos viver diante de tantos condicionantes? A geologia, a geografia e o clima nos impediriam de estarmos em grande parte de nossas terras? Mais uma vez, entraríamos nessa linha reducionista de culpar a ‘natureza’ por tudo de mal x o bem que acontece e de seguir a teoria do mínimo esforço.

Compartilho essa reflexão diante da angústia de ver os impactos fatais e a constatação de que muitas situações poderão se repetir, se só se agir sobre os fatos consumados. Não adianta reconstruir pontes, estradas, casas, como se fosse um jogo de lego. Ao se mapear os riscos, é preciso retirar, de alguma forma, as pessoas dessas zonas de potenciais desastres e estruturar novos zoneamentos criteriosos para as populações vulneráveis. Tarefa fácil, claro que não. Principalmente em muitas metrópoles, falta metro quadrado para ocupações regulares.

Mas aí está o maior projeto que nossos gestores, arquitetos, engenheiros, administradores, economistas, climatologistas, cientistas, educadores, jornalistas, enfim, todos nós, com nossa participação individual e em equipe, podemos contribuir de alguma forma. Isso não se dará em dias ou em anos, mas em décadas! Mas precisa começar e, acima de tudo, TER CONTINUIDADE.

Porque não será necessário esperar mais um verão. Durante os 365 dias do ano, há necessidade de prevenção e mudança do modelo de desenvolvimento. Afinal, acredito que nenhum de nós quer ficar só contabilizando anos dos desastres, mortes, perdas materiais e emocionais, calcadas no sofrimento.

Sucena Shkrada Resk | 




24/03/2011 00:45
Ficha limpa só em 2012?, por Sucena Shkrada Resk
A notícia caiu hoje como uma bomba. A implementação do Projeto Ficha Limpa só valerá a partir das Eleições 2012. Isso quer dizer, que muitos dos candidatos que foram impedidos de se eleger no ano passado, com base nas determinações da legislação, agora, poderão assumir, se tiveram votos suficientes à época. O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a Lei entra em vigor no pleito de 2012. Essa decisão foi tomada numa disputada votação de seis votos contra cinco.

A pergunta que fica no ar é a seguinte – quer dizer que há prazo para sanearmos nosso quadro político? As milhares de assinaturas a favor do projeto em 2010 não valeram de nada? Com certeza, fica uma situação desconfortável a nós, eleitores.

Veja também no Blog Cidadãos do Mundo:
02/07/2010 – Ficha Limpa: não são admissíveis exceções
18/06/2010 – Eleições 2010: Ficha Limpa, sem meias palavras
Sucena Shkrada Resk | 




24/03/2011 00:39
Repensando o Tietê, por Sucena Shkrada Resk
20/03/2011 20:08 Hoje participei da Caminhada pela Água e Saneamento, no Parque Ecológico do Tietê, promovida pelo Planeta Sustentável, National Geographic e Trata Brasil. Foi um bom exercício para alertar sobre as possibilidades de conservação e a nossa necessidade de mudança de padrão de consumo, para não perpetuarmos a situação de nossos rios, como esgoto a céu aberto e depósito de lixo, contaminando todo o ecossistema…Por outro lado, a atividade possibilitou a sensibilização com a situação de várias pessoas no mundo, que percorrem quilômetros para encontrar um pouco de água potável, para sobreviver.

Na década de 70, aquela região da várzea do Tietê era um imenso lixão, que ainda está em estado de recuperação, pois não é fácil mitigar tantos maus-tratos. Entretanto, quando vemos certos trechos dos lagos que se formam, com as águas do rio – lá estão garrafas e sacos plásticos, isopores, esgoto, a vista da cidade grande com o crescimento descontrolado. É o retrato de um rio que clama por socorro na região metropolitana. Isso quer dizer que ainda não aprendemos a lição.

De forma resiliente, biguás entre outras aves ficam em meio a esses detritos. Por outro lado, quatis e macacos-prego, na área do parque, também se destacam nessa natureza, que já não é mais intocada, mas tem suas ‘ilhas’ de conservação. Entretanto, há necessidade de cuidado, para que não cometamos, por mais uma vez, o erro de querer interferir em suas vidas, dando alimentos industrializados. Afinal, não é difícil ver os pequenos animais à procura de guloseimas, nessa integração com o ser humano.


Veja as imagens no meu Flickr


Sucena Shkrada Resk | 



08/03/2011 13:18
A busca pela Felicidade Interna Bruta, por Sucena Shkrada Resk
Voltei ontem à noite, do Parque Ecológico do Instituto Visão Futuro, em Porangaba, SP, e posso dizer que estou muito feliz com a experiência. Foi um dos meus melhores carnavais. Sabe aquela leveza e energia vital que nos recarrega? Essa sintonia que obtive por lá…Estávamos mais ou menos em 60 pessoas de diferentes lugares do Brasil, profissões, mas com um anseio comum – entender o âmago da Felicidade Interna Bruta (FIB), que nasceu no pequeno Butão, e fazer aflorar tudo que a gente carrega de bom e está represado.

Amor leva a amor e mais amor e, acima de tudo, à simplicidade. Redundante? Utópico? Piegas? Será? Com certeza, nem um pouco. É energia pura, fluxo, emoção, certezas que ultrapassam as barreiras mais tênues ou pesadas de nossa materialidade irriquieta. Amor não dá espaço para fome de qualquer sentido. Fazemos germinar da terra, do pensamento, da unidade e da coletividade, dos duetos e da sintonia com algo maior, transfronteiriço e arrebatador. É o momento em que nos reconhecemos como parte do mosaico ambiental deste planeta e, por que não, do cosmos…

Uma situação singular que tive nesses dias, foi de jantar com os olhos vendados, no escuro, e em vez de talheres, usar as mãos, como os indianos. Aguçar a sensibilidade dos sentidos do tato, do olfato e perceber que podemos saborear os alimentos, sem necessidade de comer demais, porque nos sentimos saciados. Sobre as folhas de bananeiras degustei especiarias deliciosas e, ao mesmo tempo, vi (sem olhar), tendo uma experiência de como as pessoas cegas possivelmente enxergam o mundo. Algo realmente especial!

Como fruto do aprendizado, exercitei um pouco a meditação que realmente é algo profundo. E quando dessa meditação partimos para a vibração, a sensação de bem-estar é emocionante. Impossível não deixarmos as águas rolarem dos olhos sobre nossas faces, como uma cachoeira que nos banha com seu manto carinhoso…Nesse momento, não temos vergonha de nos mostrarmos sensíveis e receptivos – sermos nós mesmos, sem as máscaras das convenções cotidianas.

Sucena Shkrada Resk | 




20/02/2011 11:15
Rio além do +40: com certeza + 20 é uma redução da história, por Sucena Shkrada Resk

Os grandes eventos têm capacidade de forjar ou ressuscitar movimentos. Por um lado, é muito positivo, mas por outro, nos prega a peça de ações calcadas em modismos, das quais devemos fugir. Seja como for, a Rio+20, no próximo ano, deve ser encarada, ao meu ver, como Rio ‘muito além do +40’, pois esta história é muito antiga e tem outros personagens envolvidos, que devem ser reconhecidos na trajetória do ambientalismo mundial. A juventude, por sua vez, deve saber desse processo, para que sinta o quanto é importante ter o empoderamento nessa causa planetária, que exige muita seriedade e responsabilidade de todos nós, cidadãos.

Nos idos dos anos 60 para os 70, constatações ainda tão atuais de que o mundo estava sendo consumido predatoriamente por nós, seres humanos, já ocorriam. Relatórios como “Os Limites do Crescimento”, do Clube de Roma, é um exemplo disso, apesar de até então, estar circunscrito ao bojo dos intelectuais. Em “O Nosso Futuro Comum”, da Comissão Brundtland, a 1ª Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente, popularmente conhecida por Conferência de Estocolmo, trouxe em 1972, mais uma vez, a constatação do desequilíbrio do que se chamou posteriormente do tripé da sustentabilidade.

Bem antes disso, em 1962, não podemos esquecer da atitude ousada da bióloga Rachel Carson, ao publicar “Primavera Silenciosa”. Sinceramente devemos ser gratos a essa mulher de fibra, que ao descobrir os efeitos maléficos dos pesticidas, teve a grandeza de colocar isso ao mundo, apesar das perseguições sofridas. A causa dela transcendia corporações, segmentos…

Pioneiros de movimentos, como do Greenpeace, em 1978, que foram redescobertos em Documentário Os Guerreiros do Arco Íris da Ilha Waihek, apresentado na TV Cultura, se somam a esses ativistas. Os neo-zelandezes, por ideologia (com I maiúsculo e não, aquela partidária que se abre a qualquer concessão), abriram uma nova discussão na agenda mundial. Naquela época, iniciaram mobilização no Pacífico contra os testes nucleares franceses. Hoje continuam com a mesma postura coerente de vida, como minha amiga socióloga Leda me falou na semana passada e me fez recobrar o quanto é essencial, não termos essa memória fragilizada.

Pessoas como essas têm que ser lembradas, como tantas outras anônimas, que construíram a luta pela qualidade de vida, para que as ações do hoje não sejam meros oba-obas de ocasião.

A ECO 92, Rio 92 ou Cúpula da Terra – seja qual for o nome que se queira identificá-la – com certeza tem um peso extremamente estratégico (não tão reconhecido à época), o que não podemos esquecer em nenhum segundo na preparação da Rio+20. Foi de lá, que surgiram documentos tão importantes, mas ainda tão relegados ao segundo plano, como a Agenda 21 e as Convenções do Clima e da Diversidade Biológica.
A Rio+10, em Johannesburgo, na África, também não pode ser engavetada e colocada nos porões de nossa conveniência.

Diante de todo este arcabouço, ao se fazer uma análise, verificamos que ainda somos muito superficiais na aplicação desse novo modelo civilizatório proposto, há décadas. Vide a situação do Protocolo de Kyoto, da morosidade de compromissos das nações, com a COP16 (climática). Talvez a COP10 é a que tenha mais avançado, com a tentativa de combate à biopirataria. Mas temos de ser realistas. Ela só dará certo se estiver interligada com as discussões climáticas, entre outras. Não é possível compartimentar essas discussões, como se fossem água e vinho.

Quando lemos diretrizes, como as constantes na Carta da Terra, que teve uma gestação longa até 2000, ao ser lapidada, observamos que todas as prerrogativas, desde 68 apenas são modificadas em vírgulas. O conteúdo é o mesmo!!!!!! Sabemos o que está errado.

Agora, a discussão gira em torno da economia verde e da governança da sustentabilidade. Com certeza, nada mudou em nossas pautas, porque ainda não mudamos nosso padrão de desenvolvimento.

Para que a Rio+20 (ou melhor além do +40) ganhe verdadeiro significado às atuais e futuras gerações, é necessário que se envolva todos os atores da sociedade, sem exceção. Temos o dever civilizatório de multiplicarmos essas informações e fomentar questionamentos em nossas crianças, adolescentes, adultos e idosos. E acima de tudo, não esquecermos que aquelas pessoas que hoje não conseguem se expressar, porque passam fome, sede, estão abaixo da linha da pobreza ou em meio a guerras insanas, que ceifam seu poder de discernimento ou que são refugiados climáticos, merecem ser inseridos decentemente nesta agenda. Não só como meras menções, mas como atores a serem ouvidos.

Esses cidadãos devem estar representados no ano que vem, no Rio de Janeiro, e terem o poder de fala. Uma fala autêntica, desprovida de politicagem. Uma fala que ingresse até o fundo de nossa consciência e seja capaz de fazer agirmos, de fato, em busca de um mundo diferente, inclusivo, equilibrado e amoroso. Um amor ao semelhante, à terra, à água, ao ar, à vida, um amor a nós mesmos…


Sucena Shkrada Resk | 




13/02/2011 19:33
Pensata: Muito além da zona de conforto, por Sucena Shkrada Resk
Até que ponto nos desprendemos de nossas zonas de conforto? Esse é um questionamento que tenho feito, nesta semana, ao realizar um balanço sobre ideais, ideologias, práticas, desafios e metas. Cheguei à seguinte conclusão: nada é mais eficaz do que uma certa inquietude, sem a comodidade plena daquele conforto que nada nos exige. Para isso, liberdade e perseverança fazem a diferença nessa trajetória. Isso nos alimenta a felicidade íntima, que somente cada um de nós sabe o quanto é maravilhosa.

Sucena Shkrada Resk | 




10/02/2011 01:54
Diferenças e semelhanças que cruzam fronteiras geográficas, por Sucena Shkrada Resk
Rua Florida, Buenos Aires. Rua São Bento ou Barão de Itapetininga, em São Paulo. Apenas quilômetros de distância, mas muitas semelhanças entre esses endereços centrais das duas metrópoles sul-americanas…. O ritmo do frenesi do consumo, a luta diária de ambulantes, os passos rápidos de trabalhadores que precisam chegar a tempo em seus destinos…Tudo isso se repete como se fosse um CD que tocasse em uma mesma faixa musical. A faixa musical da vida moderna, que corre contra o tempo, para que esse mesmo tempo não a atropele sem piedade.

Mesmo assim, nesses cenários tão similares podemos perceber diferenças gritantes. Uma delas é quanto à tarifa do transporte público. Enquanto em São Paulo, o valor é atualmente de R$ 3,00, na capital portenha está na faixa de R$ 0,60. Algo a se avaliar com atenção, apesar de as duas capitais serem proporcionalmente diferentes quanto ao tamanho de seus perímetros.

A limpeza urbana também é um diferencial importante, o que infere a educação para a cidadania. Não é difícil vermos em São Paulo, entulho, lixo orgânico em meio a calçadas e ruas. Já em Buenos Aires esse problema é bem menor, mas se revela nos bairros mais humildes.

Agora, no quesito segurança, novamente as duas cidades se cruzam, como se fossem extensão uma da outra. Não é difícil flagrar assaltantes surrupiando a carteira de um turista desavisado. Pude observar, nesta semana, em Buenos Aires, essa triste cena, de dentro de um ônibus, ao olhar a movimentação em uma calçada.

Esses são fragmentos da vida real, que estão aí latentes para refletir. São um laboratório de cidadania, de educação informal. Revelam que nada é mais instrutivo do que nos misturarmos à turba e vivenciarmos o cotidiano, sem nos limitarmos à incorporação do personagem de turista, para que as reflexões possam emergir e nos fazer pensar que as nossas semelhanças podem estar nas diferenças. Isso é perfeitamente possível. A geografia, por sua vez, não é capaz de quebrar essa ligação sociocultural.
Sucena Shkrada Resk | 




22/01/2011 21:26
Descoberta e redescoberta do Ibirapuera, por Sucena Shkrada Resk
Créd: Sucena S.Resk


Descobrir e redescobrir. Fiz esse exercício hoje (22), ao participar de um passeio monitorado no Parque do Ibirapuera, promovido durante o evento Planeta no Parque, que prossegue até dia 25, aniversário de 457 de São Paulo. Sob a batuta do biólogo Moisés e da gestora ambiental Cíntia, me dei o direito a uma imersão, que teve, ao mesmo tempo, um toque de botânica, educação ambiental e de zoologia. E lá fui eu junto com outros visitantes nesse passeio, que durou 1h.

Minha primeira reflexão foi quanto à própria origem do nome Ibirapuera, que significa pau podre e madeira velha, fruto da língua tupi (ypi-ra-ouêra), para um local que hoje só reflete, em grande parte, um cartão-postal na capital. E quem diria que há cerca de 83 anos, tudo aquilo era praticamente um brejo…e um senhor, com nome de ‘Manequinho’ Lopes começou a arborizar a área, que se transformou no que conhecemos hoje. Vale lembrar que o viveiro leva seu nome e abastece a cidade de São Paulo com as plantas herbáceas (de pequeno porte).

No meio daquela região de várzea, o que se sabe, é que, pelo menos, uma bela figueira, que até hoje dá o ar de sua graça, já existia por lá. Atualmente são mais de 15 mil espécies que povoam o parque, segundo Moisés. Muitas, por sinal, são ‘exóticas’, vindas de outros países e se concentram na Praça da Paz, misturadas às nativas. Por isso, nos deparamos com memaleucas (provenientes de regiões da Malásia e Austrália), que aparentemente estão definhando, por causa de suas cascas que lhe dão aparência de morta. Entretanto, estão mais vivas do que nunca!

E de repente, lá está uma seringueira – mas não aquela que se extrai látex – é uma espécie que se assemelha muito ao chorão. Mais um pouco adiante, a ‘nossa’ brasileira pata-de-vaca. Quantas descobertas para um dia de ‘folga’, enquanto meus colegas arduamente faziam a cobertura do evento. Mas pensando bem, não deixa de ser um lazer com ‘cara’ de trabalho…rs

Ao atravessar uma das ruas que cortam o Ibirapuera, com altura a perder de vista, estão os exemplares do bosque de eucaliptos. Dá uma sensação estranha, pois ao mesmo tempo, que vão de encontro ao céu, na terra não se encontram com outras espécies. Ou melhor, as árvores liberam o feromônio na terra, que geralmente impede o crescimento de outras plantas. O solo, por sua vez, está menos permeável, e algumas já estão tombando.

Daí vem um parênteses na caminhada. Momento propício para viajar ao pensamento indiano, quando nos deparamos com uma figueira bengalense enorme. Os seus galhos mais parecem troncos e se estendem, estendem…e têm até de ser sustentados por pedaços de ferro. “Foi embaixo de uma árvore dessa que Buda se iluminou”, conta Cíntia. E pelo que se sabe, só existe mais um exemplar no Parque da Luz e outro em um restaurante!

Mas a majestade, no Ibirapuera, sem dúvida é a figueira microcarpa, que se enraíza tantas vezes, enganando aos olhos, pois parece muitas árvores. Por sua vez, os seres humanos, que são seus súditos, a estão maltrando, pois a cortam para colocar declarações de amor, o que possibilitou que fosse contaminada por cupins. Ela está bem perto de uma área do parque que eu nunca havia ido – próximo à desativada serralheria que existia há décadas.

Mais um pouco, lá está o pau-brasil. E para não ter engano, vai uma dica. Seus troncos exibem saliências, como espinhos, que o diferem de outras espécies com folhagem semelhante. Que bom que não está extinto, não é?

E, alguns passos adiante, o viveiro Manequinho Lopes exibe variedades de flores de todos os tons, folhagens, algumas à vista, outras sob as estufas. Um requinte aos olhos. As aves se deliciam por lá, como uma família de joão-de-barro. Num daqueles flagrantes, vejo um e ‘click’ e em alguns minutos, me encanto ao registrar a cena de uma borboleta sobre a flor.

Logo mais, na área de recuperação da fauna, podemos ver pela grade, alguns animais silvestres que foram recolhidos. Observo um primata e ouço os mais variados sons de outros animais. Lá moram temporariamente corujas e bugios, entre outros. O que desejo é que todos possam estar firmes e fortes logo, para voltar à natureza, sua verdadeira casa. E como não poderia deixar de ser, surge mais uma reflexão – muitos estão neste ‘hospital’, por causa da maldade do bicho-homem ou da invasão das áreas urbanas sobre as matas. Moral da história – precisamos repensar o modelo de desenvolvimento que adensa e devasta, sem haver o pensamento a longo prazo.

E à reboque, não poderia esquecer de falar sobre o lago que tanto encanta os paulistanos e seus admiradores, no Ibirapuera, apesar de suas condições precárias. Até o ano passado, segundo relato dos monitores, recebia ainda 40 esgotos clandestinos, o que demonstra o quanto há necessidade de reeducação ambiental. Agora, suas águas passam por tratamento. Quem sabe, mais adiante, poderão ser a moradia novamente de várias espécies aquáticas…

Vou parando por aqui. Espero ter novas oportunidades para poder ver com outros olhos o que o cotidiano frenético me faz esquecer que existe. Para quem quiser participar do passeio é só se informar pelo 
site.
Sucena Shkrada Resk | 




15/01/2011 13:22
Tragédia na Serra Fluminense – resultados dos híatos, por Sucena Shkrada Resk
Nesta semana, ao fazer matérias sobre a tragédia na Serra Fluminense, me dei conta de como falta infraestrutura de contingenciamento neste país. Apesar das áreas de risco estarem mapeadas, não há esquema de prevenção. No ano passado, escrevia sobre o mesmo tema, referente a outras localidades. Não é possível ter segurança em encostas ou fundos de vales, em áreas desmatadas, sem mata ciliar, com solos impermeabilizados, em cidades sem planos de habitação e diretores adequados… Será que tudo isso virá palavras vãs?

Não é só culpa da chuva, do El Niño ou de La Niña, como se transformassem em entes do mal e algozes. A intensidade das catástrofes aumenta de acordo com a dissonância entre o ser humano, o poder público e a natureza.

Sucena Shkrada Resk | 




09/01/2011 17:33
Personagens do Brasil: Dona Alzira, das Missões – RS, por Sucena Shkrada Resk

Dona Alzira, benzedeira tradicional de São Miguel das Missões, RS, é a mais recente personagem que destaco em minhas andanças por esse país. Eu a conheci em minha viagem de fim de ano, quando resolvi explorar um pouco dessa região com apelo cultural, histórico e místico, além do ecoturístico. O encontro ocorreu em uma tarde ensolarada, no dia 29 de dezembro. Essa senhora, de 75 anos, me recebeu ao lado de seu esposo (que é mateiro), de 81, e de sua cunhada, no auge dos 91. Um bonito quadro de longevidade.

Sentados em cadeiras dispostas em frente à modesta casa em que moram, nas proximidades do Sítio Arqueológico, me cumprimentaram e começaram um diálogo bem no ‘clima de interior’. Batemos papo sobre costumes do dia a dia, ervas medicinais… Mas sinceramente, mais ouvi, do que falei. Já que quando nos damos conta que recebemos conselhos com sabedoria, devemos absorvê-los com atenção.

Depois dona Alzira me levou a um pequeno cômodo em sua casa de madeira, protegido por uma varanda com vários vasos de plantas, e lá sentei para receber seu benzimento (que faz por caridade). À minha frente, uma estante de madeira com algumas imagens eram seu altar doméstico, de uma singeleza, que me deixou à vontade. E aí me deixei energizar pela carga ‘positiva’ que emitiu em suas palavras.

Registrei esse momento em minha memória, porque me fez bem. E me serviu de lição. Pois sãos essas facetas aparentemente fragmentadas de nossas vidas, que nos fazem felizes.

Veja mais “Personagens do Brasil”, no Blog Cidadãos do Mundo:
08/01/2011- Vozes da Várzea do Amazonas
28/11/2010 -Esp.Fórum Social Pan-Amazônico – Sr.Mucura do Tapajós
19/09/2010 – Pensata: Joverina e Benedito, cidadãos brasileiros
29/07/2009- O povo da floresta
16/07/2009 – Os guardiães do Pico da Pedra Selada


Sucena Shkrada Resk | 




08/01/2011 23:15
Personagens do Brasil: vozes da Várzea do Amazonas, por Sucena Shkrada Resk
Piracaueira de Baixo, na região da Várzea do rio Amazonas, fica a cerca de 39 km de Santarém, via fluvial. É lá que mora o casal Iderlan de Sousa e Lucidalva, ambos com 28 anos, e seus dois filhos e cerca de 80 famílias. Os agricultores cultivam em suas terras, melancia, melão e verduras, com mais seis familiares. Durante um dedo de prosa, no Mercadão de Santarém (onde comercializam sua produção) Iderlan concedeu entrevista, no final de novembro de 2010, ao Blog Cidadãos do Mundo, quando contou um pouco do dia a dia da vivência ribeirinha, nessa região do país.

“Nossa casa é feita de madeira e alvenaria. Nascemos nessa região e as saudades sempre nos fazem ficar por lá, apesar das dificuldades”. O agricultor relata que para conseguir sobreviver, divide a morada um pouco em Piracaueira e um pouco em Santarém, onde o casal tem familiares. Tudo isso para poder escoar seus produtos e por causa do alto custo do transporte fluvial.

“Levamos mais ou menos 1h30 de barco e a passagem é de R$ 14 (só ida). Por isso, dividimos nossas saídas. Tenho de estar na cidade, pelo menos, três vezes por semana e Lucidalva fica uma temporada na cidade”, diz Iderlan.

Com uma vida modesta, na várzea, a família é beneficiada com energia elétrica algumas horas por dia, gerada por placa solar. “Só temos uma TV, que ligamos à noite, na hora do jornal”, fala o agricultor. O casal não tem geladeira e salga alguns alimentos perecíveis para conservá-los, como muitos ribeirinhos da região. “O restante plantamos e compramos batata, cenoura, óleo e sal”, explica.

Algo interessante a destacar na história dos jovens produtores rurais, se refere à coleta de lixo na comunidade. “Faz dois anos que começou a coleta seletiva e a gente se adaptou”, diz. Um exemplo a ser mencionado em tempos de implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Quanto às outras áreas básicas, como saúde e educação, os desafios em Piracaueira de Baixo não diferem muito da região amazônica, como é possível observar pela experiência do casal. “Só dois professores dão aula na comunidade e na área de saúde, não existe nenhum posto aqui perto e precisamos ir à outra comunidade. Precisamos de melhoria, porque quando acontece picada de cobra venenosa, muitas vezes, não dá tempo de chegar à cidade”.

Ao ouvir Iderlan, recobrei as narrativas que no ano passado escutei de ribeirinhos do rio Tapajós, quando viajei durante uma semana, acompanhando a equipe do navio-hospital do Projeto Saúde e Alegria (PSA). Aí está um Brasil que, por muitas vezes, a maioria da sociedade desconhece, que necessita de maior amparo, como os rincões nordestinos e do centro-oeste e do sudeste do país.

Praticamente 15 dias depois que tive essa conversa com o agricultor, o Ministério da Saúde (MMA) divulgou a inauguração oficial, no dia 7 de dezembro, da primeira unidade fluvial do Saúde da Família, na região, justamente com a estrutura do navio-hospital do PSA, que desde 2006 desenvolve com os municípios de Santarém, Aveiro e Belterra, esse atendimento ao longo do Tapajós e Arapiuns.

De acordo, com o MMA, a proposta é estender o atendimento aos amazônidas e ribeirinhos do Mato Grosso do Sul. Quem sabe se com isso a comunidade de Piracaueira de Baixo terá uma assistência devida e até o final desse ano Iderlan possa contar novidades…

Veja mais “Personagens do Brasil”, no Blog Cidadãos do Mundo:
28/11/2010 -Esp.Fórum Social Pan-Amazônico – Sr.Mucura do Tapajós
19/09/2010 – Pensata: Joverina e Benedito, cidadãos brasileiros
29/07/2009- O povo da floresta
16/07/2009 – Os guardiães do Pico da Pedra Selada

Sucena Shkrada Resk | 




08/01/2011 10:14
Mercadão de Santarém: produção dos povos ribeirinhos, por Sucena Shkrada Resk
Quando a gente chega ao ‘Mercadão’ de Santarém, PA, se depara com frutas e iguarias em abundância, que atraem os olhos e o paladar. São abacaxis, açaís, melancias, melões, uma série de frutas típicas vistosas, além de produtos diretamente da terra, derivados da mandioca. Aí não é difícil aguçar a curiosidade sobre quem está por trás de tais feitos. E não são poucos! Segundo Jocimary Regina, 44 anos, secretária da Associação dos Produtores Rurais de Santarém (Aprusan), há o registro de cerca de 1,5 mil associados de 86 comunidades, entre o planalto e a várzea dos rios Tapajós e Amazonas.

“Em 1989, eram somente 45 associados, e hoje o espaço do Mercado não mais comporta tantos produtos e pessoas. Entre janeiro e fevereiro de 2011, também devemos fazer o recadastramento dos produtores nas próprias comunidades, para saber o que têm de área plantada, quanto produzem e comercializam. Atualmente não sabemos precisamente quanto é vendido aqui”, explica ela.

Muitos desses ribeirinhos produzem farinha, de maneira rústica. Extraem da mandioca, alimentos típicos locais, como o tucupi (líquido amarelo extraído da raspagem da mandioca) e o tacacá (goma extraída antes do tucupi). Nesse festival gastronômico, levam para suas pequenas bancas, beijocicas (massa fina e torrada crocante com sal), bolos de macaxeira, farinha de tapioca, lencinhos (salgado em formato de quadrado crocante), pé-de-moleque…Deu fome? Não é para menos.

Mas nem tudo é tão fácil para esses povos da floresta, como parece. “São praticamente seis meses de estiagem, entre julho e dezembro. Em 2010, chegou perto da pior que tivemos, em 2005. O rio fica longe da margem e os barcos têm dificuldade de passar, porque formam grandes bancos de areia. Ao mesmo tempo, as últimas chuvas ‘fora de época’ começaram a facilitar a produção de melancias’, conta.

Jocimary se recorda, que há cinco anos, a falta de água afetou gravemente várias comunidades. “Houve uma grande mobilização para ajudar os ribeirinhos, com alimentação e água potável. A população da região foi muito solidária”. E completa – “Não pode faltar farinha na mesa dos ribeirinhos, é indispensável”.

Em 2010, as comunidades de Fátima e Uricuritiba, ao longo do Amazonas, foram algumas das mais prejudicadas, segundo ela. “Ocorreu o fenômeno das terras caídas, que destruíram muitas casas. A Defesa Civil e a Marinha foram para lá, mas a situação estava difícil”, afirma.

Para o pequeno produtor rural dessa região, de acordo com a secretária, há muitos desafios a superar, como o da dificuldade para escoação dos produtos (geralmente fluvial ou por estradas de terra).

“Na várzea, os agricultores ficam seis meses praticamente sem produzir. Quem sobrevive da pesca ainda enfrenta o período do defeso, quando recebe um salário para garantir a sobrevivência, enquanto não pode pescar”, explica.

(a entrevista foi concedida ao Blog Cidadãos do Mundo, em novembro de 2010)

Sucena Shkrada Resk |


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