Artigos/entrevistas – Ano: 2020 à gravação em 07/01/2021 – Programa Vozes dos Biomas – Blog Cidadãos do Mundo – Sucena Shkrada Resk

Artigos/entrevistas – Blog jornalístico Cidadãos do Mundo – Sucena Shkrada Resk
Ano: 2020 a gravação em 07/01/2021

Vozes dos Biomas: a riqueza das sementes, frutos e fauna do Cerrado, por Marcelo Kuhlmann
19/01/2021 00:00
Por Sucena Shkrada Resk
O episódio de hoje do Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk traz um colorido, sabores e odores, isso mesmo, do bioma do Cerrado. Nosso 55º entrevistado, o biólogo e Doutor em Botânica, pela Universidade de Brasília, Marcelo Kuhlmann, nos leva a esta imersão de sensações tão próximas das interações ecológicas entre plantas e animais nativos associados à chamada frugivoria e à dispersão de sementes, na qual está envolvido há mais de uma década.

Ele é autor das obras “Frutos e Sementes do Cerrado: espécies atrativas para fauna”, com um trabalho de apuração com mais de 500 espécies de frutos e animais e de três mil fotos. Outro livro é “Frutos do Cerrado: 100 espécies atrativas para Homo sapiens”, que é um guia de coleta para os frutos mais comuns no bioma, com os seus períodos de maturação, além da publicação Aves do Cerrado.
Kuhlmann também atua como consultor na Embrapa Cerrados, no Distrito Federal, na área de conservação da biodiversidade.
Quer saber mais sobre os trabalhos, também acesse: https://www.frutosatrativosdocerrado.bio.br , Aves do Cerrado (https://www.researchgate.net/publication/340389924_AVES_DO_CERRADO_especies_visitantes_em_uma_area_em_recuperacao_no_Distrito_Federal)

Ficha técnica:
• 55ª Entrevista – Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk

  • Tema: A riqueza das sementes, frutos e fauna do Cerrado
  • Entrevistado: biólogo e Doutor em Botânica Marcelo Kuhlmann
  • Pauta, produção, mediação e edição: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 07/01/2021 (no ar em 19/01/2021)
  • Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk
    https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
    -Link: https://youtu.be/TlS6hLrShPM
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    Vozes dos Biomas: nas ondas sonoras sobre a brava gente da Amazônia e do Cerrado, por Mara Régia
    12/01/2021 00:15
    Por Sucena Shkrada Resk
    A jornalista e radialista Mara Régia Di Perna é a nossa 54ª entrevistada no Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk. Uma veterana nas ondas sonoras sobre a Amazônia e o Cerrado, ela nos conta os melhores momentos de sua trajetória à frente dos programas Viva Maria e Natureza Viva, que criou respectivamente nos anos 80 e 90, que são veiculados na Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) até hoje. As pautas ambientais e sobre questão de gênero são uma marca de sua experiência nestas quatro décadas, com destaque também para sua ação voltada a oficinas de comunicação comunitária a lideranças femininas na região amazônica. Por sua atuação no Viva Maria, foi uma das 52 mulheres brasileiras indicadas ao Nobel da Paz em 2005.

Em 2020, Mara Régia produziu um novo trabalho – A morte dos polinizadores – com três podcasts, resultante de reportagem produzida junto com a jornalista Elizabeth Oliveira, com apoio do Rainforest Journalism Fund em parceria com a ONG norte-americana Pulitzer Center. Os episódios foram veiculados pela Amazônia Latitude e a iniciativa ganhou destaque do Pulitzer Center.
Agora, ela nos fala sobre estas experiências.
Para saber mais sobre os programas, acesse: Natureza Viva | EBC Rádios e Viva Maria | EBC Rádios e Mara Régia | EBC e Abelhas: a morte dos polinizadores – Amazônia Latitude (amazonialatitude.com) .
Ficha técnica:
• 54ª Entrevista – Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada

  • Tema: Nas ondas sonoras sobre a brava gente da Amazônia e do Cerrado
  • Entrevistada: jornalista e radialista Mara Régia Di Perna
  • Pauta, produção, mediação e edição: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 04/01/2021 (no ar em 12/01/2021)
  • Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk
    https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
    -Link: https://youtu.be/yYfes1AoUyc
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    Vozes dos Biomas: a experiência como plantador de árvores do Tiquatira, na Mata Atlântica, por Hélio da Silva
    07/01/2021 00:15
    Por Sucena Shkrada Resk
    Hélio da Silva, natural de Promissão, no interior paulista, é mais conhecido como o plantador de árvores, no município de São Paulo. Com uma história cativante, ele nos conta esta trajetória, agora, em primeira pessoa, nesta 53ª entrevista no Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk.

Formado em Administração de empresas, este aposentado, que depois se tornou empresário na área de orgânicos, tem sua história interligada literalmente ao primeiro parque Linear, na zona Leste da capital paulista – o Tiquatira. Vem com a gente conhecer esta experiência motivadora no bioma da Mata Atlântica! Muitos anos, esforço, milhares de mudas, mão na terra: inspiração e transpiração, desde 2003.
Quer saber mais um pouco sobre as realizações do senhor Hélio? Então, acesse: https://oplantadordearvores.blogspot.com
Ficha técnica:
• 53ª Entrevista – Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada

  • Tema: Tiquatira: a história do senhor Hélio, o plantador de árvores
  • Entrevistado: Hélio da Silva, administrador de empresas e empresário do ramo orgânico
  • Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 27/12/2020 (no ar em 07/01/2021)
  • Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk
    https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
    -Link: https://youtu.be/NJb-Gvl01U4
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    Vozes dos Biomas: a importância da cidadania ambiental à conservação de espaços públicos, por Samyra Crespo
    05/01/2021 00:15
    Por Sucena Shkrada Resk
    A história nos fornece elementos imprescindíveis para que construamos uma cultura de conservação dos biomas. Quem sabe bem disso, é Samyra Crespo, Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo, que tem uma trajetória diversificada no terceiro setor e no poder público, e como coordenadora de pesquisas importantes ao longo das últimas décadas. Ela é a nossa 52ª convidada, no Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk e nos traz sua leitura sobre a mobilização cidadã pelos biomas e o papel fundamental de espaços como o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, na trajetória do ambientalismo brasileiro.

Samyra nos traz um repertório diversificado, proveniente de atuações em diferentes fases de sua vida, como jornalista, secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, presidente do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e diretora do Programa de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Instituto de Estudos da Religião (ISER). Atualmente é pesquisadora do Museu de Astronomia e Ciências Afins e do ISER.
Entre importantes iniciativas que coordenou ao longo de sua carreira, está a pesquisa “O que o brasileiro pensa sobre o Meio Ambiente” (inicialmente Ecologia), elaborado no período da Rio-92, que teve cinco edições até 2012; como também contribuições importantes a políticas públicas, como na elaboração do Plano Nacional do Consumo Sustentável.
Ficha técnica:
• 52ª Entrevista – Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada

  • Tema: A importância da cidadania ambiental à conservação de espaços públicos
  • Entrevistada: Samyra Crespo, ambientalista e Doutora em História Social
  • Pauta, produção, mediação e edição: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 29/12/2020 (no ar em 05/01/2021)
  • Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk
    https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
    -Link: https://youtu.be/WBL40feesRM
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    Vozes dos Biomas: a ilustração científica como instrumento de defesa da conservação da biodiversidade, por Lucas Lacerda de Souza
    29/12/2020 00:11
    Por Sucena Shkrada Resk

O Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk tem como 51º entrevistado, o jovem biólogo formado pela Universidade de São Paulo e ilustrador científico e da natureza Lucas Lacerda de Souza, de 23 anos, que com grafite e nanquim tem feito proezas na produção de desenhos naturalistas, que visam a conservação da biodiversidade. Esta habilidade está sendo reconhecida e em 2019, foi finalista do concurso internacional “Ilustraciência 7”, na Espanha, e em novembro deste ano, vencedor do Concurso de Desenho da Biodiversidade 2020, do Festival Internacional de Imagem da Natureza (FIIN), em Portugal, com sua ilustração sobre o Araçari-de-bico-branco, na categoria Desenho da Natureza.

Quer saber mais sobre os trabalhos desenvolvidos por Souza, então, acesse: https://www.lucassouzabioarte.com.br/

Ficha técnica:
• 51ª Entrevista – Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada

  • Tema: A ilustração científica como instrumento de defesa da biodiversidade
  • Entrevistadas: biólogo e ilustrador científico Lucas Lacerda de Souza
  • Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 21/12/2020 (no ar em 29/12/2020)
  • Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk
    https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
    -Link: https://youtu.be/40C87eblYzs
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Vozes dos Biomas: o que as aves do Cerrado e do Pantanal têm a nos dizer, por Maristela Benites e Simone Mamede
22/12/2020 00:20
Por Sucena Shkrada Resk
Para falar sobre a importância expressa pelas aves do Cerrado e do Pantanal, durante a prática da avistagem, mais conhecida por birdwatching, o Projeto Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk tem como 49ª e 50ª entrevistadas, a bióloga Maristela Benites e a bióloga e gestora em Turismo Simone Mamede, que desenvolvem um trabalho de muitos anos, nesta área, nos biomas.

Simone é Doutora em Meio Ambiente de Desenvolvimento Regional pela Universidade Para o Desenvolvimento do Estado e Região do Pantanal e é especialista em Ecoturismo e Educação Ambiental pela Universidade Federal de Lavras e sócia-diretora do Instituto Mamede de Pesquisa Ambiental e Ecoturismo, com trabalhos desenvolvidos há muitos anos principalmente no Cerrado e no Pantanal.
Maristela é Mestre em Ecologia e Conservação pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e atua como pesquisadora e educadora ambiental no Instituto Mamede de Pesquisa Ambiental e Ecoturismo e é consultora na Agência de Desenvolvimento do Turismo, Cultura e Economia Criativa, do estado de Tocantins. Atualmente é doutoranda em Ensino de ciências para aplicação em Educação Ambiental.
Para saber mais sobre suas atividades, acesse: https://institutomamede.blogspot.com

Foto_ Soldadinho »Acervo Instituto Mamede*

Aracuã do Pantanal Foto« Acervo Instituto Mamede
Ficha técnica:
• 49ª E 50ª Entrevistas – Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada

  • Tema: O que as aves do Cerrado e do Pantanal têm a nos dizer
  • Entrevistadas: biólogas Simone Mamede e Maristela Benites
  • Pauta, produção, mediação e edição: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 15/12/2020 (no ar em 22/12/2020)
  • Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk
    https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
    -Link: https://youtu.be/-zPt8qK5BwQ
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    Vozes dos Biomas: um olhar sobre os biomas sob o prisma da cosmogonia indígena, por Ailton Krenak
    08/12/2020 12:19
    Por Sucena Shkrada Resk

O Projeto Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk tem como 48º entrevistado, o líder indígena Ailton Krenak, que é escritor, comunicador e também um dos maiores pensadores de nossa contemporaneidade. Ele exerceu um papel importante, na Constituinte brasileira, em 1987, para a inserção do capítulo indígena na carta magna.

Ailton é autor de e-books que têm cativado milhares de leitores – “Ideias para adiar o fim do mundo”, que já ganhou versão em outros idiomas, “O amanhã não está à venda”, “A vida não é útil”, entre outras publicações. O líder indígena é Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora (MG).

Na sua trajetória, participou da constituição da Aliança dos Povos da Floresta, que teve como liderança, o seringueiro e ativista ambiental Chico Mendes, em defesa dos povos da Amazônia, em 1985.
Na atualidade, o povo Krenak, que vive no Vale do Rio Doce, em MG, junto a outras comunidades ribeirinhas, sofreu e sofre ainda as consequências do rompimento da barragem de rejeitos do Fundão, no distrito de Bento Rodrigues, Mariana, MG, pertencente da empresa mineradora Samarco, que tem como acionistas as também mineradora Vale e BHP Billiton, que ocorreu em 2015.
Neste diálogo, Ailton Krenak expõe e compartilha sua leitura de mundo e de relação com o bioma da Mata Atlântica, onde fica o vale do Rio Doce, que sofre todos os tipos de pressões, como o desmatamento. Os temas da biodiversidade, ecossistema, justiça socioambiental, cosmogonia, Mata Atlântica, Amazônia e muito mais fazem parte desta cativante linha narrativa. Vem com a gente!
Ficha técnica:
• 48ª Entrevista – Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada

  • Tema: um olhar sobre os biomas sob o prisma da cosmogonia indígena
  • Entrevistado: liderança indígena, ativista ambiental e escritor Ailton Krenak
  • Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 08/12/2020 (no ar em 15/12/2020)
  • Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk
    https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
    -Link:
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    Vozes dos Biomas: a importância das bacias hidrográficas, por Samuel Barreto
    08/12/2020 00:01
    Por Sucena Shkrada Resk

O Projeto Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk tem como 47º entrevistado, o biólogo Samuel Barreto, Mestre em Sustentabilidade pela Fundação Instituto de Administração (FIA), que é gerente de água da The Nature Conservancy Brasil (TNC).

Barreto também integra a Aliança Latinoamericana de Fundos de Água; a Seção Brasil do Fórum Mundial de Água, e é membro do Comitê Gestor do Observatório de Governança das Águas (OGA), além de compor o grupo de trabalho de Água da Rede Brasileira do Pacto Global da ONU. São cerca de três décadas dedicadas à área socioambiental, com participação em diferentes conselhos e câmaras temáticas no setor, incluindo contribuições para a formulação para a elaboração do primeiro Plano Nacional de Recursos Hídricos.
Neste diálogo, ele contribui para um tema que se torna cada vez mais importante na atualidade: a relação dos biomas brasileiros no contexto das bacias hidrográficas. No contexto nacional, são doze (da Amazônica a do Atlântico Sul), e representam 14% das águas doces no planeta; e fala a respeito da Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída desde 1997, e como esta relação se expande à gestão das águas de outros países no continente.

Mais informações sobre projetos da TNC Brasil em: The Nature Conservancy Brasil (tnc.org.br)
Ficha técnica: • 47ª Entrevista – Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk

  • Tema: os biomas brasileiros no contexto das bacias hidrográficas – Entrevistado: biólogo Samuel Barreto, Mestre em Sustentabilidade pela Fundação Instituto de Administração (FIA), que é gerente de água da TNC.
  • Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 01/12/2020 (no ar em 08/12/2020)
  • Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
    -Link: https://youtu.be/dGofsnp1oRo Inscrevam-se por aqui! Todos são bem-vindos!
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Vozes dos Biomas: a experiência da cobertura jornalística da Caatinga, por Maristela Crispim
08/12/2020 00:05
Por Sucena Shkrada Resk

O Projeto Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk tem como 46º entrevistada, a jornalista Maristela Crispim, Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente, fundadora e editora geral da Agência Eco Nordeste, que teve uma longa passagem no Diário do Nordeste, onde conquistou 46 finais e premiações de jornalismo com suas equipes.

Neste nosso bate-papo, ela conta um pouco se sua trajetória de décadas, na cobertura da Caatinga, nos trazendo a narrativa de uma importante experiência de chão, na qual tem dado visibilidade a personagens dessa região, como também expõe as inúmeras facetas dos desafios da conservação do bioma, caminhos de tecnologias sociais e resiliência de comunidades nordestinas.
Para saber mais, acesse: https://agenciaeconordeste.com.br

Vale dos Dinos

  • crédito das fotos – Maristela Crispim Obras de transposição do São Francisco, em Caprobó, PE – Divulgação
    Ficha técnica: • 46ª Entrevista
    – Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada
  • Tema: a cobertura jornalística sobre o bioma da Caatinga
  • Entrevistada: jornalista Maristela Crispim
  • Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 26/11/2020 (no ar em 3/12/2020)
  • Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
    -Link: https://youtu.be/SgSQubnXJrg
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    Vozes dos Biomas: áreas prioritárias para conservação da biodiversidade marinha, por Rafael Magris
    01/12/2020 00:15
    Por Sucena Shkrada Resk
    O Projeto Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk tem como 45º entrevistado, o oceanógrafo Rafael Almeida Magris, Mestre em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Doutor em Planejamento para Conservação – Estudos de Recife de Coral, pela James Cook University, Queensland, Austrália, onde também contribui como pesquisador associado.

Ele tem uma trajetória dedicada à Ecologia Espacial, Modelagem Ambiental, Biologia da Conservação e Áreas Marinhas Protegidas. Há 13 anos, trabalha como analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), onde também atua na área de pesquisa aplicada à conservação.
Neste bate-papo, fala sobre o recente estudo minucioso que coordenou, realizado com outros 10 pesquisadores, que levanta cerca de 300 mil km 2 de áreas prioritárias para proteger a biodiversidade marinha do Brasil, que representam 7,9% da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) do mar em jurisdição brasileira. A iniciativa vem ao encontro dos objetivos globais de conservação. O trabalho foi publicado no Diversity and Distribuitions, em novembro de 2020.
A íntegra do estudo pode ser consultada neste link: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/ddi.13183

Ficha técnica: • 45ª Entrevista – Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada

  • Tema: estudo levanta áreas prioritárias para conservação na costa brasileira
  • Entrevistado: oceanógrafo Rafael Magris
  • Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 20/11/2020 (no ar em 1º/12/2020)
  • Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
    -Link: https://youtu.be/uzqijNHX_FE
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    Entrevista – Marcos Palmeira: ‘Eu sou um ator ambientalista’
    26/11/2020 00:15
    Por Sucena Shkrada Resk
    O ator e ativista ambiental Marcos Palmeira é hoje o entrevistado do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk. Conheça sua trajetória que o liga a causas indígenas e à defesa socioambiental da Mata Atlântica à Amazônia. Mas uma das decisões mais “significativas” em sua vida, segundo ele, é decidir ser um proprietário de duas Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPN) e produtor orgânico certificado, na região serrana do Rio de Janeiro. Como destaca neste depoimento – “Eu não consigo diferenciar o meu dia a dia do meu trabalho. Sou um ator ambientalista, uma pessoa muito ligada às questões ambientais porque isso me motiva. Eu acredito nessa integração do homem com a natureza”.
    Boa Leitura!

Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk: Marcos, conte para a gente o que te motivou a se tornar um defensor ambiental e da produção orgânica? Como foi este processo?
Marcos Palmeira: Desde o meu contato com os indígenas, na década de 80, eu passei a ter um olhar mais atento para a natureza e para a necessidade de a gente ter um equilíbrio, já que nós fazemos parte de tudo isso também. Acho que a relação com os índios traz muito esse olhar. E quando eu comecei a produzir alimentos, basicamente descobri que as pessoas não comiam aquilo que elas estavam plantando, porque usavam agrotóxicos sem saber. Muitas vezes o agrotóxico era usado, porque consideravam que o mesmo era um remédio, uma espécie de fortificante para a planta e para o solo. Na hora que eu descobri que elas não comiam o que plantavam, eu resolvi estudar a agricultura orgânica, a agricultura biodinâmica, a permacultura, a agrofloresta…Fui aos poucos desenvolvendo este trabalho no Vale das Palmeiras, até chegar a este ponto que tenho hoje: uma fazenda onde a sua produção é 100% orgânica.
Blog Cidadãos do Mundo: Atualmente você é proprietário de duas RPPNs (a mais recente em 2019), que somam 40 hectares, em Teresópolis, no RJ, no bioma da Mata Atlântica. Por que decidiu transformar estas áreas em unidades de conservação e que tipo de atividades desenvolve nas mesmas?
Marcos Palmeira: A questão da RPPN nasceu com a intenção de formar um corredor ecológico na região onde está a fazenda, junto com o Parque Nacional da Serra dos Órgãos e o Parque Estadual de Três Picos, que faz parte do Mosaico Mico Leão Dourado. A fazenda está localizada entre esses dois parques e a adquiri em 1997. Então, a RPPN foi uma forma de deixar alguma coisa para a humanidade e garantir que nenhuma geração que venha depois de mim possa interferir nesse controle ambiental.

Blog Cidadãos do Mundo: Como você analisa o atual cenário da gestão ambiental no Brasil? Você participa de alguma instância de gestão participativa na área, ou em campanhas?
Marcos Palmeira: O cenário ambiental atual é muito preocupante. Temos um ministro do Meio Ambiente que demonstra estar desconectado do meio ambiente. Uma pessoa que já afirmou desprezar Chico Mendes. Ele está mais próximo do universo da exploração do solo. Eu participo de uma ONG chamada “Uma Gota no Oceano”, É um portal no qual mostramos o que está sendo feito no Brasil com relação aos indígenas; e eu faço a minha parte, na minha vida. Como ator também, no meu dia a dia, o que eu procuro é ter esse respeito pela natureza e pelas pessoas.
Blog Cidadãos do Mundo: Qual a importância do bioma da Mata Atlântica, na sua opinião? O que tem aprendido com esta vivência?
Marcos Palmeira: O bioma da Mata Atlântica é fundamental ao equilíbrio do Brasil. Nós falamos muito da Amazônia porque acabamos com o bioma da Mata Atlântica. O que resta atualmente é muito pouco. Eu sou filiado também a SOS Mata Atlântica, que faz um trabalho incrível de recuperação por lá. Eu estou dentro do bioma e o que eu procuro fazer é exatamente regenerar essa mata que já existiu por aqui, tão exuberante e que hoje está tão pelada. A Mata Atlântica é muito importante nesse equilíbrio, pois ajuda, inclusive, a preservar o Cerrado e outros biomas.
Blog Cidadãos do Mundo: Você milita a favor da causa indígena há muitos anos. Qual é a tua motivação neste recorte de justiça socioambiental e direitos humanos?
Marcos Palmeira: Eu morei com os indígenas durante muito tempo. Fiz vários trabalhos com eles…trabalhei no Museu do Índio, no Rio de Janeiro, durante um período no início da década de 80. Participei da Frente de Atração Arara, dos Índios Arara no Pará, sob a batuta do indigenista e etnógrafo Sydney Possuelo (hoje com 80 anos), um homem muito respeitado, que já foi presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) e presidente do Museu do Índio também. Nessa minha relação com os indígenas, eu entendi que eles também precisam de preservação, precisam preservar as suas culturas e suas crenças. Eu acredito que justiça socioambiental e direitos humanos são os caminhos para um mundo melhor. Acho que não tenho nenhum tipo de radicalismo. Eu consigo enxergar os dois lados. Considero que devemos ter um olhar muito especial para a questão indígena no Brasil, pois eles são os verdadeiros guardiões da floresta.
Blog Cidadãos do Mundo: Você leva o “ambientalista” também para o seu desempenho como artista? Como os “dois” se dialogam?
Marcos Palmeira: A questão ambientalista no meu trabalho como ator vai um pouco de cada personagem. Eu fiz uma personagem bastante significativa em relação a esse homem do campo, seja em Pantanal, seja em Renascer ou em Porto dos Milagres, onde fiz um pescador. Já fiz uma peça interpretando o Lampião…Então, eu estou sempre ligado nesse homem do campo. Para mim, a melhor cara do Brasil está no campo. Eu acho que a gente precisa fazer um trabalho forte no campo para a gente poder ter um êxodo das cidades, para as pessoas voltarem à área rural. Talvez com essa pandemia, isso esteja começando a acontecer. As pessoas enxergarem que você não precisa ocupar tanto as cidades. Eu não consigo diferenciar o meu dia a dia do meu trabalho. Sou um ator ambientalista, uma pessoa muito ligada às questões ambientais porque isso me motiva. Eu acredito nesta integração do homem com a natureza.
• Esta entrevista foi respondida por Marcos Palmeira ao Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk por email.

Vozes dos Biomas: do montanhismo e mergulho ao ativismo ambiental pelos parques nacionais, por Sérgio Espada
24/11/2020 00:15
Por Sucena Shkrada Resk

O Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk tem como 44º entrevistado, Sérgio Espada, engenheiro mecânico pós-graduado em Administração de Empresas, que é montanhista, mergulhador e voluntário em unidades de conservação brasileiras, e idealizador do Projeto Parques Nacionais.
A iniciativa é voltada às áreas de educação e engajamento na causa da preservação e conservação das áreas naturais protegidas do Brasil por meio de produções audiovisuais e geração de conteúdo nas redes sociais.
Espada narra esta experiência prática de imersão na natureza em diferentes biomas brasileiros, e nos conta quais são os primeiros parques nacionais que estão sendo tratados no projeto.
Para saber mais a respeito, acesse: https://www.facebook.com/parques.nacionais.br e o canal do youtube do projeto.

Parque Nacional de Itatiaia (crédito da foto: Sérgio Espada)

Fernando de Noronha e Caparaó(Crédito das fotos: Sérgio Espada)

Ficha técnica: • 44ª Entrevista – Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk

  • Tema: Do montanhismo e mergulho ao ativismo em defesa dos parques nacionais
  • Entrevistado: Sérgio Espada, montanhista, mergulhador e voluntário em unidades de conservação brasileiras, e idealizador do Projeto Parques Nacionais
  • Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 18/11/2020 (no ar em 24/11/2020)
  • Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
    -Link: https://youtu.be/CsgKD45vHXU
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    Saibam mais sobre o Blog Cidadãos do Mundo e o Projeto Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk em: https://www.cidadaosdomundo.webnode.com
    Vozes dos Biomas: da floresta de bolso às grandes árvores da floresta original da Mata Atlântica, por Ricardo Cardim
    17/11/2020 00:15
    Por Sucena Shkrada Resk

O Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo tem como 43º entrevistado, Ricardo Cardim, Mestre em Botânica pela Universidade de São Paulo e diretor da Cardim Arquitetura Paisagística. Em sua trajetória, foi curador nas exposições de longa duração do Museu da Casa Brasileira: “A Casa e a Cidade” e “Remanescentes da Mata Atlântica & Acervo MCB”. Uma de suas iniciativas mais conhecidas é a técnica “Floresta de Bolso”, com o objetivo de resgatar as florestas nativas dentro da escala urbana, aplicada em áreas públicas e privadas com a participação da comunidade em mutirão e apoiada por empresas e poder público.

Cardim recebeu em 2011, a Medalha Anchieta e o Diploma de Gratidão da Cidade de São Paulo da Câmara Municipal pela descoberta de áreas de Cerrado sobreviventes na malha urbana. Em 2018, publicou o livro “Remanescentes da Mata Atlântica: As Grandes Árvores da Floresta Original e Seus Vestígios com o fotógrafo Cássio Vasconcellos, pela Editora Olhares, finalista no Prêmio Jabuti na categoria Ciência.
Neste diálogo, o botânico fala sobre estas experiências de imersão em práticas restaurativas no bioma.
Saiba mais em: https://arvoresdesaopaulo.wordpress.com/florestasdebolso/ e http://www.cardimpaisagismo.com.br .

Legenda: Ricardo Cardim mostra Jequitibá matriarca da Mata Atlântica. Crédito da foto: Cássio Vasconcellos
Ficha técnica: • 43ª Entrevista – Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk

  • Tema: Da Floresta de bolso às grandes árvores da Mata Atlântica
  • Entrevistado: Ricardo Cardim, Mestre em Botânica pela Universidade de São Paulo e diretor da Cardim Arquitetura Paisagística
  • Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 12/11/2020 (no ar em 17/11/2020)
  • Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
    -Link: https://youtu.be/MvYysnfQV1Y
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    Vozes dos Biomas: a riqueza da biodiversidade pantaneira em foco, por José Sabino
    12/11/2020 00:01
    Por Sucena Shkrada Resk

A 42ª entrevista do Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk é uma celebração e, ao mesmo tempo, apelo à conservação da biodiversidade do Pantanal, cujo dia é comemorado em 12 de novembro. A data foi escolhida em homenagem a Francisco Anselmo de Barros (Francelmo), ambientalista e professor, que durante 25 anos lutou pela preservação do bioma, e no ano de 2005 sacrificou sua vida em um protesto. A data foi instituída pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).

Para falar sobre o bioma e os desafios frente às inúmeras pressões que tem sofrido à sua conservação – em especial – no ano de 2020, com incêndios florestais, convidamos José Sabino, bacharel e Licenciado em Ciências Biológicas (USP), Mestre em Zoologia, pela UNESP, e Doutor em Ecologia, pela UNICAMP. Sabino é docente da Uniderp, em Mato Grosso do Sul, e coordena o Projeto Peixes de Bonito. É um dos principais nomes na difusão da biodiversidade e da área de Ictiologia no Brasil. Entre os anos de 1999 e 2011 atuou no Conselho Deliberativo da Sociedade Brasileira de Ictiologia; e entre 2005 e 2007 foi Editor de Área da revista Biota Neotropica (Ictiologia), do Programa Biota-FAPESP. Ele também é membro do Conselho Científico da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos – BPBES.
São mais de três décadas, produzindo material audiovisual referente a estes temas.
Agora, com a palavra, José Sabino.

Ficha técnica: • 42ª Entrevista – Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk

  • Tema: A riqueza da biodiversidade pantaneira em foco
  • Entrevistado: biólogo José Sabino, Mestre em Zoologia, e Doutor em Ecologia
  • Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 10/11/2020 (no ar em 12/11/2020)
  • Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
    -Link: https://youtu.be/yWO_kOeLSNM
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    obs: crédito das fotos: José Sabino/Natureza em foco
    Vozes dos Biomas: iniciativa mapeia ações para restauração florestal da Mata Atlântica, por Regina Scharf
    10/11/2020 00:10
    Por Sucena Shkrada Resk

O Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk chega à sua 41ª entrevista, que tem como tema uma iniciativa não governamental recém-lançada em 2020, que mapeia ações de restauração florestal da Mata Atlântica. Para falar a respeito deste trabalho, recebemos a autora do projeto Nova Mata, a jornalista Regina Scharf, que tem uma experiência de três décadas voltada a pautas na área da sustentabilidade em veículos de mídia e no terceiro setor, como também contribuição na implementação da Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

Durante sua carreira, Regina obteve reconhecimento de seu trabalho na área de jornalismo ambiental em premiações como o Prêmio Reuters-IUCN/América Latina e o Prêmio Ethos. Atualmente também se enveredou na carreira literária ficcional histórica.
E agora, nos conta sobre este interessante levantamento socioambiental em um contexto oportuno, em que a Organização das Nações Unidas (ONU), definiu a década de 2021-2030 sobre a Restauração de Ecossistemas. Quer saber mais a respeito, acesse: http://www.novamata.org .

Ficha técnica:
• 41ª Entrevista – Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada

  • Tema: Iniciativa mapeia ações para a restauração da Mata Atlântica
  • Entrevistados: bióloga e jornalista Regina Scharf – Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 06/11/2020 (colocado no ar em 10/11/2020)
  • Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
  • Link: https://youtu.be/2pl-3uQ88HY
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    Vozes dos Biomas: um tributo ao dia do rio Paraguai por comunidades pantaneiras do comitê popular
    03/11/2020 00:01
    Por Sucena Shkrada Resk
    Os pantaneiros celebram o aniversário do rio Paraguai no dia 14 de novembro. Este estratégico curso d`água fica na bacia secundária do rio Paraguai, localizada nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Argentina, Paraguai e Bolívia, com uma extensão de cerca de 2,7 mil km, sendo 1,7 mil, em território brasileiro. Resiliente, em 2020, está sofrendo uma de suas piores secas e estiagens em seu curso, nos últimos 50 anos, em um Pantanal em chamas, que sofreu incêndios florestais nunca antes vistos, resultando em aproximadamente 27% de destruição do bioma.
    Para esta celebração e ao mesmo tempo apelo por uma atenção maior a este pedaço do Brasil, carregados de uma expressão cultural genuína, o Projeto Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk tem como 36º a 40º entrevistados, os educadores populares ambientais pantaneiros Vanda Aparecida dos Santos e Isidoro Salomão, diretamente de Mato Grosso. Ambos são coordenadores-executivos da Sociedade Fé e Vida e do Comitê Popular do Rio Paraguai/Pantanal e membros do Projeto Humedalles Sem Fronteiras; e outros integrantes.

Vanda é sul mato-grossense, de origem guarani. e se radicou em Cáceres, Mato Grosso, “com muito orgulho” – como destaca. Formada em magistério, dedica também sua vida a atividades como animadora das comunidades, compositora e cantora da vida pantaneira, e coordena o grupo Raízes
Salomão é formado em Filosofia e Teologia e técnico em agropecuária e ribeirinho do rio Paraguai, onde cultiva alimentos orgânicos.
Agora, as palavras são deles e de uma legião de voluntários, que começam esta integração com uma celebração mística especial.

Ficha técnica:
• 36 a 40ª Entrevistas – Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada

  • Tema: Um tributo ao rio Paraguai pelas comunidades pantaneiras
  • Entrevistados: os educadores populares e ativistas ambientais pantaneiros Vanda Aparecida dos Santos e Isidoro Salomão, coordenadores da Sociedade Fé e Vida e do Comitê Popular do Rio Paraguai/Pantanal e outros integrantes
  • Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 23/10/2020 (colocado no ar em 03/11/2020)
  • Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk
    https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
    -Link: https://youtu.be/0bB739584zI
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    Vozes dos Biomas: Uma lente de aumento sobre as pressões do uso da terra nos biomas brasileiros, por Marcos Rosa (Mapbiomas)
    28/10/2020 00:10
    Por Sucena Shkrada Resk
    O Projeto Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk tem como 35º entrevistado, o geógrafo Marcos Rosa, Doutorando no Programa de Geografia Física na Universidade de São Paulo, que é atual coordenador técnico do Projeto MapBiomas, e também responsável técnico pelo Atlas dos Remanescentes Florestais da SOS Mata Atlântica/Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e pela ArcPlan.

Com 20 anos de experiência, Marcos se especializou na área geoprocessamento, cartografia digital e sensoriamento remoto, com atuações principalmente nas áreas de planejamento, monitoramento e meio ambiente.

Neste diálogo, ele expõe os principais resultados da quinta edição do estudo “Revelando o uso da terra no Brasil com Ciência e Transparência”, do MapBiomas, lançada em 2020, que analisa dados entre os anos de 1985 e 2019, e apresenta um dado alarmante: o Brasil perdeu 87,2 milhões de hectares de áreas de vegetação nativa, ou seja, 10,25% do território nacional, ou o mesmo número equivalente a campos de futebol, com destaque ao bioma amazônico. A partir de agora, você poderá saber quais são as principais pressões sobre os biomas, no período.
Ficha técnica:
• 35ª Entrevista – Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada

  • Tema: Uma lente de aumento sobre as pressões no uso da terra nos biomas brasileiros
  • Entrevistado: geógrafo Marcos Rosa, coordenador técnico do Projeto MapBiomas
  • Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 22/10/2020 (colocado no ar em 28/10/2020)
  • Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk
    https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
    -Link: https://youtu.be/nFXYZlbrEJo
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    Vozes dos Biomas: o audiovisual voltado às causas socioambientais, por André D`Elia
    27/10/2020 00:10
    Por Sucena Shkrada Resk

O Projeto Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk tem como 34º entrevistado, o cineasta André Vilela D`Elia, que nos conta a experiência de imersão em roteiros com causas socioambientais.

Nesta trajetória, foi diretor geral do projeto “Eu sou Amazônia, de 2017, integrado por outros documentaristas, de conexão com a floresta para a plataforma interativa do Google Earth ( g.co/EuSouAmazonia).

  • “O ser tão velho Cerrado”, com a Fundação Mais Cerrado, que trata da mobilização de moradores da Chapada dos Veadeiros, em Goiás (2018);
  • “Belo Monte, o anúncio de uma guerra”, resultado de 3 expedições à região do rio Xingu, Altamira e arredores, São Paulo e Brasília. (2012)
  • “A Lei da Água sobre o Novo Código Florestal”, com ONGs do terceiro setor (2014);
  • “Acampamento Terra Livre 2019” e “O amigo do rei”, um misto de documentário e ficção sobre o rompimento da barragem de rejeitos da Samarco, em Bento Rodrigues, Mariana, em Minas Gerais, entre outros.
    A Amazônia, o Cerrado, as causas indígenas e temas importantes, como a legislação e impactos ambientais e a pressão sobre as bacias hidrográficas fazem parte desta história. Vem com a gente, neste bate-papo, acompanhar fatos e reflexões interessantes sobre os bastidores destas produções.
    Para saber mais, acesse: http://www.cinedelia.com .
    Ficha técnica:
    • 34ª Entrevista – Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada
  • Tema: A produção audiovisual voltada a causas socioambientais
  • Entrevistado: cineasta André Vilela D`Elia
  • Pauta, produção, mediação e edição: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 23/10/2020 (colocado no ar em 27/10/2020)
  • Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk
    https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
    -Link: https://youtu.be/E7ItGpDQXB8
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    Vozes dos Biomas: a relação das mudanças climáticas com os biomas no Antropoceno, por Paulo Artaxo
    22/10/2020 00:01
    Por Sucena Shkrada Resk
    O Projeto Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk tem como 33º entrevistado, o cientista Paulo Eduardo Artaxo Netto, Doutor em Física Atmosférica pela Universidade de São Paulo (USP), que é professor titular do Departamento de Física Aplicada do Instituto de Física da instituição. Em sua trajetória, tem forte atuação com a física aplicada a problemas ambientais, em especial a mudanças climáticas globais, meio ambiente na Amazônia e poluição do ar urbana.

Entre inúmeros reconhecimentos ao longo da carreira, é membro da equipe do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (IPCC), que recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 2007.
Artaxo Netto é coordenador do Programa Mudanças Climáticas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da World Academy of Sciences e vice-presidente da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (ACIESP).
Nesta entrevista, nos explica como é a relação no contexto da Ciência, entre as mudanças climáticas e aquecimento global em curso e seus efeitos nos biomas brasileiros, em especial, na Amazônia, durante o Antropoceno. É uma forma de conseguirmos compreender qual a interferência antrópica, ou seja, do ser humano neste processo, e o que é possível fazer para mudar este aceleramento cada vez mais impactante na vida de todos nós.
Ficha técnica:
• 33ª Entrevista – Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada

  • Tema: A relação das mudanças climáticas com os biomas no Antropoceno
  • Entrevistado: Doutor em Física Atmosférica, Paulo Eduardo Artaxo Netto
  • Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 16/10/2020 (colocado no ar em 22/10/2020)
  • Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk
    https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
    -Link: https://youtu.be/KE-f5xU70Gc
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    Vozes dos Biomas: um panorama sobre a situação das Reservas Particulares do Patrimônio Natural no Brasil, por Ângelo Guimarães Simão
    20/10/2020 00:15
    Por Sucena Shkrada Resk
    O Projeto Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk tem como 32º entrevistado, Ângelo Guimarães Simão, diretor de Comunicação e Informação da Confederação Nacional de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (CNRPPN). Simão é professor e pesquisador, especialista em Prospectiva Estratégica, Mestre em Organizações e Desenvolvimento e Doutorando em Sustentabilidade Ambiental Urbana.
    Desde o ano de 2009, integra a Associação dos Protetores de Áreas Naturais de Curitiba e Região Metropolitana (APAVE), e é proprietário da RPPN Refúgio Carolina em Campo Largo (PR).

Neste diálogo, Simão fala sobre avanços e desafios nesta categoria de unidade de conservação. As RPPNs integram o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, instituído pela Lei nº 9.985 de 18 de julho de 2000. Têm uma peculiaridade, por serem reservas ambientais de origem particular originadas por meio de um ato voluntário de seus proprietários junto a órgãos ambientais competentes. Segundo a entidade, são mais de 1,6 mil em todo o Brasil.
E em tempos de pandemia, ele também aborda os principais pontos que o Congresso anual da categoria, irá apresentar em novembro de 2020, que terá um formato digital e gratuito; desde a ligação de conservação à saúde a pesquisas científicas, tendo um componente de alerta quanto a incêndios florestais.

Quer saber mais sobre a CNRPPN? Acesse: https://www.rppn.org.br/

Ficha técnica:
• 32ª Entrevista – no Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada

  • Tema: Um panorama sobre a situação das Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) no Brasil
  • Entrevistado: Ângelo Guimarães Simão, da Confederação Nacional de Reservas Particulares do Patrimônio Natural CNRPPN
  • Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 15/10/2020 – (colocado no ar em 20/10/2020)
  • Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk
    https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
    -Link: https://youtu.be/lkaJafCFv2A
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    Vozes dos Biomas: a contribuição e os desafios das comunidades tradicionais pantaneiras, por Claudia Sala de Pinho
    15/10/2020 00:05
    Por Sucena Shkrada Resk

O Projeto Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk tem como 31 ª entrevistada, a bióloga Claudia Sala de Pinho, Mestre em Ciências Ambientais, que é coordenadora da Rede de Comunidades Tradicionais Pantaneiras e presidente do Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais. Também atua como conselheira do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN) e coordenadora da Câmara Setorial dos Detentores – CSD/CGEN (Povos Indígenas, Povos e Comunidades Tradicionais e Agricultores Familiares).

Ela nos conta, nesta entrevista, quais são as contribuições dessas comunidades à conservação do bioma e os desafios vivenciados na atualidade, no contexto dos direitos, incêndios florestais e da pandemia da Covid-19 e sobre a importância dos protocolos de consulta.

Situação de incêndios florestais que também afetam comunidades tradicionais pantaneiras

Quem quiser auxiliar a campanha SOS Filhas do Pantanal e Cerrado, em auxílio a comunidades pantaneiras e do Cerrado no Mato Grosso, que visa arrecadar de cestas básicas a sementes, neste período, segue o link.
Ficha técnica:
• 31ª Entrevista – no Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada

  • Tema: A contribuição e os desafios das comunidades tradicionais pantaneiras
  • Entrevistada: Claudia Sala de Pinho, coordenadora da Rede de Comunidades Tradicionais Pantaneiras e presidente do Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais
  • Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 13/10/2020 (colocado no ar em 15/10/2020)
  • Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
    -Link: https://youtu.be/Oyo9HGAYXWk
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    obs: fotos (Acervo: Claudia Pinho)
    Vozes dos Biomas: iniciativa do terceiro setor em defesa da Mata Atlântica completa mais de três décadas, por Mario Mantovani
    14/10/2020 00:15
    Por Sucena Shkrada Resk
    O Projeto Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk tem como 30º entrevistado, o geógrafo Mario Mantovani, ambientalista há 35 anos, que é diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, onde atua desde 1991.

Em sua trajetória ao longo das últimas décadas, trabalhou na Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo de 1983 a 1987, quando promoveu atividades com prefeituras e auxiliou na criação de novas Organizações Não Governamentais (ONGs) ambientalistas.
Desde o ano de 2007, tem atuado na Frente Parlamentar Ambientalista. Nesta militância, contribuiu na mobilização para a aprovação de leis ambientais importantes, como a Lei da Mata Atlântica, de 2006, e a Lei das Águas, de 1997, que criou o Sistema Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente e Gerenciamento de Recursos Hídricos.
Em 2020, o SOS completou 34 anos, e Mantovani nos conta a respeito das principais ações desenvolvidas neste período até hoje e os principais desafios pela frente, no recorte da conservação e da governança.
Hoje só restam 12,4% das florestas originais do bioma, que abrange 15% do Brasil em 17 estados e cerca de 3,5 mil municípios.
Ficha técnica:
• 30ª Entrevista – no Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada

  • Tema: Iniciativa do terceiro setor em defesa da Mata Atlântica completa 34 anos
  • Entrevistado: geógrafo e ambientalista Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica
  • Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 08/10/2020 – (no ar em 14/10/2020)
  • Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk
    https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
    -Link: https://youtu.be/j85Ud6hxeNc
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Vozes dos Biomas: o documentário audiovisual em defesa dos biomas, por Jorge Bodanzky
09/10/2020 00:01
Por Sucena Shkrada Resk
O Projeto Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk tem como 29º entrevistado, o cineasta, documentarista e fotógrafo paulistano Jorge Bodanzky, que tem um trabalho de décadas, desde os anos 1970, em diferentes biomas, com destaque à Amazônia e o Cerrado e que trazem um conteúdo de alerta e crítico em torno do tema da justiça socioambiental.

Nesta trajetória, se destacam de Iracema, uma transa amazônica (1974), dirigido por Bodanzky e Orlando Senna; No Meio do Rio Entre as Árvores, sobre ribeirinhos, a “Ruivaldo, o homem que salvou a Terra, de 2019, este em codireção com João Farkas, nos biomas do Pantanal e do Cerrado. E em fase de produção, está Amazônia, uma nova Minamata?
Com este rico repertório, ele nos conta os bastidores destes documentários, que revelam como a arte cinematográfica é um instrumento de defesa dos biomas e dos povos das florestas.
Quer saber mais sobre o trabalho de Bodanzky? Acesse: https://jorgebodanzky.blogspot.com/

Ficha técnica:
• 29ª Entrevista – no Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada

  • Tema: O documentário audiovisual em defesa dos biomas
  • Entrevistado: cineasta e documentarista Jorge Bodanzky
  • Pauta, produção, mediação e edição: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 06/10/2020 – (colocado no ar em 09/10/2020)
  • Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk
    https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
    -Link: https://youtu.be/GGtj69-2Glo
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    Vozes dos Biomas: uma radiografia do uso da terra nos biomas, por Maria Luísa Pimenta (IBGE)
    07/10/2020 00:01
    Por Sucena Shkrada Resk

O Projeto Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk tem como 28ª entrevistada, a geógrafa Maria Luísa Pimenta, gerente de Contas e Estatísticas Ambientais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em sua trajetória profissional, tem experiências na área de Geociências, com ênfase em Geomorfologia Fluvial e Sensoriamento Remoto.

Fonte:IBGE
Maria Luisa coordenou uma das mais recentes publicações do IBGE – Contas de Ecossistemas: uso da terra nos biomas brasileiros, que integra o portfólio da Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais; e de Contas Nacionais, que faz um levantamento no período de 2000 a 2018, trazendo importantes informações sobre redução de áreas naturais e algumas desacelerações de perdas.
Neste intervalo, houve a perda total de 500 mil km quadrados de cobertura natural. Uma grande parte convertida em pastagens e outras para uso da agricultura e da silvicultura principalmente. Em números absolutos, os biomas da Amazônia e do Cerrado tiveram as maiores perdas de áreas, respectivamente 269,8 mil km 2 e 152,7 mil km 2. Já em percentual, o Bioma Pampa foi o mais atingido, com 16,8% de suas áreas naturais convertidas em usos antrópicos. A Mata Atlântica teve uma desaceleração de perdas, entre os anos de 2016 e 2018, mas continua sendo pressionada. O Pantanal, por sua vez, teve as menores perdas (2.109 km 2 ou 1,6%) – mas lembrando que na atualidade, em 2020, é um dos biomas mais comprometidos por incêndios florestais, que já atingem cerca de ¼ do bioma. E a Caatinga já tem no período 36,2% sobre influência da ação humana. Agora, nesta entrevista, vamos saber mais a respeito do panorama da “saúde” dos biomas brasileiros. Quer saber mais a respeito desta publicação? Acesse: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=2101753
Ficha técnica:
• 28ª Entrevista – no Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada

O Projeto Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk tem como 27ª entrevistada, a oceanógrafa Débora Ortiz Lugli-Bernardes, Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental, pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). É pesquisadora/docente do Curso de Oceanografia, na instituição e coordenadora do Curso de Especialização em Análise Ambiental. E também consultora ambiental nas áreas de ecologia, monitoramento e recuperação de ecossistemas costeiros, com ênfase em dunas (restingas) e manguezais.

Neste diálogo, Débora destaca quais são as principais características deste ecossistema costeiro e porque é tão importante conservá-lo. Os manguezais brasileiros se estendem de Santa Catarina ao Amapá, e é a maior área do mundo, correspondendo a 12% em todo o planeta, e vem sofrendo pressões de todas as ordens, ano a ano, que resultam gradativamente em sua deterioração. Um dos levantamentos mais importantes a respeito foi feito pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em 2018. É o Atlas dos Manguezais do Brasil.
Segundo o documento, estima-se que 25% dos manguezais em todo o Brasil tenham sido destruídos desde o começo do século 20, especialmente no Nordeste e Sudeste. Quando a gente fala sobre mudanças climáticas, de serviços ecossistêmicos, trata deste tema. Vem com a gente, saber o que está em jogo, se não houver mais ênfase na conservação.
Quer saber mais sobre este tema? O email da profa Débora é lugli@univali.br e o instagram @debernardes75 .

Ficha técnica:
• 27ª Entrevista – no Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk

Vozes dos Biomas: análise sobre efeitos ecossistêmicos dos incêndios no Pantanal, por Solange Ikeda
30/09/2020 00:02
Por Sucena Shkrada Resk

O Projeto Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk tem como 26ª entrevistada, a bióloga Solange Ikeda, Doutora em Ciências, com enfoque em Ecologia e Recursos Naturais. Ela é professora-adjunta da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), onde atua na área de pós-graduação da instituição, em Cáceres, e integra o time de colaboradores do Instituto de Pesquisa e Educação Ambiental (Gaia).

Com longa experiência em restauração ecológica, comunidades vegetais de áreas úmidas e recursos hídricos, Solange nos explica, nesta entrevista, quais são os impactos dos incêndios florestais e queimadas que atingem o Pantanal, em 2020, com um olhar sobre a flora, fauna e comunidades tradicionais e analisa a construção de cenários neste bioma, que teve mais de 20% de sua estrutura comprometida.

Ficha técnica: • 26ª Entrevista – no Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada

obs: Foto 1 – Vegetação pantaneira – Acervo pessoal – Solange Ikeda
Foto 2 – Trecho do Rio Paraguai e vegetação e fauna pantaneiras – Crédito da foto: Miguel Angelo Marques Silva
Vozes dos Biomas: a contribuição dos Guarani-Mbya para a conservação da Mata Atlântica, por David Karai Popygua
28/09/2020 00:00
Por Sucena Shkrada Resk

O Projeto Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk tem como 25º entrevistado, o professor indígena de cultura étnica Guarani-Mbya, David Karai Popygua, da Aldeia Tekoa Ytu, na Terra Indígena do Jaraguá, na zona noroeste de São Paulo capital, onde vivem cerca de 800 indígenas.

Neste diálogo, Popygua nos leva a uma viagem histórica da contribuição do povo guarani Mbya, através dos séculos, na conservação do bioma da Mata Atlântica, e fala dos desafios impostos pela pressão econômica e das mudanças climáticas sobre os povos indígenas. Uma fala que valoriza a relação cosmogônica com a natureza e um olhar sobre a relação antropocênica no avanço das mudanças climáticas.

Ficha técnica:
• 25ª Entrevista – no Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada

Obs: fotos (divulgação)
1 – Imagem da TI Jaraguá
2 – Jovens do povo Guarani-Mbya

Vozes dos Biomas: A comunicação indígena pela arte e pelo audiovisual como instrumento de conservação e direitos, por Naine Terena
23/09/2020 18:22
Por Sucena Shkrada Resk

No centro-oeste brasileiro, onde se destacam os biomas pantaneiro e do Cerrado, a indígena Naine Terena, graduada em Comunicação pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), encontrou na união da arte com a educação e o audiovisual, uma maneira de potencializar a comunicação do seu povo e de outros povos em prol de seus direitos e saberes e na defesa de seus territórios, contribuindo à conservação dos biomas e a ações no campo da economia criativa.

Para falar desta experiência, Naine Terena é a 24ª entrevistada do Vozes dos Biomas, no Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk. Ela é docente na Faculdade Católica de Mato Grosso e empreendedora cultural na Oráculo Comunicação.

Saiba mais a respeito do trabalho dela em:
http://www.oraculocomunica.wordpress.com
https://www.youtube.com/channel/UCo_3kOzb9c_OUuXpkjUrTBw
Ficha técnica:
Entrevista 24 – Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk
-Tema: A comunicação indígena pela arte e pelo audiovisual como instrumento de conservação e direitos

  • Entrevistada: Naine Terena, graduada em Comunicação pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), é docente na Faculdade Católica de Mato Grosso e empreendedora cultural na Oráculo Comunicação
  • Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 23/09/2020
  • Onde: Canal do Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
  • Link: https://youtu.be/lHEL6zJZrnE
    Inscrevam-se por aqui! Todos são bem-vindos!
    Saibam mais sobre o Blog Cidadãos do Mundo e Projeto Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk em: http://www.cidadaosdomundo.webnode.com e https://cidadaosdomundo.webnode.com/projeto-vozes-dos-biomas-sucena-s-resk/
    Obs:
    Foto 1 – Projeto Territórios Indígenas. Terra indígena do Povo Bakairi. Crédito: MiNC – Coordenação – Naine Terena
    Foto 2 – Naine Terena, na Marcha das Mulheres Indígenas, em Brasília, em 2019 – Crédito da foto: Leopoldo Silva

Vozes dos Biomas: a educomunicação socioambiental em defesa do Madeira (RO) e de sua gente, no bioma amazônico, por Iremar Antonio Ferreira
22/09/2020 11:46
Por Sucena Shkrada Resk
O Vozes dos Biomas/Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk tem como 23º entrevistado, o ambientalista e educomunicador Iremar Antonio Ferreira, do Instituto Madeira Vivo, graduado em história e Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio ambiente. Ele participa da Aliança dos Rios da Amazônia, do Comitê Binacional Defensor da Vida Amazônica, na subbacia do Rio Madeira, do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental, e do Comitê Internacional do Fórum Social Panamazônico.

Ele vive em contato direto com a natureza no bioma amazônico, em Rondônia, e os desafios diários neste pedaço do Brasil, como a implementação de grandes empreendimentos e seus impactos. Uma realidade que grande parte dos brasileiros desconhece sobre esta região, que fica em área transfronteiriça com Bolívia e Peru.

Neste diálogo, Ferreira conta sua trajetória em que utiliza a educomunicação socioambiental como meio de defender o bioma com a abrangência da Panamazônia, e sua gente. Por meio da música e de iniciativas de comunicação radiofônica, como o Programa Vozes da Amazônia, na Rádio AM Caiari local, mantido ate 2017, e outras iniciativas mais recentes audiovisuais na comunidade de Nazare. Atividades em defesa dos direitos dos povos da Sub-Bacia Hidrográfica do Grande Madeira, que tem 3.240 km e nasce nos Andes e fundamental afluente do Amazonas.
Saiba mais a respeito, no blog de Ferreira, em https://semfronteirasnomadeira.blogspot.com/

Ficha técnica:
• 23ª entrevista – Vozes dos Biomas/ Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada

  • Tema: A educomunicação em defesa da conservação do bioma amazônico em RO
  • Entrevistado: Iremar Antonio Ferreira, ambientalista e educomunicador socioambiental
  • Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 22/09/2020 – Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
  • Link: https://youtu.be/qgRilexrQuk
    Inscrevam-se por aqui! Todos são bem-vindos! Saiba mais sobre o Blog Cidadãos do Mundo e o Projeto Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk em: https://www.cidadaosdomundo.webnode.com e https://cidadaosdomundo.webnode.com/projeto-vozes-dos-biomas-sucena-s-resk/
    obs:
    Foto 1 – Comunidade de Nazaré – Rio Madeira- RO – Foto: Iremar Ferreira
    Foto 2 – Impacto da mineração no rio Madeira – RO – Foto: Iremar Ferreira
    Foto 3 – Oficina de biodigestores em comunidade boliviana (Panamazônia) – Acervo pessoal: Iremar Ferreira
    Vozes dos Biomas: a força da imagem fotográfica em defesa de um Pantanal e Cerrado em chamas, por Mario Friedlander
    18/09/2020 11:04
    Por Sucena Shkrada Resk

O Blog Cidadãos do Mundo e o Projeto Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk têm como entrevistado, o fotógrafo e documentarista Mario Friedlander.

Paulista, radicado em Mato Grosso, desde os anos 80, Friedlander mescla a sua militância ambientalista com a documental e nos conta como testemunha ocular, uma de suas experiências mais impactantes em sua vida, neste ano de 2020: registrar cenas e personagens em defesa do Pantanal, na região de Porto Jofre e Poconé; e do Cerrado em chamas, no MT, e o seu esforço e de demais cidadãos em mobilização à frente de uma brigada voluntária de incêndio no Vale do Jamacá, município da Chapada dos Guimarães, a 65 km de Cuiabá, onde vive. Lá também se encontram uma Área de Proteção Ambiental (APA) estadual e um dos mais importantes parques nacionais do país, que estão sendo devastados por incêndios florestais.
A estimativa é de que cerca de 20% do Pantanal, que se localiza em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, já tenha sido consumido pelo fogo, uma perda sem precedentes de biodiversidade e do comprometimento do ecossistema da maior área alagável do mundo. Os dados são do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA) do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Ficha técnica:
•Live 17 – Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk

  • Entrevistas 22 – Vozes dos Biomas
  • Tema: A força da imagem fotográfica em defesa de um Pantanal e Cerrado em chamas
    Entrevistado: fotógrafo e documentarista Mario Friedlander
  • Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 18/09/2020
  • Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk
    https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
    -Link: https://youtu.be/HurnuU2gUR0
    Inscrevam-se por aqui! Todos são bem-vindos! Saiba mais sobre o Blog Cidadãos do Mundo e o Projeto Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk em: https://www.cidadaosdomundo.webnode.com e https://cidadaosdomundo.webnode.com/projeto-vozes-dos-biomas-sucena-s-resk/
    obs: fotos crédito Mario Friedlander
    legendas – Onça pintada ferida nas patas – Pantanal em Chamas MT
    Vozes dos Biomas: a importância da educação ambiental para a preservação dos biomas, por Moema Viezzer e Tereza Moreira
    18/09/2020 10:11
    Por Sucena Shkrada Resk

A educação ambiental informal, não-formal e formal têm sido ao longo do processo de difusão do socioambientalismo uma das ferramentas mais consistentes para atingir a sociedade e refletir nos processos proativos de cidadania.
A conservação dos biomas depende, em grande parte, desta conscientização que leva à noção de pertencimento de cada um de nós nesta engrenagem solo e coletiva.
Para falar sobre este assunto, as 20ª e 21ª entrevistadas do Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk são:

A socióloga e educadora popular socioambiental Moema Viezzer e a jornalista e a educadora ambiental Tereza Moreira, especializada em educação à distância, que trazem um repertório eclético de ação no chão e de produção editorial importantes. Uma experiência também que está atrelada à própria história do socioambientalismo em sua gênese internacional, em momentos importantes, que vêm desde as Conferências da Organização das Nações Unidas sobre Meio Ambiente (Rio-92), o exercício de produção coletiva da Carta da Terra (2000) à difusão dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS/ONU) propostos na Rio+20 (em 2012), entre outras ações, que valorizam, em especial, a contribuição dos povos tradicionais e indígenas.

Moema Viezzer, na Rio+20

Legenda: Tereza Moreira em trabalho realizado com escolas ribeirinhas em Carauari-AM (2019)

Ficha técnica:
•Live 16 – Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk

  • Entrevistas 20 e 21 – Vozes dos Biomas
  • Tema: A importância da educação ambiental para a preservação dos biomas
    Entrevistadas: socióloga e educadora popular socioambiental Moema Viezzer e jornalista e educadora ambiental Tereza Moreira
  • Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 17/09/2020, às 16h (horário de Brasília)
  • Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk
    https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
    -Link: https://youtu.be/Hn7F5q02y9w
    Inscrevam-se por aqui! Todos são bem-vindos! Saiba mais sobre o Blog Cidadãos do Mundo e Projeto Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk em: https://www.cidadaosdomundo.webnode.com e https://cidadaosdomundo.webnode.com/projeto-vozes-dos-biomas-sucena-s-resk/
    Vozes dos Biomas: o canto e encanto das baleias e de outros cetáceos no bioma marinho do litoral norte paulista, por Júlio Cardoso
    16/09/2020 11:33
    Por Sucena Shkrada Resk
    Quem conhece o litoral Norte de São Paulo se depara com a riqueza de cetáceos em seu bioma marinho. Por lá, podem ser encontradas baleias-de-Bryde, baleias-jubarte e até a imensa baleia-franca-austral, além de frenéticos golfinhos, entre outras espécies. E quem sabe muito bem disso, é Júlio Cardoso, criador do Projeto Baleia à Vista junto com a bióloga e ecóloga Arlaine Francisco, que atua no litoral Norte de São Paulo, desde 2016. Ele também é membro do Conselho Consultivo do Refúgio de Biodiversidade de Vida Selvagem (REVIS) Alcatrazes, que é uma unidade de conservação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e também rende muita história.

Cardoso é o convidado da 15ª live do Blog Cidadãos do Mundo, que é a 19ª entrevista do Projeto Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk.

Durante sua vida profissional, foi executivo de grandes empresas, mas foi na “militância ambiental”, que começou nos anos 90, que achou a sua verdadeira paixão, como define. Aí unir o prazer pela navegação, por tirar fotografia e pela biodiversidade marinha, foi um passo. E agora, ele nos conta mais a respeito da observação do canto e encanto das baleias e de outros cetáceos no bioma marinho, no litoral Norte paulista, que está longe de ser uma atividade monótona.
Quer saber mais sobre o Projeto Baleia à Vista, acesse: http://www.projetobaleiaavista.com.br
Ficha técnica:
Live 15 – #BlogCidadãosdoMundo
Entrevista 19 – #VozesdosBiomas – jornalista Sucena Shkrada Resk

  • Tema: O canto e encanto das baleias e de outros cetáceos no bioma marinho, no litoral Norte paulista
  • Entrevistado: Júlio Cardoso, cofundador do Projeto Baleia à Vista e membro do Conselho Consultivo do Refúgio de Biodiversidade de Vida Selvagem (REVIS) Alcatrazes (ICMBio)
  • Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 15/09/2020, às 17h (horário de Brasília)
  • Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk: https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
    Link: https://youtu.be/qXnD1Kp7s6c
    Inscrevam-se por aqui! Todos são bem-vindos!
    Saibam mais sobre o Blog Cidadãos do Mundo e Projeto Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk em: http://www.cidadaosdomundo.webnode.com e https://cidadaosdomundo.webnode.com/projeto-vozes-dos-biomas-sucena-s-resk/
    obs: legenda – Baleia-jubarte e filhote – altura Castelhanos-IlhaBela (31/08/2020) – Crédito da foto: Júlio Cardoso/Projeto Baleia à Vista

Vozes dos Biomas: uma radiografia atual sobre unidades de conservação em diferentes biomas, por Angela Kuczach
10/09/2020 14:58
Por Sucena Shkrada Resk

Nesta 14ª live do Blog Cidadãos do Mundo, a 18ª entrevistada do Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk é a bióloga Angela Kuczach, diretora-executiva da Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação (Rede Pró-UC).

Neste diálogo, ela faz uma radiografia geral da situação das unidades de conservação nos biomas brasileiros, que hoje são cerca de 2.500, cobrindo 19% da área continental e 27% da marinha – com destaque às de proteção integral – e fala sobre as principais causas na atualidade, diante dos desafios impostos para a manutenção das mesmas com qualidade.
Quer saber mais sobre a Rede Pró-UC, acesse: https://www.facebook.com/redeprouc/
Ficha técnica: Live 14 – Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk
Entrevista 18 – Vozes dos Biomas – Tema: Uma radiografia atual das unidades de conservação nos biomas brasileiros

Leia mais: https://cidadaosdomundo.webnode.com/news/vozes-dos-biomas-uma-radiografia-atual-sobre-unidades-de-conservacao-em-diferentes-biomas-por-angela-kuczach/

Vozes dos Biomas: a contribuição quilombola à conservação dos biomas, por Nilce de Pontes Pereira
08/09/2020 07:18
Por Sucena Shkrada Resk

No Brasil, existem cerca de 3.500 comunidades remanescentes de quilombos, de acordo com a Fundação Palmares, no âmbito federal. São homens, mulheres e crianças afro-descendentes, que estão distribuídos em todos os biomas. A maior parte destas comunidades está na região Nordeste do país (61%); seguida pelo Sudeste (16%); Norte (11%); Sul (7%) e Centro-Oeste (5%). De acordo com a Coordenação Nacional de Articulação das Comuidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), este número chega a 6 mil, reunindo o reconhecimento em estados e municípios. Nestes núcleos e territórios, a luta diária é para a manutenção dos legados ancestrais e do direito e respeito ao território.
Neste ano, em tempos de pandemia, foram certificadas somente 18 comunidades, e em 2019, 70. O modo de cultivo da terra na maioria dos quilombos tem como base o respeito ao meio ambiente, com princípios agroecológicos, e a manutenção de sementes crioulas.

Para falar sobre a contribuição quilombola à conservação dos diferentes biomas, a 13ª live do Blog Cidadãos do Mundo, que é a 17ª entrevista do Projeto Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk tem como convidada, Nilce de Pontes Pereira, coordenadora estadual pela Conaq, por São Paulo, e membro da rede agroecológica ANA e do conselho da Reserva de Desenvolvimento Sustentável – Quilombo Barra do Turvo.

Ficha técnica: Live 13 – #BlogCidadãosdoMundo
Entrevista 17 – #VozesdosBiomas – jornalista Sucena Shkrada Resk
Tema: A contribuição quilombola à conservação dos diferentes biomas
Entrevistada: Nilce de Pontes Pereira, coordenadora estadual pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), por São Paulo, e membro da rede de agroecológica ANA
Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
Quando: 07/09/2020, às 17h (horário de Brasília)
Onde: Canal Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk: https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
Link: https://youtu.be/6YMQ93PkAMU
Inscrevam-se por aqui! Todos são bem-vindos! Saibam mais sobre o Blog Cidadãos do Mundo e Projeto Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk em: http://www.cidadaosdomundo.webnode.com e https://cidadaosdomundo.webnode.com/projeto-vozes-dos-biomas-sucena-s-resk/

Vozes dos Biomas: mobilização feminina em defesa do Pantanal completa duas décadas, por Áurea da Silva Garcia
05/09/2020 09:58
Por Sucena Shkrada Resk

Um pouco mais de 60% do bioma do Pantanal está em território brasileiro, nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A maior área inundável do mundo também ocupa áreas na Bolívia e Paraguai. A beleza das bacias hidrográficas que compreende, com destaque à do Paraguai, é algo inesquecível. A riqueza ecossistêmica e a biodiversidade atraem milhares de pessoas. Ao longo dos anos, no entanto, a pressão do desmatamento atinge este bioma. Segundo o mais recente relatório do MapBiomas, no Pantanal, a perda de vegetação nativa foi de 12%, com aumento de 4,7 vezes da área total de pastagens plantadas, entre os períodos de 1985 e 2019.
Em 2020, o que chama a atenção são os incêndios descontrolados. Especialmente no Mato Grosso do Sul, no mês de agosto, foram mais de 4.300 focos de incêndio, com destaque a Corumbá e Porto Murtinho, e cerca de 1.000 hectares impactados. Uma das áreas com maior pressão é a Terra Indígena Kadiwéu, segundo a Defesa Civil e Corpo de Bombeiros do Estado.
Neste contexto, a organização não governamental (ONG) Mulheres em Ação no Pantanal (Mupan), está completando 20 anos, e traz um histórico com atividades voltadas à área de educação ambiental, com destaque a ações de defesa das bacias hidrográficas, e incidência também em coletivos, redes e programas internacionais, como o Programa Mulheres 2030. Um recorte de empoderamento feminino na área socioambiental.

Para falar a respeito desta trajetória, a nossa 16ª entrevistada do Vozes dos Biomas, é Áurea da Silva Garcia, membro-fundadora e diretora geral da MUPAN. Ela é bacharel em Turismo, e Mestre e Doutora em Ensino de Ciências (área de concentração em Educação Ambiental), pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
Áurea também é articuladora da Rede Aguapé de Educação Ambiental do Pantanal. Ela elaborou e coordenou a proposta de Formação Gênero, Água e Educação Ambiental (GAEA), que foi selecionada como Boas Práticas em Capacitação para a Igualdade de Gênero, pela ONU Mulheres, e para o Catálogo de Experiências de Mulheres e Reservas de Biosfera, pelo IberoMaB. Participou da construção do Programa Corredor Azul da Wetlands International (2017-2027), e hoje é Oficial Sênior de Políticas desse Programa.

-Live 12 – Blog Cidadãos do Mundo
-16ª entrevista – Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk

Vozes dos Biomas: a importância do protagonismo feminino indígena na conservação da Amazônia, por Telma Taurepang
02/09/2020 15:40
Por Sucena Shkrada Resk
Na imensidão da Amazônia, a representação feminina indígena nos espaços de cidadania e de gestão participativa tem inúmeras vozes, que ecoam também internacionalmente. Neste seleto grupo que demonstra a importância do protagonismo feminino indígena na conservação do bioma, está a liderança Telma Taurepang, professora e acadêmica em Antropologia, que é coordenadora Geral da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (UMIAB), que atua nos nove estados da região amazônica. Ela é convidada da Live 11 do Blog Cidadãos do Mundo, que já é 15ª entrevista do Projeto Vozes dos Biomas – Jornalista Sucena Shkrada Resk.

A UMIAB como organização não governamental de base ainda tem acento em outras organizações e grupos de trabalho. Entre eles, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA) e Indigenous Peoples Policy (GCF), que é uma instância internacional que atua na área climática, na qual o papel da UMIAB é ser articuladora junto aos governos estaduais, para tratar do fomento de políticas públicas para os povos indígenas na Amazônia Legal.
Telma Taurepang é da Terra indígena Araça e mora na Comunidade Indígena Mangueira, na região do Amajarí, em Roraima, onde mantém suas raízes e ligações ancestrais.

Nesta entrevista, ela compartilha conosco esta experiência de vida na Amazônia e sua militância “sem fronteiras”, com a carga da riqueza de sua ancestralidade e sua manifestação em defesa dos povos originários, em especial das mulheres indígenas, que através dos séculos defendem a conservação socioambiental, cada vez mais pressionada pelo desenvolvimentismo.

  • Live 11 – #BlogCidadãosdoMundo – jornalista Sucena Shkrada Resk
  • 15ª entrevista Projeto#VozesdosBiomas
  • Tema: A importância do protagonismo feminino indígena na defesa da Amazônia
  • Entrevistada: Telma Taurepang, professora e acadêmica em Antropologia, é Coordenadora Geral da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (UMIAB), que atua em nove estados da região amazônica
  • Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 01/09/2020 – Horário: 16h (horário de Brasília)
  • Onde – Canal do Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk
    https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
  • Link da live: https://youtu.be/J6f5pX11KlY
    Inscrevam-se por aqui! Todos são bem-vindos!

Saiba mais sobre o Blog Cidadãos do Mundo e Projeto Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk em: http://www.cidadaosdomundo.webnode.com e https://cidadaosdomundo.webnode.com/projeto-vozes-dos-biomas-sucena-s-resk/

Vozes dos biomas: uma história de ativismo ambiental e indigenista por meio da fotografia, por Renato Soares
28/08/2020 15:10
Por Sucena Shkrada Resk

O 14ª entrevistado do Projeto Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk, nesta 10ª live do Blog Cidadãos do Mundo, é o fotógrafo e indigenista Renato Soares, que desde os anos 80, exerce uma militância na área socioambiental e pelas causas indígenas. Ele é autor do Projeto Ameríndios do Brasil, dedicado ao registro fotográfico da diversidade cultural indígena existente no país.
Em suas andanças pelos diferentes biomas, tem flagrado as facetas das mudanças ocorridas nos ecossistemas, como também documentado a cultura e tradição dos povos defensores das florestas. Não só com uma câmera fotográfica, se expressa. Uma de suas atividades preferidas, como confessa, é plantar árvores e se manifestar em defesa de unidades de conservação, como veremos logo a seguir.
Soares também é autor de algumas publicações etnográficas, como Krahô, os Filhos da Terra (de 1994) sobre este povo de Tocantins, na Amazônia; Universo Amazônico; e sobre Parques Nacionais do Brasil, ambos de 2013, entre outras.
Neste diálogo de hoje, embarcaremos com Soares, nesta trajetória de mais de quatro décadas, que trata de uma história de ativismo ambiental e indigenista por meio da imagem, e saberemos mais sobre seu mais recente projeto memorialista.

Live 10 – #BlogCidadãosdoMundo

  • Entrevista 14 – #VozesdosBiomas – jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Tema: Uma história de ativismo ambiental e indigenista por meio da fotografia em diferentes biomas brasileiros
  • Entrevistado: Renato Soares, fotógrafo e indigenista. É autor do Projeto Ameríndios do Brasil, dedicado ao registro fotográfico da diversidade cultural indígena existente no Brasil.
  • Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 27/08/2020 Horário: 17h (horário de Brasília)
  • Onde: Canal do Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk – https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
  • Link: https://youtu.be/eJSPmnfSVEc
    Inscrevam-se por aqui! Todos são bem-vindos!
    Querem conhecer mais a respeito dos trabalhos do fotógrafo e indigenista Renato Soares, acessem: https://www.imagensdobrasil.art.br/

Saibam mais sobre o Blog Cidadãos do Mundo e Projeto Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk em: http://www.cidadaosdomundo.webnode.com e https://cidadaosdomundo.webnode.com/projeto-vozes-dos-biomas-sucena-s-resk/
Vozes dos Biomas: livro retrata papel feminino indígena na regulação do clima na América Latina, por Heidi Michalski
25/08/2020 13:51
Por Sucena Shkrada Resk

O Blog Cidadãos do Mundo e o Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk têm como tema na live 9, o papel feminino indígena na regulação do clima. Para falar sobre este assunto, nossa 13ª entrevistada do Vozes dos Biomas, é Heidi Michalski Ribeiro, doutoranda em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina, que é membro da Rede Sul-Americana para as Migrações Ambientais (Resama). Ela é autora da obra recém-lançada “As Mulheres Indígenas na Regulação do Clima da América Latina: caminhos para um direito ecológico”, pela Editora da Universidade Federal de Roraima (UFRR).

Neste livro, a autora trata da incidência dessas vozes femininas, com seus conhecimentos tradicionais e da cosmogonia de seus povos na manutenção da biodiversidade, desde a contribuição na gestão dos territórios a campos de negociação à Conferência das Partes sobre a Mudança do Clima, no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU), e ilustra o cenário das normas políticas na perspectiva de gênero no Brasil e nos demais países latinos, entre conquistas e desafios.

  • Live 9 – #BlogCidadãosdoMundo – jornalista Sucena Shkrada Resk
  • 13ª entrevista Projeto#VozesdosBiomas
  • Tema: Livro retrata protagonismo feminino indígena na regulação do clima
  • Entrevistada: Heidi Michalski Ribeiro, doutoranda em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina. Membro da Rede Sul-Americana para as Migrações Ambientais; autora da obra recém-lançada As Mulheres Indígenas na Regulação do Clima da América Latina: caminhos para um direito ecológico (o e-book pode ser acessado em https://ufrr.br/editora/index.php/ebook)
  • Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Quando: 24/08/2020 – Horário: 16h (horário de Brasília)
  • Onde – Canal do Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk: https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
  • Link da live: https://youtu.be/QL_eBsgY1mk
    Inscrevam-se por aqui! Todos são bem-vindos!
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    Vozes dos Biomas: Os refugiados ambientais no panorama dos biomas brasileiros e na América Latina, por Érika Pires Ramos
    22/08/2020 12:16
    Por Sucena Shkrada Resk
    A 8ª live do Blog Cidadãos do Mundo tem como tema da 12ª entrevista do Projeto Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk – Os refugiados ambientais no panorama dos biomas brasileiros e na América Latina. Para tratar deste assunto, nossa convidada é a Phd em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo (USP) – Érika Pires Ramos, que é fundadora da Rede Sul-Americana para as Migrações Ambientais (Resama).

Érika integra a iniciativa internacional Defensoras, que tem o objetivo de engajar mulheres na defesa do planeta, no contexto das mudanças climáticas e dos direitos humanos. Atua também como pesquisadora do Observatório sobre Mobilidade Humana, Mudança Climática e Desastres (MOVE-LAM), uma parceria da Universidade a Paz na Costa Rica com a Resama. E participa do grupo de pesquisadores do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Deslocados Ambientais da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e do Grupo de Pesquisa em Direitos Humanos e Vulnerabilidades da Universidade Católica de Santos.
Vocês sabiam que segundo a Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para Refugiados (ACNUR), desde os anos 1970 vêm aumentando os deslocamentos forçados devido aos desastres naturais e à degradação ambiental. Mais recentemente, dos 20,4 milhões de refugiados sob o apoio do ACNUR no final de 2018, um terço estava nos países menos desenvolvidos do mundo, que muitas vezes são altamente vulneráveis aos efeitos adversos das mudanças climáticas ou sofrem com a escassez de recursos e infraestrutura. Estas pessoas são submetidas a diferentes impactos: são eventos extremos, desde aumento do nível do mar, inundações, ciclones à seca e estiagens severas à desertificação. São problemas de ordem humanitária de longo prazo, por muitas vezes, que levam ao quadro de vulnerabilidade econômica e de segurança alimentar.
No Brasil, há processos vivenciados há décadas, de forma gradativa, em vários biomas. Observa-se também processos migratórios entre países. A situação do aumento da seca e estiagem nordestinas no bioma da Caatinga, aqui no Brasil, é um dos exemplos mais significativos. Na Amazônia, a aceleração para um quadro de savanização também já desenha novos cenários, que refletem um desequilíbrio do ser humano em relação ao meio ambiente e os impactos cada vez mais constantes da emergência climática. Na região Sul, no bioma da Mata Atlântica e dos Pampas, já é possível se verificar o aumento da incidência de ciclones extra-tropicais.
No meio destes desafios, há cidadãos e cidadãs que revelam também histórias de superação a estas adversidades, mas o aumento desta vulnerabilidade é algo cada vez mais presente.
Ficha técnica – Live 8:

  • 12ª entrevistada do Projeto Vozes dos Biomas: Érika Pires Ramos, Phd em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo USP), que é fundadora da Rede Sul-Americana para as Migrações Ambientais (Resama)
  • Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Tema: Os refugiados ambientais no panorama dos biomas brasileiros e na América Latina
  • Data: 21 de agosto de 2020 – Horário: 19h (horário de Brasília)
  • Onde: Canal do Youtube – jornalista Sucena Shkrada Resk: https://www.youtube.com/c/SucenaShkradaResk
  • Link da live: https://youtu.be/5WFY9iibYnM
    Inscrevam-se por aqui! Todos são bem-vindos!
    Querem conhecer mais a respeito da Resama, acesse: http://www.resama.org
    Saibam mais sobre o Blog Cidadãos do Mundo e Projeto Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk em: http://www.cidadaosdomundo.webnode.com e https://cidadaosdomundo.webnode.com/projeto-vozes-dos-biomas-sucena-s-resk/
    Vozes dos Biomas: A relação entre recursos hídricos, saneamento e pandemia, por Marta Marcondes
    19/08/2020 10:22
    Por Sucena Shkrada Resk
    Esta 7ª live do #BlogCidadãosdoMundo tem como 11ª entrevistada do Projeto Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk, a bióloga Marta Ângela Marcondes, que é professora e pesquisadora da Universidade Municipal de São Caetano do Sul– coordenadora do Projeto Índice de Poluentes Hídricos e do Laboratório de Análise Ambiental (IPH) da USCS.

Neste bate-papo, Marta nos conta a sua experiência em várias frentes socioambientais especialmente no #bioma da #MataAtlântica, onde está envolvida, há anos, no monitoramento da qualidade das águas no reservatório da #Billings, no estado de São Paulo; dos impactos dos rompimentos de barragens de rejeitos de mineração respectivamente da Samarco e da Vale, nas regiões de #Mariana (em 2015) e em #Brumadinho (MG) em 2019, como também sua militância em defesa da #saúdeindígena, com destaque para ações junto ao povo guarani.
Mais recentemente, a bióloga assinou nota técnica conjunta com outros pesquisadores, sobre Saneamento e Possibilidade da Presença do #NovoCoronavírus em Esgoto Não Tratado, no Especial Coronavírus do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da USCS.
Ficha técnica – Live 7:

11/08/2020 – Vozes dos Biomas: desafios e conquistas indígenas em contexto urbano, por Marcos Aguiar

07/08/2020 – Vozes dos Biomas: A conservação dos biomas sob o foco do Direito Ambiental e do ativismo na Mata Atlântica, por Virgílio Alcides de Farias
05/08/2020 – Vozes dos Biomas: Duas décadas de SNUC e a importância da conservação dos biomas, com Cláudio Maretti
31/07/2020 – Vozes dos Biomas: reflexão sobre racismo institucional em tempos de pandemia de Covid-19, por Emanuelle Góes
24/07/2020 – Vozes dos Biomas: uma análise sobre desmatamento, doenças zoonóticas e epidemias, por Gabriel Zorello Laporta

Vozes dos Biomas: Desafios e cases de sucesso na transparência da gestão ambiental e participação cidadã, por Renato Morgado
14/08/2020 13:56
Por Sucena Shkrada Resk

Dizem que se a gente ignora, não dá o devido valor, por consequência, não se apropria de um tema, uma causa ou um assunto. No campo da gestão pública municipal à federal com caráter participativo – que é um princípio democrático – não é diferente. E com um detalhe importante, há leis que obrigam que o acesso da população aos dados seja sempre transparente, como a LEI FEDERAL Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011. E nem sempre exercitamos este direito, não é?
Neste formato, cada cidadão e cidadã têm condição de fazer de forma solo ou conjunta, o chamado monitoramento ou controle social, cobrando o bom cumprimento de projetos, orçamentos e das legislações, ao mesmo tempo, que também se conscientizam dos seus papeis e de seus deveres, nesta engrenagem. Um destes canais é o Portal da Transparência, da Controladoria Geral da União (www.portaltransparencia.gov.br).
Por isso, o tema de nossa sexta live do Blog Cidadãos do Mundo, que já é a 10ª entrevista do Projeto Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk é “Desafios e iniciativas bem-sucedidas de transparência na gestão ambiental e participação cidadã em diferentes biomas brasileiros”. Para falar a respeito, convidamos Renato Morgado, gestor ambiental, Mestre em Ciência Ambiental, atual coordenador do Programa de Integridade Socioambiental da Transparência Internacional – Brasil.
Ficha técnica – Live 6: – 10º entrevistado do Projeto Vozes dos Biomas: Renato Morgado, gestor ambiental, Mestre em Ciência Ambiental, atual coordenador do Programa de Integridade Socioambiental da Transparência Internacional – Brasil.

  • Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
  • Tema: Desafios e iniciativas bem-sucedidas de transparência na gestão ambiental e participação cidadã em diferentes biomas brasileiros
  • Data: 11 de agosto de 2020 Horário: 17h (horário de Brasília)
  • Onde: Canal do Youtube – Sucena Shkrada Resk – https://www.youtube.com/channel/UCThSQOzbY4KqWDJX14PBr6A
  • Link da live: https://youtu.be/bI96gfSaScQ
    Saiba mais sobre o Blog Cidadãos do Mundo e Projeto Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk em: http://www.cidadaosdomundo.webnode.com e https://cidadaosdomundo.webnode.com/projeto-vozes-dos-biomas-sucena-s-resk/
    Veja também:
    11/08/2020 – Vozes dos Biomas: Desafios e conquista indígenas em contexto urbano, por Marcos Aguiar
    07/08/2020 – Vozes dos Biomas: A conservação dos biomas sob o foco do Direito Ambiental e do ativismo na Mata Atlântica, por Virgílio Alcides de Farias
    05/08/2020 – Vozes dos Biomas: Duas décadas de SNUC e a importância da conservação dos biomas, com Cláudio Maretti
    31/07/2020 – Vozes dos Biomas: reflexão sobre racismo institucional em tempos de pandemia de Covid-19, por Emanuelle Góes
    24/07/2020 – Vozes dos Biomas: uma análise sobre desmatamento, doenças zoonóticas e epidemias, por Gabriel Zorello Laporta

Vozes dos Biomas: Desafios e conquistas indígenas em contexto urbano, por Marcos Aguiar
12/08/2020 09:16
Por Sucena Shkrada Resk

Chegamos à nossa quinta live do Blog Cidadãos do Mundo e nona entrevista do Projeto Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk, trazendo a temática sobre os “Desafios e conquistas indígenas em contexto urbano” para o centro do diálogo, que revela uma situação comum em pequenas a grandes cidades, mais do que possamos imaginar. São representantes dos mais diferentes povos e biomas, que carregam sua ancestralidade cultural, costumes culinários e de manejo do solo e relação com a natureza, além da cosmogonia. São homens e mulheres que lutam diariamente pela manutenção de suas identidades e de suas subsistências, em meio ao turbilhão da rotina cosmopolita, que exerce uma pressão contínua.
De acordo com o Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dos mais de 800 mil indígenas no Brasil, 38% vivem nas cidades. Será que os gestores públicos têm um olhar mais atencioso a esta população, desde o respeito aos seus traços culturais ao atendimento à saúde? E agora, em especial, em tempos de pandemia da Covid-19?

Para este diálogo, o nosso entrevistado é Marcos Aguiar, bacharel em Teologia e coordenador indigenista do Programa “Índios na Cidade” da ONG Opção Brasil. Ele é observador e colaborador do Fórum Permanente de Assuntos Indígenas da Organização das Nações Unidas (ONU).
Neste bate-papo, que trata de cultura, direitos humanos e conservação da natureza, Aguiar conta sua história de ativismo na causa indígena, que teve início em 1998, e tem reunido representantes de diferentes povos indígenas brasileiros em situação de contexto urbano, originários de todos os biomas. São contribuições que vão desde processos de formação no tema a educadores a feiras culturais indígenas em diversos municípios especialmente paulistas.

Ao mesmo tempo, o indigenista traz informações recentes sobre o esforço de mobilização da formação da Rede Nacional de Articulação dos Indígenas em Contextos Urbanos e Migrantes, que é uma iniciativa de projeção internacional, no âmbito da ONU.
Mais dados a respeito do Programa “Índios na Cidade” da ONG Opção Brasil podem ser encontrados em: – https://www.facebook.com/indiosnacidade/https://www.facebook.com/opcion.brasil/

E sobre a a Rede Nacional de Articulação de Indígenas em Contextos Urbanos e Migrantes: – https://www.facebook.com/groups/407783123490949/?ref=share
obs: agradecemos a participação dos internautas e relatos dos indígenas Maria Melo, Valquiria Kyalonan Azevedo e Ridivânio Procópio da Silva, da região Nordeste do país.
Ficha técnica Live 5 – Blog Cidadãos do Mundo:
9º entrevistado do Projeto Vozes dos Biomas: Marcos Aguiar, indigenista, coordenador da ONG Opção Brasil, que organiza a iniciativa Indígenas no Contexto Urbano – Programa Índios na Cidade.
Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
Tema: Desafios e conquistas dos indígenas em contexto urbano
Data: 11/08/2020 – Horário: 17h (horário de Brasília)
Onde: Canal do Youtube – Blog Cidadãos do Mundo – Projeto Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk
Link da live: https://youtu.be/0I3-Ou3VI44
Saiba mais sobre o Blog Cidadãos do Mundo e Projeto Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk em: http://www.cidadaosdomundo.webnode.com e https://cidadaosdomundo.webnode.com/projeto-vozes-dos-biomas-sucena-s-resk/

Vozes dos Biomas: Duas décadas do SNUC e a importância da conservação dos biomas, com Cláudio Maretti
05/08/2020 14:51
Esta é a terceira live e sétima entrevista do projeto Vozes dos Biomas
Por Sucena Shkrada Resk
A terceira live no canal do youtube do Blog Cidadãos do Mundo, que já é a sétima entrevista do Projeto Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk tem como tema, nesta terça-feira, 4 de agosto de 2020, o aniversário de “Duas décadas do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (#SNUC), que foi instituído pela Lei número 9.985, de julho de 2000, e a importância da conservação dos #biomas”.
De acordo com o Cadastro Nacional de Unidades de Conservação do Ministério do Meio Ambiente, hoje existem aproximadamente 2.500 unidades de conservação, reunindo as de gestão federal, estadual e municipais, divididas em 12 categorias, que cobrem cerca de 19% da área continental e 27% da área marinha brasileiras. São desde Áreas de Proteção Ambiental (APAs), florestas e parques a Reservas Extrativistas (Resex) e Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPNs). O total de cobertura é de mais de 255 milhões de hectares, é como se estivéssemos falando de mesmo número de campos de futebol. E estas áreas têm uma divisão dentre gestão pública e aquelas sob gestão privada.

Quando dividimos estas unidades de conservação por biomas, é possível observar que há diferenças de cobertura territorial de proteção:
Em números arredondados são os seguintes
Amazônia – há 352 unidades de conservação, que correspondem a 29% do bioma
Cerrado – 444 unidades ou 8,50%
Caatinga – 208 unidades ou 9,40%
Mata Atlântica –1.437 unidades ou 11%
Pantanal – 25 unidades ou 4,60% do bioma
Pampa –34 ou 3,3%
E o bioma marinho –187 unidades correspondentes a 27% do bioma
Para falar a respeito da trajetória da implementação do SNUC e sua importância para a manutenção sustentável dos biomas, que impactam na saúde ambiental e no avanço das mudanças climáticas, nosso entrevistado é Cláudio Maretti, Doutor em Geografia, e vice-presidente da Comissão Mundial de Áreas Protegidas (CMAP), da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN), para a América do Sul.

Neste bate-papo, Maretti compartilha um extenso repertório de vivência por quase 4 décadas, como gestor na área ambiental nas áreas pública e do terceiro setor nacional e internacional, incluindo passagens como presidente e diretor do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), entre 2015 e 2018.
A prioridade da conservação dos biomas é um alerta feito regularmente pela própria UICN, que em sua lista mundial sobre espécies ameaçadas, já identificou que mais de 32 mil correm o risco de extinção. Elas representam 27% de todas as espécies avaliadas.
As pressões vêm de todos os lados – por meio do desmatamento ilegal, queimadas – em especial no bioma da Amazônia, monocultivos e pecuárias extensivas, extração ilegal de minérios e de madeira e grandes intervenções para a construção de empreendimentos de grande porte, como hidrelétricas e termelétricas. Nos últimos anos, também está aumento o número de medidas provisórias e projetos de lei que visam a diminuição de unidades de conservação.

Neste ritmo desordenado, ainda há algo mais grave, que é o risco de vida dos ativistas socioambientais ano a ano. Segundo a organização não governamental internacional Global Witness, em 2019, foram mortos 24 ativistas ambientais e de direitos humanos no Brasil – sendo 10 indígenas. O país ocupa o terceiro lugar neste triste ranking, depois das Filipinas e da Colômbia, está em primeiro nesta trajetória de violência.

Diante deste contexto, Maretti trata de conquistas e desafios e construção de possibilidades de cenários futuros.

Ficha técnica – Live 3:
7ª entrevistado do Projeto Vozes dos Biomas: Cláudio Maretti, Doutor em Geografia, vice-presidente da Comissão Mundial de Áreas Protegidas (CMAP), da UICN, para a América do Sul
Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
Data: 04 de agosto de 2020 Horário: 17h (horário de Brasília)
Onde: Canal do Youtube Sucena Shkrada Resk – https://www.youtube.com/channel/UCThSQOzbY4KqWDJX14PBr6A
Link da live: https://youtu.be/R3L5bKoiehs
Saiba mais sobre o Blog Cidadãos do Mundo e Projeto Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk em: http://www.cidadaosdomundo.webnode.com
https://cidadaosdomundo.webnode.com/projeto-vozes-dos-biomas-sucena-s-resk/

Veja também:
31/07/2020 – Vozes dos Biomas: reflexão sobre racismo institucional em tempos de pandemia de Covid-19, com Emanuelle Góes

24/07/2020 – Vozes dos Biomas: uma análise sobre desmatamento, doenças zoonóticas e epidemias, por Gabriel Zorello Laporta

Vozes dos Biomas: reflexão sobre o racismo institucional em tempos de pandemia da Covid-19, com Emanuelle Góes
31/07/2020 13:36
Por Sucena Shkrada Resk

Apesar de estarmos na década Internacional para Afrodescendentes instituída pelas Nações Unidas, que começou em 2015 e termina em 2024, e no dia 25 de julho ter sido o Dia Nacional de Tereza de Benguela, que foi líder do Quilombo de Quariterê, no Vale do Guaporé, MT; e Dia da Mulher Negra, não há muito o que comemorar. O que observamos é que ainda há muito a se avançar no campo dos direitos.

Diante deste desafio humanitário, a segunda live do #BlogCidadãosdoMundo, que já é a sexta entrevista do #ProjetoVozesdosBiomas – jornalista Sucena Shkrada Resk, teve como tema, no dia 30 de julho de 2020, “Um olhar sobre o racismo institucional, em tempos de Covid-19”.

Para tratar deste assunto, a nossa convidada é a cientista baiana Emanuelle Góes, Mestra em Enfermagem e doutora em Saúde Pública com ênfase em Epidemiologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), que atua como pesquisadora associada do Programa de Gênero e Saúde da Universidade Federal da Bahia e do Centro de Integração de Dados e Conhecimento para a Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Durante sua trajetória, tem militado em diferentes frentes – como no Conselho Nacional de Saúde, movimentos e ONGs contra o racismo e a violência obstétrica e articulação de mulheres negras. Emanuelle também é integrante do Grupo de Trabalho Racismo e Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e coordenou o Instituto Odara, na BA.
Emanuelle em seus recentes artigos, como “Racismo e desigualdades: o que há de democrático na Covid-19?” tem tratado da relação do racismo estrutural na saúde em tempos de pandemia. Pela Abrasco, neste ano, a pesquisadora fez uma análise sobre o Boletim Epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde da cidade de São Paulo, que aponta que o risco de negras e negros morrerem pela Covid-19 é 62% maior em relação à população branca na capital paulista.
A questão do racismo na saúde também tem se evidenciado na própria Pesquisa nacional da Saúde (2015) e tem sido alvo de estudos como o artigo “Racismo institucional e saúde da população negra”, de autoria de Jurema Werneck, de 2016.
Ficha técnica – Live 2:
6ª entrevistada do Projeto Vozes dos Biomas: Doutora em Epidemiologia Emanuelle Góes
Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk Data: 30 de julho de 2020 Horário: 17h (horário de Brasília)
Onde: Canal do Youtube Sucena Shkrada Resk https://www.youtube.com/channel/UCThS…
Link da live: https://youtu.be/nkBJBAyWfy8
Saiba mais sobre o Blog Cidadãos do Mundo e Projeto Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk em: https://cidadaosdomundo.webnode.com/projeto-vozes-dos-biomas-sucena-s-resk/
Veja também:
23/07/2020 – Primeira live dos Blog Cidadãos do Mundo e do Projeto Vozes dos Biomas tem como tema desmatamento, doenças zoonóticas e epidemia

Projeto Vozes dos Biomas-Sucena Shkrada Resk

Autoria e desenvolvimento: jornalista Sucena Shkrada Resk
Dei início às entrevistas do Projeto Vozes dos Biomas, em novembro de 2014, no Piauí, na Caatinga, e prossigo com esta escuta, na medida do possível, durante minhas andanças. A plataforma está no playlist no youtube.
É uma iniciativa de jornalismo audiovisual que está estruturada nos seguintes objetivos:
– Dar visibilidade aos personagens de diferentes biomas (Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal e Bioma Marinho), por meio de seus depoimentos, para que possam tecer suas histórias relativas à contribuição como guardiões das florestas, de patrimônios naturais, culturais e históricos, atores importantes em unidades de conservação ou em áreas com populações tradicionais e/ou indígenas.
– Valorizar o ser humano e sua vivência das relações sociais e com o meio.
– Delimitar o foco geográfico, onde ficam concentrados os personagens, a fim de explorar as características locais do bioma, como parte adicional aos depoimentos. Dessa forma, tem tanto um papel educomunicativo socioambiental, como de exercício da prática da história oral.
Os vídeos estão no Canal do Youtube – Sucena Shkrada Resk
1 – 26/11/2014 – Niède Guidon fala da relação da arqueologia com o meio ambiente na Serra da Capivara – https://youtu.be/xRzVdOXv9Ks

2 – 27/11/2014 – Nivaldo, o artesão: uma história enraízada na Serra da Capivara (PI) – https://youtu.be/4njn5WWQixY

3- 16/07/2015 – Marcelo Munduruku: quando a natureza e o ser humano traduzem uma única essência (MT) – https://youtu.be/BmQ6lqzsXWc
4 – 05/10/2017 – Pescadora Creuza relata efeitos do desastre de Mariana em mangue do ES – https://youtu.be/3anfc44zMEc

5 – 23/07/2020 (formato live) – Biólogo e pesquisador científico Gabriel Zorello Laporta fala sobre desmatamento, doenças zoonóticas e epidemias, em tempos de Covid-19 – https://youtu.be/ePjsgOXcyCs

Vozes dos Biomas: uma análise sobre desmatamento, doenças zoonóticas e epidemias, por Gabriel Zorello Laporta
24/07/2020 09:25
O #BlogCidadãosdoMundo e o #ProjetoVozesdosBiomas – jornalista Sucena Shkrada Resk têm como convidado da live desta semana, o biólogo e pesquisador científico Gabriel Zorello Laporta, Mestre e Doutor em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP, e professor de Biologia e Doenças Infecciosas da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC).

Ele fala, nesta entrevista, a respeito do artigo recém-lançado sobre ‘Como o desmatamento ajuda vírus mortais a saltar de animais para humanos’, no contexto da pandemia da Covid-19. Laporta é coautor da obra, que é assinada também por Maria Anice Mureb Sallum (USP) e Amy Y. Vittor (Universidade da Flórida).
Ficha técnica Live 1:
Entrevistado: biólogo e pesquisador científico Gabriel Zorello Laporta
Pauta, produção e mediação: jornalista Sucena Shkrada Resk
Tema: Desmatamento, Doenças Zoonóticas e Epidemias
Data: 23 de julho de 2020 Horário: 17h (horário de Brasília)
Onde: Canal do Youtube -Sucena Shkrada Resk – Blog Cidadãos do Mundo/Projeto Vozes dos Biomas – https://youtu.be/ePjsgOXcyCs
obs: 5º entrevistado do Projeto Vozes dos Biomas – jornalista Sucena Shkrada Resk
Saiba mais em: http://www.vozesdosbiomas.wordpress.com
http://www.cidadaosdomundo.webnode.com

Veja também:
1 – 01/01/2015 – Niède Guidon fala da relação da arqueologia com o meio ambiente na Serra da Capivara – https://youtu.be/xRzVdOXv9Ks
2 – 01/01/2015 – Nivaldo, o artesão: uma história enraízada na Serra da Capivara (PI) – https://youtu.be/4njn5WWQixY
3- 31/07/2015 – Marcelo Munduruku: quando a natureza e o ser humano traduzem uma única essência (MT) – https://youtu.be/BmQ6lqzsXWc
4 – 06/10/2017 – Pescadora Creuza relata efeitos do desastre de Mariana em mangue do ES – https://youtu.be/3anfc44zMEc

O que significa a ratificação do Protocolo de Nagoya?
15/07/2020 17:26
Pauta se encontra sob apreciação do Senado, após decreto legislativo ser aprovado na Câmara dos Deputados em 08/7/2020; um acordo internacional na área da diversidade biológica, iniciado em 2010

Por Sucena Shkrada Resk*
O ano era 2010. A 10ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica estabeleceu, no Japão, o Protocolo de Nagoya, que regulamenta o Acesso a Recursos Genéticos e a Repartição Justa e Equitativa dos Benefícios Advindos de sua Utilização. Mas somente em 12 de outubro de 2014, o documento passou a vigorar de forma ‘vinculante’, após a ratificação nas legislações internas em mais da metade dos países signatários (51), que hoje chegam a 126. O Brasil ficou de fora nesta etapa, apesar do protagonismo na formulação. Só agora, em 2020, retomou o processo, neste hiato temporal.

Resumidamente, este acordo internacional traça os objetivos para o combate à chamada‘biopirataria’; para incentivar a biotecnologia e a bioeconomia; a defesa dos direitos de povos originários e tradicionais quanto aos seus conhecimentos tradicionais associados (CTA) e o respeito à soberania nacional em negociações internacionais.

Tramitação no Congresso Nacional

O processo de ratificação no Brasil se encontra agora sob apreciação no Senado, após a Câmara dos Deputados aprovar a ratificação do Protocolo, por meio do decreto legislativo (PDL 324/2020) , no último dia 8, de forma simbólica e unânime. Ainda deverá passar por sanção presidencial. Apesar de ser uma importante iniciativa, esta agenda carece de maior esclarecimento e de participação da sociedade.

Lei Nacional da Biodiversidade
Para se entender esta conjuntura, vale esclarecer que o Brasil tem uma importância fundamental ao mundo, por sua megadiversidade, e aprovou somente em 2015, a Lei da Biodiversidade (13.123/2015), que, por sua vez, introduziu regras quanto ao patrimônio genético e o conhecimento tradicional antes desta ratificação internacional, que também não contou com a participação dos EUA.
Enquanto havia este descompasso com o processo do Protocolo, a legislação brasileira criou o Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético – SISGen e o Fundo Nacional para a Repartição de Benefícios (FNRB), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, que tem agora como gestor dos recursos, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Também instituiu um Conselho de Gestão do Patrimônio Genético, que teve sua 23ª reunião adiada, que estava prevista para maio, sem data a ser retomada, de acordo com informe do MMA. A última ata disponível no site é da 21ª reunião realizada em 4 de dezembro de 2019.
Este conjunto de ações, apesar de importantes, precisa de uma integração mais ampla os atores de interesse direto, como povos indígenas e tradicionais, pesquisadores, instituições de fomento e setores da economia, entre outros. E acima de tudo, transparência contínua à toda sociedade.
No âmbito da Convenção
Ao fazer estas considerações, é possível retornar ao Protocolo de Nagoya. O atraso de anos quanto à ratificação pelo Brasil, foi em grande parte decorrente da pressão exercida por setores econômicos que avaliavam que seriam prejudicados principalmente em relação ao cultivo de grandes monoculturas . Dessa forma, o que se constatou foi o comprometimento da participação do país nas negociações internacionais, nesta agenda, nas conferências das partes da CDB, criada em 1992 (ratificada em 1998 pelo Brasil), que são realizadas no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU). Por isso, uma das vantagens de ratificar o protocolo é que o Brasil deverá passar a participar destas reuniões com direito a voto, podendo influenciar nas decisões que ainda precisam ser tomadas para sua implementação.
Mas ao mesmo tempo, o país tem o dever de fazer valer por aqui os objetivos do documento, que têm como premissa, que ‘as partes encorajarão usuários e provedores a direcionar os benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos para a conservação da diversidade biológica e para a utilização sustentável de seus componentes’.
O biólogo Braulio Dias, professor da Universidade de Brasília (UnB), e ex-secretário-executivo da CDB, entre 2012 e 2017, analisou no canal Alive, que esta ratificação tem como um dos aspectos positivos possibilitar clareza jurídica sobre direitos e regras nas relações internacionais em investimento em biotecnologia, mas que o Brasil precisa ter um posicionamento mais assertivo nesta área. Ele defende a abertura de parcerias entre Academia, empresas e governos para que flua gradualmente a ampliação do processo de inovação com iniciativas de valor agregado à biodiversidade e geração de renda. Ao mesmo tempo, cita a necessidade de maior capacitação das instituições financeiras e de fundos para o apoio a esta área e reforça a importância do respeito aos conhecimentos tradicionais associados determinado no documento.
O que é o protocolo de Nagoya?
A importância deste tratado ambiental multilateral é de estabelecer um sistema comercial global para investimento, pesquisa e desenvolvimento na composição genética e bioquímica dos organismos vivos (plantas, animais ou micro-organismos nativos). Vários especialistas definem o documento como uma janela de oportunidade para a expansão da chamada ‘bioeconomia’ baseada no respeito ao direito da soberania nacional, com regras mais claras na relação internacional.
Muitos setores têm relação a este segmento. Entre eles, de alimentos e bebidas, cosméticos, medicina & saúde e agricultura. “O protocolo prevê acordos bilaterais, em que o provedor deve autorizar o parceiro (externo) ao acesso”. No caso do setor agropecuário, no qual havia maior dificuldade para consenso, Dias explica que foi criado um Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos para Alimentação e Agricultura, que está sendo administrado pela FAO, braço da segurança alimentar da ONU, em determinadas espécies de interesse econômico. Nas demais, valem as regras do Protocolo de Nagoya.
Entenda alguns pontos importantes do protocolo:

  • Reconhece que os países têm soberania sobre os recursos genéticos existentes em seu território, os quais possuem inquestionável valor, e podem exigir uma participação dos benefícios decorrentes de sua utilização pelos interessados, sejam eles um particular, uma empresa ou mesmo uma entidade governamental;
  • Estabelece que os lucros de produção e a venda de produtos elaborados com recursos genéticos serão obrigatoriamente compartilhados com o país de origem. Isso pode acontecer por meio do pagamento de royalties, parcerias, transferência de tecnologias ou capacitação;
  • Reconhece expressamente o direito ao recebimento de benefícios para comunidades indígenas e locais detentoras de conhecimentos tradicionais que venham a ser utilizados por usuários. Implica estímulo à criação de protocolos comunitários e do estabelecimento de requisitos mínimos e transparentes para a autorização de acesso a estes conhecimentos;
  • Obriga os países signatários a proporcionar segurança jurídica, clareza e transparência em sua legislação ou seus regulamentos nacionais de acesso e repartição de benefícios;

O deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP), coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista e da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, da Câmara dos Deputados, explica que esta aprovação pode ser considerada um significativo avanço na pauta, que estava travada. “Foi fruto de um entendimento entre a bancada ambientalista e ruralista no Congresso Nacional. A proposta também tem grande relevância para a garantia de direitos dos povos tradicionais. Depois de longos anos, o Brasil, enfim, poderá participar das negociações e sentar à mesa com as demais nações”, diz.

*Sucena Shkrada Resk é jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

Veja também no Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk:
21/06/2015 – Marco da biodiversidade: muito além do papel
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29/08/2014 – Alerta vermelho ao estado de conservação da biodiversidade costeira e marinha brasileira
07/10/2011 -Russell Mittermeier-p1: foco em conservação das espécies e áreas protegidas
01/11/2010 – COP10-Biodiversidade: cartas colocadas à mesa
27/08/2010 -Diferentes olhares sobre a biodiversidade

Parte 19: O ônus de não se dar a efetiva atenção à saúde indígena, em tempos de Covid-19
02/07/2020 16:33
O antropólogo Adelino Mendez faz uma imersão sobre o atual momento vivido pelos povos indígenas. Esta é a terceira e última entrevista desta primeira série sobre saúde indígena, em tempos de pandemia, do Blog Cidadãos do Mundo

Por Sucena Shkrada Resk*
Como ficarmos alheios a um momento tão crítico que atinge a humanidade e, em especial, povos indígenas, aqui no Brasil, com o avanço da pandemia da Covid-19? Os relatos e pedidos de apoio oriundos de diversas parte do país só aumentam, devido às perdas de vida; um clamor de atenção que ecoa na atualidade. Em entrevista ao Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk, o antropólogo Adelino de Lucena Mendes da Rocha, conhecido profissionalmente por Adelino Mendez, trata deste tema, alertando para o ônus de o poder público não dar à devida atenção a esta crise, que também tem um ângulo cultural e o desafio do isolamento em sociedades predominantemente coletivas.

Antes de sua entrevista, a série contou com os depoimentos de Angela Kaxuyana, coordenadora-tesoureira da Coordenação dos Povos Indígenas da Amazônia (COIAB) e do escritor e educador indígena Daniel Munduruku, que compuseram esta primeira iniciativa focada em saúde indígena, em tempos de pandemia.

Mendez é doutorando do Programa da História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (HCTE/UFRJ) e desenvolve pesquisas na Amazônia, desde 1998. Trabalhou com os indígenas Awá-Guajá, da Amazônia Maranhense; acompanhando o cotidiano de Frentes de Atração na Amazônia brasileira (Akunt`su e Awá-Guajá). Desde 2002, se dedica a estudar questões relacionadas à reciprocidade e à cultura material no Território Indígena do Xingu, em especial, entre os Yawalapiti. É autor do livro “Guerreiros do Norte – Memórias de Um Tempo Histórico”. Sua fala expressa uma relação de respeito cultivada nas últimas décadas à diversidade e modos de vida dos povos indígenas brasileiros, que pode ser acompanhada a partir de agora.

A compreensão das diferenças culturais
O antropólogo explica que o significado da perda de um ente querido pela morte física é em tese, igual para qualquer um de nós. “Mas para sociedades indígenas, a ausência do corpo, devido às regras sanitárias gerais impostas com a Covid-19, compromete e inviabiliza qualquer processo ritual envolvendo o sepultamento de seus parentes (em territórios sagrados, no caso de aldeados), como se para nós fosse enterrar um caixão vazio de uma vítima de acidente aéreo. Para eles, é algo impensável”, diz. Muitos sepultamentos de indígenas estão ocorrendo em cemitérios públicos, sem as cerimônias tradicionais e a presença dos familiares, o que tem causado ‘sofrimento’ entre estes povos afetados.

Segundo Mendez, o corpo íntegro é a representação da alma. “Dentro do pensamento indígena principalmente no Alto Xingu, se você for enterrar, por exemplo, um corpo sem braço, a alma não terá braço e isso é aplicado a qualquer outro membro. Dentro desta cultura, a alma é muito frágil e tem de ser cuidada a partir do corpo. No ‘céu do céu’ para onde deverá seguir, existe um lugar para cada tipo de morte. Sendo assim, o corpo vai ser banhado, adornado, o cabelo cortado e enterrado em determinada posição, dependendo da cultura, para seguir este processo de passagem”, explica.

Existem funerais complexos, como dos Bororo, com muitas etapas, que duram mais de 30 dias, de acordo com o antropólogo. “No ritual fúnebre secundário Bororo, o corpo é exumado em um processo dolorido para eles. É um dos ritos funerais mais complexos que a Antropologia reconhece. O antropólogo Darcy Ribeiro e Marechal Rondon documentaram. O filme “Rituaes e Festas Bororo, realizado em 1917, pelo major Luiz Thomaz Reis, nas suas primeiras filmagens como responsável pela Seção de Cinematografia e Fotografia da Comissão Rondon, é o mais importante para a história do cinema etnográfico, devido ao seu pioneirismo”, conta. Por isso, para as sociedades indígenas, não poder ver e enterrar seu parente é algo devastador, algo que não compreendem.
“Quando se perde especialmente um ‘velho’, em uma sociedade indígena; se perde a memória e, em muitos casos, ‘morre a língua’ e se perdem conhecimentos da cosmogonia, da mata, de animais e da história”, enfatiza o antropólogo. Inúmeros anciãos de diferentes povos estão morrendo por causa da Covid-19, o que tem causado uma grande comoção.

O desafio do isolamento
A compreensão da necessidade de isolamento social também é algo complexo nas culturas dos povos indígenas. “É difícil explicar a um núcleo indígena pequeno, que vive em um contato diário doméstico e social, que seus integrantes não podem se relacionar e têm de ficar em um isolamento social. Esta complexidade aumenta em sociedade principalmente que têm menos de 50 anos de contato. Mesmo indo à cidade, tendo contato com os não-indígenas, compreender esta necessidade, é difícil. Não é nada fácil explicar os motivos de não poder frequentar a casa do parente, da mãe, do sogro e separar essas famílias nucleares, que são formadas por pai, mãe, genro, filha e netos”, analisa Mendez.

“A pandemia do Covid-19 está causando um dos maiores impactos que uma sociedade indígena pode ter”. (Adelino Mendez, em entrevista ao Blog Cidadãos do Mundo)

“Não houve uma política pública para evitar o alastramento desta epidemia especialmente na Amazônia. Devia ter sido feito pelo Estado um plano de contenção do avanço; um plano de informação principalmente, porque é um trabalho educativo. Explicar o que seria o isolamento social aos indígenas. A situação hoje está muito difícil. Muitas comunidades estão tendo dificuldade de entendimento entre as lideranças. Os indígenas se veem em um contexto totalmente novo”, observa Mendez.

O risco de perdas de vidas é diário. “É isso que tenho conversado com lideranças no Alto Xingu, por exemplo. Hoje o que observamos é que não há uma política pública efetiva para os indígenas. Como antropólogo, há mais de 20 anos atuando nesta região, vejo que a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) não estão exercendo seu papel e atendendo as comunidades como deveriam”, analisa.

“Ouço relatos de aldeias onde não há medicamentos, máscaras e transporte para as vítimas. Há uma preocupação de que a epidemia se alastre. Nos últimos 100 anos, além do período da Ditatura Militar, este é um dos piores momentos para os povos indígenas”, desabafa.
Segundo a Articulação dos Povos Indígenas no Brasil (APIB), apesar de a SESAI ter elaborado o “Plano de Contingência Nacional para Infecção Humana pelo novo Coronavírus (Covid-19) em Povos Indígenas”, o documento não teve a participação dos povos indígenas, em desacordo com a Convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) – 169, e é vago, sem medidas práticas eficazes.
O antropólogo também analisa que não há hoje um plano governamental para os povos indígenas, que inclua justamente a revitalização da FUNAI, que está sucateada em um processo que vem se agravando nos últimos 10 anos.

Tendo em vista o histórico de epidemias, durante os mais de 500 anos de ocupação europeia nas Américas, em que os povos sofreram perdas dilacerantes, a prevenção aqui não ocorreu por parte do Governo Federal, segundo Mendez, com a pandemia da Covid-19. Hoje há o registro de mais de 10 mil casos confirmados entre indígenas, com 408 mortes, e 121 povos afetados, segundo a plataforma Covid-19 – e os Povos Indígenas, mantida pela APIB, com apoio do Instituto Socioambiental (ISA).

Os dados foram coletados até às 12h do dia 2 de julho (sem considerar subnotificações) com base em informações da SESAI, de Secretarias municipais e de Estado da Saúde, do Ministério Público Federal e da rede da própria Articulação. A estimativa é de que o índice de letalidade da Covid-19, entre povos indígenas, atualmente é de 9,6%, enquanto o percentual entre a população brasileira em geral, é de 5,6%.

Mendez conclui que mais um ângulo que precisa ser destacado é a dificuldade de se saber o que está realmente acontecendo com os povos em isolamento voluntário. “Não há um acompanhamento efetivo. Hoje há o registro na ordem de 30 destes povos confirmados e mais de 100 vestígios da presença deles. É necessário salvaguardar este ‘eldorado’ principalmente da Amazônia. O governo não tem noção do que se pode perder se não houver esta proteção”, alerta.

*Sucena Shkrada Resk é jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.
*Foto: O antropólogo Adelino Mendez expressa a importância dos anciãos, e homenageia Toboi Rikbatsa, entre tantos que valoriza.

Veja também no Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk:
01/07/2020 – Parte 18: Uma leitura sobre o luto indígena, em tempos de pandemia (entrevista de Daniel Munduruku)
30/06/2020 – Parte 17: A saúde indígena no centro da pauta, em tempos de Covid-19 (entrevista de Angela Kaxuyana)
29/06/2020 – Parte 16 – Quais são as prioridades ambientais, no Congresso Nacional, em tempos de pandemia da Covid-19?
26/06/2010 – Parte 15: Novo marco regulatório conseguirá resolver os gargalos do saneamento de décadas, agravados com a pandemia da Covid-19?
19/06/2020 – Parte 14: a relação da conservação dos oceanos com a Covid-19
12/06/2020 – Parte 13: Brasil participa da última fase clínica de teste em humanos de vacinas contra a Covid-19
04/06/2020 – Parte 12: Semana do Meio Ambiente – Conama em silêncio, no ano de 2020, em tempos de Covid-19
01/06/2020 – Parte 11: Observatórios possibilitam controle social, em tempos de Covid-19
29/05/2020 – Parte 10: Estudo aponta o risco associado da desintegração ecológica com a origem de mais doenças infecciosas como a Covid-19
28/05/2020 – Parte 9 – Mais de 40 milhões de vozes da área da saúde clamam por um meio ambiente saudável ao G20 no contexto da pandemia
26/05/2020 – Parte 8 – O papel estratégico da conservação da saúde ambiental no enfrentamento à Covid-19 no Brasil
25/05/2020 – Parte 7 – A corrente de humanização que se tece em tempos da pandemia de Covid-19
22/05/2020 – Parte 6 – Os impactos na saúde mental em tempos de pandemia de Covid-19
29/04/2020 – Parte 5 – Covid-19 e a valorização da pesquisa científica
22/04/2020 – Parte 4 – Em tempos de Covid-19 e mudanças climáticas
07/04/2020 – Parte 3 – A Covid 19 e os desafios de nossos defensores no front de batalha
30/03/2020 – Parte 2: a expiral do novo coronavírus expõe a janela de fragilidade aberta no Antropoceno
23/01/2020 – Saúde Ambiental: estado de alerta mundial para o coronavírus reflete um desequilíbrio ecossistêmico

PARTE 18: UMA LEITURA SOBRE O LUTO INDÍGENA, EM TEMPOS DE PANDEMIA
01/07/2020 16:24
Em entrevista ao Blog Cidadãos do Mundo, o escritor e educador Daniel Munduruku fala sobre um dos momentos mais complexos vividos por povos indígenas frente ao novo coronavírus, Este depoimento é o segundo na série de três entrevistas sobre a saúde indígena, no contexto da Covid19
Por Sucena Shkrada Resk*
Compreendemos a vivência do luto em culturas de diferentes povos indígenas no Brasil frente à perda de parentes e às restrições impostas pela pandemia da Covid-19? Este é um tema sensível e complexo na atualidade, que exige escuta e respeito. Para falar sobre este assunto, o Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk entrevistou o escritor e educador indígena Daniel Munduruku, que faz uma leitura sobre este processo, no qual também cobra políticas públicas eficientes de atenção à saúde indígena.
Ele faz sua narrativa, trazendo a experiência primeiramente como indígena, cujo povo da região amazônica também enfrenta perdas de vidas neste período, além de outras centenas de povos pelo Brasil. De acordo com levantamento da plataforma Covid-19 e os povos indígenas, mantida pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), com apoio do Instituto Socioambiental (ISA), são 9.983 casos confirmados e 405 mortes entre 121 povos até dia 1º de julho.

Nesta exposição, Daniel Munduruku também traz em seu repertório, sua experiência como professor e autor de mais de 50 livros para crianças a educadores, e palestrante por diversos países. Ele é filósofo, com licenciatura em História e Psicologia, e pós-graduado nas áreas de Educação e Linguística.

Qual é a importância do luto aos povos indígenas?
O luto para a maior parte dos povos indígenas é um momento de especial recolhimento, de acordo com Daniel Munduruku. “Ao falecer uma pessoa indígena, sobretudo se for um ‘velho’, uma ‘velha’, alguém que traz dentro de si a memória de um povo e da ancestralidade, ela é bastante celebrada. Isto acontece, porque esta pessoa vai nos olhar lá de cima, de outro lugar onde seu espírito vai permanecer”, diz. Esta permanência tem a ver com o encontro que se dá com os seres ancestrais. “Em última análise, estes seres são os que nos mantêm, nos dão significação para a existência e que nos amparam durante a nossa passagem por este mundo”, explica.

Esta visão espiritual tem um valor muito importante para os povos indígenas. “Por isso, o momento em que estamos vivendo é muito complexo, porque desestrutura a ordem normal das coisas, a ordem espiritual. Acaba prejudicando a possibilidade de a gente chorar pelos nossos mortos e nos enlutar por eles. Dificulta fazer os rituais que os mortos precisam para que eles façam uma boa viagem até se encontrarem com nossos ancestrais”, diz.

Com a situação da pandemia hoje, Daniel expõe que há uma dificuldade muito grande de os povos indígenas fazerem a ritualização necessária. “É claro que cada povo tem sua maneira, seu próprio ritual e crenças envolvidas. Estão o tempo inteiro em uma relação entre humanos e entre seres não-humanos”.

Em muitos povos, segundo ele, é necessário que se chore a passagem do avô, da avó, para que eles possam fazer uma boa caminhada para o mundo ancestral. “Sem o nosso choro, os perigos que este espírito falecido vai encontrar pode tirá-lo do caminho. E fazer com que não siga em linha reta e demore mais tempo a chegar ao mundo espiritual. A pandemia não apenas mata o corpo da gente, mas mata também o que há de simbólico em cada um desses povos”.
Como imaginar que é possível alguém morrer e a gente não chorar e se enlutar, fazer a despedida (como acontece também com a sociedade não-indígena)? Daniel faz esta reflexão. “Os povos indígenas choram tudo que precisam chorar para que aquela pessoa querida que partiu não se torne só uma figura e imagem, mas se transforme em memória”, explica.

A importância da ritualização é tanto relacionada aos mais velhos, como também em relação às crianças. “Quando se trata de uma morte prematura, há o impacto de esta criança não ter vivido plenamente sua existência, chegando até a velhice”, diz. Nestas situações, as mães choram por seus filhos justamente porque sabem que não vão experimentar todas estas fases da vida. “Não enterrar estas crianças é praticamente proibir estas mulheres de chorar pelo espírito do filho. Não ajudar a abrir o caminho para que o espírito dele chegue aonde precisa chegar. Este é um problema muito sério que a Covid-19 tem trazido para nossos povos”, alerta.

Um inimigo invisível
Daniel Munduruku avalia que sem dúvida nenhuma há um avanço muito grande desta pandemia entre os povos indígenas. “Uma doença invisível vai se alastrando com muita facilidade dentro das culturas indígenas, porque que vivem o coletivo. Estão o tempo inteiro em uma relação muito próxima. Isto tem a ver com a organização social e política, com a organização existencial destes povos”, explica.

E o grande desafio é enfrentar esta situação. “Você imagine a dificuldade que se tem de controlar este inimigo invisível. Quando o inimigo é visível, mesmo que seja um mosquito, a gente pode se proteger melhor. O novo coronavírus vai adentrando em nossas comunidades, sem que nos demos conta disso. E afeta e infecta uma multidão de pessoas que não estão devidamente preparadas para se protegerem”, lamenta.

Com relação aos povos isolados, que estão fora do contexto urbano, a assistência é mais precária, segundo o indígena. “Para quem vive nesta condição, sequer sabe o que está acontecendo com elas e atina sobre o mal que está acontecendo. Por isso, geralmente se reúne, dança, canta para tentar espantar este mal que não conhece. É terrível pensar que este inimigo invisível, que não pode ser encontrado, é transmitido pela relação entre as pessoas. Isto é cruel”, considera Daniel.

“AO PERDER NOSSOS AVÓS, NOSSOS PARENTES MAIS VELHOS, ESTAMOS PERDENDO PARTE DE NOSSA CULTURA QUE É REPASSADA POR ELES. ISSO TEM UM GRANDE IMPACTO, TANTO DO PONTO DE VISTA MATERIAL, COMO ESPIRITUAL. É UMA PERDA COM UM SIMBOLISMO MUITO GRANDE. ESSES SÁBIOS SÃO PESSOAS QUE CUMPREM UMA FUNÇÃO SOCIAL MUITO IMPORTANTE, DE CURAR E EQUILIBRAR ESTES DOIS MUNDOS. (DANIEL MUNDURUKU, EM BLOG CIDADÃOS DO MUNDO)
Sofrimento pessoal
“Eu particularmente tenho sofrido muito por conta disso. O que podemos fazer é gritar bem alto sobre a importância do isolamento, de tentar fechar as fronteiras com a zona urbana e evitar aproximação com parentes de outras aldeias ou de outros contextos urbanos, e com não-indígenas, para não levar o vírus para estes locais (vice-versa). Infelizmente é isto que tem acontecido”, constata.

Políticas públicas ineficientes
Daniel Munduruku critica a atual condução das políticas públicas nesta pandemia. “Quando a gente fala de política pública neste governo, é quase que uma negação, estamos desgovernados. Se este governo não dá a devida assistência às pessoas que estão próximas a ele, imagine se dará às pessoas que estão mais distantes. Não fazendo isso, deixa de fora o atendimento necessário às comunidades ribeirinhas, quilombolas, indígenas que são as mais afetadas e estão no elo fraco desta corrente, porque estão mais afastadas”.

E desabafa – “Estamos vivendo uma catástrofe sanitária, sobretudo na saúde pública, que tem se mostrado corajosa nos centros urbanos, mas não está conseguindo chegar a todos os lugares. Caberia ao Estado brasileiro tomar atitudes sérias. Precisamos de um governo operante, comprometido e que seja capaz de se sacrificar pelo seu povo”, reivindica.

Segundo Daniel Munduruku, nem nos grandes centros urbanos, há uma cobertura eficiente. “Quando existe é pelo desempenho de governadores e de prefeitos. No caso do povo Munduruku e de outros povos, a perda de muitas vidas que está acontecendo é algo catastrófico. Nada é tão pior do que a gente perder uma batalha por conta deste descaso”.

*Sucena Shkrada Resk é jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

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PARTE 17: A SAÚDE INDÍGENA NO CENTRO DA PAUTA, EM TEMPOS DE COVID-19
30/06/2020 14:39
Em entrevista ao Blog Cidadãos do Mundo, Angela Amanakwa kaxuyana, coordenadora-tesoureira da COIAB, expõe a situação crítica vivenciada pelos povos indígenas na Amazônia frente à pandemia. Esta é a primeira de uma série de três entrevistas no blog a respeito desta pauta.
Por Sucena Shkrada Resk*

Angela Amankawa kaxuyana – DivulgaçãoDia após dia, durante esta pandemia da Covid-19, o anúncio de perdas de vida de jovens a anciãos indígenas de diferentes povos traz à tona a dor de um luto incessante. O recente estudo divulgado pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) em parceria com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) aponta que a mortalidade pela doença na região é maior que as médias regional e nacional. Na relação de número de óbitos indígenas por 100 mil habitantes, a proporção é a seguinte: 150% mais alta do que a média brasileira, e 20% acima da registrada na região Norte. Em levantamento divulgado em 29 de junho, são 490 casos suspeitos, 6.482 confirmados que atingiram 91 povos e 337 óbitos em 56 povos. Esses dados têm como fonte a Secretaria de Saúde Indígena (SESAI) e da própria rede da COIAB.
Os lamentos por essas mortes se traduzem em choros copiosos, algumas lembranças, quando possível, de rostos retratados em fotos, falas em vídeos, e narrativas de histórias sobre a importância de cada indígena que fez esta passagem abrupta. Em especial, no caso da morte dos mais velhos, há uma comoção que transcende. Em entrevista ao Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk, Angela Amanakwa kaxuyana (do povo Kahyana), coordenadora-tesoureira da COIAB, expõe qual é a situação hoje vivenciada durante esta crise humanitária, que pode ser definida como civilizatória, por meio de um depoimento realista, impactante e carregado de sensibilidade. A sua narrativa traz esta pauta ao interesse de toda a sociedade e faz com que não seja possível se alienar diante de uma questão crucial, que não pode ser remediada: da cobrança aos governantes de ações proativas com relação à saúde indígena no Brasil.
Blog Cidadãos do Mundo – Qual é a situação da retaguarda da saúde indígena hoje com a epidemia da Covid-19, principalmente na Amazônia, onde há maior número de casos no país?
Angela Amanakwa kaxuyana – O enfrentamento tem sido feito principalmente por meio das organizações indígenas. O movimento está na linha de frente com suas bases locais no combate ao novo coronavírus; seja na articulação na intensificação de informação sobre o perigo e a gravidade da situação nas aldeias, com alguns informativos nas línguas dos povos, como também em um processo macro de articulação para cobrar e monitorar os dados. A própria COIAB tem registrado um número alto de mortes entre a população indígena. Essas medidas acontecem, além das estratégias locais de confinamento nos territórios indígenas, em que cada povo utiliza seus planos emergenciais. Alguns povos estão isolados, não só na aldeia, mas dentro das matas, utilizando os próprios conhecimentos e medicinas tradicionais, como um forte aliado para somar ao combate à doença. O que falta são planos emergenciais do estado efetivos voltados aos povos indígenas, que sejam de atendimento primário às aldeias. É preciso o aumento das equipes do Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), que estão dentro da estrutura do Ministério da Saúde. Muita gente adoeceu e tem poucos para atender uma demanda grande de casos. O que chega são ações fragmentadas e insuficientes para a realidade.

Blog Cidadãos do Mundo – Qual é o impacto para estes diferentes povos das mortes de parentes, principalmente anciãos, devido à doença? Pode explicar os diferentes ângulos: das perdas material e espiritual?
Angela Amanakwa kaxuyana – O impacto, como em toda a sociedade, está sendo da perda de pessoas queridas, de membros das famílias. Muito além desta perda, que tem uma dimensão muito grande e não há como fazer outro comparativo, há a perda da história. O novo coronavírus tem atingido os mais velhos, de uma forma violenta. Quando morre um idoso, um ancião, você perde uma parte da história do povo, que pertence a esse ser, vai embora nossos conhecimentos com eles, nossa biblioteca. Então, o impacto é muito grande. Em termos de números, quando se fala de todos os atingidos no Brasil, parece que os comprometimentos dessas vidas é pouco, mas não é. Os indígenas representam 1% da população brasileira. Isto significa menos de um milhão de pessoas. Imagina você ter uma perda significativa em uma população que já é reduzida. O que nos preocupa é que há o avanço da doença de forma tão acelerada e a ausência de uma ação emergencial de enfrentamento por parte do governo.

Eu posso falar mais do contexto da Amazônia. Nos nove estados da Amazônia, estamos com estes números de casos e óbitos crescentes, sem considerar os dados que não estão sendo computados e monitorados dentro dos territórios indígenas. Já atinge mais da metade dos povos da região (91), até o dia 29 de junho. O estado que tem mais número de morte é do Amazonas, seguido pelo Pará. Agora, o aceleramento de mortes é em Roraima.

Então, sobre a perda dos anciãos, é uma dor inexplicável, que envolve a dor de quem já perdeu alguém mais velho, a sua base. Além da falta da presença, há a perda dos conhecimentos tradicionais, da memória, da vivência. Eles são uma referência ao povo, quando se fala do legado, da própria resistência de que nós, povos indígenas, temos tido por todos estes anos frente, não só às doenças, mas aos ataques. A perda espiritual é muito maior do que qualquer outra perda e isto impacta qualquer ser humano.
Blog Cidadãos do Mundo – Qual o posicionamento da COIAB a respeito à pandemia?
Angela Amanakwa kaxuyana – É o posicionamento como de qualquer sociedade. Estamos assustados diante do avanço tão avassalador nos povos indígenas. São tantas perdas, e estamos estarrecidos diante da impotência que temos tido, enquanto líderes. O que a nós cabe, de estar vigilante, de estar monitorando e cobrando, temos feito. A pandemia não é uma questão de posição, de opinião e política. É um fato que está acontecendo no mundo todo. Entre indígenas, entre negros, entre brancos, entre ricos e pobres. É uma situação que chegou preocupante. Infelizmente os povos indígenas estão sendo atingidos em cheio, sem nenhuma estratégia para o enfrentamento desse processo.
É preciso intensificar a atenção especial aos povos indígenas. Historicamente somos colocados em situação de vulnerabilidade diante destas doenças que não conhecemos e não sabemos como lidar e curar. É um desafio muito grande para a sociedade do mundo; então, imagine, para nós. Temos de saber como sobreviver diante de um vírus desconhecido, trazido de fora. O avanço dele dentro dos territórios indígenas é um genocídio em curso. Precisamos de uma atenção do Estado e reação da própria sociedade brasileira em relação a esta situação.
Pouco se fala sobre qual é a verdadeira preocupação da sociedade em relação à população indígena. Muitas perguntas fazem para a gente, sobre qual é o nosso papel e reação e providências que temos encontrado. Na verdade, eu gostaria de perguntar à sociedade brasileira qual é a sua posição quanto ao avanço da pandemia entre os indígenas? Quais são as medidas que o Estado brasileiro tem tomado para que o avanço não piore? O que estas mortes de indígenas, que são parte da história deste país, impactam na vida da sociedade? Porque me parece que o número elevado de mortes não tem significado, parece que é mais um número. E não é mais um número; estamos falando de um impacto significativo em uma população que foi reduzida historicamente a 1º da população brasileira. Isso que nos assusta muito. A gente se sente desamparado neste sentido de que esta pauta não esteja sendo motivo de atenção e alarme. Há falta de política pública eficiente nesta cobertura da saúde indígena.
Um ponto que deveria ser uma estratégia para o tratamento deste problema é combater o sub-registro, que é muito grande, quanto aos indígenas afetados pela Covid-19, tanto os aldeados como os que estão em contexto urbano. Os registros na SESAI não correspondem ao número na realidade. Isto impacta no enfrentamento. Tem região que a comunidade está afetada e não aparece em lugar nenhum de dados, se não for o próprio movimento a divulgar ou a comunidade se manifestar.
Mapa sobre a Covid19 – COIAB – 28.06.2020

*Sucena Shkrada Resk é jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.
Veja também no Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk:
29/06/2020 – Parte 16 – Quais são as prioridades ambientais, no Congresso Nacional, em tempos de pandemia da Covid-19?
26/06/2010 – Parte 15: Novo marco regulatório conseguirá resolver os gargalos do saneamento de décadas, agravados com a pandemia da Covid-19?
19/06/2020 – Parte 14: a relação da conservação dos oceanos com a Covid-19
12/06/2020 – Parte 13: Brasil participa da última fase clínica de teste em humanos de vacinas contra a Covid-19
04/06/2020 – Parte 12: Semana do Meio Ambiente – Conama em silêncio, no ano de 2020, em tempos de Covid-19
01/06/2020 – Parte 11: Observatórios possibilitam controle social, em tempos de Covid-19
29/05/2020 – Parte 10: Estudo aponta o risco associado da desintegração ecológica com a origem de mais doenças infecciosas como a Covid-19
28/05/2020 – Parte 9 – Mais de 40 milhões de vozes da área da saúde clamam por um meio ambiente saudável ao G20 no contexto da pandemia
26/05/2020 – Parte 8 – O papel estratégico da conservação da saúde ambiental no enfrentamento à Covid-19 no Brasil
25/05/2020 – Parte 7 – A corrente de humanização que se tece em tempos da pandemia de Covid-19
22/05/2020 – Parte 6 – Os impactos na saúde mental em tempos de pandemia de Covid-19
29/04/2020 – Parte 5 – Covid-19 e a valorização da pesquisa científica
22/04/2020 – Parte 4 – Em tempos de Covid-19 e mudanças climáticas
07/04/2020 – Parte 3 – A Covid 19 e os desafios de nossos defensores no front de batalha
30/03/2020 – Parte 2: a expiral do novo coronavírus expõe a janela de fragilidade aberta no Antropoceno
23/01/2020 – Saúde Ambiental: estado de alerta mundial para o coronavírus reflete um desequilíbrio ecossistêmico
11/12/2017 – Direito Indígena: coordenadora da Coiab destaca -protocolos de consulta de diferentes povos indígenas da Amazônia são instrumentos de luta pelos direitos

Parte 16 – Quais são as prioridades ambientais no Congresso Nacional, em tempos de pandemia da Covid-19?
29/06/2020 16:31
O deputado federal Rodrigo Agostinho, coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista e da Comissão de Meio Ambiente, expõe o panorama atual, em entrevista ao Blog Cidadãos do Mundo
Por Sucena Shkrada Resk*
A pauta socioambiental é cada vez mais transversal e em tempos de pandemia, tem ganhado maior destaque no cenário legislativo nacional. No espaço do Congresso Nacional, a Frente Parlamentar Ambientalista (formada por membros da Câmara e do Senado) e a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS) têm dado continuidade a uma agenda intensa, por meio digital, tendo em vista as imposições do distanciamento social. A relação do novo coronavírus (Sars-CoV-2) com o desequilíbrio ecossistêmico e origem zoonótica ingressou nesta lista de prioridades.

Em entrevista especial ao Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk, o deputado federal Rodrigo Agostinho (PSB-SP), 42 anos, atual coordenador da FPA e presidente da CMADS conta qual é esta relação e quais são os temas e respectivos projetos de lei de diferentes autorias que mobilizam hoje o legislativo; e analisa os contextos nacional e internacional do Brasil, nesta agenda. E destaca a iniciativa jurídica tomada contra o “desmonte” pelo qual passa, na atual gestão, o Ministério do Meio Ambiente. O parlamentar foi o vencedor da categoria Clima e Sustentabilidade do Prêmio Congresso em Foco de 2019.

Agostinho é paulista, natural do município de Cafelândia, advogado com Mestrado em Ciência e Tecnologia com ênfase em Biologia da Conservação na USC e Especialista em Gestão Estratégica pela Universidade de São Paulo (USP). Ele conta que tem afinidade com a defesa do meio ambiente desde seus 14 anos, no período da ECO-92. Ele está em sua primeira gestão como deputado federal, mas começou sua carreira na política pública, nos anos 2000, quando exerceu a função de vereador, secretário municipal de Meio Ambiente, prefeito no município de Bauru (sob a legenda do PMDB). Também atuou no terceiro setor, como gerente executivo do Instituto Arapyaú, entre outras iniciativas. Durante duas décadas, teve passagens em inúmeros conselhos e sociedades na área socioambiental. Entre eles, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), no qual foi membro-titular por mais de 10 anos, e na Comissão Mundial de Direito Ambiental da União Internacional de Conservação da Natureza.

Epidemias, zoonoses e desmatamento
O parlamentar explica que em tempos de pandemia, a importância da saúde ambiental tem se ampliado aos poucos no legislativo. “O Brasil tem ainda uma cultura muito forte de caça. O país exporta muitos animais e também importa. A pandemia de Covid-19 está relacionada a uma série de problemas, mas em especial a este tipo de cultura, por causa da origem zoonótica do vírus, como acontece com outras epidemias. Trataremos do tema contra a caça e maus-tratos, no dia 1º de julho, em evento on line, quando falaremos a respeito deste tema”, diz Agostinho. O tema está associado também ao aumento do desmatamento e à pressão exercida sobre os povos da floresta, que estão sendo contaminados.

Soma de esforços
Segundo o deputado federal, atualmente a Frente Parlamentar Ambientalista tem mantido um monitoramento sistemático sobre três pautas principais. “São as do licenciamento ambiental, da política de segurança de barragens e da proteção das unidades de conservação”, destaca. E afirma: “Por causa da participação da sociedade civil, temos conseguido barrar muitos retrocessos na Casa, apesar de termos uma bancada proporcionalmente pequena em relação a outras, como a do agronegócios. O controle social é muito importante em todas as instâncias, do legislativo ao executivo”, afirma.

Mais um aspecto relevante, de acordo com Agostinho, são as conquistas de resultados com a soma de esforços da FPA com a Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Indígenas, que tem a coordenação da deputada Joênia Wapichana (Rede-RR) e a Frente Parlamentar Mista em Defesa das Comunidades Quilombolas, em diferentes pautas, como contra a aprovação do PL 191/20 e da proposta de emenda à Constituição (PEC 187/16) que tratam da exploração econômica em terras indígenas, em especial, minerária.

Desmatamento ilegal e grilagem
O deputado federal afirma que nesta agenda ambiental positiva, há o combate a pressões de diferentes setores econômicos, e por isso, continuam no centro das preocupações ambientais no Congresso alguns temas historicamente complexos. “Nesta agenda, estão PL 3337/2019, contra o desmatamento ilegal, que altera uma lei de 1998; e o que propõe a “Grilagem Zero” (PL 6286/2019)”, afirma. Segundo o MapBiomas, o Brasil perdeu só em 2019, 1.218.708 hectares (12.187 km2) de vegetação nativa, devido ao desmatamento, o que equivale a oito cidades de São Paulo. Em 2020, os índices também continuam altos, principalmente na Amazônia Legal.

Barragens na pauta
Quanto à segurança de barragens em todo o país, projetos da comissão externa estão no topo das pautas, desde o ano passado, quando ocorreu a tragédia ambiental na região do município mineiro de Brumadinho em 25 de janeiro de 2019, com cerca de 300 vítimas fatais “engolidas” com o rompimento da barragem de rejeitos da Vale. Um dos maiores passivos ambientais no mundo junto com o rompimento que ocorreu também em Bento Rodrigues, Mariana, em 5 de novembro de 2015.
As iniciativas legislativas são o PLP 127/2019 e PLs 2.785/2019, que definem normas gerais para o licenciamento ambiental de empreendimentos minerários e 2789/2019. Este último se refere ao ajuste de alíquotas da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) e instituição do fundo para ações emergenciais decorrentes de desastres causados por empreendimento minerário.

Biomas e energia renovável
Segundo o deputado federal, tramita também atualmente uma agenda positiva, que amplia a proteção dos biomas. “Entre estes projetos de lei (PLs), estão o da Lei do Mar, do Bioma Marinho Brasileiro (PL 6969/2013); Lei do Pantanal (PL 9950/2018) e Lei do Cerrado (PL 3117/2019). A aprovação destas pautas será um importante avanço, tendo em vista que hoje só temos aprovada a Lei da Mata Atlântica, de 2006”, avalia.

A agenda de energia e combate às Mudanças Climáticas faz parte deste pacote da FPA, com a proposta da Política Nacional de Incentivo à Geração de Energia Solar Fotovoltaica Conectada a Sistemas de Eletromobilidade sobre Trilhos (PL 6123/2019) e Incentivo ao Uso de Energia Solar e Eólica (PL 11247/2018).

FPA pede impeachment de ministro
Em 5 de junho deste mês, a FPA deu entrada na Procuradoria-Geral da República (PGR) a um pedido de impeachment do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por crime de responsabilidade e improbidade administrativa. Um documento com cerca de 50 páginas
A situação da atual gestão do Ministério do Meio Ambiente é considerada grave, de acordo com o parlamentar. “O desmonte é algo muito preocupante. O que a gente percebe é o seguinte – em gestões anteriores, a situação ambiental não estava a mil maravilhas, mas o ministério estava sendo conduzido por pessoas que defendiam o meio ambiente. Hoje é uma outra realidade. Há uma desestruturação e necessidade de quem esteja à frente tenha uma postura condizente ao cargo”, afirma.

Cenário internacional
Os retrocessos no contexto internacional, em acordos do clima e da biodiversidade, entre outros, são mais um ponto na agenda legislativa da Frente Parlamentar Ambientalista e da CMADS. “O Brasil perdeu sua liderança internacional, na qual participava ativamente. É um dos países do planeta mais importantes por sua megabiodiversidade e não está sendo mais chamado para participar das conferências internacionais (no âmbito da Organização das Nações Unidas). Pelo contrário, na Conferência do Clima do ano passado, muitas autoridades da área pediram para o Brasil não participar, porque poderia prejudicá-la. O país, com a atuação condução ambiental, perdeu o respeito internacional. E agora com esta postura de enfraquecer os órgãos competentes no combate ao desmatamento, foi criado um outro problema muito sério”.

Agostinho alerta sobre a desestruturação das funções e do corpo técnico do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), além do comprometimento da participação na sociedade em órgãos colegiados do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), entre eles, o próprio CONAMA. “Também se instalou uma crise com fundos de investimentos internacionais”, diz. Este fundos, que gerenciam mais de R$ 20 trilhões, em carta aberta pediram, no dia 23 de junho, que o Brasil suspenda o desmatamento na Amazônia, que acarreta a perda da biodiversidade e gera emissões de carbono.

Na esfera internacional, o parlamentar reforça que há um grande esforço por parte da FPA para que haja a ratificação do Protocolo de Nagoya – Acesso e Repartição na Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) – (MSC 245/2012). Para se ter ideia, o Brasil assinou em 2 de fevereiro de 2011, no âmbito da 10a Reunião da Conferência das Partes na Convenção, realizada em outubro de 2010 (COP-10) e até hoje não a tornou legal no país, o que é um protocolo obrigatório para fazer valer como lei aqui. Ao contrário dos demais países que cumpriram os prazos.

Canais de comunicação com a sociedade
Neste universo de projetos de lei relacionados a pautas ambientais no Congresso, o monitoramento e cobrança da sociedade se tornam cada vez mais necessários. Para acompanhar estas agendas, a Frente Parlamentar Ambientalista, no Congresso Nacional, mantém os canais de comunicação no Facebook, Youtube e Instagram . Já os projetos de lei (cujos links, com suas versões integrais, autores e tramitação, constam na matéria) têm suas tramitações divulgadas no Portal da Câmara e também, dependendo do estágio, no do Senado. Qualquer cidadão (ã) tem o direito de fazer parte deste processo e contribuir nos espaços de diálogo.

(Esta entrevista do deputado federal Rodrigo Agostinho foi concedida por telefone, no último dia 25 de junho, ao Blog Cidadãos do Mundo)

*Sucena Shkrada Resk é jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

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PARTE 15: NOVO MARCO REGULATÓRIO CONSEGUIRÁ RESOLVER OS GARGALOS DO SANEAMENTO DE DÉCADAS, AGRAVADOS COM A PANDEMIA DA COVID-19?
26/06/2020 12:31
A falta de acesso à água potável e a esgotamento sanitário ainda atinge milhares de brasileiros
Por Sucena Shkrada Resk*
Estabelecimento e cumprimento de prazos na área de infraestrutura estão longe do ideal no Brasil. O exemplo clássico, que se estende por décadas, é do saneamento básico. Prova disto é o novo marco regulatório do setor (PL 4.162/2019), que foi aprovado no Senado, nesta semana, e seguiu para sanção presidencial. Nada muda na proposta quanto aos prazos das metas de universalização: até 2033, com a cobertura de 99% de abastecimento de água potável, e de 90% da coleta e tratamento de esgoto à população. Diretrizes que já haviam sido definidas no Plano Nacional de Saneamento (PLANSAB), em 2010, que expõem um país ainda muito desigual. A mudança significativa na nova legislação é a ampliação do espaço para a privatização do sistema. O que se questiona hoje é se esta abertura de mercado refletirá em benefício à população. Ainda há muita polêmica sobre isto. O certo é que o tempo urge diante da ampliação da gravidade imposta em tempos de pandemia de Covid-19.

Hoje mais de 33 milhões de pessoas ainda não têm acesso à água potável e cerca de 100 milhões não são atendidas por serviços de coleta de esgoto, ou seja, praticamente metade da população. Esta distância temporal de 13 anos para a universalização pode significar a diferença entre vida e morte literalmente. Este é o retrato do déficit de atendimento exposto pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), de 2018. Ao longo deste período também é necessário acrescentar que haverá o aumento da população e de vulnerabilidade, no contexto de crises socioeconômicas e de saúde. Quantos serão realmente os desassistidos?

De acordo com a consultoria KPMG, a serviço da Associação das Operadoras Privadas de Saneamento, para se chegar à universalização, são necessários investimentos estimados de R$ 750 bilhões. Desde o ano de 2010, o investimento médio do setor anualmente tem sido de R$ 13,6 bi. O novo marco amplia a participação de empresas privadas no setor, que hoje cobrem 6% dos municípios, que poderão disputar licitações com as públicas, dos estados e municípios. Essa disputa também poderá se dar por blocos de municípios. Do ponto de vista de eficiência e custo-benefício na ponta para a população, esta mudança ainda é uma incógnita.

O PL traz outro dado impactante quanto à postergação do prazo de extinção dos lixões no país. Fica estabelecido que para capitais e regiões metropolitanas é 2021; e municípios com mais de 100 mil habitantes, até 2022; e entre 100 e 50 mil, até 2023, e municípios com população inferior a 50 mil habitantes, até 2024. Em contraposição aos objetivos iniciais da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que era de encerramento em 2014. Nada mais, nada menos, que uma década acrescentada.

A definição das regras gerais do saneamento fica, com o novo marco, sob incumbência da Agência Nacional de Águas (ANA), que ainda deverá ter alguns meses pela frente para estabelecê-las. No atual governo, a autarquia está subordinada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, integrante do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, que coordenará o Comitê Interministerial de Saneamento Básico, que está sendo criado e deverá fazer mudanças no PLANSAB.

Argumentos contra e a favor
Os críticos sinalizam a possibilidade de não haver interesse das privadas em localidades periféricas, além de impactos tarifários. Mais um ponto questionado é que as licitações só devem começar em 2023, devido à complexidade de adequação dos projetos, e também há o alerta com relação aos riscos de corrupção nos processos. Para Léo Heller, relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o direito à água e saneamento, as regras novas do setor estão pautadas na privatização e o projeto de lei é silencioso e omisso quanto aos direitos humanos, como citou em entrevista concedida ao podcast “Café da Manhã” da Folha de São Paulo.
A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (ABES), em nota oficial, afirma o seguinte: “… O PL 4162/2019 enfraquece as empresas estaduais de saneamento, na medida em que coloca em risco o sistema de subsídio cruzado, em que os municípios superavitários compensam os deficitários; cria instrumentos que serão questionados juridicamente, pela inconstitucionalidade, pois tira a autonomia do município, que é o titular dos serviços. Por isso mesmo, ele, a médio prazo, colocará os pequenos municípios em dificuldades, devido ao risco de haver disputa somente pelos que são rentáveis, deixando os pequenos para as empresas estaduais, que evidentemente perderão as condições de sustentação, deixando os serviços a cargo das prefeituras, que hoje já têm dificuldades imensas com as áreas da saúde e da educação. Por tudo isso, o PL 4162, da forma que está, não irá atender o propósito da universalização do saneamento básico no Brasil…”.

Em declarações à imprensa, Edison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil, considera que a parceria entre o setor público e privado pode ter bons resultados nas próximas décadas. Ele avalia que o setor privado tem menos obstáculos para conseguir investir, já que a crise econômica e fiscal atinge os governos.

O estudo Saneamento Básico: uma agenda regulatória e institucional apresentado, em 2018, pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), em defesa da privatização, utiliza o argumento de que se os investimentos em saneamento continuarem da forma atual, o Brasil só deverá alcançar a universalização em 2050. O levantamento aponta que dos 5,570 municípios brasileiros, 34,7% (1.935) registram epidemias ou endemias relacionadas à deficiência do serviço. Este quadro inclui de diarreias, verminoses à hepatite A.

O levantamento ainda aponta que os moradores dos locais insalubres recebem salários 85% menores que a população com acesso a água, coleta e tratamento de esgotos. E que entre 2010 e 2017, o país gastou R$ 1,1 bilhão somente com internações hospitalares por Doenças Relacionadas ao Saneamento Inadequado (DRSAI), ou seja R$140 milhões anuais.
Uma referência internacional para gestão, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é que a cada R$ 1 investido em saneamento, R$ 4 são economizados em saúde. E o Brasil está longe disso diante do contingente de cidadãos sem acesso ao saneamento.

A realidade é que o país, dessa forma, apresenta dificuldade de cumprir o compromisso do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 6, firmado na Organização das Nações Unidas (ONU). Esta meta trata justamente da meta até 2030 da universalização do acesso de água potável e do acesso a saneamento e higiene adequados e equitativos para todos.

Há um longo caminho a percorrer com relação ao que está exposto pelo novo marco regulatório no papel aos efeitos práticos onde cidadãos (ãs) vivem em condições sanitárias sub-humanas. A transparência do processo da universalização é uma exigência contínua, como também a abertura de espaço para maior participação da sociedade. Mas quantas vidas estarão em jogo enquanto não houver a cobertura, tendo o agravante da pressão estabelecida pela pandemia?

*Sucena Shkrada Resk é jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

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20/06/2020 11:42
A ativista paquistanesa, que luta pelo direito do acesso à educação, em especial, feminino, marca mais um capítulo em sua trajetória inspiradora
Por Sucena Shkrada Resk*
A jovem ativista paquistanesa Malala Yousafzai, 22 anos, se formou em Política, Economia e Filosofia, pela Universidade de Oxford, nesta semana. Comemoração que tem um significado especial não só para ela e seus familiares, mas para milhares de pessoas no mundo. O que seria uma conquista de foro íntimo se tornou uma conquista coletiva simbólica principalmente a meninas e jovens de ambos os sexos que não têm acesso à educação e sofrem pressões de regimes, culturas mais restritivas ou se encontram em situação socioeconômica vulnerável, como em países mais pobres e em situação de guerra ou desastres.

A causa sobre o direito à educação se tornou uma bandeira permanente em todo o planeta. Segundo o relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), de 2018, mais de 303 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos (de ambos os sexos) estão fora da escola em todo o mundo, sendo que 104 milhões em países afetados por conflitos e desastres. Neste total, cerca de 132 milhões são meninas; 75% adolescentes.

De acordo com o Banco Mundial, estes cerceamentos à educação de meninas, que as impedem de completar 12 anos de escolaridade, custam aos países entre US$ 15 trilhões e US$ 30 trilhões em perda de produtividade e renda ao longo da vida.

Resiliência e obstinação
A então jovem de 17 anos, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz no ano de 2014, depois de enfrentar o desafio de superar um atentado em 2012 em seu país, por defender este direito, tem escrito sua história com autonomia, demonstrando resiliência e obstinação. É um exemplo proativo de empoderamento feminino na sociedade contemporânea. Ela sobreviveu após ser alvejada por um atirador mascarado na perua escolar, que atingiu seu crânio e pescoço. Médicos britânicos a socorreram e levaram para o Reino Unido, onde foi operada em um hospital na cidade de Birmingham e se restabeleceu após tratamento. Na Inglaterra se refugiou com a família, onde vive até hoje.

Como Malala destaca em suas memórias, não quer que ninguém viva o que a marcou a partir de janeiro de 2008, quando tinha apenas 11 anos, e teve de se despedir dos seus colegas de classe na região do vale de Suat, sem saber quando, se alguma vez, os veria novamente. A proibição da presença de estudantes do sexo feminino era a determinação do regime Tehrik-i-Taliban. Uma pressão diária que vivenciou deste período em diante, onde estudavam cerca de 50 mil jovens. Em 2009, escreveu um blog para a BBC, com o pseudônimo de Gul Makai, no qual descreveu as experiências de pressão que passava com as demais estudantes.

As sequelas da violência que sofreu sob o regime que quase lhe tirou a vida não foram suficientes para subtrair o sonho de ser protagonista e inspiração para adolescentes que aspiram o direito humano de aprender, ir à escola e escolher os rumos de seus futuros. Nesta semana, com direito a bolo, descontração e “sorrisos largos”, dividiu pelas redes sociais a alegria e gratidão com o ‘mundo’. E fazendo parênteses – vale recordar um dos trechos de seu discurso na Assembleia de Jovens da Organização das Nações Unidas (ONU), quando se recuperou do atentado: “Nossos livros e nossos lápis são nossas melhores armas…”.

Como será seu futuro depois desta etapa? Malala disse em entrevista, que ainda não sabe, mas dará uma pausa para prosseguir sua trajetória. Mas permanece com seu discurso – “Acredito que vamos ver toda garota na escola em minha vida”.

Ativismo pela educação
Em 2014, para colocar em prática esta meta, criou o Fundo Malala junto com seu pai, um educador que era dono de uma rede de escola, onde ela estudava, que se mantém por meio de doações. A instituição tem o objetivo de quebrar o estigma que atinge mais de 130 milhões de meninas que estão fora da escola, como descreve no site da organização não governamental (ONG). Entre as iniciativas, está a Rede de Campeões em Educação, com o investimento em educadores e advogados locais em regiões onde a maioria das meninas está perdendo o ensino médio. A ONG também incentiva a incidência política local à internacional para o ingresso das jovens nesta etapa educacional. Para amplificar as vozes dessas personagens, utiliza a publicação digital e boletim Assembly.

Algumas das ações do Fundo Malala são a reconstrução de escolas na Faixa de Gaza e a abertura de instituições educacionais para refugiados sírios na fronteira com o Líbano.

Chegou a voltar em visita oficial ao Paquistão, em 2018, onde se encontrou com o primeiro-ministro do país na tentativa de mostrar ao governo a importância do acesso feminino às escolas. Uma viagem com forte esquema de segurança, que durou quatro dias. Neste mesmo ano, esteve em um evento no Brasil, que propiciou em 2019, o apoio do Fundo a meninas quilombolas da comunidade Mirandiba, no interior pernambucano.

Nos livros, no cinema e no teatro
A jovem paquistanesa escreveu sua biografia em parceria com a jornalista britânica Christina Lamb, em 2013, com o título “I Am Malala: The Girl Who Stood Up for Education and Was Shot by the Taliban”. No ano de 2014, sua vida se transformou em tema do documentário “Malala”, do diretor norte-americano Davis Guggenheim, que foi indicado ao Oscar.

Aqui no Brasil, para saber um pouco mais a respeito da história de Malala, a jornalista brasileira Adriana Carranca escreveu em 2015, o livro-reportagem “Malala, a menina que queria ir para a escola”, com ilustração de Bruna Assis Brasil. Em 2019, esta obra foi para o teatro, com a peça homônima idealizada pela atriz Tatiana Quadros, com direção de Renato Carrera e adaptação de Rafael Souza-Ribeiro, com canções originais de Adriana Calcanhoto.

A sociedade contemporânea deverá ainda ouvir muito sobre esta garota paquistanesa, uma cidadã do mundo. Para segui-la no twitter é só acessar https://twitter.com/malala .

*Sucena Shkrada Resk é jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.
Veja também no Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk:
13/10/2014 – Uma paquistanesa e um indiano num propósito em comum: o direito à infância digna
13/10/2013 – O exemplo de Malala

Parte 14: a relação da conservação dos oceanos com a Covid-19
19/06/2020 13:01
Nas profundezas da imensidão azul, se encontram respostas sobre o novo coronavírus que vão além de seu papel prioritário para a regulação climática e para a subsistência humana
Por Sucena Shkrada Resk*
Enquanto nossa sociedade mundialmente enfrenta a realidade imposta pela pandemia da Covid-19, que tem um princípio ambiental em sua origem, outras agendas importantes para o equilíbrio da Terra e, consequentemente também à saúde humana, continuam em vigor. Neste hall de prioridades, estão os oceanos, que ocupam 71% do planeta, e têm como papel fundamental proporcionar o equilíbrio climático e a subsistência a um contingente de pelo menos 3 bilhões de pessoas. Afinal, contribuem para a absorção de aproximadamente um terço do dióxido de carbono (CO2) produzido pelos seres humanos. Mas não é só isso: nestas profundezas, pesquisas também estão encontrando respostas para detectar o novo coronavírus (Sars-CoV-2).

Segundo Francesca Santoro, oceanógrafa e pesquisadora da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO, braço da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura, micróbios encontrados em localizações profundas dos oceanos estão sendo usados para realizar testes rápidos para detectar a Covid-19.

Pesquisadores do Instituto Oceanográfico Woods Hole (WHOI) publicaram a descoberta no “Journal of Applied & Environmental Microbiology”. Segundo os cientistas, a enzima isolada deste micróbio encontrado em fontes hidrotermais marinhas e em fontes termais de água doce também auxiliam no diagnóstico da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) e da AIDS.

Um aspecto curioso e interessante sobre o histórico do desenvolvimento deste teste para detecção da Covid-19, é que tudo começou em 1969, com a descoberta da bactéria, Thermus aquaticus, que vivia em temperaturas extremas, no Parque Nacional de Yellowstone. Depois, nos anos 80, o biólogo da WHOI Carl Wirsen e equipe descobriram novas cepas de bactérias em uma abertura hidrotérmica italiana. E na evolução das descobertas, uma maior diversidade microbiana adaptada a fontes hidrotermais foram registradas em até 5000 metros abaixo da superfície do mar. E na evolução de suas potencialidades, descobriram o papel enzimático (das proteínas), como descreve a cientista Virginia Edgcomb.

Oceanos na UTI
Mas como vai a saúde desta imensidão azul? A realidade do hoje não é para se comemorar: poluída por derramamentos de combustíveis; plásticos, metais e todos os tipos de resíduos; ainda sofre a pressão da pesca ilegal, da degradação das zonas costeiras, e do derretimento das calotas polares, que contribuem para sua acidificação, e para o aumento do seu nível, que afetam populações de países insulares e das costas. A constatação é a seguinte: este complexo e rico ecossistema definha gradativamente pela ação humana.

Ao analisar este conjunto de razões, a Organização das Nações Unidas (ONU) elencou já em dezembro de 2017, o período de 2021 a 2030, como a Década da Oceanografia para o Desenvolvimento Sustentável. E um detalhe importante, torna isto mais justificável: ainda somos ignorantes sobre esta imensidão azul – conhecemos apenas 5% de todo este universo. Por isso, o papel da Ciência se torna imprescindível para este processo de pesquisa, reconhecimento e incentivo à conservação deste patrimônio.

A gestão deste processo está sob a incumbência da UNESCO, A meta desta iniciativa é tornar factível o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 14 (ODS-14), que integra as propostas da Agenda 2030 acordada pelos cerca de 200 países membros da ONU, em 2015. Isso quer dizer: promover a conservação e o uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável. Mas para que isto seja possível, a sociedade tem de se empoderar desta tarefa no dia a dia e na cobrança do poder público e das empresas, nas responsabilidades compartilhadas.

*Sucena Shkrada Resk é jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.
*Crédito da foto: Sucena S. Resk

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12/06/2020 – Parte 13: Brasil participa da última fase clínica de testes em humanos de vacinas contra a Covid-19
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29/05/2020 – Parte 10: Estudo aponta o risco associado da desintegração ecológica com a origem de mais doenças infecciosas como a Covid-19
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25/05/2020 – Parte 7 – A corrente de humanização que se tece em tempos da pandemia de Covid-19
22/05/2020 – Parte 6 – Os impactos na saúde mental em tempos de pandemia de Covid-19
29/04/2020 – Parte 5 – Covid-19 e a valorização da pesquisa científica
22/04/2020 – Parte 4 – Em tempos de Covid-19 e mudanças climáticas
07/04/2020 – Parte 3 – A Covid 19 e os desafios de nossos defensores no front de batalha
30/03/2020 – Parte 2: a expiral do novo coronavírus expõe a janela de fragilidade aberta no Antropoceno
23/01/2020 – Saúde Ambiental: estado de alerta mundial para o coronavírus reflete um desequilíbrio ecossistêmico

Parte 13: Brasil participa da última fase clínica de testes em humanos de vacinas contra Covid-19
12/06/2020 11:58
Iniciativas são fruto de parcerias com Universidade de Oxford e com indústria farmacêutica chinesa
Por Sucena Shkrada Resk*
Um dos centros de pesquisa mundiais em estágio mais avançado quanto à vacina contra a Covid-19, é a Universidade de Oxford, no Reino Unido, que já se encontra nos testes da 3ª e última fase clínica em humanos, após as executadas em animais, para verificar sua eficácia e segurança. Nesta etapa, está programada a participação de 50 mil pessoas voluntárias que não tiveram contato com o novo coronavírus (SARS-CoV-2), sendo 30 mil, nos EUA; 10 mil pessoas, no Reino Unido e duas mil, divididas entre São Paulo e no Rio de Janeiro, além de países da África e Ásia. A expectativa é que os primeiros resultados saiam até meados de outubro deste ano e deverão ser submetidos primeiramente à agência regulatória do Reino Unido.

A condução destes ensaios em São Paulo, no Brasil, está sob a coordenação do Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que tem à frente, a pesquisadora Lily Win Weckx. Uma das principais responsáveis pela participação brasileira, na pesquisa, é a cientista Sue Ann Costa Clemens, pesquisadora do CRIE, e também chefe do Instituto de Saúde Global da Universidade de Siena. O interesse pelo país se deve especialmente por estar ainda em curva ascendente de casos, em que a população está mais exposta ao vírus.

Em São Paulo, serão mil testes, com apoio da Fundação Lemann. No Rio de Janeiro, o financiamento dos testes em mil voluntários será feito pela Rede D’Or São Luiz. A iniciativa foi liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), subordinada ao Ministério da Saúde, no início do mês de junho. O público-alvo principal são profissionais da saúde, que estão na linha de frente, entre 18 e 55 anos, e outros grupos de risco, composto por idosos e imunodeprimidos.

Segundo o professor Andrew Pollard, pesquisador-chefe do Oxford Vaccine Trial na Universidade de Oxford, em abril, ocorreram os ensaios clínicos das Fases I / II da vacina, no Reino Unido, em mais de 1.000 voluntários saudáveis, entre 18 e 55 anos, em vários centros de testes no sul da Inglaterra. Os esforços da equipe, que também tem na liderança, os cientistas Sarah Gilbert, Teresa Lambe, Sandy Douglas e Adrian Hill, tiveram início em 10 de janeiro deste ano.

O ponto de partida foi um vetor de vacina para adenovírus chimpanzé (ChAdOx1), desenvolvido no Instituto Jenner de Oxford. De acordo com os pesquisadores, é uma tecnologia mais adequada para uma vacina SARS-CoV-2, porque tem capacidade de gerar uma forte resposta imune a partir de uma dose e não é um vírus replicante. Em experiência precedente bem-sucedida, a equipe já havia desenvolvido uma vacina para a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), contra uma outra cepa do coronavírus.

“Nesta fase 3 de ensaios clínicos da vacina contra a Covid-19, estamos muito satisfeitos por trabalhar com a talentosa equipe de pesquisadores no Brasil no ensaio da vacina, pois pesquisadores e cientistas de todo o mundo colaboram no trabalho de desenvolvimento clínico com urgência sem precedentes para combater a ameaça global à saúde humana, que é o coronavírus”, afirma Pollard, em publicação da universidade.

Os esforços dos cientistas de Oxford no combate à Covid-19 vão muito mais além, na instituição. Atualmente são mais de 150 profissionais envolvidos, que além da vacina, estudam medicamentos, testes de anticorpos e sistema de rastreamento de contatos. Para acompanhar os artigos a respeito destas iniciativas, é só acessar o site: https://www.research.ox.ac.uk/Area/Search/coronavirus
Desafio: produção em escala
A maior preocupação, entretanto, é com a produção da vacina em grande escala, devido à dimensão global da pandemia, e que seja de acesso aberto à transferência de tecnologia. A primeira iniciativa, neste sentido, se deu em 30 de abril, quando a Universidade de Oxford e a empresa AstraZeneca anunciaram um acordo para o desenvolvimento e distribuição global da potencial vacina. Em uma primeira escala, a meta é da produção de 1 bilhão de doses.

No Brasil, Soraya Smaili, reitora da Unifesp, expõe a expectativa de o Brasil também ter prioridade para o recebimento da vacina, além do Reino Unido, EUA, entre outras nações com maiores números de casos no mundo. Com a disponibilização da tecnologia, ela destaca que o país tem capacidade de produção local, por meio de laboratórios nacionais, como o Instituto Butantan, e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “A tecnologia desenvolvida pela Oxford, o Butantan ainda não domina”, explicou o diretor da unidade, Dimas Covas.

Mais uma frente de testes pelo Instituto Butantan

Um novo anúncio, entretanto, foi feito nesta quinta-feira, 11 de junho, expandindo as possibilidades da prevenção da doença. O Instituto Butantan, do Governo do Estado de São Paulo, assinou uma parceria no último dia 10, com a indústria farmacêutica chinesa Sinovac, para realizar a fase 3 de testes clínicos da vacina contra a Covid-19 produzida pela empresa, sob o nome de CoronaVac, em 9 mil voluntários no Brasil. De acordo com Covas, a instituição investiu R$ 85 mi na iniciativa e deverá ter a parceria de 16 centros de estudos clínicos no Brasil, que já atuam no combate à Dengue. A expectativa é ter a validação até o final do primeiro semestre de 2021. Aí é possível falar em produção em massa para imunizar a população.

As fases anteriores foram aplicadas na China
A divulgação destas iniciativas está sendo considerada positiva, colocando a força científica brasileira novamente no protagonismo mundial, apesar dos conflitos na condução política da pandemia no país. Esta soma de esforços deverá refletir futuramente na consistência da prevenção da doença no Programa Nacional de Imunização brasileiro e dos demais países do mundo, com o objetivo de quebrar barreiras que prejudicam os países mais pobres e em desenvolvimento. Este é um dos esforços também da Organização Mundial da Saúde (OMS)

Como o diretor-científico da Sociedade Brasileira de Infectologia, o infectologista Sérgio Cimerman, frisou nesta semana – “Para uma vacina ser aprovada, deve ter alcance pelo menos de 85% de eficácia…E complementa sobre a importância dos esforços nunca antes vistos no planeta, que esta pandemia exigiu, na agilização de respostas eficazes no combate à Covid-19. “A média para o processo de estudo de uma vacina é (historicamente) de dez 10 anos a 15 anos”, destaca. No mundo, atualmente há mais de 110 estudos em andamento, em diferentes etapas, de acordo com a cientista Sue Ann. Deste montante, entretanto, somente 10 estão mais avançadas, com destaque às pesquisas de Oxford e da Sinovac.

*Sucena Shkrada Resk é jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

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23/01/2020 – Saúde Ambiental: estado de alerta mundial para o coronavírus reflete um desequilíbrio ecossistêmico

Dia Mundial do Meio Ambiente: Onde se planta jornalismo floresce democracia

05/06/2020 08:00
Veículos e jornalistas da mídia ambiental brasileira se unem em defesa da manutenção de um jornalismo atuante e com independência e lança carta aberta, hoje, Dia Mundial do Meio Ambiente.
Leia a íntegra:
Onde se planta jornalismo floresce democracia

5 de junho de 2020
Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, as mídias e jornalistas ambientais garantem que não irão se acovardar frente aos desafios de expor à sociedade as pressões e desmantelamentos provenientes da gestão pública e de outros setores, como também irão divulgar as ações proativas em favor dessa agenda, no Brasil e no mundo.
O trabalho iniciado pelo professor Paulo Nogueira Neto no Governo Federal, de 1975 a 1985, criou as bases da institucionalidade e da missão do que viria a ser o Ministério do Meio Ambiente, levando a política ambiental ao patamar de política de Estado.
Cada um dos secretários, ministros e ministras que sucederam a Nogueira-Neto deixou sua marca na evolução das políticas ambientais ao enfrentar desafios na capacitação de profissionais e no estabelecimento de instâncias de fiscalização e controle de crimes ambientais em todos os biomas. Até há pouco, o Brasil era reconhecido em foros internacionais pelos compromissos assumidos com a sua megabiodiversidade. E pelo que já realizou.
O Brasil sediou a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como Eco-92, evento fundamental para o futuro da sociedade humana no planeta Terra.
No cenário internacional, o Brasil assumiu uma posição de protagonismo nas mais diversas conferências internacionais, em especial nas COPs climáticas, onde o Ministério do Meio Ambiente e o Itamaraty foram capitais para o avanço nos compromissos e metas para a redução da emissão de gases estufa e mitigação das mudanças climáticas.
Em 2018, mesmo antes de assumir o governo, o atual presidente exigiu que a COP 24 não fosse sediada no país.
E, em janeiro de 2019, com poucos dias de governo anunciou o fim do Ministério do Meio Ambiente, o que não aconteceu graças às reações internas e internacionais. Não demorou para arranjar alguém que aceitasse a missão de destruir o legado ambiental. O escolhido tem no currículo uma passagem controversa pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, com condenação em um processo judicial por improbidade administrativa, que se encontra suspensa, pendente de julgamento de recurso; além de uma proximidade constrangedora com o ruralismo mais reacionário.
Depois de dois anos no poder, está claro que, não podendo extinguir o Ministério do Meio Ambiente, o atual Governo quer destruir os organismos ambientais por dentro, com a reestruturação de colegiados para retirar a participação da sociedade organizada, os ataques deliberados aos técnicos e pesquisadores que são a base do conhecimento e da estrutura de comando e controle que tornaram o Brasil respeitado mundialmente.
Os anteriores responsáveis pela área não foram perfeitos e muitos receberam críticas contundentes de mídias e jornalistas especializados na cobertura ambiental. Mas todos atuaram no campo da democracia e no respeito à liberdade e ao papel da imprensa na construção de sociedades modernas.
Desta vez, temos um ministro que quer aproveitar a morte de mais de 20 mil pessoas para atuar sob o manto da escuridão.
O que podemos dizer, senhor ministro, é que não há “apagão” no jornalismo ambiental brasileiro, mídias e jornalistas que cobrem meio ambiente estão atentos para cobrir cada passo seu, cada papel assinado, cada ato que parte de seu gabinete, para informar a sociedade sobre o “estelionato” ambiental engendrado para arrancar da sociedade, dos povos indígenas, quilombolas e das florestas, a vida em alguns dos mais ricos ecossistemas do planeta Terra.
Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, podemos afirmar que as Mídias Ambientais brasileiras não deixarão passar nenhum ato criminoso contra a terra, a gente e a biodiversidade de nosso país com nome de árvore, Brasil.

Assinam:
Agência Eco Nordeste – https://agenciaeconordeste.com.br/
Agência Envolverde – http://www.envolverde.com.br
AgirAzul Notícias – http://www.agirazul.com
Amazônia Latitude – https://amazonialatitude.com/
Amazônia Real – https://amazoniareal.com.br/
AMA -Amigos do Meio Ambiente https://www.facebook.com/groups/amigosdomeioambiente/
Blog Cidadãos do Mundo – http://www.cidadaosdomundo.webnode.com
Conexão Planeta – https://conexaoplaneta.com.br/
ECO21 – https://eco21.com.br
Mídia Orgânica – https://www.facebook.com/midiaorganica/
Notícia Sustentável – http://www.noticiasustentavel.com.br
O Eco – http://www.oeco.org.br
Página 22 – http://www.pagina22.com.br

Plurale – http://www.plurale.com.br

Projeto Colabora – https://projetocolabora.com.br/
REAJA-Rede Ativista de Jornalismo Ambiental – https://www.facebook.com/redejornalismoativista/
Revista Amazônia – http://www.revistaamazonia.com.br
Revista Ecológico – https://revistaecologico.com.br/

Parte 12: Semana do Meio Ambiente: Conama em silêncio no ano de 2020, em tempos de Covid-19
04/06/2020 12:02
No contexto da crise da pandemia e da aceleração de desmatamento ilegal na Amazônia, reuniões plenárias não ocorrem desde novembro de 2019
Por Sucena Shkrada Resk*
Nesta Semana do Meio Ambiente e no auge da crise da pandemia da Covid-19, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), que tem o papel de órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), desde 1981, e trata da Política Nacional do Meio Ambiente, mantém um silêncio, que se estende desde novembro passado.

Com uma gestão cada vez mais enfraquecida, sua última reunião de plenário extraordinária ocorreu em outubro de 2019 e a ordinária, que deve ser aberta à sociedade, no mês anterior. Pelo regimento interno, deveria ser convocada de três em três meses, mas o que se observa até agora, início de junho de 2020, é um hiato temporal em suas atribuições. Não há registros nem de encontros presenciais e virtuais do plenário, conforme consta no próprio site do colegiado, que é presidido pelo ministro do Meio Ambiente.

A estrutura do conselho foi enxugada pelo Decreto nº 9806/2019, com a redução de 96 titulares para 23 conselheiros (representantes de órgãos federais, estaduais e municipais, setor empresarial e sociedade civil) – diminuindo substancialmente a participação social a representantes de 4 organizações não governamentais (ONGs) ambientalistas, escolhidas por meio de “sorteio”, em um cadastro composto por cerca de 700 entidades distribuídas no país. Esta reestruturação resultou na prevalência do governo e do setor produtivo, que controlam mais de 50% dos votos, ou seja, a maioria.

Contestações
O Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma arguição de descumprimento de preceito fundamental no Supremo Tribunal Federal (STF), sob nº ADPF 623, em 2019, ano, que aponta inconstitucionalidade do Decreto 9806/2019 e foi distribuída em setembro, à ministra Rosa Weber. Entre os argumentos, expõe que há o desrespeito aos princípios da participação popular direta da sociedade, da igualdade e retrocesso socioambiental.

Segundo a Procuradoria Geral da República, “a redução resultou em profunda disparidade representativa em relação aos demais setores sociais representados no órgão. Segundo a ação, o desequilíbrio entre representantes de interesses exclusivamente ambientais e os que representam outros múltiplos interesses prejudica a função do conselho de elaboração de políticas de proteção ao meio ambiente pela coletividade, “impondo lesão ao preceito fundamental da proteção ao meio ambiente equilibrado”.

Uma moção de repúdio foi feita no ano passado, por ONGs socioambientais, em que há o questionamento sobre a dissolução das representações regionais, com loteamento das vagas por sorteio. “… é negar a própria grandeza territorial do Brasil e sua representatividade por biomas. Cercear a participação cidadã, diminuir e restringir a representatividade da sociedade civil é um retrocesso inaceitável e antidemocrático…” – destaca o documento.

As instituições “sorteadas” para as atuais cadeiras da representação da sociedade civil (com direito a voto) foram a Associação Novo Encanto de Desenvolvimento Ecológico; Associação Rare do Brasil; Comissão Ilha Ativa e do Instituto Internacional de Pesquisa e Responsabilidade Socioambiental Chico Mendes. Esta redução de integrantes causou reações contrárias por parte do segmento, com o argumento de enfraquecer o controle social nesta agenda federal. E sem direito a voto, também há uma cadeira ocupada por representante do Ministério Público Federal.

Neste ano, duas das sete câmaras técnicas do conselho mantiveram três dias de reuniões no mês de fevereiro. Um encontro foi da câmara técnica de Biodiversidade, Áreas Protegidas, Florestas e Educação Ambiental; e os outros dois realizados pela Câmara de Controle e Qualidade Ambiental e Gestão Territorial, sem prosseguimentos nas agendas.

Extensa atribuição
No entanto, a atribuição de competência do CONAMA é extensa. Implica na formulação de resoluções, de deliberação vinculada a diretrizes e normas técnicas, critérios e padrões relativos à proteção ambiental e ao uso sustentável dos recursos ambientais; como também, de recomendações de implementações de políticas, programas e normas no setor e moções quanto à temática ambiental.

Este “hiato” causa preocupação principalmente em tempos de Covid-19, que tem uma estreita relação com a conservação ambiental. Afinal, algumas das responsabilidades do conselho é avaliar regularmente a implementação e a execução da política e normas ambientais do País, estabelecendo sistemas de indicadores; e elaborar, aprovar e acompanhar a implementação da Agenda Nacional do Meio Ambiente, a ser proposta aos órgãos e às entidades do SISNAMA, sob a forma de recomendação.

Durante o ano passado, houve a elaboração apenas de uma resolução Conama, a de nº 493/2019, como descrito nas informações disponibilizadas pelo órgão, e se refere ao estabelecimento da Fase PROMOT M5 de exigências do Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos similares… A poluição, por sua vez, continua a ser um dos maiores problemas nos grandes centros.

Situações críticas
Aqui no país, as mortes em decorrência de poluentes aumentaram em 14%, em uma década, de acordo com o estudo Saúde Brasil 2018, do Ministério da Saúde. Foram 38.782 em 2006 contra 44.228 mortes em 2016. Este é um dos maiores problemas no país, relacionados principalmente ao uso de combustíveis fósseis, que se torna agora mais complexo, por estar associado aos comprometimentos da pandemia da Covid-19, além do desequilíbrio ecossistêmico, que contribui para a aparição de doenças zoonóticas e ao aquecimento global.

Nada disso, está sendo efetivamente tratado de forma continuada e sistêmica agora, pelo Conama, no contexto em que o Brasil e o restante do planeta vivem uma crise humanitária, que envolve fatores sanitários, socioambientais, políticos e econômicos, todos interligados. Os dados no chão, por sua vez, causam mais apreensão. O desmatamento ilegal tem aumentado principalmente no bioma amazônico.

O Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, lançado, neste mês, pelo MapBiomas, aponta que o país perdeu 1.218.708 hectares de vegetação nativa, no ano de 2019, equivalente a oito municípios de São Paulo, e 60% desta perda se concentrou no bioma amazônico, seguido pelo Cerrado, com 408,6 mil ha; depois por Pantanal (16,5 mil ha), Caatinga (12,1 mil ha) e Mata Atlântica (10,6 mil ha), que foram avaliados.

Em 2020, os dados são ainda mais alarmantes. Em abril, o desmatamento da Amazônia foi o maior na última década, com 529 km² da floresta derrubada, segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Esta situação facilita o desequilíbrio ecossistêmico, que se torna porta aberta ou fortalecimento de epidemias. Os noticiários têm expostos o aumento do número de extração ilegal de madeira, de garimpos ilegais, inclusive, invadindo terras indígenas e unidades de conservação e consequente contaminação de solo e corpos hídricos e de povos indígenas e tradicionais. E muitas das resoluções CONAMA se referem exatamente ao licenciamento ambiental.

No campo da retrospectiva histórica, é válido retomar, então, a Resolução CONAMA Nº 016, de 18 de dezembro de 1984, com a chancela do saudoso Paulo Nogueira-Neto, publicada no então boletim de serviço nº 948, de 25/11/1985, que trata do seguinte:

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA, no uso das atribuições que lhe conferem os itens I e IX, do artigo 7º, do Decreto nº 88.351, de 01/06/83 e para atender os objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente, estabelecidos pelos artigos 2º e 4º da Lei nº 6.938, de 31/08/81, considerando que os últimos dados oficiais indicam que a alteração da cobertura vegetal da Amazônia Legal, em fins de 1980 atingiu mais de 123.000km2, com ritmo médio diário de devastação superior a 60km2 e tendo em vista as conclusões de estudos científicos já publicados, e tendo em vista o disposto na Proposição CONAMA nº 015, de 18 de dezembro de 1984, RESOLVE:
Determinar, com base nos dados científicos disponíveis, que a sua Secretaria Executiva promova estudos sobre as prováveis consequências no clima, no regime hídrico, na fertilidade do solo e nos ecossistemas amazônicos, causados por extensivo desmatamento na região, para serem apresentados ao plenário do Conselho dentro de 6 (seis) meses.

Com esta crise que assola o país e o mundo, vale perguntar: o que o Conama de hoje está contribuindo para frear, de fato, a devastação da Amazônia e dos outros biomas brasileiros e os altos índices de poluição e, ao mesmo tempo, fazer valer resoluções já existentes? E como entra na agenda, a pandemia da Covid 19, além de outros surtos, como a febre amarela, malária e Dengue, que estão intrinsicamente relacionados a questões socioambientais? Qual está sendo seu papel para a gestão de crise?

*Sucena Shkrada Resk é jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

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10/05/2019 – O cenário conturbado da gestão ambiental brasileira
21/05/2019 – Brasil sai do protagonismo em decisões internacionais da área ambiental
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Parte 11 – Observatórios possibilitam controle social, em tempos de Covid-19
01/06/2020 09:53
Estes canais de comunicação surgem em busca de maior transparência de informações e de cobranças de ações proativas no combate à doença no Brasil
Por Sucena Shkrada Resk*
A sociedade civil brasileira, por meio de organizações não-governamentais (ONGs) e especialmente de instituições públicas de ensino e pesquisa, estabelece gradativamente mecanismos de acompanhamento e controle social, nestes tempos de pandemia da Covid-19, com a criação de observatórios. Estes espaços ‘virtuais’ funcionam como um meio de promover maior transparência de informações; ao mesmo tempo, que possibilita a cobrança de ações mais proativas no combate à doença. Alguns dos exemplos em vigor são o Observatório Covid-19 BR, o Observatório de Direitos Humanos – Crise e Covid-19 e o Covid-19 e Os Povos Indígenas. Entre as iniciativas mais recentes, está o Observatório da Covid-19 no Quilombos, lançado no último dia 28 de maio.

Em diferentes localidades no país, muitas universidades deram início também aos seus próprios observatórios, com foco em dados regionalizados, como é o caso da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Na estrutura governamental, vale destacar o trabalho desenvolvido pelo Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz e pelo Observatório Nacional Covid-19, criado pela Defensoria Pública da União (DPU).

O Observatório Covid-19 BR tem uma característica interessante, pois é resultado da colaboração independente de pesquisadores de diferentes instituições de ensino e pesquisa. Um ato voluntário de união de esforços que se traduz em dados técnicos e de orientação geral disponibilizados de maneira didática, desde gráficos a informações técnicas e tira-dúvidas à população.

No caso do Observatório de Direitos Humanos – Crise e Covid-19 (disponibilizado em mídias sociais), com a participação de diferentes movimentos sociais e ONGS, é focado principalmente em amplificar as vozes de populações mais vulneráveis, com o recorte dos DH. As plataformas dedicadas ao recorte da pandemia em relação aos povos indígenas e aos quilombos, ambas foram constituídas com o apoio do Instituto Socioambiental (ISA) e têm como característica focar na situação e necessidades desses grupos em todo o país. Trazem também relatos locais, o que ficaria pulverizado em coberturas mais macros da doença.

A Fiocruz, por sua vez, mantém um portal rico em informações nacionais e internacionais, com dados próprios e de outras instituições pelo mundo, que é uma fonte primária recomendada principalmente em tempos de “fake News”. E no portal da DPU, há um espaço importante destinado ao registro de denúncias da população sobre quaisquer violações do Poder Público no contexto da COVID-19.

O que torna estes espaços virtuais mais representativos na atualidade é que são manifestações que congregam ânsias e propostas do exercício democrático da cidadania, que devem estar acessíveis à maior parte da população, com o desafio de atingir ou escutar também, quem não tem acesso à internet.

*Sucena Shkrada Resk – jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

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Parte 10 – Estudo aponta o risco associado da desintegração ecológica com a origem de mais doenças infecciosas como a Covid-19
29/05/2020 13:00
Por Sucena Shkrada Resk*
Surtos epidêmicos entre humanos, com início em doenças zoonóticas, se tornam mais prováveis

A The Wildlife Conservation Society lançou um documento, neste mês de maio, que alerta sobre o perigo que ronda a humanidade com a possibilidade de mais surtos epidêmicos e pandemias derivados de contágios primários provenientes de animais selvagens – as chamadas doenças zoonóticas -, onde existe o desequilíbrio ecossistêmico, que podem resultar posteriormente na transmissão de vírus entre humanos. A maioria das ameaças emergentes tem esta origem, como as associadas ao coronavírus. O que fica claro é que o problema não está nos “animais”, mas na ação descontrolada dos humanos na sua relação com o meio ambiente.

O estudo “Ligações entre integridade ecológica, emergentes doenças infecciosas originárias da vida selvagem e outros aspectos da saúde humana – uma visão geral da literatura” é assinado por um grupo de cientistas. São eles: Tom Evans, Sarah Olson, James Watson, Kim Gruetzmacher, Mathieu Pruvot, Stacy Jupiter, Stephanie Wang, Tom Clements and Katie Jung.

A pesquisa alerta que historicamente, são pelo menos mais de 335 surtos de doenças infecciosas emergentes (envolvendo 183 patógenos distintos) relatados mundialmente, entre 1940 e 2004 e a taxa de surtos tem aumentado significativamente, nos últimos anos.

Um dos fatores deste desequilíbrio é a existência do comércio destas espécies para consumo alimentar em determinadas sociedades, que facilita esta propagação. Há precedentes, como o vírus Severe Acute Respiratory Syndrome ou Síndrome Respiratória Aguda Grave, em português (SARS-Cov-1), que foi originado de morcegos, na China, entre os anos de 2002 e 2004, que chegou a matar cerca de 800 pessoas e impactar o turismo, alimentação e viagens na China continental, em cifra aproximada de US $ 8,5 bilhões.

O vírus MERS-CoV foi decorrente de camelos, no Oriente Médio, em 2012. Agora, a SARS-CoV-2, popularmente conhecida como Novo Coronavírus, que transmite a Covid-19, está associada inicialmente a morcegos, em Wuhan, na China. As autoridades desta cidade, que é capital da província de Hubei, proibiram a çaça e consumo, no mínimo por cinco anos.

Os efeitos exponencialmente mais dramáticos da atual cepa do vírus, que se propagou pelo planeta, revela como esta é mais grave em seu grau de transmissibilidade e letalidade. Cerca de 354 mil perderam suas vidas até o dia 28 e há o registro de 5.593 milhões de casos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e um quadro recessivo sem precedentes se construindo no mundo. A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) estima que os prejuízos monetários no mundo já giram em mais de US $ 1-2 trilhões.

Segundo os pesquisadores, os fatores que acentuam estes riscos de doenças infecciosas emergentes são conversão de terras, criação de novas margens para habitat, além do comércio e consumo de animais silvestres (seja legal ou ilegal em determinados locais) e da intensificação agrícola. O vínculo (predatório) a áreas de alta biodiversidade, eleva as taxas de contato entre humanos e certas espécies selvagens.

As pressões são exercidas por diversas origens – caça, exploração madeireira, extração de petróleo, gás e minerais, construção de infraestrutura, pastagem de gado, recreação, poluição, gerenciamento de incêndio e drenagem ou inundação de habitats naturais.
A degradação ecossistêmica possibilita também doenças transmitidas por diferentes vetores e pela água e ar, entre outros, associadas a outros efeitos à saúde humana por meio das mudanças climáticas. Este conjunto pode contribuir para conflitos locais e transnacionais sobre recursos naturais, resultando no enfraquecimento da segurança internacional.

Em relatório recente da Organização das Nações Unidas (ONU), o alerta sobre a necessidade da conservação florestal no planeta foi dado, pois desde 1990, aproximadamente uma área de 80 milhões de hectares de floresta primária no mundo foi devastada. No grupo dos países com mais perdas, está o Brasil. A perda de biodiversidade no planeta é um dos efeitos graves, que impacta também a segurança alimentar.

O enfrentamento destes problemas, de acordo com o estudo, pode se dar por meio de diferentes mecanismos. Entre eles, a adoção de políticas públicas de saúde que insiram esta pauta; a proteção da integridade ecológica com adoção de planejamento espacial e criação e manejo de áreas protegidas efetivas, com a manutenção de unidades de conservação, e apoio à gestão de ecossistemas por indígenas. A conservação de bacias hidrográficas e adaptação e mitigação às mudanças climáticas fazem parte deste modelo de enfrentamento, com a premissa da conservação da biodiversidade e de regimes pluviométricos.

Os cientistas recomendam que povos e comunidades locais sejam inseridos neste planejamento pela gestão pública, em políticas para minimizar as ameaças causadas pela pressão de determinados segmentos econômicos. E haja uma dedicação à segurança alimentar destes povos quanto à sua cultura e subsistência. A proposta é de que sejam criados sistemas comunitários de gerenciamento de recursos naturais e gestão integrada em paisagens mais amplas.

É considerado também crucial, nesta série de medidas, o fechamento de mercados comerciais de animais silvestres e proibição deste comércio para consumo humano, especialmente de pássaros e mamíferos. E a implementação de sistemas de vigilância e resposta a doenças zoonóticas, associadas a animais domésticos.

Sobre o tema doenças zoonóticas, há outras fontes interessantes, como o livro Spillover – Animal Infections and the Next Human Pandemic, de David Quammen, especialista em ciência e natureza, publicado no ano de 2012. Na obra, decorrente de um trabalho profundo de pesquisa, o autor trata desde o vírus Hendra, na Austrália, nos anos 1990, originado de morcegos, até a gripe, decorrente de aves e suína.

*Sucena Shkrada Resk – jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

Em tempos de Covid-19, estas pautas emergem com mais força, exigindo maneiras sustentáveis da humanidade com relação ao planeta.
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Parte 9 – Mais de 40 milhões de vozes da área da saúde clamam por um meio ambiente saudável ao G20 no contexto da pandemia
28/05/2020 09:58
Por Sucena Shkrada Resk*
Carta foi encaminhada, nesta semana, aos líderes do grupo das 20 nações com as maiores economias mundiais, incluindo o Brasil, e clama pela necessidade de combate à poluição atmosférica

“…Antes da Covid-19, a poluição do ar – principalmente originária do tráfego, uso residencial ineficiente de energia para cozinhar e para aquecimento, usinas a carvão, queima de resíduos sólidos e práticas agrícolas – já estava enfraquecendo nossos corpos. A poluição aumenta o risco de desenvolvimento e a gravidade de: pneumonia, doença pulmonar obstrutiva crônica, câncer de pulmão, doenças cardíacas e derrames, levando a sete milhões de mortes prematuras a cada ano. A poluição do ar também causa resultados adversos na gravidez, como baixo peso ao nascer e asma, colocando mais pressão em nossos sistemas de saúde…”. É possível ficar alheio a uma exposição desta envergadura?

As lideranças dos 20 países com as maiores economias do mundo receberam, nesta semana, uma carta encaminhada por mais de 350 organizações representando mais de 40 milhões de profissionais de saúde e de 4.500 profissionais de saúde individuais de 90 países, em que este alerta faz parte. O teor principal do conteúdo é o “clamor” para que estas nações voltem seus esforços à priorização da Saúde Pública nos planos de recuperação econômica em consonância com a ambiental, com o advento dos efeitos em curso da pandemia da Covid-19.

O objetivo é que haja sensibilidade robusta por parte dos governantes e de seus gestores de saúde, ambientais, de ciência e tecnologia e desenvolvimento econômico, entre outras pastas, a este clamor, pois o tempo é cada vez mais escasso, nesta conjuntura. Posições de ceticismo quanto às questões ambientais/climáticas, em especial no Brasil e EUA causam temor no contexto internacional. Os dois países integram o G20 com a África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia e União Europeia.

Como ponto central, os profissionais de saúde reforçam a necessidade emergente do combate à poluição atmosférica, às mudanças climáticas, devido ao uso ainda indiscriminado de combustíveis fósseis. O caminho para isto: fim dos subsídios ao setor de petróleo e gás e ampliação dos investimentos em energias renováveis. Esta postura, de acordo com os signatários, pode possibilitar uma recuperação econômica que estimularia ganhos globais de quase US$ 100 trilhões até 2050.

Como a carta destaca – anualmente, morrem na casa de 7 milhões de pessoas, em decorrência da poluição. Aqui no Brasil, o Ministério da Saúde chegou a lançar o estudo “Saúde Brasil 2018”, no ano passado, no qual, mortes classificadas como decorrentes da poluição do ar aumentaram 14% em dez anos. A proporção foi a seguinte: 38.782 em 2006 para 44.228 mortes em 2016.

Com a pandemia, os argumentos vêm da experiência de chão diária. A realidade com doses de fragilidade global no contexto da saúde aumenta exponencialmente, envolta pelas mortes, sequelas e sofrimento mental, que se somam à segurança alimentar e de empregabilidade. “…Esta composição nesta extensão e crescimento exponencial em níveis não observados em décadas…”, reforça a carta. Segundo a OMS, até o último dia 27 de maio, foram confirmados no mundo 5.488.825 casos de COVID-19 e 349.095 mortes, sem contar as subnotificações.

Nesta carta ao G20, o Brasil está representado neste “clamor”, pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica (SBCT), o Sindicato dos Nutricionistas do Estado de São Paulo (SINESP), a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) e a Federação Internacional das Associações dos Estudantes de Medicina do Brasil (IFMSA Brazil).

A iniciativa é apoiada pela OMS, que também divulgou um manifesto, no qual reforça a recomendação quanto ao fim do subsídio aos combustíveis fósseis. O documento expõe a premissa da saúde saudável da humanidade dependente da conservação da natureza, que incorpora o ar que respiramos, a água, os alimentos saudáveis, acesso a condições dignas de saneamento e à energia limpa; como também ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

Para a implementação destas diretrizes, o planejamento urbano é avaliado como de suma importância com a integração da saúde com um sistema de transporte sustentável a moradias saudáveis. Tedros Ghebreyesus, diretor da OMS, afirma que não resta dúvida de que a reconstrução pós-Covid-19 deve ser uma reconstrução para um mundo mais verde.

*Sucena Shkrada Resk – jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

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PARTE 8: O PAPEL ESTRATÉGICO DA CONSERVAÇÃO DA SAÚDE AMBIENTAL NO ENFRENTAMENTO À COVID-19 NO BRASIL
26/05/2020 13:00
Por Sucena Shkrada Resk*
Mídia ambiental está atenta ao processo de desestruturação nesta agenda, que pode ser uma porta aberta também para avanços de epidemias

A saúde ambiental brasileira está seguindo para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Nunca foi tão necessário evocar esta analogia com todas as suas implicações, como está sendo hoje no Brasil, devido ao retrocesso político em pleno curso, desde o ano passado, que está sendo capitaneado ao comando da gestão atual do Ministério do Meio Ambiente (MMA), que tem justamente o papel de zelar pela gestão idônea e disciplinar da conservação socioambiental no país. A palavra da vez neste raciocínio equivocado de desenvolvimento é: “flexibilização” das legislações e das ações de comando e controle. Com isso, os princípios de prevenção e precaução estão sendo desconsiderados, o que pode inferir implicações no combate à Covid-19 e outras epidemias.

O aumento gradativo do enfraquecimento da participação social na pasta, dos órgãos de aconselhamento e de comando e controle, como o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), do Instituto Chico Mendes da Conservação da Biodiversidade (ICMBio) – responsável pela gestão das unidades de conservação; do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA) e da execução de todas as políticas na área ao longo das últimas décadas se tornam uma porta aberta para o avanço de epidemias e pandemias como a da Covid-19. Nesta configuração, os alertas já têm se agravado com relação à Dengue, Zika-Vírus, Febre Amarela e Malária, entre outras doenças.

Isto ocorre, devido a inúmeros fatores, como o aumento do desmatamento na Amazônia e em outros biomas (dados atuais do Instituto de Pesquisas Espaciais – INPE e do Imazon), que permitem a desestabilização ecossistêmica como também prejudicam populações indígenas e tradicionais, que estão mais vulnerabilizadas. Em tempos de Covid-19, análise recente do Observatório do Clima indica que as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs) no Brasil devem aumentar na escala de 10 a 20% em relação a 2018, enquanto no mundo, o processo é reverso, na ordem de redução de 6%, de acordo com o Carbon Brief. Isto quer dizer que o país vai na contramão do combate às mudanças climáticas. Mais um capítulo perverso na rede de problemas, é a precariedade do saneamento ambiental – em especial – do esgotamento sanitário no país.

Reunião ministerial
O estopim sobre a constatação da desestruturação da solidez da gestão ambiental no país se deu na última sexta-feira, 22 de maio, com a divulgação pública pela imprensa do vídeo da reunião ministerial do governo federal com o presidente Jair Bolsonaro, realizada no dia 22 de abril deste ano, com exceção de trecho que se refere a citações sobre a China e Paraguai.

A permissão da publicização do vídeo foi autorizada pelo decano Celso de Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), e se deu no contexto do inquérito que corre na Polícia Federal, sobre possível interferência do presidente na PF, segundo Sérgio Moro, ex-ministro da Justiça.
Boa parte da sociedade foi pega de surpresa com o conteúdo das falas de diferentes ministros – em especial do Meio Ambiente, Educação, e da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, durante este encontro, que revelaram os bastidores do poder.

As colocações do atual ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, causaram impacto negativo em diversos segmentos inseridos na constituição do regime democrático, que tem como pilar a Constituição Federal de 1988 e repercutiram internacionalmente.

Seguem os trechos:
“Nós temos a possibilidade neste momento, que a atenção da imprensa está voltada quase que exclusivamente para covid-19… A oportunidade que nós temos, que a imprensa está nos dando um pouco de alívio nos outros temas, é passar as reformas infralegais de desregulamentação, simplificação, todas as reformas que o mundo inteiro cobrou”, disse o ministro.
E continuou – “…O Meio Ambiente é o ministério que mais enfrenta dificuldades para “passar qualquer mudança infralegal em termos de instrução normativa e portaria”, porque tudo que a pasta faz “é pau no Judiciário no dia seguinte”.

“Então para isso precisa ter um esforço nosso aqui enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de covid-19, e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas. De Iphan, de Ministério da Agricultura, de Ministério do Meio Ambiente, de ministério disso, de ministério daquilo. Agora é hora de unir esforços […]. É de regulatório que nós precisamos, em todos os aspectos.”

Estas afirmações se deram, sem nenhum constrangimento, no mesmo dia em que o Brasil registrava a triste marca de 46.195 casos confirmados de infectados pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2) no Brasil, com 2.924 mortes pela Covid-19. Hoje já são respectivamente 376.669 casos e 23.522 mortes, sem considerar as subnotificações, devido à falta de testes em massa na população. Em meio ao ápice de uma crise de saúde e humanitária sem precedentes em nível global.

No dia 26 de maio, Salles escreveu um artigo, publicado no site Poder 360, no qual diz:
“…Ao afirmar a necessidade de simplificar e racionalizar “de baciada” todo o arcabouço regulatório infralegal no Brasil, presente em praticamente todos os Ministérios da Esplanada, referia-me na reunião de 22 de abril de 2020 à premência de se revisar, com bom senso e legalidade, todo o emaranhado de regras, portarias, instruções normativas e resoluções. Esse cipoal normativo consubstancia a “boiada” de entraves chamada “custo Brasil” que se encontra presente em praticamente todos os setores do governo”.

Neste estado da arte, em que o descaso com a humanização é mais uma vez reiterado e há necessidade de maior transparência nas ações públicas como estas descritas acima, é preciso reforçar que a atenção ao setor ambiental brasileiro é permanente e que a Covid-19 faz parte desta agenda holística que chamamos de “saúde ambiental”. Qualquer tipo de indução à “flexibilização nos patamares legais” que coloque este equilíbrio em risco, integra as pautas de jornalistas, de comunicadores formais, não-formais e informais, que cobrem este segmento na Rede de Mídias Ambientais e na grande imprensa.

Confira algumas publicações a respeito na mídia ambiental:
Salles errou previsão e teve decisões questionadas por imprensa, MPF e Justiça (Blog Ambiência)
Se depender de nós, a boiada não passará (Agência Econordeste)
Nem boiada, nem canetada, Ricardo Salles! ‘Conexão Planeta’ integra movimento de jornalista contra desmonte ambiental (Conexão Planeta)
O meio ambiente à sombra da Covid-19 (Envolverde)
Ricardo Salles “passando a boiada”: ministro do Meio Ambiente muda leis ambientais na pandemia (Envolverde)
Salles, o antiministro (AmazôniaLatitutde/Notícia Sustentável)
Nota de repúdio às declarações de Ricardo Salles (Página 22)
Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, surpreende com discurso de desmonte ambiental em reunião ministerial (Plurale in Site)
Entre outras também na Grande Imprensa

São temas de interesse de toda sociedade, e de segmentos institucionalizados – terceiro setor, poderes legislativo e judiciário. Esta é uma premissa do estado democrático de direito. Portanto, o exercício da cidadania está atrelado a defender o bem-estar da população.
E reforçando o que o artigo 225 relacionado ao Meio Ambiente na Constituição Federal diz:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

*Sucena Shkrada Resk – jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

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07/04/2020 – Parte 3 – A Covid 19 e os desafios de nossos defensores no front de batalha
30/03/2020 – Parte 2: a expiral do novo coronavírus expõe a janela de fragilidade aberta no Antropoceno
23/01/2020 – Saúde Ambiental: estado de alerta mundial para o coronavírus reflete um desequilíbrio ecossistêmico

Parte 7 – A corrente de humanização que se tece em tempos da pandemia da Covid -19
25/05/2020 14:32
Por Sucena Shkrada Resk*
Campanhas pelo país impulsionam o exercício de empatia e desprendimento
Uma das características singulares que emerge em tempos de crise é a humanização, que vem carregada daquela palavra ‘aconchegante’ chamada empatia. Problemas da sociedade moderna já existentes se multiplicaram exponencialmente, em tempos de quarentena devido à pandemia da Covid-19, e potencializam hoje o que cada cidadão-solo ou em esforços coletivos pode contribuir aos mais vulneráveis. Assim, as campanhas se ampliam em diferentes regiões do Brasil, com doações de tempo em trabalho, de alimentos, produtos de limpeza, medicamentos para famílias e comunidades mais necessitadas. Como também, doações em itens ou dinheiro para asilos, hospitais públicos e instituições de pesquisa e a causas de PET abandonados.

Este é o mosaico formado por uma rede-cidadã que se forja dia a dia na resiliência às adversidades aqui e em outros lugares no mundo. Caso você se sinta sensibilizado por iniciativas realizadas por organizações idôneas, não se acanhe, parta para as ações dentro de suas possibilidades! É a filosofia do ganha-ganha!

Caso não tenha ideia do ponto de partida, faça um levantamento de entidades em seu bairro ou município, que mantêm trabalhos permanentes assistenciais credenciados ou sobre causas que tenha mais afinidade em suas congregações religiosas ou não. Verifique suas necessidades. Ou quem sabe, se bem mais perto de você, o seu próprio vizinho não está precisando de ajuda? Uma palavra amiga, uma divisão de mantimento, que não faz falta em sua casa, ou se oferecer a fazer uma compra de alimentos, fazem parte deste exercício.

Aqui, em São Caetano do Sul, SP, pesquisei algumas campanhas locais e doei pequenas quantias ao Abrigo Irmã Tereza e ao Lar Bom Repouso. Também a catadores de materiais recicláveis de São Paulo, a indígenas de São Paulo (pelo Instituto Akhanda) e à Campanha Existe Amor, de Milton Nascimento e Criolo e aos franciscanos. E continuo, neste propósito, também no papel de comunicadora. Cada um vai encontrar ferramentas próprias que dão sentido nesta engrenagem.

Para facilitar a interação entre os elos de quem quer contribuir e quem precisa receber, alguns sites têm feito pontes nestas relações. Confira alguns:

É preciso sempre estar atento quanto à transparência das informações sobre as quantias e destinações desses recursos. A Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR) criou a página https://www.monitordasdoacoes.org.br/, que tem apurado o levantamento de doações à causa da Covid-19, com dados de doadores como também de mais de 350 campanhas em andamento no país. Nos informes, há dados de quanto estão recebendo (com no mínimo R$ 10 mil angariados à causa). É mais uma maneira interessante de possibilitar uma certa transparência deste universo, que tem de existir de forma autônoma nos canais de comunicação das instituições envolvidas.

O que importa, no final das contas, é encontrar nestes pequenos gestos, o sentido de pertencimento, pelo qual conseguimos dividir e compartilhar, se possível, de palavras a elementos de necessidade básica. E ter a percepção de que todos estamos juntos em um mesmo barco, mas alguns precisam de mais apoio do que outros, em momentos de crise.

*Sucena Shkrada Resk – jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

Veja mais sobre #Covid19, no Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk:
22/05/2020 – Parte 6 – Os impactos na saúde mental em tempos de pandemia de Covid-19
29/04/2020 – Parte 5 – Covid-19 e a valorização da pesquisa científica
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Parte 6: o impacto na saúde mental em tempos de pandemia da Covid-19
22/05/2020 13:56
Por Sucena Shkrada Resk
OMS lança documento em maio e iniciativas se multiplicam no Brasil
No conjunto de complexidades a respeito dos impactos da pandemia da Covid-19, a saúde mental ganha projeção em recentes pesquisas, e os comprometimentos são avaliados como “extremamente preocupantes”, segundo Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS). Constatação exige aumento de serviços de retaguarda nesta área em todo o planeta e relatório da organização lançado, neste mês de maio, trata justamente de propostas de políticas públicas sobre saúde mental aos governos, em vista deste quadro.

A combinação de solidão e isolamento e distanciamento social, com receio de contágio e de contagiar alguém, e de ter perdas reais ou hipotéticas de entes e amigos e da própria vida, como também do emprego e do meio de subsistência próprio e da família, funciona como uma combustão nesta desestabilização. O resultado é o aumento de casos de depressão e ansiedade em diferentes grupos sociais e, inclusive, suicídios.

São profissionais da saúde e de outras áreas da linha de frente do enfrentamento à doença, mulheres (principalmente arrimos de família), idosos, pessoas desempregadas, como também estudantes e grupos de imunodeprimidos. Qualquer pessoa está sujeita a passar por esta situação. Entre os efeitos no hoje está um receio ainda maior que paira – como será o amanhã em meio a tantas incertezas.

Um dado importante é que este assunto já é de interesse médico, bem antes da pandemia. Mais recentemente, em 2019, Damir Huremovic, médico norte-americano, edita o livro Psychiatry of Pandemics, aborda esta questão, em artigos de diferentes especialistas, unindo a medicina psicossomática e psiquiatria no contexto de um surto de doença infecciosa, observando os desafios apresentados pelas mudanças climáticas e pelas infecções emergentes. Contextualiza as crises durante a gripe espanhola de 1918, a epidemia de HIV, do Ebola e do Zika vírus, entre outros surtos e os possíveis mecanismo de respostas para atender aos pacientes.

Como enfrentar esta dimensão da crise?
Algumas iniciativas são expostas no documento da OMS, como a criação de planos de saúde mental e psicossocial de resposta a setores relevantes, com apoio à criação de ambientes de aprendizagem a crianças e jovens confinados em casa; de ações que respondam proativamente à redução das adversidades relacionadas à pandemia, como aumento da violência doméstica e do empobrecimento agudo da população.

Em mais frentes, apoiar ações comunitárias que reforcem a coesão social e redução da solidão, como atividades que ajudam idosos isolados a permanecerem conectados; investimentos em intervenções de saúde mental, entre elas, o tele-aconselhamento de qualidade garantida para a linha de frente profissionais de saúde e pessoas em casa com depressão e ansiedade.

E já com um olhar para o futuro, estruturar a garantia e ampliação de que a saúde mental faça parte da cobertura universal de saúde, incluindo cuidados com doenças mentais, neurológicas e transtornos por uso de substâncias nos cuidados de saúde de pacotes de benefícios e planos de seguro. Ao mesmo tempo, capacitar recursos humanos para esta área e a de assistência social, entre os trabalhadores da comunidade, para que possam fornecer suporte.

Os desafios já vêm antes da pandemia
Antes da pandemia, as estatísticas a respeito da saúde mental (distúrbios neurológicos e de uso de substâncias, risco de suicídio e deficiências psicossociais e intelectuais associadas) globalmente já são impactantes. A depressão e ansiedade já comprometem US$ 1 trilhão da economia no mundo anualmente; mais de 264 mi pessoas sofrem com a depressão. Os quadros são apresentados principalmente a partir dos 14 anos de idade e e o suicídio é a segunda causa principal de morte em jovens de 15 a 29 anos.

Os alertas não param por aí. Atualmente, entre 76% e 85% das pessoas com problemas de saúde mental, nos países de baixa e média renda, não recebem tratamento para sua condição e há menos de um profissional de saúde mental para cada 10.000 pessoas mundialmente.

Pesquisas e atendimento começam no Brasil
No Brasil, há diferentes iniciativas em andamento. A Fiocruz elaborou uma cartilha de Saúde Mental e Atenção Psicossocial na Pandemia Covid-19, que expõe algumas recomendações de cuidado psíquico aos cidadãos (ãs). Entre elas, estão:

  • Reconhecer e acolher seus receios e medos, procurando pessoas de confiança para conversar; retomar estratégias e ferramentas de cuidado que tenha usado em momentos de crise ou sofrimento e ações que trouxeram sensação de maior estabilidade emocional;
    • Investir em exercícios e ações que auxiliem na redução do nível de estresse agudo (meditação, leitura, exercícios de respiração, entre outros mecanismos que auxiliem a situar o pensamento no momento presente, bem como estimular a retomada de experiências e habilidades usadas em tempos difíceis do passado para gerenciar emoções durante a epidemia);
    • Se você estiver trabalhando durante a epidemia, fique atento a suas necessidades básicas, garanta pausas sistemáticas durante o trabalho (se possível em um local calmo e relaxante) e entre os turnos. Evite o isolamento junto a sua rede socioafetiva, mantendo contato, mesmo que virtual, entre outros.

Neste período de quarentena, a organização não governamental Rede de Apoio Psicológico está oferecendo atendimento gratuito e on line a médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, recepcionistas, profissionais da limpeza, que estão na linha de frente. Os profissionais interessados se cadastram na plataforma e os psicólogos e psicólogas se voluntariam ao atendimento.

No último dia 19 de maio, entrou em funcionamento o projeto TelePSI, coordenado pelo Ministério da Saúde e Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). A iniciativa de teleconsulta psicológica acontece por meio de uma central de atendimento a profissionais da saúde, de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, pelo 0800-6446543.

O Conselho Federal de Psicologia normatizou como deve ocorrer os procedimentos on-line por parte dos profissionais, que devem realizar o cadastro no e-Psi . Antes de optar por algum atendimento a recomendação é sempre checar se o profissional está cadastrado e as plataformas que estão oferecendo atualmente os serviços on-line gratuitos.

O Coletivo Psicanálise na Praça Roosevelt, de São Paulo, está realizando atendimento on-line, com informações por meio de sua plataforma no Facebook (que já tem lista de espera) . A plataforma Relações Simplificadas é mais um canal de atendimento psicológico à população.
Nesta matéria da Folha de SP, há informações sobre outros coletivos no país. Para residentes no estado de São Paulo, o Portal Psicologia Viva também está disponibilizando serviços gratuitos.

O Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP_USP) está realizando o atendimento on line à comunidade USP. Na Universidade de Campinas (Unicamp) profissionais de saúde mental também se dedicam a pacientes da Covi-19 e familiares.

No estado do Amazonas, a Comissão de Saúde Mental da Universidade Estadual (UEA) do Amazonas oferece serviço psicológico, por chamada telefônica ou de vídeo, entre 9h e 21h, com intervalo para almoço.

O Grupo de Estudos Pesquisas e Ações em Psicologia de Orientação Psicodramática (Grupo Creare), do Ceará, optou por atendimentos gratuitos por videoconferências no WhatsApp, com profissionais do estado até RS.

No Espírito Santo, foi criado o serviço gratuito “Psicologia para Todos”, que atende on-line à comunidade por meio de agendamentos no cel. (27) 99667-3196, como noticiado na Folha de Vitória. Em Santa Catarina, a Universidade do Extremo Sul Catarinense deu início ao Programa Acolher Unesc Covid-19, com agendamento pelo (48) 99644-1887, de segunda a sexta, das 8h às 20h. A Universidade Federal do Delta do Parnaíba, no Piauí, criou o Atendimento Psicológico Emergencial .

Inclusive, prefeituras, também entraram neste esforço de retaguarda psicológica à população, como a de Arapongas (PR), entre outras. E assim, os esforços se multiplicam pelo país.

Na segunda quinzena de maio, no escopo das pesquisas, começou o Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA Brasil) que tem o objetivo de avaliar repercussões psiquiátricas e psicológicas decorrentes da pandemia do novo coronavírus no país (entre outros temas) e é dirigida a 15 mil funcionários de seis instituições públicas de ensino superior e pesquisa de diferentes regiões.

Esta avaliação se dará por meio de respostas a questionários virtuais mensais. Até dezembro, deverá ocorrer a avaliação de sintomas depressivos e ansiosos, aumento de estresse e fatores de proteção e risco dessa população, segundo o médico psiquiatra André Russowsky Brunoni, professor associado da Faculdade de Medicina (FM) da USP.

Ele acrescenta, em entrevista ao Jornal da USP, que os pacientes que solicitarem auxílio psicológico, e apresentarem sintomas graves ou muito graves e piora superior a 50% nas escalas de depressão, serão convidados a passar por até cinco intervenções psicológicas on-line, com duração de 45 minutos, com profissionais de saúde mental experientes no manejo desses sintomas.
Nesta corrida pelo bem-estar da população, estas inúmeras iniciativas demonstram como a saúde mental deve ser prioridade durante e pós-pandemia.

*Sucena Shkrada Resk – jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

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Parte 5: #Covid19 e a valorização da pesquisa científica
29/04/2020 15:28
Por Sucena Shkrada Resk*
Esta pandemia reitera o quanto é crucial o investimento no capital humano científico

Nós, individualmente e como integrantes do coletivo da humanidade procuramos um norte, nesta pandemia da Covid-19. Neste horizonte de incertezas, a “bússola” leva a uma área que nos últimos tempos não tem recebido a devida valorização, que é a Ciência, como fonte primária confiável. Por trás dela, há um capital humano capacitado que carece de investimento constante do poder público e reconhecimento da sociedade para poder exercer seu trabalho envolto nos quesitos da imersão e ética, que resulta nesta credibilidade, que gera esperança. São epidemiologistas, infectologistas, biólogos, bioquímicos, biomédicos, engenheiros, patologistas, sanitaristas e cientistas sociais, entre outros diferentes segmentos.

Em recente pesquisa realizada pela consultoria Edelman Trust Barometer, que tratou do tema ‘Confiança e o Coronavírus”, o resultado divulgado em 16 de março deste ano, expõe que, na média geral, 85% disseram que precisam ouvir mais os cientistas e menos os políticos. Foram entrevistadas 10 mil pessoas on line divididas em grupos de mil por país, no Brasil, África do Sul, Alemanha, Canadá, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.

Aqui no Brasil, algumas instituições de ponta têm canalizado esforços principalmente no campo de testes para detectar a doença, produção ou avaliação de medicamentos e pesquisas com objetivo de produção de vacinas. Grande parte é pública (tanto na área federal, como estaduais). Em outra frente, pesquisadores estão produzindo equipamentos e insumos para o atendimento em hospitais para suprir o esgotamento nas unidades, principalmente de respiradores para os pacientes em estado mais grave e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) aos trabalhadores da saúde.

Há anos, entretanto, boa parte dos centros de pesquisa se deparam com uma linha tênue quanto ao desafio da falta de recursos públicos/privados e reconhecimento como meio crucial para o desenvolvimento das nações e do planeta. Na linha de frente, grupos de pesquisadores dependem de bolsas de pesquisa e os laboratórios necessitam de manutenção e investimentos permanentes em insumos e equipamentos. É uma ciranda constante extenuante. A situação ficou mais caótica com a redução de recursos na Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e no CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

Neste grupo de instituições localizadas em diferentes partes do país no combate à Covid-19, vale conhecer e valorizar a história e trabalhos que estão sendo desenvolvidos entorno do combate à Covid-19, por alguns polos como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Foi criado um link que congrega todas as ações em andamento (https://portal.fiocruz.br/coronavirus). O Instituto Butantan, na Universidade de São Paulo (USP) é mais uma referência importante, como também o Instituto de Medicina Tropical da USP e outros centros de pesquisa na instituição, além do Centro de Pesquisa Clínica da Unicamp.

Entre as universidades federais, estão a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e as de Brasília (UnB); Minas Gerais (UFMG); da Bahia (UFBA); do Ceará (UFC); do Rio Grande do Norte (UFRN); o Centro de Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), entre outras.
Nesta lista, também estão o Laboratório Nacional de Biociências do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (LNBio-CNPEM)

Para estabelecer um alinhamento geral, o Ministério da Saúde criou o Guia de Diretrizes para Diagnóstico e Tratamento da Covid-19, em abril deste ano.

Com uma lente de aumento sobre o processo de pesquisas sobre a Covid 19 no mundo, uma fonte importante de informação é a Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre as instituições em destaque, no monitoramento da pandemia, está a Johns Hopkins – Bloomberg School of Public Health, nos EUA.
Valorizar o trabalho desenvolvido por esta rede de cientistas, portanto, é valorizar iniciativas concretas em busca do bem-estar da humanidade, que não são calcadas em achismos e, por vezes, são mais demoradas porque precisam atender a protocolos éticos e seguros até seus resultados ou produtos estarem liberados à sociedade. Apesar de os esforços serem grandes para esta aceleração, devido à pandemia, é importante destacar que a ciência não trabalha no ritmo “fast food”.

*Sucena Shkrada Resk – jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

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Parte 4 – Em tempos de #Covid19 e #mudançasclimáticas
22/04/2020 16:34
No Dia Mundial da Terra, a reflexão sobre novos paradigmas de desenvolvimento
Por Sucena Shkrada Resk*
A expressão “em tempos de #Covid19 ou de #Coronavírus tem se fixado em nossas mentes para definir o atual momento histórico em que vivemos nos últimos meses. Este ano de 2020 definitivamente é para nunca mais esquecermos. Não deixa de ser um mantra que se espalha por todos os continentes do planeta Terra como um sinal de alerta quanto à forma desequilibrada de um significativo contingente da humanidade com “nossa casa comum”. Neste 22 de abril, data que deveria ser de celebração mundial, a mensagem é de questionamento. Pela primeira vez, devido à imposição das quarentenas, para evitar aglomerações e o perigo do contágio desta doença transmitida pelo coronavírus (SARS-CoV-2), nós temos a oportunidade de refletir e dialogar especialmente por meio digital, dentro de nossos “aquários” existenciais.

Em meio a esta crise humanitária, o “isolamento social” está resultando na diminuição da poluição e da pressão sobre os recursos hídricos e florestais em várias localidades, como Brasil, EUA, China e países europeus, constada por imagens de satélite das agências espaciais e pesquisas científicas. Em alguns locais, a redução chegou na casa de 50% num período de um mês.

Apesar de ser de uma forma “dolorosa” de atingir esta meta, ao mesmo tempo nos possibilita vislumbrar como pode ser uma Terra que boa parte de nós almejamos viver “em tempos de avanços das mudanças climáticas”. Este cenário ao vivo e em cores impõe a reflexão sobre a alteração possível de comportamento e prioridade na relação de consumo e bem-estar. O que as mesas de negociações entre as nações nas Conferências do Clima mundiais ainda pelejam para conseguir.

Os efeitos da lei de ação e reação revelam o quanto temos a dependência de nossas mudanças dos padrões de desenvolvimento na contemporaneidade. Um dos principais motivos para esta análise, se pauta na diminuição dos poluentes e gases de efeito estufa (GEEs), por meio da redução significativa das frotas veiculares nas ruas e da poluição industrial, consequentemente, diminuindo a utilização de combustíveis fósseis. E é justamente esta poluição que contribui para o agravamento dos casos da doença, que atinge especialmente as vias respiratórias, como a Covid-19. Afinal, anualmente mais de 7 milhões de pessoas morrem em decorrência da poluição, que é associada a muitas comorbidades, como cardiopatias e doenças pulmonares, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Portanto, em tempos de Covid-19, o campo hipotético de construção de cenários deixou de ser projeção e se transformou em realidade. Esta mudança nos obriga a decidir como pretendemos contribuir voluntariamente para um planeta saudável, e quem sabe, tornar o 22 de abril de 2021, uma data com uma nova leitura.

*Sucena Shkrada Resk – jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

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30/03/2020 – Parte 2: a expiral do novo coronavírus expõe a janela de fragilidade aberta no Antropoceno
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Parte 3: A Covid 19 e os desafios de nossos defensores no front de batalha
07/04/2020 14:31
Neste Dia Mundial da Saúde (07/04), fica o alerta em defesa de nossos profissionais da área da saúde
Por Sucena Shkrada Resk*
A batalha contra a Covid-19 está resultando em muitas baixas no front, em todo o mundo. No município de São Paulo, o médico socorrista Paulo Fernando, 56 anos; o enfermeiro Idalgo, 45; o cardiologista Ricardo Antonio e o anestesiologista José Manoel, no Rio de Janeiro; e a técnica em enfermagem Adelita, 38, de Goiás são alguns dos profissionais da saúde que morreram recentemente. Um pesar sentido por seus familiares, colegas de trabalho e por nós, da sociedade, com uma mensagem de agradecimento. Neste cenário de crise, milhares destes profissionais também estão sendo afastados de suas funções porque seus testes deram positivo para a doença. Neste Dia Mundial da Saúde, uma atenção mais aprofundada sobre estes cidadãos e trabalhadores.

Na Itália, cerca de 90 médicos também sucumbiram à doença transmitida pelo novo coronavírus até esta segunda-feira. Em Wuhan, na China, onde tudo começou no final de dezembro do ano passado, é importante frisar que o médico Li Wenliang, que foi um dos primeiros a notificar sobre o surgimento da doença – e não recebeu inicialmente o merecido crédito – também perdeu sua vida. Seus colegas, o oftalmologista Mei Zhongming e o médico Jiang Xueqing, morreram mais recentemente. Nos EUA, que se tornou o novo epicentro da Covid-19, devido ao número de casos, o cirurgião médico James Goodrich não resistiu à doença, e está entre as mais atuais baixas.

Cada uma destas perdas não pode ser esquecida, além de todos os profissionais aqui não mencionados, como todas as vítimas fatais no mundo, que já chegam a mais de 67,5 mil pessoas. Infelizmente não conseguimos homenagear merecidamente a todos que deram literalmente suas vidas pela recuperação de cidadãos e cidadãs em diferentes locais do planeta e àqueles que resistem bravamente todos os dias em seus plantões ou estão temporariamente afastados, em quarentena.

Mas o que é possível multiplicar, neste cenário de crise, são as reivindicações destes profissionais, que são um apelo por melhor infraestrutura para que possam atender com segurança. Globalmente, há um grande déficit de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), testes para a detecção da doença, como também de respiradores mecânicos para os casos mais graves. Os profissionais da linha de frente precisam de itens básicos, como sabão, álcool gel, de papel toalha, máscaras cirúrgicas, de proteção N95, óculos e aventais de proteção, entre outros. Os órgãos públicos e privados estão com dificuldade de conseguir cobrir a necessidade destes insumos com agilidade, pois esta demanda atinge a maior parte dos países.

Aqui no Brasil, a Associação Médica Brasileira (AMB) tem recebido centenas de denúncias sobre esta precariedade. No início do mês, já eram mais de 2,6 mil em todo o país. O Conselho Nacional e os regionais de Enfermagem também estão ouvindo os profissionais do segmento. Muitos têm recorrido ao próprio bolso para adquirir o material de segurança, enquanto estoques não são atualizados pelos gestores.

O problema, no entanto, é mais fundo, porque vivenciamos internacionalmente uma guerra comercial quanto ao suprimento destes itens, que coloca em profunda discussão valores éticos que estão sendo corrompidos pelo raciocínio de “quem paga mais, leva primeiro”. Ao mesmo tempo, está exigindo proatividade da área industrial para canalizar sua força produtiva para suprir esta falta de insumos. A maioria das automotivas do mundo começaram a se desdobrar neste esforço, como grandes empresas na área cosmética, de bebidas, da moda, de eletrodomésticos, entre outros setores da economia. Uma nova discussão surge: todos os países devem adquirir autossuficiência na fabricação e não podem ficar à mercê do monopólio de poucos, ou seja, das nações que detêm hegemonia no contexto do capitalismo.

No campo do empreendedorismo local, estamos vendo exemplos de costureiras que estão se desdobrando para produzir EPIs para hospitais. É realmente um esforço em “tempos de guerra”, uma guerra que exige de todos nós, novos paradigmas de desenvolvimento. É um raciocínio que se prolonga pós-Covid-19.
Nossos “soldados” do front, que vão desde as equipes de limpeza, segurança, assistência social aos profissionais da enfermagem e da área médica são nosso suporte real, que precisam ser assistidos em todas as suas necessidades. Desmerecê-los é um posicionamento fatal à toda humanidade.

Além do estresse físico, sofrem o mental. Se cada um de nós tentar se colocar por uma vez em seus lugares, talvez, tenhamos a dimensão deste imenso hiato na área da saúde. Não por acaso, aqui no Brasil, psicólogos também criaram na Rede de Apoio Psicológico, um serviço voluntário aos profissionais da linha de frente da Covid-19.

O distanciamento social orientado à população por infectologistas e autoridades se torna extremamente necessário, neste contexto, para que o sistema de saúde não entre em colapso. Para se ter uma ideia, hoje mais de 50% dos 12.500 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTIs) nos hospitais no estado de São Paulo já estão lotados por pacientes da Covid-19 e com outras doenças. Municípios, estados e o governo federal estão correndo contra o tempo.

Se esta retaguarda não estiver minimamente “desafogada” e as pessoas entrarem no ritmo normal de circulação, um verdadeiro caos é previsto, como já se vê em locais como EUA, Itália, Espanha, Equador e Irã, como outros. Os hospitais de campanha que estão entrando em funcionamento em vários pontos visam atender principalmente baixa e média complexidade para que leitos possam ser liberados nas unidades hospitalares formais para casos mais graves.

*Sucena Shkrada Resk – jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

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Parte 2: A espiral do novo coronavírus expõe a janela da fragilidade aberta no Antropoceno
30/03/2020 10:30
Com a pandemia da Covid-19, somos obrigados a descobrir novos caminhos para a humanidade
Por Sucena Shkrada Resk*
Existem algumas guerras que não são estruturadas com armamentos bélicos e que são tão devastadoras quanto a estes conflitos geopolíticos que têm assolado a humanidade, como a 1ª e 2ª Guerra Mundiais. A situação pela qual passamos, em 2020, com a pandemia da transmissão da COVID-19 pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) é um exemplo clássico desta realidade. Até este domingo (29/03), há o registro de 634.835 casos da doença e e 29.957 mortes no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A curva ascendente deve se estender por meses. Estes números ainda podem ser muito maiores, devido a subnotificações, pela falta de testes massivos nas populações. Vivemos em uma espiral que está sacudindo com os nossos aspectos material, psicológico e espiritual. Em que toda esta experiência vai resultar?

No histórico de Emergências de Saúde Pública de Importância Internacional declaradas pela OMS, esta é a sexta na contemporaneidade, e a mais comprometedora em todos os continentes. As anteriores foram a pandemia de H1N1 (24/04/2009); disseminação internacional de poliovírus (05/05/2014); surto de Ebola na África Ocidental (08/08/2014); vírus zika e aumento de casos de microcefalia e outras malformações congênitas (01/02/2016) e surto de ebola na República Democrática do Congo (18/05/2018).

Em todo o planeta, estamos em um front que expõe as vísceras de modelos carcomidos de desenvolvimento, neste período do Antropoceno, que não prezam a infraestrutura sanitária e da retaguarda da saúde pública que deveriam integrar o bem-estar equilibrado da saúde ambiental. Outro desprezo é pela conservação socioambiental, que é um pressuposto para o equilíbrio ecossistêmico e acima, de tudo, um teste para as políticas locais e geopolíticas elencar o que de fato é prioridade para o bem-estar socioeconômico. Tudo isso tem um preço, que está saindo muito caro para a sociedade global. Entre os efeitos colaterais de toda esta espiral, está a recessão econômica em curso.

O que fica evidente é que ninguém escapa da possibilidade de ser acometido pelas complicações severas da doença, em qualquer idade, mas a maior vulnerabilidade é dos idosos, dos imunodeprimidos, dos cardiopatas, diabéticos e das pessoas com doenças pulmonares; e dos mais pobres, que não têm acesso a moradia, coleta e tratamento de esgoto e água tratada. É aí que entra um componente de peso neste processo, que é a necessidade urgente de empatia e compaixão pelo outro, independente de ser familiar ou não.

Ao mesmo tempo, nos impõe repensar o que devemos colocar de racionalidade na relação de produção e consumo de bens tangíveis e intangíveis e o quanto são importantes as nossas relações familiares e sociais, de uma maneira geral. Nestas fases de distanciamento social, isolamento e quarentena, é como se abrisse um vídeo mental sobre o que deixamos de lado e nos faz imensamente falta. Como podemos sair transformados de tudo isso?

Algumas recomendações, que por sinal, servem para qualquer outra situação de precauções, permanecerão no nosso inconsciente coletivo como um sinal de alerta permanente: lavar as mãos com água e sabão; usar álcool em gel para a assepsia; água e água sanitária para a limpeza doméstica, ter etiqueta ao tossir e espirrar, priorizar equipamentos de proteção individual (EPI) aos que estão no front; respiradores e ventiladores nas UTIs… Medidas aparentemente óbvias, mas que estão sendo exaustivamente repetidas e que milhares têm dificuldade de cumprir, por falta de acesso à água e a todos estes insumos.

Este conjunto de circunstâncias nos faz pensar no coletivo de uma forma holística. Esta é mais uma oportunidade criada pela pandemia. Praticamente todos os 200 países do mundo estão sofrendo as consequências e veem a oportunidade e necessidade de auxílio mútuo no combate ao novo coronavírus, por meio de ajuda científica, tecnológica, médica, humanística, financeira…
As bolhas estão sendo furadas e vimos que o conceito de humanidade é muito maior que uma mera descrição no dicionário. Empreendedores a grandes empresas estão vendo o quanto faz sentido, agora, exercer a responsabilidade social em toda sua extensão.

O cidadão comum, por sua vez, seja em doações materiais e de cunho psicológico e emocional, por exemplo, batendo palmas ou cantando em suas sacadas, manifestam algum tipo de solidariedade em época de confinamento. É o exercício da empatia em ação.

Da China e toda a Ásia, à Europa, às Américas, à África e à Oceania, está sendo traçada uma trajetória de imposição de medidas drásticas pelos diferentes governos, sem uma data certa para acabar. Algumas mais assertivas, outras mais tardias. O norte ético está sendo dado mais uma vez pela Ciência e pela Medicina, que enfrenta ainda o desafio de superar a ignorância de céticos.
Estamos no “olho do furacão”, muitas curvas ascendentes da doença à frente. A saúde psíquica e emocional de todos nós também merece atenção. Como não nos fragilizar e nos deprimir devido às mortes de milhares de pessoas na China, na Itália, na Espanha, no Irã e que aumenta dia a dia aqui no Brasil, entre outros países? Manter a sanidade nestes tempos cáusticos é uma tarefa constante. Ninguém será mais o mesmo, após esta pandemia. Isto é certo.

Novos medicamentos em teste, inúmeros estudos em andamento de vacinas seguras que provavelmente demorarão na casa de um ano a um ano e meio a serem definidas revelam mais uma vez o quanto a Ciência é imprescindível e não pode ser sucateada.

O que também é um fato interessante e positivo é que todos os tipos de especulações indevidas, neste período, estão sendo duramente rechaçadas. Querer ganhar sobre a tragédia humanitária, com preços abusivos, não tem espaço neste front. A palavra “ética” ganha maior expressividade neste contexto.

Sistemas tributários mais justos e pacotes de assistência financeira estão sendo imperiosos senão os mais vulneráveis serão colocados à mercê do perigo de dizimações em massa. Por isso, a taxação de grandes fortunas é um tema que volta à cena nesta crise também do modelo capitalista.

Seja como for, os tempos difíceis e que exigem de todos nós, a capacidade de resiliência, ainda perdurarão pós-pandemia. Este “chacoalhão” no planeta, com as quarentenas, está demonstrando que quando desaceleramos no desmatamento, na emissão de poluentes pelos combustíveis fósseis, o meio ambiente começa a se regenerar. Há uma melhoria literalmente do clima. Mas com certeza ninguém quer que isso aconteça por causa de uma pandemia, mas da conscientização. Talvez este seja o legado após esta crise pela qual passamos.

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*Sucena Shkrada Resk – jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk

Um tipo de pressão transversal de obsolescência programada ronda unidades de conservação marinha brasileiras?
10/03/2020 10:36
Legislação do SNUC pode ser colocada em xeque, se UCs marinhas forem expostas à maior vulnerabilidade

Por Sucena Shkrada Resk*
Após duas décadas da criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC – LEI 9.985/2000), o Brasil se depara hoje com a possibilidade de flexibilizações mais permissivas anunciadas, neste mês, por meio do presidente do Instituto Brasileiro do Turismo (Embratur), Gilson Machado Neto, em rede social, que podem comprometer ecossistemas das áreas marinhas, segundo especialistas em ciência, gestão e direito socioambiental. A Secretaria de Ecoturismo do Ministério do Meio Ambiente já apresentou o Plano Nacional de Recifes Artificiais, no qual há a previsão de 128 a serem distribuídos por sete estados e no Distrito Federal, contando com 16 na região de Fernando de Noronha, PE, como também visitas de cruzeiros marítimos.

Esta pauta tem suscitado a cobrança de maior transparência no processo e diálogo mais aprofundado entre o governo federal e os estaduais e a sociedade, a Marinha do Brasil, a Academia, com pescadores artesanais, gestores, especialistas em Direito e empresários, entre outros segmentos. Afinal, o que está em jogo com todas estas propostas, de curto a longo prazos, quais são seus possíveis impactos socioambientais, quais são os critérios para a seleção destas áreas e com qual finalidade? Muitas questões estão em aberto.

Atualmente na área marinha brasileira, há 73 UCs de de proteção integral, que correspondem a 3,3% da área total e 104, de uso sustentável (23,1%). Ao fazer uma analogia sobre estes novos planos de incentivo ao turismo, o risco apresentado é como se o conceito transversal de obsolescência programada utilizado para produtos no mercado (com vida útil de curto prazo) fosse introduzido, neste caso, onde existe uma organicidade viva e em movimento. Qual é o verdadeiro custo-benefício de hipoteticamente gerar mais receita com o aumento do turismo por meio intervenções artificiais e aumento de visitação x o estresse sobre a conservação dos patrimônios e do equilíbrio socioambiental?

Vale destacar que a possível direção ao “esgotamento” de áreas de conservação pode ter um preço muito alto. Neste caso, não se trata de depois repor um produto novo, numa relação de consumo desenfreada. Os comprometimentos possíveis incluem espécies de fauna e flora e populações locais e outras consequências decorrentes, quanto aos oceanos e às mudanças climáticas.
A polêmica mais recente gira em torno de novas regras e atrações programadas para a região onde estão a Área de Proteção Ambiental Fernando de Noronha – Rocas – São Pedro e São Paulo; do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, PE, que além de serem UCs federal. O arquipélago foi reconhecido como Patrimônio Natural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e tem administração estadual.

De acordo com Neto, o aval na área da UC federal deverá partir do Ministério do Meio Ambiente/Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama)/Instituto Chico Mendes (ICMBio), como rege a legislação. Mas a pasta e os órgãos, ao serem questionados pela imprensa, não deram ainda um posicionamento mais concreto sobre este assunto.
Entre os pareceres contrários ao anúncio, está o do secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, José Bertotti. Ele reforça que existe um conselho gestor, que deve ser consultado, formado não só pelo governo federal, como estadual, por órgãos de proteção ambiental e empresários do arquipélago. Já existe também uma mobilização em curso liderada pelo Projeto de Conservação Recifal da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
No centro da polêmica, os argumentos contrários se sustentam principalmente em regras legais já estabelecidas com o licenciamento ambiental e o plano de manejo, que foram precedidos de estudos minuciosos, e que são mais restritivos. Noronha é um “santuário” de espécies em risco de extinção.

Os principais pontos que acarretam o alerta de especialistas tratam dos possíveis impactos socioambientais tanto em terra, como marítimos, previstos com a proposta da reabertura de Noronha para a visitação de cruzeiros, que estava proibida desde o ano de 2013. Com uma capacidade de carga, por ano, na casa de 100 mil visitantes, este novo cenário poderia exceder em muito este número, que já sofre pressão. Mais um ponto de vulnerabilidade é que, sem água própria potável, o arquipélago depende do governo do estado de PE para a dessalinização, além da questão delicada de infraestrutura para coleta e destinação dos resíduos ao continente. O risco de contaminação também por água de lastro, dejetos e outras substâncias provenientes das embarcações é potencializado.

Outra questão problemática é o anúncio feito pela Embratur, da abertura de 16 pontos de pesca e de mergulho em Noronha, com a implementação de recifes artificiais. Este é mais um tipo de intervenção que poderia facilitar o aparecimento de espécies invasoras, como do coral-sol. Este bioinvasor que ataca os corais nativos já foi detectado em naufrágios na região, como destaca o oceanógrafo e professor da UFPE, Múcio Banja, que atua em projeto de combate a esta espécie. Outros casos já foram relatados na Estação Ecológica (Esec) de Tamoios (RJ) .

O Brasil tem sofrido com espécies exóticas invasoras em águas continentais há anos. Há outros casos clássicos, como do peixe-leão, uma ameaça para as espécies de peixes e invertebrados aquáticos de recifes de corais, na região da Reserva Extrativista (Resex) Marinha do Arraial do Cabo (RJ), a partir de 2014.

Por isso, tanto a autorização de cruzeiros, como a implementação destas estruturas artificiais exigem argumentos sustentáveis e projetos complexos de longa duração, com monitoria contínua, por causa da possibilidade de efeitos adversos. Hoje um case em observação de recifes artificiais está ocorrendo no Parque Nacional Marinho das Ilhas dos Currais, no Paraná, por exemplo, por meio do Projeto Rebimar, licenciado pelo Ibama, que tem como argumento proposta de recuperação da biodiversidade e de estoques pesqueiros. Expor à sociedade quais são os riscos envolvidos e as diferentes metodologias e técnicas também é papel da gestão pública e dos órgãos fiscalizadores.

*Sucena Shkrada Resk – jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.
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Água: no eixo central nos cenários de conflito no mundo
03/03/2020 16:20
Por Sucena Shkrada Resk*
A água, apesar de ser um direito humano, tem sido menosprezada através dos séculos no planeta. Experiências que exemplificam este extremo são vivenciadas diariamente por meio de conflitos contemporâneos com relação aos recursos hídricos, cada vez mais escassos, em nações principalmente da África, do Oriente Médio e na Ásia. As causas mesclam origens climáticas, geográficas, de intervenções de grandes obras que reduzem a capacidade de vazão nas bacias, poluição hídrica, desperdício e dimensão do crescimento populacional. Seja qual for o motivo, a ação humana desencadeia este avanço de tensões.

A relevância deste problema tem levado a produções de pesquisas, como a que identifica cenários sobre as possíveis disputas pela água em regiões transfronteiriças criado pelo Centro Comum de Investigação (CCI) da Comissão Europeia (Likelihood of hydro political-interaction), com construções de perspectivas até 2050 e até 2100. Com mais alto risco, foram avaliadas as Bacias Hidrográficas do Ganges / Brahmaputra, Pearl / Bei Jiang, Nilo, Feni (ou Fenney), Indus, Colorado , Tarim, Shatt al-Arab – Tigre / Eufrates, Hari e Irrawaddy.

Seja qual for o local no mundo, o que fica claro é que a crise hídrica não é algo distante da realidade do hoje e é uma prioridade que deve estar constante nos planos de governo federais a municipais e no âmbito das cooperações internacionais, que incluem os orçamentos, com estratégias de ações de precaução e contingenciamento. O princípio para todas as medidas é da conscientização da premissa básica da importância da cultura do consumo racional, que envolve a sociedade, em todos seus extratos.

No documento “Água Doente”/ONU, do ano passado, talvez, o dado atual mais estarrecedor, é de que 1,8 milhão de crianças menores de cinco anos morrem anualmente, por falta de água limpa. E é justamente nos países em desenvolvimento, como o Brasil, que a maior parte do despejo de resíduos acontece, lançando 90% da água de esgoto sem tratamento.

As perspectivas são complexas. Mais de 2,7 bilhões de pessoas deverão ser atingidas no planeta pela falta d`água até 2025, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Para se ter noção, nem os serviços de saúde escapam dessa problemática. Aproximadamente um em cada quatro centros de saúde em todo o mundo têm falta de serviços básicos de água potável e mais da metade dos leitos hospitalares mundialmente são ocupados por pessoas com doenças relacionadas à contaminação da água.

Para combater o stress hídrico, alguns municípios a países têm investido em múltiplas ações, que têm demonstrado eficácia. Entre elas, sistemas robustos de saneamento ambiental, reuso da água e irrigação com o mínimo de probabilidade de desperdício, como também dessanilização, despoluição dos corpos hídricos, combate ao desmatamento e às emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs) por combustíveis fósseis, com investimento em energia limpa e renovável. O que fica claro é que uma ação isolada da outra não é suficiente e há necessidade de haver a sincronicidade dessas diversas medidas.

Uma das constatações dos pesquisadores do CCI é de que a capacidade institucional e de governança das instituições nacionais e supranacionais deve ser aprimorada para minimizar a vulnerabilidade dos sistemas específicos de bacias biofísicas e socioeconômicas à crescente pressão. Nesta colocação, está implícito um forte sentido da necessidade de gestões com cooperações multilarerais, que dá o sentido da unificação de esforços. Para suas análises, utilizam a aplicação do algoritmo de regressão chamado Random Forest.

O World Resources Institute (WRI) tem alertado quanto ao aumento do risco da intensificação da crise hídrica global, que será mais acentuada em cerca de 20 países, que correspondem a um quarto da população mundial. Uma das situações mais críticas é da Índia, tendo em vista que em seu território vivem 16% da população mundial (mais de 1,36 bilhão de pessoas) e lá só estão 4% das reservas hídricas mundiais. A pressão se estende também ao Catar, a Israel, ao Líbano, Irã, à Jordânia, Líbia, ao Kuait, à Arábia Saudita, Eritreia, aos Emirados Árabes, a San Marino, ao Barein, Paquistão, Turcomenistão, à Omã e Botswana.Mas esta lista é significativamente maior.

Na região da Bacia Hidrográfica do Rio Nilo, no continente africano, que tem 7 mil km de extensão, existe literalmente uma disputa pelo controle da água, tendo em vista os longos processos de estiagem e seca que atingem a região. Neste embate, as cisões começam a crescer. Por muitas décadas, Egito e Sudão mantiveram domínio, que tem sido questionado nos últimos anos por outros países, como Etiópia, Quênia, Uganda, Tanzânia, Ruanda e Burundi. Estas nações querem ter divisões iguais de acesso a estes recursos.

Quando vamos à região do Oriente Médio, na Bacia dos rios Tigre e Eufrates, a situação de tensão tende a aumentar. Com o predomínio da Turquia sobre as nascentes, Síria e Iraque questionam esta hegemonia, tendo em vista que a construção de hidrelétricas em território turco estaria diminuindo a vazão dos rios, nesta região cada vez mais castigada pelos baixos índices pluviométricos.

A preocupação com o stress hídrico mundial também atinge a América Latina, com destaque para o Chile e México. Especialmente no Brasil, o alerta é para Brasília, Campinas, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. No continente Europeu, a vulnerabilidade maior é na Albânia, Espanha, Grécia e Itália, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A relação de causa e efeito quando se trata de recursos hídricos tem consequências planetárias, com o quadro que se apresenta hoje e nas pesquisas quanto a cenários futuros. Ao se tornar motivos de conflitos, que tendem a crescer, demonstra que os modelos de planejamento de nossas cidades e nações não estão levando isto em conta. A pergunta que resiste: quais são as verdadeiras prioridades?

*Sucena Shkrada Resk – jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

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27/02/2020 – Pela quarta vez, é adiado prazo de obrigatoriedade dos planos municipais de saneamento no Brasil
29/01/2018 – Saneamento ambiental: Tamanduateí, um rio metropolitano em agonia
26/01/2018 – #Saneamentoambiental – 2018, lixões e aterros controlados: uma realidade ainda gritante no Brasil
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07/06/2012 Rumo à Rio+20: o valor oculto da água
23/05/2012 Nota: Saneamento está interligado a outras infraestruturas
23/05/2012 Riomais20 – Como tratará da realidade da África Subsaariana?
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19/10/2011 Esgoto: o calcanhar de aquiles do Brasil
28/10/2011 Por dentro do saneamento básico
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28/07/2011 Atenção às nossas águas

Pela quarta vez, é prorrogado prazo de obrigatoriedade dos Planos Municipais de Saneamento no Brasil
27/02/2020 13:22
A falta de comprometimento efetivo com a infraestrutura ainda é um desafio na esfera de mais da metade dos governos locais. Novo prazo estabelecido pelo Governo Federal é 31 de dezembro de 2022.

Sucena Shkrada Resk*
Cumprimento de prazos, eis um “calcanhar de aquiles” na agenda de políticas públicas nacionais que envolvem principalmente infraestrutura, e exigem a participação dos municípios no Brasil para que possam ser implementadas, no que tange às responsabilidades compartilhadas, que incluem os estados e o governo federal. Um dos exemplos mais crônicos no país se refere à obrigatoriedade de os municípios estabelecerem seus planos de saneamento, como determina a Política Nacional no setor, que é de 2007. Não é a primeira, nem segunda e nem a terceira prorrogação que o Executivo Federal anuncia. Agora, já é a quarta e o novo prazo é 31 de dezembro de 2022 contra o anterior, que era no final do ano passado. Isso demonstra que saúde ambiental não está sendo devidamente priorizada na gestão pública. O retrato deste descaso é que menos da metade das prefeituras no país têm seus planos (regulamentados ou não), como destaca o Instituto Trata Brasil.

Esta situação vem na contramão do Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 6 da Organização das Nações Unidas (ODS 6/ONU), que estabelece “assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todas e todos” até 2030. E reflete o contexto macropolítico, pois até hoje o Plano Nacional de Saneamento ainda não saiu do papel para ser efetivamente implementado, ao estabelecer metas e investimentos para duas décadas no setor, que seria um parâmetro de direcionamento aos municipais.

Neste ano, foi criado um Grupo de Trabalho Interministerial de Acompanhamento da Implementação do Plano. A coordenação é do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), com a participação de outras pastas, entretanto, o que se observa é que não há praticamente participação da sociedade civil. A monitoria deverá ser anual, com revisão a cada quatro anos, como já determinado em lei.

Déficit do esgotamento sanitário
De acordo com dados do Sistema Nacional de Saneamento (SNIS), vinculado ao MDR, vivemos em uma nação na qual 48% da população ainda não têm acesso à coleta de esgoto. Apenas 46,3% do volume de esgoto gerado é efetivamente tratado; e atualmente, 67,7% dos municípios da amostra não possuem mapeamento de áreas de risco.

Segundo o panorama divulgado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), em 2018 foram gerados 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos no Brasil e 40,5% foram destinados para locais inadequados: a maioria lixões, que já deveriam estar extintos pelos municípios.

Mais uma vez se observa o problema de adiamentos para a extinção destes locais, o que é determinado na Política Nacional de Resíduos Sólidos. Essas postergações vulnerabilizam cada vez mais a força da lei e os resultados práticos, que implicam, inclusive, impactos no Sistema Único de Saúde (SUS). Estas estatísticas revelam que boa parte da população também não está fazendo sua parte, que é de gerar cada vez menos resíduos e a destinação correta dos mesmos.
O levantamento foi feito sobre dados até o final de 2018 de 5.146 municípios, (92,4% do total de municípios brasileiros), com a representação de população urbana de 173,2 milhões de habitantes (83,1% da população total do país).

O que acontece, caso o prazo para os planos municipais de saneamento não for acatado? Pressupondo que não haja mais nenhuma postergação, o município que descumprir terá suspenso o acesso aos recursos orçamentários da União ou aos recursos de financiamentos geridos ou administrados por órgão ou entidade da administração pública federal, destinados a serviços de saneamento básico.

Isso implica que o problema se avolumará, pois a grande maioria das prefeituras não tem caixa próprio para bancar a concepção de projetos e as obras, que exigem manutenção. O efeito cascata implica efeitos danosos aos recursos hídricos, à saúde, resíduos sólidos, habitação, transporte e a todo o planejamento urbano. O que já vemos na prática diariamente, ao longo destes anos. Afinal todas estas políticas estão interligadas, incluindo a de educação ambiental.

Ao mesmo tempo, em que a área de infraestrutura de saneamento enfrenta desafios deste porte nos governos locais, um novo marco legal do setor deve ser analisado no Senado, até março deste ano, previsto no Projeto de Lei (PL) 4.162/19, com metas para uma década. Entre as propostas, está a expansão da iniciativa privada no segmento. Tema que tem gerado polêmica quanto as possíveis implicações futuras e merece maior discussão com a participação da sociedade.

Diante desta ciranda de adiamentos nas áreas de saneamento e de resíduos sólidos, há alguns instrumentos democráticos que podem ser utilizados, pois estamos na proximidade de mais um período de eleições na esfera municipal em que historicamente uma significativa parte dos candidatos não tem demonstrado o empenho devido para tratar destes temas. Aí está um bom momento para cobrar planos de governo concretos, que não perpetuem este descaso com estas áreas que são primordiais na gestão pública. É um momento para menos verborragia, e cobrar mais coerência e comprometimento.

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Brasil ocupa o primeiro lugar em casos de dengue nas Américas
19/02/2020 17:02
Cenário exige campanhas permanentes para combater criadouros do vetor Aedes aegypti
Por Sucena Shkrada Resk*
Quando a pauta é saúde ambiental, o Brasil tem trilhado uma linha tênue e perigosa, nos quesitos precaução, prevenção e efetividade, desde a esfera municipal à federal, quando se trata da dengue. A situação crítica da doença no país tem exposto esta lacuna de parte da gestão pública e da sociedade, nas responsabilidades compartilhadas. É uma doença que deveria se enquadrar na prioridade permanente da vigilância em saúde, com dotação orçamentária compatível, que envolve outras áreas dos governos, desde gestão de resíduos sólidos a saneamento.

Em 2019, foram registrados cerca de 2.242 milhões de casos da doença por aqui, visto a dimensão continental do país, que representam 70% das mais de 3 mi ocorrências nas Américas, no período, de acordo com a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS). É como se toda população de Brasília, no DF, tivesse sido atingida. Desse total, ocorreram 754 óbitos (sendo que em 2018, foram 155). O que preocupa as autoridades médicas é a existência de um novo subtipo do vírus – tipo 2, que ocasiona a dengue hemorrágica, que é letal. A situação atual supera a de 2015, quando ocorreu 2,4 mi casos na região.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem alertado, nos últimos anos, que a dengue é a doença do século e alerta: está sendo negligenciada. Historicamente, os primeiros registros da doença no continente latino-americano ocorreram há 400 anos, de acordo com o assessor regional da OPAS, José Luís San Martín. Com intermitências de registros com picos de surtos e epidemias, já houve tempo suficiente para que houvesse maior dedicação ao combate de seus vetores.

Com o avanço das mudanças climáticas, que refletem em chuvas e temporais com mais frequência, o cenário é perfeito para a eclosão dos ovos do mosquito fêmea do Aedes aegypti, quando infectado, transmissor não só desta doença, como da Chikungunya, do zika vírus e da febre amarela, chamada de arboviroses urbanas. Além do vetor transmissor Aedes albopictus. E 2020 chegou, e os registros continuam a preocupar! O período de chuvas regular deve ser presente, pelo menos, até abril.

Segundo o boletim epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde – 7/2020, do Ministério da Saúde mais recente de fevereiro, já são 94.149 casos prováveis de dengue até agora e a confirmação de 14 mortes (AC, MG, SP, PR, DF, MS) com prevalência em idosos e mais de 60 óbitos estão sob investigação. Entre os estados com maior número de casos, estão São Paulo, Paraná, Acre e Mato Grosso do Sul. Regionalmente, o Centro-Oeste, o Sul e Sudeste têm uma ascendência em registros. Em relação à chikungunya, foram notificados 3.439 casos prováveis, com maior incidência no Sudeste e Nordeste do país e destaque para o Espírito Santo e Rio de Janeiro.

Mas por que foi aberta esta janela epidêmica? Primeiro, é importante lembrar que os ovos do mosquito podem ficar até por um ano, “quietinhos”, latentes em ambiente seco, até o contato com a água. E criadouros urbanos – tanto com água limpa, como suja parada, de responsabilidade do próprio ser humano, ou seja, qualquer um de nós, não faltam por aí, não é? São pneus velhos, pratinhos de vasos, calhas, caixas d`água, piscinas e latões destampados, entre outros recipientes. Por isso, falar em precaução e prevenção não é banalidade. A vacina (com finalidade de utilização pública) contra a dengue, após muitos anos de pesquisa pelo Instituto Butantan, ainda está na última fase de testes em humanos. Hoje já existe uma outra vacina – a Dengvaxia (produzida por um laboratório particular francês, no mercado), e oferecida no sistema privado de saúde, que tem o objetivo de atender quem já foi infectado pelo vírus da doença anteriormente.

A utilização de repelentes e telas de proteção nas janelas também são mais alguns meios de proteção adicionais neste cerco à contaminação de alta complexidade.

Um ponto que não pode ser descartado, neste conjunto de ações, é que apesar de haver registros de picos de casos no país em diferentes períodos, nas últimas décadas, as campanhas mais assertivas ficaram sazonais, ao longo dos anos, e o tema se perdeu na burocracia das prioridades da área da saúde, que inclui saneamento e limpeza urbana, desde o nível municipal ao federal. Cada cidadão, por sua vez, tem a responsabilidade de combater focos em seus domicílios, locais de trabalho e da comunidade ou denunciar grandes focos onde não têm acesso para remediação.

Algumas ações do poder público com o envolvimento da sociedade têm sido noticiadas. Cidadãos (ãs) “arregaçam as mangas” em mutirões em suas comunidades. Uma destas iniciativas ocorreu no município de Concórdia/SC, no dia 15. Por sua vez, na corrida contra o tempo, vários municípios brasileiros estão realizando ações para eliminar criadouros. Ações que devem ser constantes o ano inteiro.

Nas Américas, depois do Brasil, o maior número de casos de dengue foi registrado no México (268.458); na Nicarágua (186.173); na Colômbia (127.553) e em Honduras (112.708). Com todos estes dados e fatos, o alerta permanente a ser reforçado é que a dengue é uma das doenças tropicais mais complexas de controle na atualidade, que depende do envolvimento e conscientização da população no combate aos vetores. Não é uma preocupação só no verão.

*Sucena Shkrada Resk – jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

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Antártica, 20 graus: o continente gelado emite sinal de alerta
14/02/2020 10:40
Registro de recorde não é motivo de celebração
Por Sucena Shkrada Resk*
Nem sempre os recordes são sinais de celebração. O que dizer, então, sobre o registro da temperatura de 20,75 graus C na Ilha Seymour, na Antártica, no último dia 9 de fevereiro? É bom frisar – GRAUS POSITIVOS, no continente gelado. O anúncio foi feito pelo cientista brasileiro Carlos Schaefer, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que integra o Projeto brasileiro Terrantar (que monitora os impactos das mudanças climáticas em 23 locais na Antártica), ao jornal britânico The Guardian.
O que significa esta informação?

Em linhas gerais, que o derretimento do gelo se acelera e contribui ao aumento do nível dos oceanos e mares. Com isso, há a desestabilização gradativa de todo o ecossistema e da vida na zona costeira e em países insulares, neste século, e clima no planeta. Mais um ângulo dos efeitos das Mudanças Climáticas e do Aquecimento Global na era fóssil e dos desmatamentos, que geram o descontrole dos Gases de Efeito Estufa (GEEs) e refletem no aumento da temperatura global. A pergunta que persiste diante deste desafio da humanidade: há tempo para ceticismos?

Apesar de ainda haver um trâmite oficial protocolar de se aguardar a confirmação dos dados pela Organização Mundial Meteorológica Mundial (OMM), o fato irrefutável é o seguinte: não há o que comemorar e nunca foi tão necessário defender a Ciência e o investimento em pesquisas. E priorizar a manutenção das pesquisas na base antártica brasileira Comandante Ferraz, reinaugurada em janeiro deste ano, após incêndio ocorrido há oito anos.

Além da Antártica, o processo de derretimento do gelo, com o aumento mais frequente das temperaturas, está acelerado na Groenlândia e no outro extremo do planeta, no Ártico, como também no Alasca e nos Andes. O relatório sobre os Oceanos e Criosfera produzido por cientistas que integram o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), apresentado na Conferência das Partes da Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima (COP-25), em dezembro, em Madri, reitera os alertas. E não é por acaso que foi instituída a Década das Nações Unidas para a Ciência dos Oceanos (2021-2030).

Antes dessa temperatura acima dos 20 graus C na Antártida, foi registrado lá, em 1982, 19,8 graus C, na Ilha Signy. No dia 6 de fevereiro deste ano, o extremo Norte da Península Antártica havia registrado 18,3 graus C, segundo pesquisador argentino da Base Esperanza. E em 2015 – 17,5 graus C. A porção oeste do continente tem apresentado os maiores impactos. As gigantescas geleiras Thwaites e Pine Island estão literalmente derretendo.

Por que a Antártida é tão importante para a humanidade no planeta?
A resposta é simples: 70% da água doce se concentram no formato de gelo e neve no mundo. Com todas as inconstâncias climáticas desde a era pré-industrial, cientistas do Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (IPCC) avaliam que os oceanos estarão até 110 cm mais altos até o final deste século. Isso quer dizer que o comprometimento de países insulares e de zonas costeiras é inevitável e deslocamentos migratórios em decorrência das mudanças climáticas e do Aquecimento Global já são uma realidade. Já em 2017, o Laboratório de Propulsão à Jato da NASA tem realizado previsões sobre o que pode acontecer com 293 cidades portuárias no mundo, com os derretimentos em massa do gelo em todas as principais áreas no mundo. Aqui no Brasil, Belém, Recife e Rio de Janeiro sofrerão impactos.

O que causa maior preocupação é que as cidades excepcionalmente se preparam para estes cenários e poucas têm planos de combate às mudanças climáticas, que inferem primordialmente a adaptação e redução de danos.
Na Antártica, o ecossistema já sofre baixas significativas. Os cientistas têm pesquisado o declínio de mais de 50% nas colônias de pinguins de chinstrap, que dependem do gelo marinho, na região da península Antártica. O clima, por sua vez, fica cada vez mais instável, porque altera as correntes oceânicas e os níveis do Aquecimento Global, segundo pesquisadores. É uma retroalimentação de comprometimentos, que tem o “dedo” do ser humano, neste período chamado Antropoceno.

*Sucena Shkrada Resk – jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

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Gafanhotos-do-deserto expõem os extremos da crise climática na África
13/02/2020 16:09
Situação atual em vários países do continente é avaliada como sem precedentes, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU)

Por Sucena Shkrada Resk*
A palavra “extremo” permite resumir o quadro complexo e caótico que países da África Oriental estão vivenciando desde dezembro do ano passado e que se agrava atualmente. Nuvens gigantescas com gafanhotos-do-deserto estão causando destruição. São bilhões de insetos que devastam plantações e pastos, alimentação de milhares de pessoas. Nada fica de pé. Este fenômeno, que ocorre, há séculos, ganhou proporções nunca antes vistas, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). A ocorrência de ciclones na Península Arábica e chuvas intensas, que têm se intensificado nos últimos três anos, possibilitaram a proliferação dos insetos. As mudanças climáticas expõem mais uma faceta nesta região já tão vulnerável no planeta do enfrentamento à praga migratória mais destrutiva do mundo.

Paquistão e Somália chegaram a declarar estado de emergência, agora, em fevereiro de 2020. Etiópia, Quênia, Djibuti e Eritreia já sofrem com a invasão. O risco também atinge Iêmen, Arábia Saudita, Omã, Sudão e Sudão do Sul e Uganda, e pode se propagar a outros países. A gravidade das consequências gerou alerta por parte da FAO, braço da área de alimentação e segurança alimentar da ONU. Mais de 11 milhões de pessoas, que vivem nesta região, já sofrem com a insegurança alimentar. Os processos migratórios são mais um fator que pesa neste processo de vulnerabilidade, somados às crises políticas e econômicas que afligem boa parte destas nações.

No intervalo de um dia, os gafanhotos podem atingir uma área de 150 km e uma nuvem de 1 km2 destes insetos, pode ter 80 mil exemplares e consumir alimentos correspondentes a 35 mil pessoas. Faça a conta da multiplicação da devastação…A situação é mais caótica, pois atinge populações que têm principalmente cultivos de subsistência e já sofrem com a insegurança alimentar.

Mark Lowcock, chefe humanitário da ONU, expôs a urgência de se arrecadar fundos, na ordem de US$ 76 milhões (já conseguiram US$ 20 mi), para combater a praga e evitar o risco de fome das populações, que já sofrem com este problema por causa das secas. Ele alerta que um terço dos 30 milhões de vítimas de insegurança alimentar pode ter a situação mais comprometida no extremo leste africano. Para se ter noção, uma nuvem com 200 bilhões de insetos pode consumir mesma quantidade de alimentos que 84 milhões de pessoas em um dia no Quênia.

A média de vida do gafanhoto é de cinco meses e com o risco de chuvas, que facilitam sua proliferação, o número de exemplares pode crescer em 500 vezes, de acordo com a FAO. Para complicar o quadro, que já é desolador, a técnica utilizada atualmente ainda é com pesticidas. Métodos de biocontrole ainda estão em estudo.

O comprometimento na economia destes países é de grande vulto. Para se ter ideia, houve o prejuízo de US$ 2,5 bilhões em perdas de colheitas, quando houve outra invasão de gafanhotos no norte africano, entre 2003 e 2005.

Em qualquer cenário diante desta invasão de gafanhotos-do-deserto, a resiliência humana de povos africanos mais uma vez é colocada em xeque. Um preço muito alto a ser pago pelo descompasso da humanidade acelerado por um modelo de desenvolvimento fóssil.

*Sucena Shkrada Resk – jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

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Adaptação à Mudança do Clima: do papel à ação, uma longa distância
12/02/2020 14:28
Reflexo de temporal em SP, nesta semana, abre uma discussão importante sobre o papel do planejamento urbano

Por Sucena Shkrada Resk*
Vocês já devem ter ouvido dizer pelo menos uma vez que o Brasil é um dos países com maior arcabouço legal na área socioambiental. Isso não quer dizer, entretanto, que reflita na execução destes instrumentos. Maior prova recente disso são os efeitos desastrosos dos temporais na região metropolitana de São Paulo e interior, que se avolumaram devido ao mau planejamento urbano de décadas e séculos, e ausência de sistemas de precaução e adaptação. Se o Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima, criado em 2016, e a Política Estadual de Mudanças Climáticas (2009), realmente estivessem regulamentados e em vigor, mortes, desabamentos, deslizamentos e enchentes, entre outros danos, poderiam ter sido amenizados mesmo com os altos índices pluviométricos. Vale dizer, índices que tendem a ser mais rotineiros no nosso dia a dia.

Por 25 vezes a palavra “adaptação” é citada na política estadual. E eis a interpretação básica do termo: “adaptação: iniciativas ou medidas capazes de reduzir a vulnerabilidade de sistemas naturais e da sociedade aos efeitos reais ou esperados das mudanças climáticas”.

E ressalta, que entre os objetivos específicos da política está a implementação de ações de prevenção e adaptação às alterações produzidas pelos impactos das mudanças climáticas, a fim de proteger principalmente os estratos mais vulneráveis da população.

Já nas diretrizes: “cooperar nos preparativos para a prevenção e adaptação aos impactos da mudança do clima, desenvolver e elaborar planos adequados e integrados para a gestão de zonas costeiras, áreas metropolitanas, recursos hídricos e agricultura, bem como para a proteção e recuperação de regiões particularmente afetadas por secas e inundações”.

No papel também está no contexto da comunicação, a existência de um mapa com avaliação de vulnerabilidades e necessidades de prevenção e adaptação aos impactos causados pela mudança do clima, integrado às ações da Defesa Civil, integrando as realidades municipais.

Todos estes itens devem estar em consonância com a Política e Plano Estadual de Recursos Hídricos, como também com a Política Estadual de Resíduos Sólidos.

E um dos mais importantes trechos da Política Estadual de Mudanças Climáticas paulista é que o Poder Executivo estabelecerá um Plano Estratégico para Ações Emergenciais (PEAE), para resposta a eventos climáticos extremos que possam gerar situação de calamidade pública em território paulista, notadamente em áreas de vulnerabilidade direta.
Ao se ater a estes tópicos, a realidade diverge drasticamente, não é? O que se vê é um contingente enorme de cidadãos (ãs) vivendo em morros, em áreas de várzea; rios e córregos naturalmente sinuosos que foram retificados ou canalizados, o que é algo que acentua os efeitos danosos; alta produção e destinação incorreta de resíduos sólidos nas cidades, que acarretam o assoreamento dos corpos hídricos, e a existência ainda de centenas de lixões e aterros controlados. Mais um fator grave são as milhares de vias impermeáveis.

Apesar de termos um sistema de previsão meteorológica dos mais modernos no mundo, os mesmos não são utilizados de forma casada para o sistema de prevenção, alertas à população.

O que aconteceu na capital paulista, em Carapicuiba, Osasco, Botucatu, Santana de Parnaíba, entre outros municípios não pode ser creditado no pacote da “fatalidade”. Ver 7 mil toneladas de alimentos indo para o lixo na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo Ceagesp, que está há décadas em uma região de várzea, é algo que reflete o descaso com algo que não é ignorado pelos gestores. Será que realmente as famílias de seis mortos, em decorrência do temporal, precisavam estar passando por esta situação extrema?
Ter o registro de 10.371 ligações, 2.345 ocorrências, 1043 enchentes,193 desabamentos/desmoronamentos e 219 quedas de árvores, segundo os bombeiros, é algo que alerta toda sociedade sobre o porvir. Índices pluviométricos acima de 100 milímetros e na ordem de até 190 milímetros (como ocorreu em Itanhaém), na janela de um dia, tendem a se repetir mais vezes.

Nos anos 50, historicamente não havia praticamente dias com chuvas extremas (acima de 50 mm) em um dia. Já na última década, ocorrem até cinco vezes ou mais anualmente, como destaca o climatologista José Marengo, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Segundo ele, se trata de mudanças climáticas, mas também do contexto da urbanização desordenada, o que é algo que precisa ser pensado emergencialmente no planejamento urbano.

Não se trata de acasos, mas de uma combinação de circunstâncias, que implicam uma outra visão de desenvolvimento. O sustentável não pode ser utilizado como uma palavra vã. O arcabouço legal, por sua vez, deve se tornar prática, para que não seja instrumento de inação.

*Sucena Shkrada Resk – jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

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“Eu quero minha história de volta”, diz ex-moradora de Paracatu de Baixo, MG
04/02/2020 12:41
Desabafo ocorre sobre recordações dos impactos do rompimento de duas barragens de rejeito da Samarco
Por Sucena Shkrada Resk*, em Mariana (MG)

“Levaram embora nossa história, eu não me sinto feliz”. Com esta frase, M.C.S., 45 anos, antiga moradora da comunidade de Paracatu de Baixo, subdistrito a 35 km de Mariana, MG, sintetiza o sentimento que ainda persiste com intensidade, após o rompimento de duas barragens de rejeitos de minério da Samarco (da Vale e da BHP Billiton), na região de Bento Rodrigues, que compromete até hoje a Bacia do Rio Doce até a região estuarina do Espírito Santo. O dia 5 de novembro de 2015 abriu uma lacuna em sua vida pacata na zona rural, quando em poucos minutos se viu obrigada a sair de sua casa com familiares, deixando tudo para trás, que ficou sob a lama. Ao todo, oficialmente 140 famílias foram afetadas diretamente nesta área e 255, na comunidade de Bento Rodrigues. A tragédia resultou em dezenove mortes.

“Sinto falta da comunidade, de ver as pessoas (olho no olho). Tem gente de Paracatu que não vejo há quatro anos. Cada um foi para um bairro diferente. Apesar de eu estar com meu marido e meus seis filhos, em um sobrado alugado pela empresa (moradia temporária), em Mariana, e recebermos uma ajuda financeira, não me sinto à vontade. Aqui não é nosso”, conta a moradora. A família aguarda uma casa definitiva em projeto de construção de novo subdistrito, que está sendo providenciada pela Fundação Renova, responsável pelo atendimento às vítimas, de acordo com o Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC), firmado em 2016. Mas quando conseguirão mudar, ainda é uma interrogação. A estimativa é que seja até dezembro, segundo ela. Enquanto isto, o compasso de espera acumula anos.

M.C.S. trabalhava em serviços gerais em uma escola rural, além de ajudar o marido agricultor, que agora trabalha cinco dias em uma fazenda e só consegue voltar aos finais de semana para casa. “Quando tudo aconteceu, meu psicológico ficou afetado. Preferi não trabalhar mais com crianças em outra escola aqui por Mariana e consegui um serviço administrativo (mais impessoal)”, diz. Dessa forma, segundo ela, sai do trabalho e vai direto para casa. Deixou de ter o convívio social de antigamente e, por muitas vezes, se sente segregada, por pessoas que não conhecem ou entendem as perdas e o sofrimento pelos quais passaram e ainda perduram. “Tem muita gente que acha que não temos direito a estes benefícios e isso me deprime”, desabafa.

A rotina da família foi quebrada. “Meus filhos agora não podem mais conviver diariamente com o pai. Nossa vida era muito tranquila e unida no sítio”, recorda.
Como um pequeno elo, para não esquecer a vida no campo, o casal mantém uma horta no fundo do sobrado, onde atualmente cultiva couve, entre outras hortaliças. “Eu queria minha história de volta, tudo ficou embaixo do barro. Nem nossos documentos conseguimos salvar, tivemos de refazê-los. Nunca mais poderei ver o nosso álbum do casamento, dos primeiros anos dos meus filhos. É como se tivessem apagado tudo. Nossa casa lá, construímos aos poucos, com esforço”, desabafa.

Nas suas memórias, ficou marcado o último dia em que viram a pequena Cachoeira de Paracatu, onde iam se banhar, nos momentos de lazer. “Foi no feriado de 2 de novembro, depois ela também desapareceu”.

Em um grupo de whatss-up com antigos vizinhos, M.C.S. consegue se atualizar sobre o processo da reconstrução da vila em outra área e como está a segurança dos moradores, ao longo destes anos. Cada vez que temporais assolam a região, uma sensação desagradável toma conta dela. “Fico triste. Em Monsenhor Horta (ontem, dia 24 de janeiro), uma amiga falou que estavam isolados, mas hoje já está tudo tranquilo, ainda bem”, relata. O Distrito de Antônio Pereira também sofreu com as águas. “Hoje (25 de janeiro) faz um ano da tragédia em Brumadinho, nem quis ver na TV. Foi bem pior, perdas de tantas vidas. Aqui foram principalmente perdas materiais e do meio ambiente. Nunca mais voltaremos ao nosso lar”.

O relato da moradora de Paracatu de Baixo revela um pouco da humanidade que fica escondida sob números e esquecida ao longo dos anos. São perdas imateriais, além das materiais, que talvez estas vítimas nunca superem.

(obs: em respeito ao seu pedido, sua identidade e imagem estão sendo preservadas. M.C.S. aceitou aparecer de costas nesta entrevista concedida ao Blog, em Mariana, MG, em 25 de janeiro de 2020).

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*Sucena Shkrada Resk – jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

Minas Gerais: um recorte sobre os abalos sísmicos e a gestão de riscos
03/02/2020 11:22
Por Sucena Shkrada Resk*
O Brasil tem na casa de 500 abalos sísmicos anualmente e pouca gente tem conhecimento disso. Minas Gerais é um dos estados que historicamente registra os maiores números de terremotos no país (a maioria entre 1 e 4 graus na Escala Richter, que vai até 10 graus), o que é um aspecto relevante que deveria ter um peso considerável para se tecer de forma mais segura, os planejamentos urbanos, como também objeções a tantas lavras minerárias, que mantêm detonações e consequentemente passivos ambientais, como barragens de rejeitos, que desestabilizam o solo.

No estado, algumas das localidades que têm apresentado mais incidências dos tremores, nas últimas décadas, são Nova Lima, Pedro Leopoldo e São José da Lapa, na região metropolitana de Belo Horizonte; Capitão Enéas, Itacarambi e Montes Claros, na região norte mineira, e Carmo do Cajuru, no centro-oeste do estado, entre outras. Os reflexos dos tremores geralmente são sentidos a quilômetros de distância, o que potencializa os seus efeitos.

Na sexta-feira, 31 de janeiro, a Rede Sismográfica Brasileira registrou um abalo sísmico, na região de Santo Antônio do Jacinto; no dia 30, no município de Santa Bárbara, MG. No dia 28, foi em Sete Lagoas, e no dia 22, em Pedro Leopoldo e em 21 de janeiro, em Capim Branco.

As combinações de ações humanas e fenômenos naturais, como estes abalos sísmicos, mesmo que com baixa e média magnitudes, geram apreensão. Imagine o temor que moradores da cidade histórica de Congonhas sentiram em novembro de 2019, por exemplo, quando houve um terremoto de 3.2 na Escala Richter, na altura da cidade de Belo Vale. Essas pessoas estavam a uma distância de 40 km do epicentro, e convivem com a pressão quanto à presença de uma barragem de rejeito próxima. Nesta ocasião, não houve nenhum dano registrado, mas o risco sempre existe. Em maio do mesmo ano, houve um sismo de 3.9 na região de Delfinópolis, divisa com o estado de São Paulo, que foi o maior em 29 anos naquela localidade.

De acordo com a Rede Sismográfica Brasileira, o município de Felixlândia, onde fica a Usina Hidrelétrica de Três Marias, apresentou tremor em 22 de julho de 2019 e 05 de dezembro do mesmo ano.

Todas estas ocorrências alertam para a necessidade de um sistema de precaução e adaptação mais rigorosos e isto implica modelos construtivos mais seguros e zonas nas quais não deveriam haver povoamentos, seja na zona urbana ou rural. Relevos acidentados acentuam o grau de gravidade na construção de cenários.

Estudos começam a expor este aspecto geomorfológico, de falhas geológicas e/ou de encontros de placas tectônicas, importante que deveria ter maior relevância nos planejamentos urbanos, tendo em vista, as inúmeras áreas de risco no estado. Em 2017, por exemplo, o Núcleo de Estudos Sismológicos (NES) da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) realizou um levantamento, no qual apurou que no ano de 2016, houve 88 tremores no estado, sendo que 36 aconteceram em municípios próximos a Belo Horizonte e 34, no Norte de Minas. A maior incidência no Brasil.

Numa linha histórica, entre 1824 e janeiro de 2017, foram totalizados 738 tremores no estado. Quatro deles acima de 4 graus na Escala Richter. O município de Itacarambi, em dezembro de 2007, sofreu um abalo sísmico na ordem de 4,9 graus, que resultou no registro da primeira morte provocada por um tremor de terra no Brasil, de uma menina de 5 anos. Já Montes Claros se configurou como o município com o maior número de casos no mesmo período: um total de 172 tremores. A causa se deve à falha geológica encontrada a cerca de 2 mil metros de profundidade, com três quilômetros de extensão, entre a região do Parque Estadual da Lapa Grande e a área urbana.
Este trabalho foi uma cooperação técnico-científica com o Observatório Sismológico da UnB e o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (IAG/USP).

Com estas constatações, é possível observar que as agendas dos gestores públicos não podem se atrelar a grandes “guardas-chuvas”, sem se ater aos detalhes. Porque são estes detalhes que compreendem o que é definido como gestão de riscos.

*Sucena Shkrada Resk – jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

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Saúde ambiental: estado de alerta mundial para o coronavírus reflete um desequilíbrio ecossistêmico
23/01/2020 12:18
Por Sucena Shkrada Resk*
Maior parte dos registros de casos, até agora, se concentra na China e em outros países asiáticos

A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta mundial sobre a propagação do coronavírus (2019-nCoV) e instituiu um comitê de emergência com renomados cientistas mundiais, desde o dia 22 de janeiro, para avaliar se o surto se tornará uma emergência de saúde pública de interesse internacional. Esta decisão foi confirmada no dia 30 de janeiro. Já há registros oficiais de mais de 7711 casos confirmados e 12167 suspeitos na China. Dos casos confirmados, 1370 são graves e 170 pessoas morreram. Há outras centenas de notificações até agora na Coreia do Sul, Japão, Tailândia,Taiwan, Singapura, Vietnã e Arábia Saudita mas existe a estimativa de que este número esteja crescendo exponencialmente. Os EUA registraram seu primeiro caso, na cidade de Seattle. No Brasil, nove casos suspeitos estão sendo acompanhados. Este surto caracteriza um desequilíbrio ecossistêmico, que demonstra que a saúde ambiental está sendo colapsada pelo ser humano, ao longo dos anos.

Pelo mundo, estão sendo analisados casos suspeitos. Aqui no Brasil, em Belo Horizonte, uma paciente que havia retornado da China, há poucos dias, está sob monitoramento da Secretaria de Estado de Saúde, desde o dia 21. O Ministério da Saúde, de acordo com anúncio feito à imprensa, avalia que o conjunto de sintomas e o local de origem descartam a possibilidade de ela estar com o coronavírus. Entretanto, os exames para confirmar ou descartar a doença serão analisados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. Monitoramentos também estão sendo executados na Austrália, nas Filipinas, em Hong Kong e no México.

Esta doença ainda pouco estudada ocasiona desde resfriados à pneumonia e insuficiência renal e pode ser transmitida também entre humanos, no caso de algumas cepas. Nos casos de contatos dos infectados, o protocolo de saúde define pelo menos 14 dias de observação. É aí que se concentra a preocupação das autoridades sanitárias, tanto que este tipo de aviso de “emergência” só havia sido emitido em anos anteriores, quando ocorreram epidemias de febre ebola, gripe suína H1N1 e zika vírus.

Os principais sintomas são dificuldade de respiração, falta de ar, febre e tosse. Entre 2002 e 2003, houve o registro da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) ocasionada também por um tipo de coronavírus, que havia atingido principalmente a China, resultando em cerca de 800 mortes. A sua origem primária, segundo cientistas, foi do gato-de-algália, parente do guaxinim. Outra doença que surgiu foi a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV), que passou de dromedários para humanos.

Segundo pesquisadores, há diferentes cepas do coronavírus e anteriormente as mais conhecidas eram relacionadas à infecção provenientes de animais, como camelos/dromedários e morcegos. Este tipo que atinge humanos exige maior aprofundamento de pesquisa.

Uma das linhas de hipóteses da propagação do surto atual é que a causa esteja concentrada em um mercado de frutos do mar em Wuhan, cidade chinesa a 900 km de Xangai, na qual houve as primeiras notificações a partir de dezembro do ano passado. Por lá, também são comercializados outros tipos de animais. O local, que é considerado o epicentro de transmissão ativa da doença, foi isolado em quarentena pelas autoridades chinesas e seus habitantes também começaram a utilizar máscaras. Os espaços públicos e coletivos foram fechados preventivamente. A segunda cidade isolada é de Huanggang, a 65 km.

Em vários aeroportos e portos do mundo, incluindo os do Brasil, já têm a recomendação de prevenção, segundo protocolos mundiais.

Diante dos riscos de contágios, a OMS acentua a necessidade da realização de lavagem frequente das mãos, principalmente após o contato com pessoas doentes ou com o meio ambiente, como também evitar o contato próximo a animais selvagens e animais doentes em criações e fazendas. Outras medidas preventivas são cobrir a boca e o nariz ao tossir e espirrar e cozinhar bem alimentos como carne e ovos.

Este é mais um desafio de saúde pública mundial, que revela nas últimas décadas, o aumento de surtos, epidemias e pandemias mundiais, que sinalizam um descompasso na saúde ambiental no planeta. E retoma uma discussão importante: precaução e prevenção como premissas básicas em qualquer modelo de governança local, regional e global.
Seguem algumas dicas de sites para consulta sobre o tema coronavírus:

  • OMS;
  • Ministério da Saúde;
  • Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo;

*Atualização em 30/01/2020.

*Sucena Shkrada Resk – jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

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Guerra na Síria: todo o peso da expressão “infância roubada” sobre mais de 5 milhões de crianças
21/01/2020 13:12
Por Sucena Shkrada Resk*
Este é um dos exemplos mais cruéis de obstáculos aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs), que se multiplica em outras nações no mundo

Quando observamos atentamente as consequências dos oito anos e meio da devastadora Guerra na Síria, alguns dos pontos mais nevrálgicos impostos pela violência aos direitos humanos são expostos nos impactos a um universo superior a 5 milhões de crianças. Muitas tiveram suas vidas abreviadas e milhares carregarão sequelas permanentes físicas e psicológicas, além da orfandade precoce. Esta situação também se repete em outras nações em conflito e guerras, como Afeganistão, Israel-Palestina, Iêmen, Iraque, Líbia, Nigéria, República Democrática do Congo, Somália e Sudão do Sul. De acordo com a organização não governamental Save The Children, uma em cada cinco crianças no mundo vive em meio à guerra, o maior registro em duas décadas.

Este contingente de meninos e meninas é privado de todos os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), destacando a erradicação da pobreza; fome zero; boa saúde e bem-estar; educação de qualidade. Que horizonte terão até 2030?

O relatório “Eles apagaram os sonhos dos meus filhos”, da Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre a Síria, lançado nesta semana, traz este cenário de violações que são evidência de agressão total ao Direito Internacional e pode ser classificado de crime hediondo, dado o grau de barbárie em todos estes anos.

A comissão integra o sistema da Organização das Nações Unidas (ONU), que é presidido atualmente pelo professor brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro. A expressão “infância roubada” utilizada no documento tem um simbolismo significativo e retrata uma das maiores catástrofes humanitárias do século XXI.

“…As violações na Síria são enormes. Primeiro porque muitas crianças são presas arbitrariamente, torturadas, submetidas a violações de ordem sexual, tanto os meninos quanto às meninas, mas também outros crimes, como o casamento precoce das meninas, obrigadas a casar com maridos incrivelmente mais velhos”, relata Pinheiro. O título do relatório se refere a uma citação em uma entrevista de 2012 com uma mulher narrando ataques à sua aldeia em Idlib.

O documento é resultado da apuração de cinco mil entrevistas realizadas com crianças e adultos entre o período de setembro de 2011 e outubro de 2019. Entre as inúmeras constatações, está o uso de armas químicas, munições de fragmentação e bombas por forças pró-governo.
O mini-documentário “Crianças Sírias Explicam a Guerra”, da BBC, em 2016 ainda é muito atual e expõe as falas de meninos e meninas, que revelam pelo olhar e suas memórias e perspectivas, o quanto uma guerra pode roubar a infância.

Esta gama de atrocidades tem provocado sucessivos deslocamentos internos dessas crianças. Nesta imposição da violência física e psicológica, são privadas do direito de estudar, pois milhares de escolas foram destruídas. Estima-se que pelo menos, 2,1 milhões estão fora da sala de aula; de brincar ou melhor, de ser criança, pois são utilizadas para fins militares.

De acordo com o Unicef, braço para a o direito da infância da ONU, existe um contingente próximo de 28 mil crianças de 60 nacionalidades, sendo a maior parte do Iraque, que também estão em acampamentos de deslocados em território sírio. Uma grande parte está separada de seus familiares.

No Iêmen, a situação da vulnerabilidade infantil também é gritante. O Unicef alerta que mais de 15 milhões de crianças precisam de ajuda humanitária. O país segue para o quinto ano de conflito e já registra a morte e/ou ferimento de cerca de 8 mil crianças. Um caos de perspectiva futura. Uma dessas constatações é que 2,5 milhões – metade das crianças do país com menos de 5 anos – estão com o crescimento atrofiado, o que é considerado irreversível e mais de 2 milhões de crianças estão fora da escola.

Esta crise humanitária expõe as vísceras de regimes despóticos e totalitários e um cenário geopolítico ainda baseado na detenção do poder pela força, calcado no maciço investimento bélico e no apoio de potências antagônicas, que têm interesse nessas regiões, por inúmeros fatores. Entre eles, o petróleo e interesses comerciais de commodities, além de disputas territoriais. Ao mesmo tempo, reflete, em muitos casos, conflitos históricos, que misturam questões culturais e religiosas e muitas vezes, que se acentuam com a xenofobia. Este é o presente e o futuro que queremos para as novas gerações?

*Sucena Shkrada Resk – jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.
obs: crédito da foto: Unicef/Romenzi

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Ana Maria Primavesi: a pioneira semeadora da Agroecologia
17/01/2020 13:45
Por Sucena Shkrada Resk*

A construção da história se tece com ícones. Quando se trata da Agroecologia, a personagem que emerge é da engenheira agrônoma e Doutora em Cultura de Solos e Nutrição Vegetal Ana Maria Primavesi, que partiu para o outro plano, aos 99 anos, no último dia 5 de janeiro, deixando um importante legado para a atual e as próximas gerações: o ensinamento prático e teórico de como é possível cultivar e manejar o solo em consonância com a conservação socioambiental. Premiada inúmeras vezes, ao longo de sua carreira, o que é digno de nota é que sempre se manteve humilde e solícita para compartilhar seus conhecimentos.

“A natureza é perfeita como Deus criou e não como o homem quer” (Ana Primavesi).
De origem austríaca, aos 22 anos, Ana Maria se formou na Universidade Rural para Agricultura e Ciências Florestais. Segundo ela, o seu encantamento por este modelo de agricultura que já se constituía como princípios da futura Agroecologia, se deu durante este período, no qual em intensas pesquisas práticas estudava o entrosamento entre o solo, as plantas e a micro-população que o compõe. Uma grande fonte de inspiração, segundo ela, foi ter a oportunidade de atuar em trabalho de campo com o professor Johannes Görbing, que defendia uma agricultura sustentável.

“O segredo da vida é o solo, porque do solo dependem as plantas, a água o clima e a nossa vida. Tudo está interligado. Não existe ser humano sadio se o solo não for sadio” (Ana Primavesi).

Mas bem antes disso, durante a Segunda Guerra Mundial, a jovem engenheira agrônoma teve de aprender a lidar com a terra e os extremos. Carpia, recolhia esterco, colhia e semeava. A fome e a desnutrição deixaram um impacto importante que a acompanharia, como um dos propósitos de desafios a serem superados, nas suas pesquisas posteriores, que envolvia o conceito de alimentação saudável. Ana Maria se mostrou uma mulher e profissional resiliente também ao ter de enfrentar uma prisão injustificável durante o período de guerra. Todas estas circunstâncias lapidaram uma característica que a acompanhou: a persistência em seus objetivos.

Já casada com o também engenheiro agrônomo Artur e com o primeiro filho chegam ao Brasil no ano de 1948. É a partir daí que sua história se solidifica por aqui. Ambos seguiram por muitos anos a carreira acadêmica na Universidade de Santa Maria, RS. Foi um período no qual Ana Maria demonstrou a sua versatilidade, ao realizar pesquisas e dar aulas sobre produtividade de solos, deficiências minerais, além de dirigir o laboratório de biologia e análise de solos. Mais um pioneirismo em sua biografia é o de desenvolver um projeto de transformar a dinâmica da vida do solo em desenho animado de longa-metragem. Um feito considerado o primeiro do mundo.

“…Peguemos nossa pá, perguntemos à nossa terra o que lhe está faltando e tratemo-la depois convenientemente dentro dos limites que a natureza nos impõe, e a antiga exuberância voltará aos nossos campos e a prosperidade aos nossos lares.” (Ana Primavesi)

Já com três filhos, ficou viúva em 1977 e aí decidiu seguir para um sítio em Itaí, no interior paulista, onde se enveredou nas pesquisas mais profundas. Os desafios de solos hipoteticamente improdutivos e doentes eram o que a movia. Foram 32 anos de dedicação. No ano de 1980, lança a sua grande obra – Manejo Ecológico do Solo. Em 85, quando perde seu filho Artur em um acidente, se envereda mais ainda em palestras e pesquisas no Brasil e no exterior. Nesta carreira dinâmica, trabalhou por 20 anos na Fundação Mokiti Okada. Mais uma obra importante para a Agroecologia que lançou foi a Cartilha do Solo, que recebeu o nome de Manual do Solo Vivo, pela editora Expressão Popular (republicado em 2006).

Em 2012, Ana Maria Primavesi vai morar em São Paulo com sua filha Carin. Eu tive a oportunidade de conhecê-la, em 2013, quando participou de um evento no Ibirapuera, no qual foi homenageada. Nesta ocasião, fiquei encantada em observar sua resiliência diante do passar dos anos e iniciei meu primeiro contato com ela, sedenta por conhecer sua trajetória. A segunda entrevista se concretizou em sua casa e foi publicada à época no site da Editora Horizonte, na qual eu era editora-assistente. Depois a reencontrei em 2017, na Feira da Reforma Agrária, no Parque da Água Branca. Desta relação, nasceu um respeito que sempre manterei por esta mulher e profissional arrojada que fez a diferença em sua passagem.

Em 2019, ela teve ainda a oportunidade de ver lançado o seu livro Manejo Ecológico de Pastagens em regiões tropicais e subtropicais. No ano anterior, Manejo Ecológico de Pragas e Doenças. Em 2017, foi a vez de Algumas plantas indicadoras: como reconhecer os problema de um solo. No ano anterior, foi publicada sua biografia Ana Primavesi: Histórias de Vida e Agroecologia, de autoria de Virgínia Mendonça Knabben, como também A Convenção dos Ventos: agroecologia em contos. No ano de 2014, lançou Pergunte ao Solo e às Raízes. Nos anos 90, Agricultura Sustentável: manual do produtor rural e Agroecologia, Ecosfera, Tecnosfera e Agricultura. Uma extensa bibliografia consolidada.

*Sucena Shkrada Resk – jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

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O Piroceno chegou e agora?
16/01/2020 12:49

Por Sucena Shkrada Resk*
Os incêndios na Austrália são o alerta mais contundente do aquecimento global na atualidade
Nem nos longas-metragens mais dramáticos, poderíamos imaginar o roteiro da vida real de incêndios florestais que atingem com mais intensidade até agora especialmente a Austrália, desde setembro de 2019, com um efeito devastador nunca antes visto: mais de 11,8 milhões de hectares e 3 mil casas destruídos e mais de meio bilhão de exemplares de fauna mortos e 28 vítimas humanas fatais. Cenas dantescas chocam o mundo, mas será que têm o poder de mudar o rumo mais grave que teremos de enfrentar diante da inação ao combate às mudanças climáticas e ao aquecimento global?

Uma combinação de fatores torna a situação complexa: um governo negacionista quanto ao comprometimento das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs) por combustíveis fósseis, como o carvão; temperaturas que só aumentam; secas extremas; ventos fortes; dificuldades de acesso e origens do fogo naturais e criminosas. A intensidade e os comprometimentos são cada vez maiores e mais rápidos. O que estamos vendo é um dos exemplos mais catastróficos da Era do Fogo (florestal) ou Piroceno, termo criado pelo historiador norte-americano Stephen Pyne, professor emérito da Universidade Estadual do Arizona, que é um estudioso deste tema. Ele é o autor do recente título “Fire: a brief history” (Fogo: uma breve história).

O que Pyne observa é que de uma forma direta ou indireta o ser humano está por trás destes focos de incêndio, o que tem como premissa o chamado Antropoceno.

Os danos são incalculáveis e atingem ecossistemas, a saúde e a economia. A Agência Espacial Americana (Nasa) informa que a fumaça da Austrália dará, pelo menos, uma volta pelo mundo, na estratosfera. Por sinal, já passou pelo Chile, pela Argentina e pelo Brasil e completou metade desta trajetória. Por onde passa deixa rastros de fuligens e altera a qualidade do ar.

A vulnerabilidade exposta demonstra que o que acontece na Austrália é, sim, uma preocupação de ordem global. Nem todo o aparato com aviões, por terra, com mais de 4000 bombeiros, brigadistas e integrantes da Marinha e da Aeronáutica estão conseguindo dissipar o fogo. A população se vê em uma encruzilhada, tendo de evacuar as áreas atingidas, como em um front de guerra. Decisões governamentais polêmicas de exterminar por volta de 10 mil camelos entre outros animais também se somam neste caos instalado.

A Austrália tem uma predominância de fonte energética baseada no carvão e o seu sistema de precaução e mitigação praticamente inexistem. O governo foi extremamente criticado pela própria população, em manifestação que ocorreu na semana passada. O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, está sofrendo pressão de sair do governo por menosprezar os registros desde o início dos focos de incêndio e chegou a tirar férias no Havaí, enquanto o país estava em chamas. Agora, faz anúncios de liberação de cifras bilionárias de verbas para o combate ao incêndio que já se alastrou. Isso sem falar no que se perdeu de vidas e, de forma geral, no ecossistema, quando se fizer um rescaldo.

A Agência Federal de Ciência da Austrália chegou a emitir um relatório, no ano de 2007, que apontava para cenários mais intensos de incêndios no país em 2020. Um relatório de 2007 da Agência Federal de Ciência da Austrália previu que incêndios mais intensos ocorreriam partir de 2020, segundo Tim Curran, professor de ecologia da Lincoln University, na Nova Zelândia.

Neste cenário praticamente apocalíptico, cenas de salvamento e união são o que causam empatia. Mas a proporção da destruição é incalculável. Nestes respiros, saber que estão sendo salvas espécies raras pré-históricas, como as araucárias de Wollemi (Wollemia nobilis), as chamadas árvores dinossauros é algo positivo mas ao mesmo tempo pensar em quantos animais sucumbiram sem chance de se salvar é algo desolador.

O exemplo da Austrália é um alerta real para todo o planeta de que a tendência é que estes eventos extremos se tornem cada vez mais intensos e devastadores por causa da falta de comprometimento de governantes com a complacência da sociedade com os modelos de desenvolvimento predatórios que comprometem os rumos da humanidade. O Piroceno chegou!

*Sucena Shkrada Resk – jornalista, formada há 28 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.

obs: crédito da foto: Reuters/divulgação

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As mudanças climáticas desenham o cenário de urgência em saúde, na próxima década
15/01/2020 14:59
Por Sucena Shkrada Resk
Inação diante da crise pode ter um preço muito alto, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)
A saúde pública é, em última análise, uma escolha política e a crise climática é uma crise de saúde. Esta afirmação ecoa um dos principais alertas em relatório divulgado neste mês de janeiro pela Organização Mundial da Saúde, sobre a situação da saúde no mundo na próxima década. A construção de cenários preocupantes exige ações mais efetivas dos governos, pois o recado nas entrelinhas é: corremos contra o tempo e quem quer pagar para ver?

A poluição do ar tem matado aproximadamente 7 milhões de pessoas todos os anos, enquanto as mudanças climáticas causam eventos climáticos cada vez mais extremos e têm como efeitos, a desnutrição e doenças infecciosas, como a malária. Para completar este quadro de desafios, as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs) são a causa de um quarto das mortes por ataque cardíaco, derrame, câncer de pulmão e doenças respiratórias crônicas.

Com todas estas constatações, a OMS recomenda que líderes nos setores público e privado trabalhem juntos para limpar nosso ar e mitigar os impactos das mudanças climáticas na saúde. A lentidão para medidas com efeitos duradouros preocupa os especialistas responsáveis pelo relatório. Segundo o comunicado, por exemplo, apenas pouco mais de 80 cidades, em mais de 50 países, se comprometeu com as diretrizes de qualidade do ar da OMS, no ano passado.

Esta adesão é irrisória diante da proporção global e está alinhada com os principais acordos firmados nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas, com metas até 2030. Argumentos não faltam. De acordo com a OMS, entre os anos de 2030 e 2050, é estimado que as mudanças climáticas causem cerca de 250.000 mortes adicionais por ano, devido apenas à desnutrição, malária, diarreia e estresse térmico. Os custos financeiros também são significativos, na ordem entre US$ 2 e 4 bilhões até 2030.

Um ponto de destaque no relatório é relacionado a doenças transmitidas por vetores da dengue, malária, zika, chikungunya e febre amarela, cujos registros de casos têm aumentado, à medida que as populações de mosquitos se deslocam para novas áreas, afetadas pelas mudanças climáticas. A porta de entrada que acentua as crises climática e de saúde é a ausência ou comprometimentos graves do saneamento ambiental, que trocando em miúdos, têm como pontos essenciais água, esgoto e tratamento de resíduos. Essas deficiências abrem as janelas de oportunidade para todos os tipos de infecções.

Durante a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP-25), em dezembro de 2019, o relatório Panorama Global do Progresso nas Mudanças Climáticas e a Saúde, da OMS, que é resultado da pesquisa em 101 países, incluindo o Brasil, constatou que apenas metade tinha estratégia para enfrentar o problema, ou seja, hipertermia, ferimentos ou morte por temperaturas extremas e doenças como dengue, malária e cólera.

No ano de 2018, o relatório Lancet Countdown (Contagem regressiva para a saúde e mudanças climáticas), com 27 instituições acadêmicas participantes no mundo, também já trazia estes alertas. A vulnerabilidade a extremos de calor tem aumentado constantemente desde 1990 em todas as regiões. Estes elementos só reiteram a seguinte questão: quantas vidas serão perdidas ou sequeladas por causa da falta de empenho no combate às mudanças climáticas e ao aquecimento global?

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